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EVERGREY – 23 de novembro de 2019, São Paulo/SP

“Pesado, carregado de notas e emoções como nenhum outro disco já lançado pelo Evergrey – assim é The Atlantic.” (leia a resenha completa aqui).

Essas foram as palavras que o colega Guilherme Spiazzi usou para iniciar a sua resenha para The Atlantic, novo álbum do Evergrey, um dos grandes nomes do prog metal sueco. Lançado no início de janeiro deste mesmo ano, este é o décimo-primeiro álbum de estúdio da banda, e o terceiro de uma sequência que se conecta liricamente, iniciada em 2014, com Hymns For The Broken. Falando assim, a impressão é que acompanho o trabalho do Evergrey fielmente a longos anos, mas o fato é que, antes de ler a resenha citada – que rendeu nota máxima ao álbum, diga-se – eu não acompanhava nada que o grupo produziu desde 2003, ano em que eles lançaram o ótimo Recreation Day. Sim, uma vergonha. Mas o fato é que li a resenha, senti a empolgação pela banda retornar, comprei o álbum, quase arrebentei o disco de tanto ouvir, e decidi que se essa turnê passasse por São Paulo, eu não perderia o show.

O curioso é que não demorou muito tempo até eu ter a chance de cumprir com a minha promessa. No último sábado o EVERGREY passou por São Paulo, após a passagem pela capital do Rio de Janeiro. Sem grande preparação além da vontade de ver como a banda se comportaria no palco, cheguei ao Carioca Club quando a banda já estava tomando o palco, e os primeiros acordes de A Silent Arc (faixa de abertura do último álbum) já soavam, naquele momento ainda tênues, culpa dos gritos alucinados dos presentes. “Pesado, carregado de notas e emoções”, foi assim que Spiazzi descreveu, e foi assim que percebi a música que chegava aos meus ouvidos. Claro que boa parte da resposta do público é homogênea no início do show de uma banda prestigiada. O coro é sempre alto, os aplausos parecem incessantes, o vocalista é sempre muito celebrado, e nada fugiu ao roteiro, então a curiosidade era saber se as coisas continuariam naquele ritmo, se o público permaneceria junto, e se a banda continuaria entregando uma apresentação digna da devoção.

Weightless, mais uma de The Atlantic, manteve o clima em alta – e novamente preferi aguardar, já que o novo álbum agradou até alienígenas que passaram mais de uma década e meia longe da música do Evergrey. Mas, uau, que riffs incríveis! A transição entre as partes mais agressivas e mais calmas da música foi perfeita, com o instrumental rebuscado e a performance vocal emotiva necessária para garantir que a música soasse com a mesma vibração do disco. E como a música ganhou ainda mais beleza com o coro de praticamente todas as vozes cantando juntas o belo refrão. E foi no mínimo curioso quando o vocalista/guitarrista Tom Englund pediu para ver as nossas ‘fucking beautiful São Paulo hands in the air’, isso sim foi algo fora do script, e que rendeu ao mesmo tempo muitos aplausos e várias risadas entre os presentes.

Embora o desejo de continuar narrando as qualidades de The Atlantic seja grande, o show ainda estava apenas no começo, o Evergrey tem outros dez álbuns, e havia muita música boa para ser apresentada. Com a mesma paixão, todos esperávamos. Distance e Passing Through vieram na sequência, conforme apresentadas em The Storm Within (2016), e The Fire (Hymns For The Broken, 2014) manteve a recente trilogia temática do grupo em voga, o que foi interessante para aqueles que acompanharam a caminhada durante todo o percurso, e uma ajuda muito grande para aqueles de nós que precisavam preencher lacunas de anos sem ouvir a banda. Leave It Behind Us apresentou Glorious Collision (2011) aos presentes, e logo em seguida, As I Lie Here Bleeding colocou o meu ‘queridinho’ Recreation Day (2003) no jogo, ah, como eu gostei disso. Por um momento, nem me senti um extraterrestre no meio de tantos fãs devotos. Emotiva, forte, bonita, a música rendeu uma recepção realmente digna, especialmente pelas incríveis linhas de voz.

Outro dos meus velhos conhecidos, Solitude Dominance Tragedy (1999) também deu as caras, com Words Mean Nothing. Mas, com exceção da linda faixa título do álbum de 2003, nenhuma outra música dos quatro primeiros álbuns apareceria no restante da noite. Sem problemas, já que a experiência de ver as performances incríveis de I’m Sorry e All I Have em si já pudessem me levar a pensar que a noite tinha valido a pena. Ademais, que música incrível é A Touch Of Blessing! Como é incrível essa banda ao vivo… Como foi incrível esta noite na Capital Paulista. Como disseram alguns, uma noite para recordar. Sem dúvida, recordaremos. Ainda bem que esta banda não terminou, embora isso tenha sido cogitado no passado.

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