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EXPRESSANDO A GUERRA EM FORMA DE MÚSICA

Ainda pouco conhecida no Brasil, a Necronomicon Beast, de Jundiaí (SP), já fez bastante coisa: são trabalhos lançados em CD, vinil e fita cassete, vários shows e o reconhecimento… lá fora. Pois o grupo, formado por Hellbanger666 (bateria/vocal), Sgt. D’mound (guitarra) e Warhammer (baixo), tem muito mais respeito na Europa do que aqui. Sobre isso, o lançamento do novo disco, Sowers of Discord, e a temática do trio, calcada na destruição e no ocultismo, falou Sgt. D’mound à ROADIE CREW. Hora da batalha.

O novo disco, Sowers of Discord, continua na pegada Thrash Metal ‘old school’ com ideologia focada no Black e no tema “guerras”. Como é seguir fiel a essa proposta por tantos anos?
Sgt. D’mound: 
Somos fascinados pelos temas “guerra” e “ocultismo” antes mesmo de fundar a banda! Costumamos fazer um paralelo entre o equipamento bélico, que causa a destruição, e nossos instrumentos. É como expressar a guerra em forma de música. O novo álbum naturalmente mantém a mesma proposta inicial. Quanto ao som, é o que sempre fizemos, escutamos e gostamos, não há motivos para mudar isso. O Thrash Metal ‘old school’ virou moda e nós já estávamos fazendo esse som. Apenas continuamos.

Aliás, como definiriam o novo trabalho?
Sgt. D’mound:
 O novo álbum sofreu uma mudança natural em relação ao nosso primeiro álbum, Hell Thrash War. São mais de doze anos que os separam. Ficamos mais experientes e técnicos nesse período. Sowers of Discord mantém a essência  Thrash Metal  inicial da banda, mas com influências inevitáveis de Black e de Death Metal da velha escola, ou seja, foi uma mescla de vários estilos que fizeram parte de nossa formação como músicos.

O disco saiu pela gravadora Doomentia Records, da República Tcheca. Alguma razão para isso? Houve tentativas de encontrar algum selo nacional para o lançamento?
Sgt. D’mound:
 Sim. No início das gravações, chegamos a conversar com algumas gravadoras brasileiras sobre a possibilidade de lançarmos o álbum aqui. Mas infelizmente não passaram de conversas, nada concreto. Acabamos acertando alguns relançamentos no país ainda para este ano. A Doomentia Records foi a gravadora que nos fez a melhor proposta para o lançamento, por isso acabamos assinando com eles. O álbum acabou de sair no formato CD e está para sair no formato LP – nosso principal objetivo – e K7, todos pela Doomentia. Mais uma vez, a história se repete e nosso álbum sai fora do Brasil…

Como você mencionou, o álbum está saindo em CD, LP e fita cassete. Qual a importância desses formatos hoje no underground? A que você acha que está se dando essa espécie de retorno a investimentos desse tipo?
Sgt. D’mound: 
Antes de mais nada, devo dizer: somos fãs de Metal desde os anos oitenta! Acompanhamos a evolução do cassete e do vinil para o CD e, posteriormente, a decadência para o formato digital. Garimpávamos gravações de bandas como Venom, Bathory e Possessed, entre outras. O cheiro de um vinil, o encarte, a capa grande… um arquivo em mp3 não te proporciona essa  sensação. Na vertente mais underground da cena, o vinil e o cassete sempre se mantiveram fortes, com alguns headbangers, inclusive,  desprezando os lançamentos em CD. Acho que como nós, que vivenciamos aquela época, a nova geração procura de alguma maneira recriar o que vivenciaram os mais velhos nos anos oitenta. E nada mais natural que a busca pelos formatos clássicos. As grandes gravadoras perceberam que há fãs que não se contentam apenas em baixar um mp3 de suas bandas favoritas. Eles pagaram muito caro por esses formatos clássicos, fazendo com que o vinil ultrapassasse as fronteiras do underground e atingisse o ‘mainstream’ novamente.

Voltando especificamente ao disco, particularmente achei marcante a faixa de abertura, Antichriste, com um refrão simples e grudento. Para vocês, qual a música que considerariam a mais representativa do disco?
Sgt. D’mound:
 Realmente, Antichriste abre o novo álbum como um tiro de canhão na sua cara! Ela possui elementos que combinam os vários estilos que citei, que acabaram nos influenciando. Posso citar também a terceira faixa, We’re Against, como uma de minhas favoritas nesse novo trabalho que, acreditem, foi totalmente escrito em um período de 45 dias, mais ou menos! Com exceção das letras.

Como surgiu a ideia de musicalizar e gravar o poema Oração ao Diabo, de Orlando Teixeira?
Sgt. D’mound: 
 Nosso baterista/vocalista Hellbanger666 é um grande apreciador de história e artes em geral.  Ele compõe 99% de nossas letras e tinha essa ideia há muito tempo. Algo parecido já havia acontecido com sua antiga banda, Folklord, quando musicaram parte do poema “Os Doentes”, de Augusto dos Anjos. Orlando Teixeira escreveu esse poema como parte de uma obra no século XIX. O poema foi musicalizado pelo compositor e regente brasileiro Alberto Nepomuceno em 1899 e, posteriormente, por Heitor Villa Lobos, em 1921. Trata-se de um de pedido de bênção ao diabo como último recurso para ser amado. Esse poema causou muita polêmica na época. Continua atual e representa bem a nossa filosofia anticristã. Além do mais, é uma obra 100% brasileira!

Vocês salientam veementemente que não têm nenhuma ligação com qualquer tipo de facção política, racista ou nazista. Houve algum fato que os fez tomar essa atitude?
Sgt. D’mound:
  Não. Nesses quinze anos de atividades, nunca houve nenhum tipo de associação da Necronomicon Beast ou de seus integrantes com o tema. Sempre reforço que NÃO apoiamos e nunca apoiaremos nenhuma forma de fascismo ou preconceito, seja qual for, dentro ou fora da música. Deixamos isso bem claro, pois na Europa há inúmeras bandas que se intitulam War Metal e se utilizam da imagem e do tema militar, como nós, mas em um contexto racista e nazista. Para que não haja nenhuma comparação com elas, gostamos de deixar bem clara a nossa posição a respeito. Várias de nossas músicas relatam as batalhas da Segunda Grande Guerra (1939-1945), mas no sentido de lamentação, reprovação e não fazendo qualquer tipo de apologia a nenhum partido ou facção política. Gosto de tocar nesse assunto para reforçar a minha posição a respeito desse triste período da história da humanidade.

Por que vocês acham que o reconhecimento lá fora é maior do que no Brasil? O que falta aqui para a devida valorização da banda?
Sgt. D’mound:
 Pode ser cultural, não sei ao certo. Acho que está no DNA da maioria das pessoas e gravadoras do país dar mais importância às bandas internacionais. O tema é polêmico e vários músicos já falaram muito sobre isso nas redes sociais, mas o que vem lá de fora acaba tendo maior atenção do que o que é feito aqui, para a grande maioria. É uma pena, pois há bandas e bangers incríveis no Brasil. A nossa cena é extremamente apreciada lá fora, muito mais do que aqui. Já testemunhei bandas brasileiras excelentes abrindo shows de bandas gringas, com muito menos equipamento e estrutura, no mesmo palco! Lá fora, o público sabe valorizar o que temos de bom aqui, e não damos a menor importância se o contrário não ocorre aqui. Infelizmente é assim.

Ainda assim, como está a agenda da Necronomicon Beast para 2013? Muitas datas no Brasil?
Sgt. D’mound: 
Estamos ensaiando de forma intensiva para os shows de 2013. Serão os primeiros em quase quinze anos de banda! Pretendemos marcar esse momento com algumas apresentações violentas e com algumas surpresas, para quebrar o pescoço dos hellbangers que curtem nosso som. Temos alguns festivais certos, mas ainda não sei informar datas ou locais por enquanto. Aliás, se algum promotor tiver interesse em levar a Necronomicon Beast para algum show, entre em contato por meio do nosso Facebook ou do nosso Myspace.

Além disso, a banda tem vários planos previstos  para 2013, como a gravação do terceiro álbum e um split com a banda norte americana Fetid Zombie, que será lançado na Bolívia, entre outras atividades. Às quantas andam esses projetos?
Sgt. D’mound: 
Realmente, o ano de 2013 está bem agitado para a Necronomicon Beast. Acaba de sair um K7 com o nosso primeiro álbum, Hell Thrash War, junto com o EP Decade in War, pela Subterrâneo Records. O split CD, batizado por nosso amigo estadunidense Mark Riddick de Cult Of Defiance, com sua banda de Death Metal Fetid Zombie, já está sendo gravado e será lançado pela Rawblackult Productions, da Bolívia. Também será relançado no Brasil o Hell Thrash War em CD, pela Corvo Records, com vários bônus e a capa totalmente reformulada pelo grande Riddick. Pretendemos iniciar as gravações de nosso novo álbum ainda este ano, e por fim, vamos iniciar a turnê do Sowers of Discord brevemente.

Em uma prévia troca de e-mails, você disse que, nos mais de quinze anos de banda, muita coisa já aconteceu. Poderia contar uma história agora?
Sgt. D’mound:
 Nesse período todo, tivemos a oportunidade de fazer o som no qual realmente acreditamos, sem nunca desviar nosso foco e nossa ideologia baseados em modismos ou visando a algum tipo de lucro. Tivemos a honra de poder lançar dois álbuns no formato vinil e mais um relançamento em CD, todos fora do Brasil. Fizemos infinitas amizades com bangers e bandas por todo o planeta. Esse é só o começo. Os bangers do Brasil podem ter certeza, a Necronomicon Beast, apesar de ainda pouco conhecida no país, se orgulha e faz questão de deixar bem explícito que é uma banda brasileira, e que sempre levantamos a nossa bandeira mundo afora!

Esteja à vontade para uma última mensagem.
Sgt. D’mound:
 Antes de mais nada, gostaria de agradecê-lo, Christiano, pela força e pela oportunidade de apresentar a Necronomicon Beast ao Brasil por meio da ROADIE CREW, que acompanho há mais de quinze anos e respeito muito o trabalho. Um forte abraço a todos da redação! Obrigado a todos os bangers, bandas e zines que sempre nos apoiaram! Esperamos encontrar todos pelos shows que pretendemos fazer neste ano e tomarmos umas juntos… IN HELL WE TRUST!

 

 

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