A edição de 2012 do festival “ForCaos” foi memorável, com bandas de diversos estilos mostrando no Centro Cultural Dragão do Mar o que melhor o Rock e o Metal do Ceará tinha a oferecer, junto com bandas conceituadas na cena underground, como os potiguares do Expose Your Hate, os baianos do Headhunter D.C. e os cariocas do Unearthly, isso sem falar em shows históricos de Stress e Vulcano em edições anteriores. No entanto, o atraso no pagamento por parte de um dos patrocinadores (a questão está resolvida, não vale a pena mencionar o nome do tal patrocinador aqui) deixou os produtores em maus lençóis e a edição de 2013 permaneceu por muito tempo como uma incógnita. No final do mês de junho, finalmente, a produção anunciou a programação e o formato da nova edição. Além de contar novamente com a “Bicicletada do ForCaos”, passando por locais importantes para o surgimento da cena rockeira cearense, tardes de seminários, mais de vinte bandas, de quase todos os estilos de Rock e Heavy Metal, se apresentariam em três datas, em três diferentes locais da cidade.
O evento começou com a “Bicicletada”, uma iniciativa que começou na edição do ano passado e se repete com bangers montados em suas magrelas passando por alguns dos locais que foram mais importantes para o surgimento da cena rockeira cearense. A programação musical começaria no dia seguinte, no palco do Bom Mix, o primeiro dos três locais que receberiam shows na programação do “ForCaos 2013”. A realização em diferentes palcos não é exclusividade desta edição (em 2012, por exemplo, os shows foram divididos entre o Centro Cultural Banco do Nordeste e o anfiteatro do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura), então foi recebida com bastante naturalidade pelos frequentadores.
O Bom Mix é um pequeno shopping, localizado na periferia de Fortaleza, com uma grande área ao fundo. Durante o dia, funcionam no local algumas lojinhas e aos finais de semana o espaço é utilizado pela Cooperativa Underground (CUNDER) com shows de bandas locais, sempre gratuitos, sempre lotados, numa tentativa de, ou pelo comércio, ou pela arte, mudar a vida das pessoas que moram na vizinhança, que já chegou a ser considerada uma das mais violentas da capital do Ceará. O espaço é bastante agradável, o palco tem um bom tamanho, fazendo daquele local um bom espaço para que as bandas divulguem o seu trabalho e encontrem com os fãs. Apesar de ter encontrado um pouco de dificuldade em encontrar o endereço correto (não há nenhuma placa e o GPS indica a localização com erro de uma ou duas centenas de metros), ao entrar no local, pensei ser aquele um local ideal para compensar à cena Metal do estado pela perda do GRAB, clube no Bairro Antônio Bezerra que foi palco inclusive para bandas estrangeiras como Assassin e Skull Fist mas que, atendendo a pedidos da vizinhança, não acolhe mais shows de Metal. Uma pena que minha opinião mudaria ao longo da noite.
COLDNESS
Quando o palco para a primeira noite de “ForCaos” estava recebendo os ajustes finais, um problema elétrico demandou a utilização de um gerador, causando um grande atraso no início das atividades. Até que o problema fosse resolvido, uma pequena multidão se aglomerava no interior do Bom Mix ou bebericava do lado de fora, aguardando ansiosamente a hora de bater cabeça. A primeira escalada para a noite, COLDNESS, só subiu ao palco às 20h. De certa forma isso foi até lucro para o quinteto, pois tocaram com a casa já cheia, como merecem. Na empolgação, o vocalista Lenine Matos chegou a levar um tombo no palco quando a banda executava “On A Great Speed”, mas continuou cantando como se nada tivesse acontecido. O som do quinteto é extremamente rico e cada músico da banda tem uma faixa ou mais em que tem a oportunidade de brilhar, exceção para o baterista monstro Pedro Neto que brilha em todas.
AGRESSIVE
Quando os ainda moleques de Caucaia subiram ao palco, a frente dele se tornou mais perigosa que o Afeganistão, com rodas intensas. Seria até possível medir o entusiasmo do público em “stage dives-por-minuto”. Enquanto a banda tocava os sons de suas duas demos, principalmente da última “The Legacy Remains”, parecia haver mais pés pra cima que no chão. Era um show no palco e outro lá embaixo. O vocalista Diego Barbosa comanda a insanidade como se fizesse isso por pelo menos o dobro de sua idade. Camilo Neto (guitarra) e Léo (baixo) rodam pelo palco de um lado para o outro – Léo açoitando o público tocando rápido demais. Enquanto isso, o baterista Mateus só se ocupa no ofício de destruir o seu kit. Esses ainda moleques são capazes de fazer uma boa bagunça.
NAFANDUS
Para acalmar os ânimos, uma chuva breve botou todo mundo pra correr, mas felizmente parou rapidamente para o show da Nafandus. A banda, capitaneada por Claudine Albuquerque, uma das hostess do “ForCaos”, toca uma mistura de Hard Rock, Grunge com Rock Alternativo. Destaque para as canções “No Cause” e a espetacular “Evil Seeds”, além da performance inspirada em Geezer Butler do baixista Ravel.
IN NO SENSE
Hora de Metalcore com a banda InNoSense. Os apreciadores do estilo dão um passo a frente e os bangers mais tradicionais dão um passo atrás, mudando completamente a configuração do frontstage. Mesmo quem não curte o estilo deve reconhecer que as guitarras deram um show à parte, sempre com a cozinha eficiente de Vicente Ferreira e o baixo e os guturais de Jeferson Veríssimo. Destaque principalmente para “Berços de Espinhos”, faixa que estará no próximo CD ainda sem título definido.
SIEGE OF HATE
Hora novamente de brutalidade e violência, sem nenhum descanso para lamentações. Temos no palco uma das melhores bandas de Grindcore do Brasil, a Siege Of Hate, também conhecida como S.O.H. É desnecessário falar da velocidade absurda. Desnecessário falar como tocam sobre-humanamente. Bruno Gabai alterna de forma impossível entre o rasgado e o gutural, Frizzo destrói no baixo mais do que até não poder mais. Lucas Gurgel, da Clamus, dá um apoio na guitarra com a saída do Fábio Morcego. A banda lançou recentemente o brutal “Animalism”, de onde saiu parte das músicas do set list, junto a sons dos dois trabalhos anteriores, e estará divulgando esse trabalho em mais uma turnê europeia no próximo outubro.
Porém, apesar de todos os esforços da produção do festival, dos administradores daquele espaço durante o dia e dos costumeiros ocupantes dele durante a noite (a Cooperativa Underground) em mudar o cenário ao redor, nada foi capaz de evitar que, em uma cidade que desponta infelizmente como uma das mais violentas do Brasil (grande parte disso graças à ineficaz administração de um governo que só se interessa em construir obras e nada mais), uma corja de bandidos fizesse sua festa particular nos carros estacionados nas proximidades. O baterista de uma das bandas do cast do “ForCaos” me alertou que tinha tido seu carro arrombado e tido um grande prejuízo em equipamentos. E seu veículo não tinha sido o único. A segurança do local, que até então tinha se mostrado bem presente dentro da casa, nada poderia fazer do lado de fora, jurisdição de nossa ineficiente (por vários motivos) polícia. Imediatamente, avaliei a situação e vi que era hora de terminar meu trabalho por ali enquanto o meu próprio veículo ainda estava inteiro. Com a chegada de muitos donos de veículos ao local onde eles tinham sido estacionados, não houve mais notícia dos meliantes, mas informações contam que, ao todo, seis carros já teriam sido arrombados naquela noite. A produção fez sua parte, alertando para a situação lá fora mas, mesmo assim, boa parte do público continuou no local, bangeando e apoiando a cena.
DARKSIDE
Leonardo Brauna, colaborador do Whiplash.Net é quem conta como foi o próximo show da noite. Após o terrorismo sonoro feito pelo Siege Of Hate a festa de quinze anos do “ForCaos” seguiu com mais uma veterana da cena underground cearense, o Darkside. Os thrashers subiram no palco e apesar do repertório reduzido conseguiram fazer uma apresentação apoteótica. De cara foram logo denunciando faixas do próximo CD, a introdução “The Apocalypse Bell pt. II” seguida de “Legacy Of Shadows”. A banda, então, abriu espaço para um fã subir no palco e mandar uma homenagem a um headbanger falecido recentemente. Tales Groo (guitarrista) complementa o ato puxando a galera a fazer “um minuto de barulho”. Passadas as homenagens os músicos tocam “Born For War”, tema do renomado álbum “Prayers in Doomsday”, que na voz de Marcelo Falcão se torna mais agressiva em companhia da cavalgada de riffs. Enquanto um técnico do evento tenta organizar o emaranhado de cabos entrelaçados no palco causado pela movimentação incendiária dos músicos, Tales e Marcelo mandam os seus recados às pessoas presentes e organizadores do evento, assim como duras críticas à politicagem brasileira, para então executarem mais uma do próximo trabalho, “Megashits On Microminds”. Os cearenses encerraram o set com um convidado ilustre, Eduardo Fiuza, o Dudu, baterista da primeira formação que junto com seus antigos colegas levaram “Gates To Madness”, faixa da demo de mesmo nome gravada em 1993. O show duraria mais e ainda teria outra participação, pois Alex Eyras, que fez vocal em “Prayers in Doomsday” cantaria “Bubonic”, então a banda tocaria duas faixas de “Eclipsed Soul” – “Shades of Decay” e “Fragments of Time” –, encerraria com “Belial”, cover da antiga Proceation, da qual Tales chegou a fazer parte nos anos oitenta. Porém, o imprevisto causado pela falta de energia os impossibilitou de fazer essas últimas execuções.
Uma pena também foi ter perdido o show da veterana Oráculo, que sucedeu a Darkside e cujas canções já podem ser consideradas clássicos entre os bangers do Ceará. Uma pena. Enquanto cidadãos de bem trabalham pela cultura, o poder público pouco faz pela segurança pública.
Uma semana se passou até que novas noites de celebração ao underground acontecessem nos dois outros palcos que seriam visitados pelo “ForCaos” na programação da semana, duas noites de seminários. O primeiro, na quinta-feira (18), com o tema “Memórias e Itinerários Pessoais no Rock”, uma conversa franca com alguns dos primeiros apreciadores de música pesada no estado, o músico e sociólogo Amaudson Ximenes (guitarrista da Obskure e Presidente da Associação Cearense do Rock), Bremen Quixadá (representante comercial e talvez o pioneiro entre os pioneiros do rock cearense) e a Doutora Dora Gadelha (professora do IFCE). Na sexta-feira, as presenças ilustres na mesa de debate para conversar sobre o movimento punk em Fortaleza e em Juazeiro do Norte foram o Dr. Francisco José Gomes Damasceno (professor e pesquisador da UECE), o zineiro Alessandro Reinaldo (cuja tese de mestrado trata das representações cotidianas nos fanzines punk) e o pedagogo e vocalista da banda Dago Red, Robério Sacramento. Os seminários aconteceram na Vila das Artes, no Centro de Fortaleza, onde a Associação Cearense do Rock sempre se reúne às segundas-feiras.
FACADA
No sábado, a segunda das três noites para maltratar o pescoço e a coluna cervical, o cenário seria um dos mais bonitos da capital: o Cuca Che Guevara, enorme equipamento da Prefeitura de Fortaleza localizado bem próximo do encontro do Rio Ceará com o Oceano Atlântico. E a primeira banda a se apresentar no anfiteatro do Cuca foi a Facada, com Grindcore furioso e apresentando o seu novo lançamento: Nadir. Azar da corda Si do baixo, que não aguentou o tranco e nem fez falta. Se alguém apostou que haveria algum atraso, perdeu o show bombástico. Sem problemas elétricos ou de qualquer outra sorte, as apresentações seguiram o cronograma à risca. Se eu pudesse mudar qualquer coisa naquela noite agradável na Barra do Ceará, apenas mudaria a ordem das bandas (com todo respeito as que sucederam à FACADA), fazendo com que o trio tocasse para mais espectadores.
CLAMUS
Ver a Clamus no palco é, além da oportunidade de conferir um excelente death metal, brutal e com longas passagens instrumentais, uma oportunidade de conferir o magistral trabalho de Felipe Ferreira nos vocais. O vocalista/baixista também tocava na banda Krenak (de onde saiu recentemente) canta com um poder poucas vezes visto (ou ouvido). Ao seu lado, fazendo solos etéreos e marcantes na guitarra e dividindo os vocais, a presença de Lucas Gurgel, que também está tocando com a Siege of Hate. Entre as faixas apresentadas, algumas músicas do novo trabalho ainda não lançado, como “Lead The Past”. Além das mudanças de andamento nos sons da Clamus, outra característica da banda é ser trilíngue, cantando nos idiomas de Camões, Shakespeare e Victor Hugo (às vezes alternando de uma para outra na mesma faixa, dependendo da adequação de cada uma para passar certo sentimento). Para terminar o show, “Volverine Blues”, uma cover de uma banda sueca pesada de verdade, o Entombed.
CRIOKAR
Com seu Thrash Metal tradicional cantado em português, a Criokar foi a próxima da noite. Com canções como “Eu Te Matarei” mostraram que é possível fazer thrash metal em português. Durante todo o show, rodas violentas e abundantes em testosterona, assemelhando-se a um evento do UFC, com direito a wall of death, fizeram quem estava sentado correr para a frente do palco. No meio do caos, estava um menino, que não aparentava ter mais que dez anos, perfeitamente integrado ao barulho e à diversão. Esse mesmo menino foi chamado mais tarde ao palco, recebeu o microfone e deu seu “testemunho”. Estaria ali nascendo mais um vocalista de uma futura banda de Thrash Metal?
BETRAYAL
A violência mudou de idioma com a Betrayal, mas não de intensidade. Talvez tenha ficado até maior à medida que mais pessoas chegavam ao Cuca. E o menino que tinha subido ao palco no show anterior continuava por lá, dando seu show de air guitar. Com vocais e gritos à la Tom Araya, o vocalista Wolney Mendes e a banda homenagearam Jeff Hanneman, falecido recentemente, com “War Ensemble”, fazendo o público virar suco. “Sem ele e os outros três, o thrash não seria nada e nós nem estaríamos aqui.
SECONDS OF NOISE
O festival então se torna uma mini-instância da cena underground do Distrito Federal, com a apresentação da primeira das bandas candangas do cast. A Seconds of Noise, com seu Death/Grind fez jus ao nome e, apesar de ainda desconhecida pela maioria, fez muita gente bater cabeça. Entre os destaques: “Pequenas Igrejas, Grandes Negócios” com a participação do batera Admir Santana nos vocais. Terminaram o show com uma cover do Vulcano, homenageando a banda (que já tocou em edição anterior do ForCaos) e também a Amaudson Ximenes (Obskure) e Marly Cardoso (No Sense).
DEATH SLAM
Se o pessoal de Fortaleza curtiu as palhetadas rápidas de Adécio Santana e as porradas no baixo de Itazil Jr. (com grande presença de palco) eles continuaram no palco para o grind da Death Slam, com o poderoso vocal de Fellipe CDC falando muito contra religiões, manipulação da população e deputados “que não valem um peido”. Entre as muitas músicas do provavelmente mais extenso setlist da noite, “Pânico e Dor” (“roubada” da Seconds of Noise, nas palavras de Fellipe CDC), uma do Motörhead, uma do Napalm Death e até mesmo NIB, do Black Sabbath, transformada em Grind (!) e cantada pelo baixista Itazil Jr.
Entre um show e outro foi anunciado o nome da mascote do festival. O desenho, um tejo adolescente (espécie típica de lagarto encontrado em todas as regiões do Ceará e adolescente para representar a “idade” do festival) obra do conhecido cartunista cearense e punk rocker Guabiras recebeu o nome de “Caótico”, escolhido entre as sugestões enviadas em um concurso promovido em uma rede social.
OBSKURE
Uma das bandas mais importantes da cena cearense, a Obskure, foi a próxima no palco do Cuca Che Guevara. A banda de death metal era a representante cearense no “Festival Quaresmada”, que aconteceria no final de semana seguinte, onde dividiria novamente o palco com as bandas de Brasília e com a The Rods, banda do primo do saudoso Ronnie James Dio. Olhos dos presentes presos no palco, Daniel Boyadjian está fazendo um de seus solos marcantes. Solo lindo até caberia melhor. Ao seu lado, completamente em casa, Jolson Ximenes e Germano Monteiro mostraram por que mereceram estar na lista de melhores baixista e vocalista, respectivamente, de 2013 da Roadie Crew. Mantendo a destruição, a bateria competentíssima de Wilker D’ângelo e os riffs de Amaudson Ximenes. Sons egípcios invadem o anfiteatro através dos teclados de Fábio Barros em “Aton’s Servant”, do primeiro full-length da banda, de temática egipciana (composta bem antes do Nile se tornar uma banda conhecida). “From One Who curto, mas, destruidor, a banda tocou músicas de todos os seus discos, inclusive das demos, recentemente lançadas em formato 7″ EP. Atendendo a hash tag #pulabodim, o guitarrista Amaudson Stopped Dreamming” pareceu ter uma intro maior nos teclados de Barros, o que a tornou ainda melhor. E, agora, não é mais surpresa para a maioria das pessoas a presença de Marli Cardoso (No Sense) no palco com o Obskure em “Factoring Sarcasm”, mas ainda é algo de fazer as mandíbulas cairem da boca. A redundância cabe aqui: não era surpesa, mas foi surpreendente. Num show Ximenes concluiu o trabalho naquela noite com um esperado stage dive.
KABULA
A próxima banda foi a Kabula, também do distrito federal, divulgando seu DVD “Na Estrada” e fazendo um Hard Rock maneiro em português, um tanto deslocada no meio de tanto som brutal, mas, mesmo assim, empolgaram com o talento do guitarrista e canções maliciosas como Papillon (em homenagem a uma tal “Casa da Leila”, que todo mundo entendeu do que se tratava.
N’FÚRIA
Para terminar a noite no Cuca, banda mais da casa que uma do próprio bairro não poderia haver. Mesmo com o cansaço dos presentes após uma longa maratona de Heavy Metal, ainda conseguiram incendiar a galera na frente do palco com seu Death/Grind/Gore em português e faixas como “navalha”. No entanto, não economizaram palavrões direcionados à produção ao ter seu set reduzido, como algumas bandas que a sucederam, para manter o cronograma do festival e por causa de atrasos causados por eles próprios quando subiram ao palco.
No dia seguinte, a paisagem que serviria de fundo ao último dia do festival seria a deslumbrante Volta da Jurema, um dos mais belos cartões postais da cidade de Fortaleza, mais exatamente no Anfiteatro da Beira-Mar, no extenso calçadão da mais bela avenida de Fortaleza, entre recifes de corais e suntuosos arranha-céus. Se, ao contrário do primeiro dia, numa área periférica da cidade o problema era a segurança, agora, em uma de suas áreas mais “nobres” o problema é o trânsito. E onde encontrar uma vaga para estacionar? O problema é tão grave (e fica mais grave a cada dia) que chegamos a perder os primeiros shows da noite, sob o cenário belíssimo sol que se deitava sobre o verde mar da capital.
TRAMPA
Bebendo da mesma fonte que beberam bandas brasilienses como Legião Urbana e Plebe Rude, o destaque do show da Trampa foi a marcante “Te Presenteio Com a Fúria”, quando André Noblat (vocal), Rodrigo Vegetal (guitarra) e Pedro Bap (baixo) descem do palco para tocar no chão, junto à galera ainda tímida (com algumas exceções).
THRUNDA
“Nunca Confie Em Um Homem De Terno e Gravata”, diz a Thrunda, mas, seu hardcore dispensa desconfianças, principalmente quando tem a participação de Felipe Ferreira, como em “Hard Rock de Terreiro”. Neste domingo, como diz a música “Domingo na TV”, enquanto muita gente estava na frente da TV, desperdiçando suas vidas vendo Gugu, Faustão e etc, estamos num show de rock, música pra balançar a cabeça e dar uma sacudida no cérebro (em todos os sentidos). Terminaram o show com a faixa que você precisa ouvir: “Mulher de Cabaré”.
MONSTER COYOTE
Representando a cena do vizinho Rio Grande do Norte, veio o Stoner Metal da Monster Coyote, banda da tórrida cidade de Mossoró. Com riffs enlouquecedores, levada de baixo marcante, bateria furiosa e letras sobre licantropos de toda sorte, o trio potiguar fez uma apresentação curta mas gerou o interesse pelo CD “The Howling”.
RISE OF FALLEN SOULS
A banda de Metalcore encerrou a décima quinta edição do “Forcaos”. Destaque para a parede sonora formada pelo baixo de Bernardo Galdino e bateria de Bosco Lacerda. Ainda surpreenderam com uma cover para “Undaunted”, da ainda recente Adrenaline Mob, num dos pontos altos do show. Ainda tivemos a porrada chamada “Fallen Angel”, uma das primeiras composições autorais do RFS. Fecharam o show e o “Forcaos” com a tocante “This Is The Edge”. Era o fim de mais uma edição de um festival que começara modesto no Casarão Cultural como alternativa à famigerada micareta que era o assunto de julho na capital cearense. Era o fim de mais uma edição de um festival que, enfrentando todo tipo de problema e vencendo, promete ainda algumas dezenas de outras edições.