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FABIO LIONE – CLÁSSICO & ACÚSTICO

Voz e violão. Em alguns momentos, somente voz. E são a voz de Fabio Lione e o violão de Marcelo Barbosa, parceiros de Angra que dão vida ao Rocking Your Life, projeto acústico que viajará o Brasil apresentando não somente músicas de suas bandas – Angra e Rhapsody, para ser mais específico –, mas também grandes clássicos do rock, do hard rock e do heavy metal. E algumas surpresas. Já são 15 shows agendados de 14 de novembro a 5 de dezembro, com mais datas podendo ser anunciadas. Em um animado e longo bate-papo, Lione não escondeu a empolgação com a turnê – e a volta aos palcos, diga-se – que tem tudo para ser uma celebração à música em cada uma de suas noites. E com os fãs cantando junto. Saiba agora o que vem por aí!

Como você está neste momento de pandemia?
Fabio Lione: A situação está ficando quase normal na Itália, e é preciso entender que o começo foi aqui, né? Iniciou na China e depois veio para cá, e a Itália foi provavelmente o primeiro país a ficar no meio dessa pandemia. Então, depois de 18 meses, a situação agora é quase normal. Cada país na Europa está num estágio diferente, e aqui pelo menos é possível viajar, os lugares e o comércio não estão fechados, então dá para viver uma vida próxima ao normal.

No Brasil, vive-se falsamente uma vida próxima ao normal, mas é fato que o país estaria muito melhor não fosse seu governo negacionista.
Fabio: Parece-me que em Manaus a situação ainda está problemática, e creio que no Rio de Janeiro também… Eu sei como as coisas funcionam no Brasil, né? É complicado, e a população no Brasil é maior. Para vocês se aproximarem do “quase normal”, acredito que vão precisar de mais meio ano, pelo menos.

Vamos falar de coisa boa. Como surgiu a ideia do projeto com o Marcelo Barbosa?
Fabio: Eu falei com o ex-empresário do Angra, o Paulo Baron, sobre outras coisas, músicas e ideias, e era apenas uma conversa, porque fiz uns covers com outra banda que tenho na Itália e mandei para ele. Eram músicas do Scorpions, Judas Priest, Ozzy Osbourne e uma do Iron Maiden, então surgiu a ideia de fazer algo similar. É claro que precisaria de um guitarrista, então foi quase natural pensar no Marcelo, porque ele é meu amigo e meu parceiro no Angra. Poderia até ser o Rafael (Bittencourt), mas ele tem compromissos, então a escolha foi o Marcelo. Outra vantagem é que o Marcelo conhece muito bem as músicas do Angra, o que seria uma dificuldade se eu chamasse qualquer outro guitarrista. E foi uma boa escolha porque Marcelo é um ótimo guitarrista, e somos parceiros há seis anos. Toquei três anos com o Kiko (Loureiro) no Angra, e em seguida veio o Marcelo.

E você conhecia o Marcelo antes do Angra? Como foi desenvolver esse relacionamento de amizade?
Fabio: Eu o conhecia do Almah, do Edu (Falaschi), e todos os caras do Angra o conheciam e eram amigos dele. Quando o Kiko me contou que seguiria para o Megadeth, eu pensei no Marcelo como um possível candidato ao posto, então não fiquei surpreso quando o Felipe e o Rafael me falaram dele. E poderia ser qualquer outro, porque no Brasil tem o Edu Ardanuy, que é muito bom, mas o Marcelo sempre foi amigo da banda, um cara bom e tecnicamente preparado para substituir alguém como o Kiko. Outra coisa importante é o caráter, porque não adianta ser um cara muito técnico, mas complicado de se lidar. Depois de tantos anos, o que a banda precisa é de uma formação com caras maduros, que tenham um bom relacionamento interpessoal, porque o passado da banda não foi sempre assim. Também por isso o Marcelo foi a escolha perfeita. Ele é um bom cara, um ótimo guitarrista, um amigo que todos conhecem e fala bem inglês, algo indispensável para uma banda como o Angra. Aliás, eu falo inglês, espanhol, português e italiano… Bom, eu sou italiano, né? (risos) Mas detesto inglês! (risos) As demais línguas eu não estudei, aprendi de ouvido no convívio com as pessoas, mas eu não gosto do idioma inglês. Acho que os idiomas de raiz latina, como português, italiano, espanhol e, um pouco, o francês, são mais ricos. Podemos falar a mesma coisa de 25 maneiras diferentes (risos). Eu acho o inglês frio, sem muitas cores, mais restrito. É mais fácil porque o mundo escolheu o inglês como idioma internacional, mas ao mesmo tempo é mais frio, não tem tanta riqueza como os de origem no latim. No inglês ou em outras línguas de origem saxônica, você nunca encontrará uma expressão como “tirar leite de pedra”! (risos) Sendo italiano, eu perdi um tempo pensando nela na primeira vez que a ouvi… É sensacional! Apesar de não ser algo que faça sentido expresso, você consegue visualizar claramente o que se trata! Isso é incrível! É dar cor e uma musicalidade diferente à língua.

E como será o setlist do projeto com o Marcelo?
Fabio: Tenho falado muito com ele sobre isso, e ontem mesmo mandei um e-mail sobre ideias de músicas (N.R.: a entrevista foi realizada no dia 28 de outubro). Quero cantar pelo menos duas músicas a cappella, e é surpresa, porque uma delas seria uma ópera, algo que eu nunca estudei. Fiz apenas 11 aulas com um cara chamado Bruce Morini, meu único maestro. Fiquei em cima de uma colina, durante 11 dias, cantando ópera lírica! Ele era barítono, e uma das músicas que cantei com ele era uma ópera italiana que vários cantores líricos italianos já cantaram, mas não é Nessun Dorma! (risos) Eu quero cantar aquela que não é popular, que não é conhecida, então será uma surpresa. No tempo que dura a música, o Marcelo pode descansar, tomar um vinho… (risos) Claro, tocaremos músicas do Rhapsody e do Angra, e uma das canções do Rhapsody deve ser The Magic of the Wizard’s Dream, que fizemos com o Christopher Lee, o grande Saruman (N.R.: Lione faz uma referência ao personagem do saudoso Lee na trilogia “O Senhor dos Anéis” para o cinema). Nós a gravamos em quatro idiomas diferentes, sendo que ele queria em nove, porque falava perfeitamente nove idiomas! Além disso, estou pensando se tocaremos também a Lamento Eroico, porque muitos fãs pedem essa música, mas pelo menos metade do setlist será de clássicos do rock e do metal.

Você mencionou algumas bandas, então acho que dá para adiantar mais alguma coisa, deixar o fã com gostinho na boca (risos)…
Fabio: Inicialmente, estamos pensando em 26 músicas, e acho que a galera ainda não entendeu o que vai escutar (risos). Devem estar pensando que deve ser um acústico, tocando algumas músicas, mas não é isso! São pelo menos 26 músicas de bandas muito conhecidas, que eu e Marcelo gostamos, como Queensrÿche, Queen, Europe, Scorpions, Whitesnake e a até a carreira solo do Bruce Dickinson, com Tears of the Dragon (N.R.: do álbum Balls to Picasso, de 1994). Estas que mencionei certamente estarão no setlist, e ontem mesmo o  Marcelo falou em Aerosmith e Bon Jovi, então tem tudo para ser um show muito variado e interessante. São músicas que exigem uma variação vocal muito grande, mas eu sempre gostei de cantar de jeitos diferentes. No último CD do Angra (N.R.: Ømni, de 2018) tem Black Widow’s Web, faixa na qual cantei gutural com a minha amiga Alissa White-Gluz, porque eu gosto de variar o tom da voz, então acredito que o público vai ficar surpreso. Tem música do Angra, depois vem uma ópera, em seguida uma música do Iron Maiden e outra do Queen…

E incluir o Queensrÿche não me surpreende, porque sei que o Geoff Tate é um de seus ídolos…
Fabio: E não terei nenhuma dificuldade, porque o meu estilo vocal não é muito diferente do Geoff, e o Queensrÿche é uma das minhas bandas favoritas da vida! Esse projeto com o Marcelo é um grande experimento, porque será a primeira vez que farei uma turnê completa no formato acústico, com músicas completamente diferentes. E ainda o rescaldo da pandemia, então tem tudo para ser grande. Sei que o Paulo já recebeu propostas para shows no Chile, na Argentina e no México, mas vamos começar pelo Brasil, aguardando o controle da pandemia. Isso mostra que há um interesse geral no projeto, sendo que ninguém viu o primeiro show!

E o formato acústico exige mais do vocalista do que de qualquer outro integrante da banda, porque não há nada que disfarce uma falha na voz.
Fabio: Sim, fica bem claro se você errar. Neste caso, somos somente eu e o Marcelo, mas gosto disso por ser uma atmosfera diferente. Gera mais feeling para cantar, para tocar e para interagir com o público, uma vez que é mais íntimo. Eu gosto muito da ideia. Não tem comparação com um show elétrico completo, mas acredito que, depois da primeiro apresentação, as pessoas falarão muito. Tenho certeza disso!

O timing da turnê também ajuda muito, porque as pessoas estão ansiosas para ir a shows, e o formato também colabora com a questão sanitária de distanciamento social por ser algo mais intimista. É um bom momento para fazer esse tipo de evento.
Fabio: Exatamente! Por enquanto, temos 15 shows marcados pelo Brasil, e tenho de falar que o show de São Paulo será um pouco diferente, porque teremos convidados. Alírio Netto e Alberto Rionda tocarão músicas do Shaman e do Avalanch, então vai virar um show dentro do show! Isso não altera em nada o nosso setlist, porque eu e Marcelo tocaremos pelo menos 26 músicas, então creio que esse show deve durar três horas. Para as músicas que cantarei a cappella, estou buscando samplers para uma orquestração de fundo em uma delas, enquanto avaliamos qual fica melhor totalmente acústica. Gostaria de ter pelo menos a metade do show completamente acústica, e para isso precisamos estudar quais funcionam melhor. Possivelmente, algum outro parceiro do Angra também vai aparecer no show de São Paulo, e estamos pensando ainda se faremos algo com outros convidados, como a Família Lima, por exemplo. Essa apresentação será muito interessante e especial, mesmo.

Acredito que, a partir do momento em que os vídeos dos primeiros shows aparecerem no YouTube, haverá demanda de outras cidades e países pelo show, e fico pensando se o show não se tornaria algo maior para ser gravado posteriormente e ficar registrado…
Fabio: Temos que falar com o Paulo a respeito disso, mas é isso mesmo que você falou. Tenho certeza de que, depois dos primeiros três shows, falarão sobre registrá-lo, porque seria realmente interessante gravar algo. Acredito que isso se dê naturalmente num momento mais avançado da turnê, talvez reunindo trechos de outros países.

Ainda sobre o setlist, falando das músicas do Angra, eu  gostaria de ouvir Always More na versão acústica, que é uma das músicas mais bonitas do Angra. Ou seja, material da sua fase.
Fabio: Falei com o Marcelo sobre isso, e ele propôs The Bottom of My Soul por ser uma música que o Rafael canta, não eu. Nunca a cantei, então Marcelo pensou que seria interessante o público ouvi-la na minha voz. Falei de Always More porque é a música mais simples do Ømni, provavelmente, e que ao vivo funciona ainda melhor do que no CD. Isso é bastante comum nas bandas: grava-se uma música linda, mas ao vivo ela fica ainda melhor. É o caso de Still Loving You, do Scorpions, que é incrível ao vivo. É também o caso de Lady Starlight, e imagine ouvir essa música ao vivo! Ela já é incrível no álbum, mas ao vivo seria imbatível! É o mesmo caso de Always More, que pode ficar ainda melhor ao vivo do que a gravação. Aliás, na minha percepção, o DVD ao vivo (N.R.: Ømni Live) é melhor do que o CD por um simples motivo: o hábito de cantar aquelas músicas depois de uma turnê inteira. Para a gravação do disco, nós obviamente ensaiamos e buscamos os melhores arranjos e acordes para que cada música fique perfeita, mas estamos executando aquelas músicas pela primeira vez. Elas vão melhorando conforme vamos tocando a cada show, e por isso elas ficam muito melhores ao vivo. Hoje em dia, em estúdio, pode-se fazer praticamente tudo, e essa tem sido a diferença entre os vocalistas novos e os antigos. Antigamente, o vocalista tinha que ser muito bom e ponto final, mas hoje podem transformar as vozes, inserir efeitos para criar uma voz falsa, com efeitos que não serão realizados ao vivo. Na ocasião da gravação do Ømni, eu fiz os vocais em oito dias. Desses, em dois dias eu estive no estúdio com o Rafael, então fiz as vozes em seis dias. Eu gosto assim. Passamos a mesma música umas duas ou três vezes para afinar e ajustar, e pronto! Não gosto de como muitas bandas passam um mês em estúdio. Eu sou o meio-termo entre a modernidade da tecnologia e a técnica desenvolvida no passado. Quando se faz uma música, é preciso preservar a genuinidade, o feeling do momento, a expressão. Eu fiquei satisfeito com o resultado do Ømni, porque ele apresenta um lado mais moderno e pesado. Depois de tantos anos, a banda tem que ousar, tem que tentar, tem que evoluir.

Infelizmente, e isso acontece muito no meio do heavy metal, há um enorme conservadorismo musical. No caso do Angra, a banda teria sempre que lançar um novo Angels Cry
Fabio: Quando eu escuto alguns fãs meio que resmungando ‘Ah, mas o André’… Olha, eu gostava imensamente dele! O Andre era um amigo querido, foi o primeiro cara do Angra que eu conheci na Itália. Ele morava a 20 quilômetros da minha casa, era meu amigo para sempre. O Kiko e o Rafael me chamaram quando o Andre saiu da banda, em 2000, antes de a banda gravar o Rebirth, e eu falei na época: ‘Não dá. Eu tenho o Rhapsody, tenho o Vision Divine, e moro na Itália’. Bom, eu gosto muito do estilo do Andre, que era único, realmente diferenciado, e não era muito um vocal de metal, mas depois de 30 anos não se pode ter uma banda tocando exatamente o mesmo tipo de música, e isso é algo que talvez os fãs não entendam. É como se o Helloween ficasse tocando Eagle Fly Free para sempre, apenas trocando as palavras! Hoje em dia, até a sonoridade dos instrumentos musicais é diferente, porque é mais pesada. Não dá para emular o som das guitarras do power metal melódico antigo com guitarras mais pesadas! Isso é algo que o produtor precisa pensar antes de começar uma gravação. O Arch Enemy, por exemplo, não poderia tocar Eagle Fly Free com aquelas guitarras. As bandas mudam, os integrantes mudam. E o estilo do André era único. Não dá para ser copiado.

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