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FLESHGOD APOCALYPSE / SEPTICFLESH

Felizmente, o nosso amado heavy metal nunca deixou de evoluir. Tudo bem, houve algumas ‘evoluções’ que não foram lá tão felizes… Mal comparando, existem X-Men como a Emma Frost, e outros como o Groxo, se é que o bom leitor me entende. Mas, o que tínhamos em São Paulo nessa quinta-feira de feriado era justamente o melhor e mais abrilhantado lado das ‘evoluções’ metálicas, com duas bandas de caráter único e que, cada uma a sua maneira, acrescentaram o tempero e o sabor da música mediterrânea às suas composições. E isso, convenhamos, é imperdível!

Para começar os trabalhos daquela noite de clima agradável em São Paulo, tínhamos pela frente o show explosivo dos italianos do Fleshgod Apocalypse. Se ‘impacto visual’ é uma realidade apreciada desde os anos longínquos em que Alice Cooper e Kiss davam seus passos iniciais, passando pelo Hair Metal da Los Angeles da década de oitenta até o black metal da Noruega da década de 90, parece que esta banda italiana aprendeu cada capítulo do manual, e já ao adentrarem o palco, Francesco Ferrini (teclados), Cristiano Trionfera e Fabio Bartoletti (guitarras), Paolo Rossi (baixo), David Folchitto (bateria), Veronica Bordacchini (vocais soprano) e Francesco Paoli (vocais) causaram o impacto que era de se esperar por conta das fotos promocionais da banda. Precedidos pela entrada de Veronica, que chegou trazendo em suas mãos um estandarte com o qual saudava o público e golpeava o palco, a vocalista comandava a atitude da plateia enquanto os demais músicos iam tomando seus lugares, até que a parte pesada de Marche Royale enfim fizesse o local estremecer.

Trazendo na sequência In Aeternum e Healing Through War, rapidamente percebemos que a aposta seria no repertório do mais recente e excelente álbum King (2016), uma aposta acertada, diga-se de passagem. Enquanto alguns ainda se doíam pela saída do vocalista Tommaso Riccardi, Francesco Paoli dava uma aula de simpatia e peso, demonstrando até para os mais céticos que ele não se trata apenas do primeiro e original vocalista do Fleshgod Apocalypse, mas o cara certo para ocupar esse posto com desenvoltura e autoridade. The Violation, Gravity e The Fool vieram dando o tom da sonoridade pesada e repleta de referências renascentistas que caracteriza o som do grupo italiano, que a essa altura, já suava às bicas com sua indumentária pesada no caloroso clube repleto de fanáticos um tanto quanto mais acostumados com o clima tropical.

Vale registrar a simpatia e destreza do tecladista Francesco Ferrini, que a todo intervalo de músicas saía de trás do seu instrumento para saudar o público, e o poder de fogo do guitarrista Fabio Bartoletti, que aparentemente é dono de um fôlego e uma calma infinitos. Para fechar o show em grande estilo, The Egoism (Agony, 2011) e Syphilis (King, 2016). E claro, eles nos brindaram com os belíssimos arranjos de Epilogue, música sem a qual nenhum show desses geniais italianos fica completo.

Caminhando ao contrário do que aprendemos nas aulas de História, o fim do Império Romano do Fleshgod Apocalypse precedeu o trinfo de Atenas e da civilização grega com o poderoso Septicflesh. Embora as duas bandas sejam marcadas e reconhecidas por sonoridades intempestivas, inventivas e fortemente marcadas por elementos mediterrâneos, vale destacar o quanto soam distintos os trabalhos desses dois grupos. Junto consigo, os gregos trouxeram uma aura de opressão e pavor que, se não combina com a sua Atenas natal, certamente era o sentimento despertado pela visão das hostes espartanas em seus inimigos. Sem muito enrolar, Krimh Lechner (bateria), Sotiris Vayenas (guitarra), Spiros Antoniou (baixo e vocal) e o ‘cabeludaço’ Christos Antoniou (guitarra e orquestrações) chegaram cuspindo fogo com War in Heaven, uma das mais emblemáticas faixas do louvado Titan, de 2014.

Extremamente bem recebidos pela plateia, os gregos foram cada vez mais entrando no clima de furor da noite, e o vocalista Spiros Antoniou (ou Seth Siro Anton, se você preferir) bradou com violência os vocais de Communion, Pyramid God e a sensacional Martyr, que parece encarnar em música o espírito de honra e coragem de todos os grandes heróis e guerreiros gregos que enfeitam os muitos capítulos das grandes tragédias da antiguidade e dos livros de História. A ‘mudança de ares’ na casa de show foi tão acentuada que, você não deve estranhar se, de agora em diante eu escrever ‘mudança de Ares’, já que as antes tímidas rodinhas de mosh se transformavam agora em um pandemônio de guerra sob o comando do vocalista. Sim, aparentemente o deus da guerra estava ali conferindo o trabalho de seus súditos, e certamente não poderia estar mais satisfeito. The Vampire of Nazareth trouxe ao jogo o bom The Great Mass (2011), enquanto Unbeliever foi mais longe no tempo trazendo algo do subestimado e excelente Sumerian Demons (2003), numa viagem no tempo regada por gotas de suor escarlate e torcicolos de longa duração.

Para o fim da apresentação, os gregos guardaram as três músicas mais pedidas da noite: primeiro veio a emocionante e densa Persepolis, seguida pela pesada e mística Anubis, que fechou a dobradinha do clássico Communion (2008). E para finalizar, Spiros deixou um grande Titã, o responsável pela doutrina do fogo, o poderoso Prometheus, que cauterizou profundamente nossas almas, que já sem fôlego se contorciam em uma massa humana descontrolada e implacavelmente feliz. O fim do espetáculo trouxe mais do que hematomas, e um sentimento gigantesco de satisfação, pois trouxe consigo a confirmação de um antigo dito deste que vos escreve: “se uma banda clássica do metal extremo grego toca, você não cogita, simplesmente tem que estar lá”.

 

 

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