Mesmo com a informação do vocalista Steve “Zetro” Souza publicada na página oficial do Exodus no dia 18 de janeiro, dando conta que o guitarrista Gary Holt não se apresentaria para a “Blood In Blood Out South American Tour 2016”, três dias antes do início dos shows, muitas pessoas não desanimaram e foram conferir a primeira edição do “Fortaleza Open Air”.
Na sexta-feira chuvosa, o festival estava marcado para acontecer às 19h, mas, apesar das passagens de som terem começado por volta das 14h, o pontapé inicial dado pela S.O.H. só se consumou às 20h40. Fãs da banda que estavam dentro do local se organizaram em maior número em frente ao palco e sentiram o poder de músicas como “Grinding Ages”, de “Animalism” (2013), e “Brave New Civil War”, do EP de 2015. Ricarte Neto, que fez parte da banda na época de “Subversive By Nature” (2003) participou de parte do ‘set’, detonando nos riffs e backing vocals de “The Walls Built Inside Us”, “Say Your Prayers”, entre outras.
O som era um vilão em potencial para as bandas. Não ajudou o S.O.H. e tampouco facilitou para o Metacrose. As notas das guitarras que soaram nos ouvidos dos presentes que ‘bangeavam’ com “Just Enough Rope” (sem som de baixo) e “Is This Democracy?” (já com uma audição melhor), dentre outras, fizeram o que podiam para compensar as falhas. O quinteto tentou tocar “Zé Do Caixão”, homenageando o cineasta brasileiro José Mojica Marins, mas os instrumentos foram desligados. O vocalista Vinicius Laurindo até procurou um microfone para se despedir, mas não encontrou nenhum ligado. Percebendo o esforço da banda, a galera se aglomerou, aplaudiu fortemente e agradeceu aos visitantes. A partir daí começou a desconfiança do público com a retirada do pano de fundo do Exodus, que estava pendurado atrás do backdrop do Krisiun, que seria o próximo grupo subir no palco. Muita gente comentou a estranheza, mas até aí “ninguém” imaginava que o show dos gringos estaria cancelado.
Os gaúchos, no entanto, cumpriram seu papel e presentearam aos seus já conhecidos fãs cearenses, com grande performance de palco e interação. A chuva não impediu o grande mosh ao som de “cacetadas” como “The Will To Potency”, de “The Great Execution” (2011), e “Scars Of The Hatred”, do mais recente álbum, “Forged In Fury” (2015). Ainda com o “pé d’água” descendo, Alex Camargo falou ao público, lamentando a perda do (em suas palavras) “cara mais Metal do mundo”, Lemmy Kilmister. Era previsível que o trio levasse algum cover do Motörhead, como fizeram nos últimos shows. Sim, a vez foi de “Ace Of Spades”, seguida de “No Class”. Duas homenagens que fizeram o sangue ferver em meio à “tormenta”.
Se foi estranho a retirada do backdrop do Exodus atrás da bateria, mais sobrancelhas subiram com a retirada de parte do equipamento do palco. Mas muitos estavam ali também para ver o Vulcano, que não decepcionou. Porém, o “fantasma” do som resolveu aparecer novamente e atormentou o microfone de Luiz Carlos Louzada (vocal) e causou inúmeras microfonias. No ‘mosh pit’, uma fileira de fãs quarentões tomava a grade. Zhema Rodero (guitarra) agradeceu a todos e falou de seu antigo relacionamento com os bangers de Fortaleza. A festa se seguiu com vários clássicos como “Dominios Of Death” e “Ready To Explode”, do álbum aniversariante desta turnê de trinta anos, “Bloody Vengeance” (1986) e “The Evil Always Returns”, de “Drowning In Blood” (2011). A moçada mais jovem intensificou as rodas que aumentaram o calor no ambiente molhado. O grande destaque da noite foi de Arthur “Von Barbarian” Rodrigues, baterista que simplesmente deixou todos babando com seu show particular atrás do kit. O hino “Guerreiros De Satã”, de Live! (1985), completou o “culto maldito” do Vulcano.
Cansados de esperar a improvável entrada do Exodus ou algum pronunciamento oficial da produtora 4U, algumas pessoas começaram a jogar objetos no palco, danificando muitos equipamentos e até ferindo pessoas. O que seria um fim de festa memorável e histórico com a apresentação da lenda do Thrash Metal da Bay Area, infelizmente acabou virando caso de polícia.