Alguns críticos e fãs mais puristas reclamam da fase anos 80 do Genesis. Alegam que são discos que não chegam aos pés de “The Lamb” ou “Trick Of The Tail” (ambos dos anos 70) e que a banda estava virando Pop demais. Pra mim, esta é uma análise um pouco rasa. Pois eu confesso: eu adoro a fase pop do Genesis. Aliás, eu adoro todas as fases, sou fã incondicional da banda.
Não é porque os discos não traziam mais músicas de 15 minutos que eles eram menos interessantes. Na verdade, a banda estava cada vez mais forte, encontrando seu lugar.
O Genesis foi, provavelmente, o único dinossauro dos anos 70 que soube evoluir junto com os tempos. E assim, se manteve vivo. Via de regra, as outras bandas lançavam discos que as prendiam na sombra do progressivo e, com isso, viravam escravas do próprio passado.
Para o apreciador mais fechado, é mesmo difícil aceitar a ausência de uma nova “Supper’s Ready”. Mas quem tinha prestado atenção em “Misunderstanding”, “No Reply At All” ou “Paperlate” já sabia que o Genesis agora era outro. E que isso não significava uma coisa ruim. Enquanto nos anos 70 eles faziam progressivo de primeira, nos anos 80 eles faziam pop de primeira.
E para falar bem a verdade, os rótulos “Progressivo” e “Pop” são muito mal-vindos. A música deles ainda era cheia de arte, a diferença estava na contemporaneidade dessa arte. E quem aceitou essa nova fase do Genesis descobriu no disco de 1983 uma das obras mais interessantes do, então, trio.
Ainda havia o tom progressivo em algumas canções, como na torturante Mama e na maravilhosa “Home By The Sea”, onde Mike Rutherford, Phil Collins e Tony Banks reverenciavam sua história numa aventura melódica que poderia fazer parte dos primeiros discos e homenageavam os fãs que envelheciam com a banda. E havia o frescor de um pop lapidado, bem humorado, bem pensado e impecavelmente executado em músicas que eram a cara no novo Genesis: “That’s All”, “Silver Rainbow”, “Just a Job To Do” e “It’s Gonna Get Better”.
Uma vez eu li uma crítica onde o autor comentava que “este é o disco do Genesis para quem não gosta de Genesis”. Eu discordo totalmente. Esse é o disco do Genesis para quem tem a sensibilidade e o bom gosto de entender as diferentes fases de uma das bandas mais versáteis e interessantes que já houve.
“Genesis” é um discaço.