Por Marcelo Gomes
Fotos: Roberto Sant’Anna
Assim que a turnê da banda americana Evanescence no Brasil foi anunciada, o público não perdeu tempo e foi desesperado atrás dos desejados ingressos. A procura foi tão grande que várias capitais tiveram os ingressos esgotados rapidamente. Belo Horizonte, por exemplo, ganhou uma data extra e a data para São Paulo, que inicialmente foi marcada para o Novo Anhangabaú, foi acertadamente transferida para o Allianz Parque.
A noite teve a abertura do Ego Kill Talent, grupo paulista que teve algumas alterações em sua formação. As principais foram a entrada de Emmily Barreto do Far From Alaska e a participação do seu companheiro de banda, Rafael Brasil, no baixo. A apresentação também teve o desfalque do baterista Jean Dollabella devido a compromissos com a Pitty.
Calcado nessa nova fase, os caras apresentaram faixas recém lançadas como “Call Us By Her Name” e “Finding Freedom”, além de outras duas que serão lançadas no dia 10 de novembro. Apesar do pouco tempo de show, não esqueceram o material antigo e tocaram “Sublimated”. Com uma performance bem concisa e cheia de energia, tiveram uma boa recepção. Vale ressaltar que puderam se utilizar dos telões, elemento imprescindível para uma apresentação em estádio que auxilia demais as pessoas que estão em setores mais distantes.
Fazendo parte da South American Tour 2023, o Evanescence se apresentou em São Paulo com jogo ganho. Com 10 minutos de atraso, os americanos subiram ao palco já ovacionados. A turnê traz o mais recente trabalho, “The Bitter Truth” (2021), como foco principal, mas a apresentação foi muito além disso. A vocalista Amy Lee, acompanhada por Troy Lawhorn (guitarra), Tim McCord (baixo), Emma Anzai (baixo) e Will Hunt (bateria), mostrou logo nos primeiros segundos que comanda o palco como ninguém e abriram a apresentação com a recente “Broken Pieces Shine”. Nem o som baixo diminuiu a empolgação dos fãs que pareciam ver uma divindade em cima do palco. Mal tinha começado e algumas meninas desabaram no choro, tamanha a emoção.
O primeiro contato de Amy veio a seguir com “São Paulo – Brasil, nós temos muitas músicas para hoje” para dar sequência com a bateria percussiva de “What You Want”. O primeiro grande clássico veio sem aviso, “Going Under” colocou o estádio inteiro para cantar e o solo levantou a galera, foi de arrepiar. A cantora agradeceu a todos, declarando seu amor pelo Brasil, antes de anunciar “Take Cover”. A música tem uma levada bem diferente do que a banda costuma fazer, um ritmo com bastante swing. A baixista Emma Anzai teve bastante destaque na execução. Ao final, Amy tem seu nome gritado e vai ao piano para iniciar um medley com “Lose Control / Part Of Me / Never Go Back”.
E lá se foram quase 25 minutos para o volume do som melhorar consideravelmente. O show não pode parar, então, Amy assume novamente o piano para tocarem “Call Me When You´re Sober”. Apesar da delicadeza inicial, o peso das guitarras de Troy Mclawhorn e Tim McCord somam forças aos vocais desesperados de Lee. Em “Wasted On You”, a bela balada ganha uma interpretação ainda mais dramática ao vivo, deixando os fãs enlouquecidos.
As palavras de superação como viver o momento e aproveitar a vida deram espaço para “Lithium”, grande clássico que ganhou o céu iluminado pelos celulares como se fossem estrelas. A voz angelical tomou conta em “Far From Heaven”, mais uma interpretação fantástica da cantora que parecia incansável. Deixam o palco e, numa breve pausa, exibiram imagens da banda ao som de “Tourniquet”. Retomam com “Imaginary” e pude perceber um leve deslize em um agudo da Amy. O que pode soar como procurar pelo em ovo, para mim foi um alívio poder ter a certeza de que era um show ao vivo, ainda mais hoje em dia com tantos recursos e coisas pré-gravadas. Enfim, nada que fosse ofuscar a apresentação.
Inabaláveis, seguem com duas mais pesadas, “Better Without You” e “End Of The Dream”, fazendo os presentes baterem cabeça. O que veio a seguir foi um grande presente aos fãs, outro medley, agora envolvendo seis faixas da carreira da banda. Dentre elas, “Haunted / My Last Breath / Cloud Nine / Everybody’s Fool / Weight of the World / Whispered”, que deixaram a multidão maravilhada.
À medida que a apresentação avançava, a sensação era que o show tinha passado muito rápido. Nessa parte final, ainda tocaram “Use My Voice” e “Blind Belief”, que antecederam “My Immortal”, uma das mais esperadas da noite. Ao final, Amy tocou uma melodia no piano e cantou versos em português. Nem precisa dizer que todos ficaram ensandecidos. O encerramento foi com o megahit “Bring Me To Life”, que fechou de maneira apoteótica, com direito a parada para o público cantar junto, fogos de artifício, chuva de papel e muita histeria dos fãs apaixonados pela banda.
Após seis anos sem se apresentar no Brasil, o Evanescence provou que está mais forte do que nunca e tem uma conexão profunda com os fãs. A performance sólida e competente da banda deixou a cantora Amy Lee à vontade para fazer o que sabe de melhor, cantar de maneira encantadora, e com sua presença cativante conseguiu entreter o público, que reagiu de forma extasiante durante toda a apresentação. Uma grande noite de música ao vivo que será lembrada por muitos anos!
Evanescence – Setlist:
01) Broken Pieces Shine
02) What You Want
03) Going Under
04) Take Cover
05) Lose Control / Part of Me / Never Go Back
06) Call Me When You’re Sober
07) Wated on You
08) Lithium
09) Far From Heaven
10) Imaginary
11) Better without You
12) End of the Dream
13) Haunted / My Last Breath / Cloud Nine / Everybody’s Fool / Weight of the World / Whispered
14) Use My Voice
15) Blind Belief
16) My Immortal
17) Bring Me To Life