Esta seção foi criada para que as bandas comentem suas próprias discografias, uma seção inovadora que já existe na revista impressa por alguns anos e que estamos trazendo até você no formato digital. Para a estréia convidamos o Naberius, mentor e lider da banda Eternal Sacrifice que inclusive estará lançando ainda este ano seu novo álbum “Ad Tertivm Librvm Nigrvm” que também foi comentado aqui.
Nome: Magister Templii Lhorde Haadas Naberius
Ano de Nascimento: 1973
Bandas que Integrou: Bestial Reincarnation, Mallignant Assenssion, Disgorgement, Inoculation, Wintermoon, Mortius (Teclados/Backing Vocal), Aborym (atual), Blessed in Fire 1998, Transcendental Mágick 1995 (atual-projeto solo)
“The Magician Alcandro” – Demo Ensaio 1996
A banda foi formada em 1993, e dois anos depois não tínhamos nada gravado porque sofremos baixas na formação durante o percurso. Logo em 1994 o guitarrista Gadianton saiu da banda, éramos quatro: Naberius (V), Gadianton (G), Zaebos (B) e Zaraphiel (D), com a saída do guitarrista, ficamos meio “órfãos”… Zaebos passou a ser guitarrista e começamos uma busca por baixista. Em 1995 entrou um baixista o Grim e um guitarrista, o Charles, e com essa formação gravamos um ensaio, qual eu (Naberius) toquei teclado também e fizemos nosso primeiro show, por sinal fora de Salvador, em Aracajú/Se. “The Magician Alcandro” foi um registro sonoro impactante, apesar das dificuldades de produção sonora, a falta de experiência em registros, é possível sentir através dela uma relação muito emocional com a música obscura e o pensamento ocultista ao mesmo tempo. Talvez tenha sido o primeiro registro de uma banda de Metal Negro Ritualístico, necromântico como gosto de rotular, pois nela tinha encarnado um pouco desse feeling absorvido das nossas influencias intelectuais e sonoras.
“Aradia… O Segredo Pagão de Elêusis” – Demo 1997
Esse foi um dos nossos materiais que mais repercutiram no underground da época, principalmente pela qualidade da gravação, que não era maravilhosa, mas foi gravado em um estúdio com canais separados, ou seja, hoje o que parece tão comum, nos anos 90 do século XX era uma batalha conseguir esse feito. Assim como tivemos uma considerável melhora na execução de nossas músicas e a entrada de uma tecladista. Era uma demo cheia de simbologia e referências musicais únicas, aliás essa sempre foi a marca da banda, ter em sua história uma sonoridade muito peculiar, sem deixar de traduzir Metal Negro com atmosfera sombria, tétrica e satânica como deve ser. Nessa demos tivemos uma formação que durou por algum tempo: Naberius (V), Charles (G), Zaebos (G), Grim (B), Gaya (K) e Zaraphiel (D). Gravamos 9 músicas, mas lançamos apenas 6.
“Live in the Occult Ritual of Fire” – Live Demo 1998
Nesse mesmo ano, fizemos alguns shows em nossa cidade e fora. Aqui tocamos num festival, qual fui um dos organizadores e que se chamou “The Occult Ritual of Fire”, num dos melhores espaços para shows que tínhamos aqui em Salvador na época a Faculdade de Economia da UFBA ao lado de outras bandas de Black Metal da cidade, aliás o momento era o auge do Black Metal por estes lados com uma quantidade enorme de bandas. Gravamos esse show diretamente da mesa de som, e como o resultado foi muito bom e o show foi um dos mais inspirados de todos nós, com aquela formação ideal (até aquele momento), resolvemos lançar o registro e divulgar aos amigos e apreciadores de nosso som, nela colocamos inclusive músicas inéditas que não estavam nas demos anteriores e esse foi nosso último registro com o que considero a formação mais produtiva da banda nos anos 90.
“Beautiful Leaves of Supreme Pagan Art (Opera Sexualis)” – Promo Tape 1999
Como toda banda de Metal, nós passamos por sérias dificuldades, pois perdemos quase metade da banda em 1998. Primeiro Zaraphiel o baterista, depois Zaebos o baixista e ficamos um bom tempo de hiato. Decidido, falei com Charles e começamos um saga de novas composições, pois o principal compositor das músicas da banda era o Zaebos, me meti no meio com Charles e compusemos um álbum inteiro, arrojado, desafiador e cheio de empolgação, ensaiamos e achamos a fórmula perfeita para gravar nossas músicas. Surgiu no meio disso tudo a possibilidade de tocarmos com novo baterista de uma banda que estava findando, mas não deu certo. A banda então sofreu mais uma revolução, Grim que era baixista passa a ser tecladista em lugar de Gaya (que resolveu deixar a banda), entra um novo baixista em seu lugar o Nahash, um guitarrista no lugar de Zaebos, o Okkultus e um baterista em lugar de Zaraphiel, o Frater. Com essa formação, deu tudo certo e gravamos uma promo com uma qualidade ótima, com certeza nossa melhor gravação, nosso melhor registro sonoro em seis anos de existência. A intenção era enviar para o selos e conseguir um contrato de gravação para lançarmos nosso primeiro álbum – quanta ilusão! Sabendo que tudo estava num contexto muito diferente, as bandas naquele momento pagavam tudo do bolso, gravação, produção, o escambal, se duvidasse até lançavam o cd de forma independente, mas esse salto ainda não era possível para nós. Foram quatro músicas em 13 minutos de um som verdadeiramente novo e a certeza que dali pra frente daríamos um passo gigante em nossas pretensões. Formação: Naberius (V), Charles (G), Okkultus (G), Nahash (B), Grim (K) e Frater (D), essa formação era a oficial e que gravou de fato o material, que foi mantida por um bom tempo, o suficiente para darmos nosso próximo passo que foi gravar, por conta própria, o primeiro álbum “MusickantigA…”, mas aí é outra história…
“Ignis Mallus” – Promo CD 2001
A formação estável, álbum completamente composto e gravado, começamos uma saga atrás de selos que se dispusessem a lançar o material, afinal já tínhamos feito metade de todo trabalho, “vai ser fácil!” Que nada, foi o memento em que os problemas começaram. Primeiro pela formação que mudou quase toda, saíram: Grim, Nahash, Okkultus e Charles, praticamente todos de uma vez, ficando apenas eu (Naberius) e Frater. Começa uma nova revolução, muita gente começa a circular na banda, tentativas de alianças, pois não é nada fácil encontrar integrantes que se adequem aos temas que a banda aborda e o tipo de som que toca, a estética visual que a banda assume, tudo isso necessita de alguém que se enquadre nesses requisitos, se identifique com eles e queira seguir este caminho. Foi um período turbulento, tocando com músicos emprestados de outras bandas e participações de ex-integrantes que vez por outra nos dava uma força, foi complicado. Lançamos um promo cd para tentar lançar o material e finalmente conseguimos através de um selo lendário aqui de Salvador, a Maniac Records. Aos poucos fomos conseguindo novos integrantes, primeiro Luctuus Perpetuus (G) e Kastiphas (K) e ainda contávamos com participações em show com outros integrantes, sob a promessa de lançamento do primeiro álbum para o ano seguinte, o que não aconteceu. Ignis Mallus foi o registro de 3 músicas retiradas da gravação do álbum e pouco circulou para o publico “comum”, foi um trabalho mais direcionado, ainda assim muitos tiveram acesso ao material na época.
“Incitatvs – Opera of Evil Dawn” – Demo Ensaio 2002
Esse período era o da aposta que lançaríamos nosso primeiro álbum, o que não aconteceu. Como estávamos compondo novas músicas e até, elaborando um segundo álbum. Estávamos em alta ebulição criativa, junto com Charles (havia saído da banda, mas continuava compondo para a banda junto comigo), compusemos quase que todas as musicas do segundo álbum juntos e reescrevemos algumas musicas de Zaebos. Nessa época ingressaram um guitarrista (irrelevante) e um baixista, o Corozon. Com Naberius (V), Luctus (G), Corozon (B), Kastiphas (K) e Frater (D) gravamos um ensaio, com a participação do guitarrista (irrelevante) e lançamos com uma musica que depois ficamos impedidos de executar. A qualidade do ensaio era muito boa, e resolvemos fazer um material gráfico e lançar para que nossos amigos e apreciadores ficassem a par de como estavam nossos trabalhos naquele momento. Gravamos três musicas autorais e um cover que costumávamos tocar com frequência com nossa releitura “Black Funeral” Mercyful Fate.
“The Necromantical Complex of Aradia and Incitatvs” – Compilation CD – 2003
Esse material foi lançado com as duas demos: “Aradia…” e “Incitatvs”. Foram inseridas a mais músicas que foram gravadas na época da demo “Aradia…” e o material saiu encartado com o zine Adjacer Aspide aqui de Salvador do amigo Rildo Santana. Ganhou uma capa exclusiva com encarte e informações. No zine também tinha uma extensa entrevista com a banda.
“MusickantigA… Prédicas do Vero Báratro (Cantata Lugubre, The Revive Rapture of the Shadows Cult) Atto I” – Debut Álbum 2003 – Maniac Rec.
E, finalmente, em 2003 é lançado nosso álbum, gravado em 2000 pela antiga formação, por esses e outros motivos, apenas Naberius e Frater figuram as páginas do encarte com suas faces. Musickantiga é o auge de todos os nossos esforços de dez anos de existência, ele veio para brindar toda esta saga e nos mostra como uma banda cheia de ideias, de vontades, de propósitos, porém sem deixar de lado toda aura mística que criamos em volta de nossas músicas, de nossos contextos e foi um álbum que teve uma excelente receptividade de crítica, uma álbum que esgotou no mesmo ano e deverá ser reeditado ainda este ano de 2018 através da Oskure Chaos, sob a licença da Naberius Black Art Rec. O álbum é total full com 74 minutos de um primeiro ato, ou seja, um álbum conceitual que só se completará através do segundo ato, que foi nosso segundo álbum… Um álbum cheio de simbologia, paganismo e escuridão. Na época tivemos muitos amigos que colaboraram na produção do álbum como André Laws, artista plástico que pintou a capa do disco e fez as fotos da banda, e nosso antigo irmão Éden Lozano que fez toda a arte gráfica do álbum na época. Demorou pra caraaaaaalho, mas saiu, também, deu um trabalho (risos).
“Sonatta Satanicka 666” – MCD 2004 – Maniac Rec.
Nosso contrato com a Maniac era para dois álbuns, pois a mesma deveria custear toda a produção do disco etc… Nesse meio tempo, fomos convidados por eles pra lançar um EP, a fim de mostrar aquelas músicas novas do segundo álbum e mostrar que tínhamos bala na agulha. Obviamente, eles estavam bem satisfeitos com os resultados efetivos do primeiro álbum e queriam ver nossa performance com uma gravação um pouco melhor. Nessa época Charles retornou à banda por um tempo e participou das gravações, qual tinha uma composição do nosso antigo guitarrista Okkultus junto comigo (Naberius) e lançamos o “Sonatta Satanicka 666” contendo duas músicas que estariam em nosso segundo álbum e mais duas músicas que compusemos exclusivamente para este material, qual chamamos de interlúdio entre o Atto I e o Atto II do conceito. A formação que gravou o MCD foi: Naberius (V), Luctuus (G), Charles (G), Orias (B) novo baixista que entrou em lugar de Corozon, Kastiphas (K) e Frater (D). Após lançarmos o MCD a Maniac rompeu com o contrato, alegando que não possuía mais condições de assumir a produção do segundo álbum e ficamos por conta própria novamente.
“Iluminados por Thanatherous Aleph… MusickantigA (Macabre Operetta: The Magickal Revival of Books, Pacts and Holy Writings) Atto II” – Full-Lenght 2010 – Blasphemy Prod.
Entre 2004 e 2009, passamos por poucas reformulações, tocamos em alguns lugares, mas tudo que desejávamos mesmo era gravar nosso segundo álbum. Quatro, cinco anos é muito tempo para uma banda ficar sem produzir, sem lançar material novo, mas creio todos saberem o quanto é difícil uma banda independente se manter por tantos anos no underground, mantendo a dignidade, a ideologia e tudo mais. Nossa principal dificuldade sempre foi mesmo a formação, não diferente neste período onde o Charles voltou a sair da banda, seguido mais tarde por Luctuus, foi nesse momento que Orias decide assumir as guitarras, abandonando o baixo. E por volta de 2008 entram Lady Mortis para segunda guitarra e Lord Musifin para o baixo completando nossa banda. O álbum já estava completamente composto com uma música a mais composta por Kastiphas e então começamos a aperfeiçoa-lo até gravarmos no final de 2009 e produzir tudo que pudemos. Gravamos e saímos oferecendo para alguns selos e o que ficou mais próximo do que desejávamos foi a Blasphemy Prod. (Natal/RN). Em 2010 o álbum é lançado com excelente produção, que na época tivemos grandes parceiros como na arte gráfica o Alex Souza, nas fotografias Alex Allen e na composição da capa por minha colega de UFBA a artista plástica Inês Regina. Gravaram o álbum, portanto: Naberius (V), Orias (G/B), Lady Mortiis (G), Lord Musifin (B), Kastiphas (K/B) e Frater (D), antes mesmo do álbum ser lançado, Lord Musifin deixou a banda e de lá pra cá nunca mais acertamos um baixista fixo na banda, só gente enrolada. “iluminados…” foi um álbum também fulltime, e completou a história iniciada no primeiro álbum. Com certeza fomos a primeira banda de Black Metal a realizar um projeto dessa magnitude no país, dois álbuns conceituais e um ep de interlúdio o que justifica nos rotularmos como Opera Pagan Black Metal Art.
“Eternal Angels Sacrifice of the Black Moon” – Split 3way – Omeyocan Prod (MEX) – 2011
Esse lançamento foi feito no México em 2011, e traz o mesmo material editado no MCD “Sonatta Satanicka 666”. Foi um convite feito pela banda Black Angel do Peru, qual além da própria Black Angel contou com a mexicana Septic Moon. O material bem aceito em ambos países e muito procurado até hoje. Nesse período estávamos em plena divulgação do álbum novo, contanto com um novo baixista, o Malefikus, tocamos em muitos lugares e fizemos uma boa divulgação de ambos materiais.
Priests from Hell – Split Tape – Odio & Repulsíon (CHI) – 2011
Ainda em 2011, o mesmo material foi lançado em tape no Chile, porém dessa vez apenas Eternal Sacrifice e Black Angel. Pro tape, com capa bem elaborada em papel gráfico de alta qualidade, assim como o material sonoro que já possuía uma excelente gravação de ambas as bandas. Tanto o Split 3way, quanto a tape estão disponíveis em nossas mãos até hoje aos que se interessarem em adquirir, assim como temos cópias finais do segundo álbum “Iluminados…”
“Ad Tertivm Librvm Nigrvm” – Full-Lenght 2018 – Hammer of Damnation
De 2014 pra cá, ficamos apenas compondo e trabalhando nas músicas novas. É notório que uma banda de Metal no Brasil dificilmente se sustenta por si só, e foi preciso nos dedicar aos nossos trabalhos formais e repensar nossa carreira, reestruturar nossos objetivos também e passamos um bom tempo estudando, refletindo sobre o que realmente nos dá prazer nessa arte, além de digerir algumas baixas, mais uma vez na banda. Mais ou menos em 2011, Kastiphas (K) resolveu deixar a banda por algumas incompatibilidades de ideias e insatisfações pessoais. Em 2014 foi a vez de Lady Mortiis (G) e a banda seguiu como um quarteto. O Baixista Malefikus ficou entre idas e vinda, até que foi sacado definitivamente em 2016, e nesse mesmo ano, algum tempo antes Charles (G) retornou mais uma vez a banda em lugar de Lady Mortiis. Em 2017 iniciamos a pré- produção do terceiro álbum, qual traria mais uma vez uma obra conceitual, desta vez compusemos músicas que nos identificam, mas que ao mesmo tempo mostra uma banda um pouco diferente, com métrica compositiva também diferente, mas que aquele que conhece sua discografia consegue reconhecer as linhas de pensamento da banda, sua originalidade e sua fidelidade ideológica cultivada durante todos esses anos. Támbém foi o álbum em que meus trabalhos artísticos ficaram de fora, trouxemos um ar novo para a arte gráfica do álbum sob o olhar de outro artista plástico como Marcio Menezes (Blasphemator Art) que se encarregou da capa e todos os desenhos do encarte, da genialidade de Alan Luvarth que conseguiu traduzir perfeitamente o conceito da obra na arte gráfica do encarte, e na fotoeternalgrafia fantástica de Frederico Neto que já trabalhou com bandas como Headhunter D.C. e Malefactor. O álbum será lançado no auge da carreira da banda por um selo de respeito no cenário mundial a Hammer of Damnation, em plena comemoração de 25 anos da horda, sempre rompendo obstáculos e quebrando tabus, paradigmas e padrões, criando ideias únicas, unidos a uma musicalidade idem. “Ad Tertivm Librvm Nigrvm” é a maior prova que força e perseverança sempre vencem, é um álbum repleto de simbologias e sortilégios, feito exclusivamente para aqueles que apreciam as canções da mão esquerda. Album gravado por: Naberius (V), Charles (G), Orias (G/B), Kastiphas (K) e Frater (D).
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