POR GUILHERME SPIAZZI
Desde que surgiu na década de 1990, o Fear Factory segue como uma das bandas de identidade sonora mais forte dentro do metal. Com onze discos inéditos lançados, o grupo coleciona hits que facilmente enchem um setlist. Contando com um novo vocalista e relançando dois discos, a banda volta ao Brasil depois de quase oito anos prometendo um show energético. Conversamos com o guitarrista e fundados Dino Cazares sobre a passagem pelo país e o que os fãs podem aguardar dessa nova fase do grupo.
Empolgado em voltar ao Brasil (N.R: 06 de junho, SP) com o Fear Factory depois de oito anos?
Dino Cazares: Aquela turnê de 2015 tocando Demanufacture (1995) foi incrível e eu mal posso esperar para voltar. Mal posso esperar para tomar umas caipirinhas, ir à churrascaria e, é claro, encontrar os fãs brasileiros. Eles merecem ouvir as músicas do Fear Factory ao vivo porque já faz tanto tempo… Estou feliz por finalmente ir.
Em 2020 Burton C. Bell (vocal) deixou o Fear Factory, sendo substituído pelo inédito Milo Silvestro, cantor italiano que até então não integrara nenhuma banda de nome. Como está sendo trabalhar com Silvestro?
Dino: Está sendo incrível! Eu demorei um pouco para encontrar a pessoa certa porque naquela época, além de eu não estar com pressa, eu estava em turnê com o Soulfly. Em paralelo eu verificava vídeos e fazia testes com vocalistas, mas o nome de Silvestro sempre voltava para minha cabeça. O lance é que alguns anos antes de tudo isso eu vi uns vídeos dele no Youtube fazendo covers de Fear Factory. Além de achar ele bom, o cara aparecia tocando guitarra, baixo, bateria e teclados… O cara era impressionante. Quando Bell saiu, eu sabia que precisava testar ele. Enfim, acabei optando por ele e foi uma ótima decisão. Silvestro é muito talentoso e tem um ouvido ótimo. O cara percebe até quando a minha guitarra está um pouco desafinada. Claro que como artista ele ainda está crescendo… Ele saiu da Itália direto para o mundo – eu praticamente o empurrei no palco (risos). Estamos ficando mais coesos e melhores a cada apresentação.
Além de Silvestro, a banda agora conta com Pete Webber (Havok) na bateria. Mas e no baixo, aqui veremos Alexandro Hernandez ou Tony Campos?
Dino: Campos estará conosco e isso é muito legal. Conheço ele faz uns trinta anos e a quase dez ele integra o Fear Factory. Tudo bem que ele tem o Static X, que é a sua banda. Entendo que ele tenha que priorizar a sua banda, mas pra mim Campos sempre será o nosso baixista. Hernandez mandou muito bem nos três shows que fez conosco recentemente, mas agora iremos com Campos.
Para quando podemos esperar material inédito com Silvestro no vocal?
Dino: Assim que terminarmos essa turnê tiraremos algumas semanas de folga e na sequência iremos para o estúdio. Já temos a maioria das músicas prontas.
Da parceria entre a empresa Joey Sturgis Tones e você surgiu o Toneforge Disruptor – um plugin super avançado e que traz consigo o seu som de guitarra. Para a sua promoção, foi lançada a peça The Roboticist. Esta faixa é uma amostra do que podemos esperar para o próximo disco?
Dino: Sim, é exatamente isso. Essa faixa inclusive deve estar no trabalho.
Existe alguma chance de tocarem essa música aqui ao vivo?
Dino: Não, não há nenhuma chance de tocarmos essa música ao vivo no Brasil (risos). Faremos um set com cerca de 18 músicas, o que é bastante. Queremos um show completo.
Assim como você, Max e Igor Cavalera, Tony Campos e tantos outros músicos com quem tocou durante os anos compartilham da mesma origem latino-americana. Em sua opinião, como essa cultura e o metal se relacionam?
Dino: Somos pessoas muito apaixonadas. Então, quando realmente gostamos de algo, não é uma coisa trivial – é paixão. O amor está no nosso DNA. Isso é uma coisa. Outra coisa é o fato dos nossos países latinos serem de base religiosa e o metal ser algo meio rebelde que vai contra coisa típica da religião sob a qual fomos criados. Falando da minha perspectiva, quando eu era criança eu ia a igreja e essas coisas, mas quando escutei Black Sabbath – aquele som sombrio e pesado – eu quis aquele oposto. Quantas bandas você já ouviu falarem que adoram ir para o México e a América do Sul? Eles adoram ir porque os fãs são fanáticos. Eles que ver, conhecer, tocar – é algo muito mais louco do que em qualquer outro lugar do mundo.
Para fechar, vocês estão relançando os discos Mechanize (2010) e The Industrialist (2012). Enquanto o anterior foi remixado, o último agora conta com bateria tocada e foi batizado de Re-Industrialized. Explique melhor a razão de passar por esse trabalho de gravar a bateria e relançar o disco.
Dino: A bateria de The Industrialist foi programada porque na época estávamos sendo pressionados pela gravadora, que queria o lançamento o mais rapidamente possível. O problema foi que na época a reação foi negativa, pois as pessoas queriam escutar um baterista tocando no disco. Eu estava muito feliz com a bateria programada, mas decidi que lançaríamos o trabalho com um baterista porque os fãs pediram. Agora você poderá escolher a versão com bateria programada ou tocada quando quiser escutar o disco. Outra novidade é a sequência das faixas. Agora ela está como deveria originalmente ser. The Industrialist saiu com uma faixa faltando. Na época, Enhanced Reality chegou a ser gravada, mas não ficou pronta a tempo de ser incluída no disco. É por isso que ela saiu em Genexus (2015). Agora que Re-Industrialized conta com essa faixa, sinto que o disco está completo. Também incluímos faixas bônus, assim como fizemos na nova versão de Mechanize. Há tanto conteúdo bônus que daria para fazer outro disco (risos).
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