Vocalista, multi-instrumentista, compositor, produtor. Três décadas dedicadas à música, quer seja hard rock, heavy metal, folk, soul music ou rock and roll. O paulista Fabiano Negri montou uma carreira impressionante, com uma vasta discografia repleta de álbuns, EPs e singles. Mesmo sem o apoio de uma gravadora, o veterano artista mantém viva sua dedicação à arte. Para comemorar 30 anos de atividade, ele lança neste dia 14 de dezembro de 2024 No Matter How You Feel Alive, registrado ao vivo no Clube da Música, em Campinas, sua cidade natal.
Foi, sem dúvida, uma noite memorável ao lado de amigos de longa data – por isso o trabalho é creditado como Fabiano Negri e Convidados. Diante de uma plateia sedenta, que lotou o local ele teve uma galera que foi para ver e ouvir faixas da sua carreira solo e de bandas em que participou, como Rei Lagarto, Dusty Old Fingers, Sun Machine e Ususpected Soul Band.
Com a banda Bebê Diabo, formada por André Pereira (guitarra), Tomás Mainieri (bateria) e pelo filho, Ian Absurd (baixo), Negri abriu o setlist com Sun Machine, hard do melhor nível gravado pelo grupo de mesmo nome e que, lamentavelmente, não tem nada em streaming. Isso por si só já torna No Matter How You Fell Alive uma peça essencial para a história da música pesada nacional. Dos álbuns de 2021, Reborn e Reborn II, entraram Ready To Go e Sad Clown, na qual Negri mostra seus predicados também no teclado.
Ugly Days, de 2019, puxou a cadenciada My Flesh, escolhida do EP When Nothing is Right, Anything is Possible, de 2017. Ainda na parte inicial do show, outro destaque é So Sad, do primeiro álbum, A Practical Guide To Throwing Money Away (2010). Com uma levada que tem o blues como base, a canção marca o início da participação do público ao longo do repertório.
Abrindo a segunda parte da celebração, o primeiro convidado foi Ric Parma, guitarrista da Unsuspected Soul Band, de cujo repertório vem In My Bed. Em seguida, Flames Of Ambition, também do trampo de estreia, é outra que empolgou a plateia já no primeiro riff. Ampliando o ambiente familiar, Negri teve aqui a presença da mulher, Nara Leão, nos backing vocals.
Uma versão de Postdamer Platz, que é praticamente um “Black Sabbath lisérgico”, representou Maybe We´ll Have A Good Time… For The Last Time (2015). No One Gets Here Alive, registrada em The Fool´s Path (2020), é mais um momento marcante. Ambas esquentaram o público para Everything That I Want, uma das melhores do Dusty Old Fingers, outro supergrupo campineiro do qual Negri fez parte. E daquela formação, estavam no palco o mestre Tony Monteiro, guitarrista e redator da ROADIE CREW, e o baixista Joni Leite.
Integrantes da banda solo de Negri entre 2014 e 2015, André Baida (baixo), Vinícius Prado (guitarra) e Pedro Sampietri (piano) subiram ao palco para participar da excelente Dying City, na qual se ouve um dos grandes vocalistas brasileiros esbanjando talento. Para manter o alto nível, não poderiam faltar no fechamento da noite músicas do Rei Lagarto, uma das referências nacionais no hard rock. Parma esteve tanto em Older, com Ric Matos na bateria, quanto em Free Fall, que teve Victor Marcellus nas baquetas.
Mixado e masterizado por Negri, No Matter How You Feel Alive, estará disponível apenas digitalmente. Para adquirir o seu, acesse o Bandcamp do artista. É mais um grande trabalho criado no Brasil que merece espaço e reconhecimento. E por falar em alto calibre, particularmente senti falta de canções de Mysteries The Night Hides (2023), um dos melhores álbuns de heavy metal já criados no País. Tive a grata oportunidade de resenhá-lo e você pode ler neste link.
Para o trabalho mais recente, Negri explicou que deu preferência ao material mais antigo, sendo que várias ele tocou pela primeira vez ao vivo. “Do Mysteries, as faixas ainda não estão no ponto. É bastante complexo tocar aquele disco. E como eu gravei todos os instrumentos, ainda estamos ensaiando para, no ano que vem, incluir várias delas nos shows”, comentou.
