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FINNISH INVASION (Rattus, Terveet Kädet) – São Paulo/SP

Por Rogério SM

Fotos: Dani Moreira

Ao longo das décadas, o rock produziu diversas cenas icônicas que ajudaram a moldar o gênero como o conhecemos hoje. A Inglaterra possui algumas, como os mods e psicodelismo dos anos 1960, o chamado punk ‘77, a cena gótica dos anos 1980 e o famoso Batcave, a NWOBHM, entre outras. O flower power e o thrash Bay Area nos EUA também foram fundamentais para a consolidação do rock como estilo de arte e de vida. Até no Brasil temos as nossas cenas importantes, como a do rock/pop dos anos 1980 e, principalmente, os movimentos metal e punk da mesma década. Estes últimos influenciaram e foram influenciados por uma das cenas mais importantes: o hardcore finlandês. Profusa, única e profunda, as bandas de hardcore da Finlândia, assim como os representantes da igualmente rica cena sueca, ditaram os rumos de um estilo musical que permanece vivo não apenas na música e arte, mas socialmente também.

Por isso, contar com dois de seus maiores expoentes na mesma noite pode ser considerado um evento histórico. Evento esse que não poderia ficar sem um registro jornalístico. Afinal, estamos falando simplesmente de Terveet Kädet e Rattus. E se a primeira permanece mais viva e atuante do que nunca, especialmente na figura de seu fundador, principal compositor, vocalista e líder, Veli-Matti “Läjä” Äijälä, desde sua fundação em 1980, o Rattus decidiu encerrar a carreira gloriosa após esta turnê em terras brasileiras. Uma homenagem que tem que deixar os punks brasileiros mais do que honrados.

E eles compareceram em peso ao Hangar 110, casa já tradicional para eventos punk e hardcore em São Paulo, em uma fria noite de sábado. Fria do lado de fora, porque dentro do evento o calor humano fez suar os corpos dos jovens, dos não tão jovens e dos já quase idosos punks que se misturaram em uma grande celebração intergeracional. Os ânimos já estavam lá no alto na abertura do evento com os shows do Trassas e do Juventude Maldita, que aqueceram ainda mais o espaço já quase lotado.

Juventude Maldita
Trassas

A festa começou a ficar ainda mais histórica com o show do Invasores de Cérebros, do também lendário Ariel, ex-vocalista do Restos de Nada e Inocentes. O vocalista aproveitou para saudar amigos presentes, integrantes e ex-integrantes de bandas históricas do punk paulista, como Olhos Seco, Anarkólatras e Ratos de Porão. Com um punk cheio de riffs old school, mas com pegada atual, Ariel destilava no palco mini-discursos afiados e contestadores antes de cada som, que incluíram Porra de Vida, Noites Quentes na Cidade, Na Porta do Inferno e uma versão quase hardcore para I Wanna Be Your Dog, do The Stooges, que fechou a apresentação com merecidas e efusivas palmas. 

Invasores de Cérebro

Pouco depois, o delírio tomou conta do Hangar 110 com a entrada do Terveet Kädet. A figura magra e um tanto desengonçada, mas de energia inconfundível de Läjä, acompanhado hoje por Lene (baixo), Ilari (guitarra) e ja Samppa (bateria), dominava o palco. A comunicação era pouca, mas intensa. Geralmente um agradecimento em português ou em inglês meio torto. Já as músicas vinham uma atrás da outra, super curtas e hiper enérgicas, incluindo do mais novo álbum, Kaikki kaikkia vastaan, mas principalmente dos clássicos, como Transvestiitti, A.l.i.e.n.,T.Tuho e Jeesus Perkele. Sons que ainda fazem a cabeça de todo punk e fã de música extrema.

Como citado, alguns integrantes do Ratos de Porão estavam presentes e a primeira surpresa da noite veio com a entrada do guitarrista Jão e do vocalista João Gordo no palco para fazer uma jam com a banda. “Fiquei muito feliz de fazer essa apoteose de hardcore finlandês com os caras, pois Terveet Kädet e Rattus foram grandes influências no cenário do punk brasileiro. O Crucificados Pelo Sistema é completamente finlandês. As línguas são meio que parecidas sonoramente, por isso que rolou aquele tributo nosso ao Terveet, o Isentön Päunokü, que tem as letras em português dessa realidade ridícula nossa aqui e os caras adoraram”, comentou João Gordo.

Ainda que na memória da maioria aquelas gravações toscas e magrinhas dos anos 80 nunca possam ser substituídas, é muito bom também ver como todos esses clássicos ganham ainda mais força com bons equipamentos em uma casa de shows que proporcione PAs e acústica de qualidade. Algumas músicas, aliás, beiravam o crust, tamanha violência que ganharam ao vivo. Ao fim, punks extasiados tentavam recuperar o fôlego, pois a noite ainda guardava mais surpresas.

Para fechar quebrando tudo, o Rattus entrou na sequência com o palco todo escuro, iluminado apenas pelo brilho do seu maravilhoso backdrop. Assim que as luzes se acenderam, a banda, hoje um power trio, não esperou nem um segundo para mostrar que a água finlandesa realmente possui algo especial com Pedantti e Viina ei petä. O folclórico baixista Tomppa, com o semblante sempre sério, conduzia o trio em cada som. Além de escolherem aqui para os últimos shows da banda, a homenagem ao Brasil estava também na bandeira que o baixista colocou em sua correia.

O público, insano desde a primeira banda, não parou um só momento de abrir as famosas rodinhas punk e também os tradicionais stage-dives do palco – agora com mais espaço. O vocalista e guitarrista Jopo, com uma camiseta do Juventude Maldita, mantinha a energia lá em cima, mas o destaque ficava mesmo com o igualmente folclórico baterista Vellu. Fundador da banda com Tomppo no hoje longínquo ano de 1978, ele atacava sua bateria como uma besta enjaulada. Seu estilo único, com batidas extremamente fortes e condução alternando tons, caixa e chimbal eram acompanhados por diversas caretas que ele fazia a cada pausa, quebrada ou grito de refrão. O público respondia com latas de cerveja sendo atacadas para o teto, mais roda punk e mais stage-dives.

A segunda surpresa da noite foi a volta de João Gordo ao palco para cantar Rajoitettu ydinsota. E, se a noite precisava de mais alguma coisa ainda para ficar na história, o grupo trouxe clássicos eternos, como Uskonto on vaara, e sons mais recentes, como Minä e Pinnan alla, em versões que levaram os punks ao delírio. Antes de saírem do palco, Tomppo perguntou se podiam tocar um pouco mais. O público respondeu gritando o nome da banda e indo ao êxtase com o clássico absoluto Sotahullut. Uma noite que fez jus à história e à influência desses dois monstros da cena punk mundial. Suomalainen hardcore hallitsee!

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