Em 2006, o Queensrÿche ousou lançar o controverso Operation: Mindcrime II. O álbum não foi tão bem aceito pelos fãs, pois tentar dar sequência a uma obra-prima como Operation: Mindcrime (1988) – um dos álbuns conceituais mais aclamados e respeitados da história – parecia, no mínimo, uma decisão audaciosa. Na época, Geoff Tate ainda era o vocalista quando a banda embarcou nessa empreitada, e agora, mais uma vez, ele está prestes a mexer no vespeiro. Em novembro, o cantor, que nos últimos anos tem se dedicado à carreira solo, revelou estar trabalhando no que promete ser a última parte de uma trilogia um tanto “torta”. Em uma nova entrevista à rádio 96.1 KLPX, Tate anunciou sua nova turnê, “Operation: Mindcrime – The Final Chapter”. O evento terá início em 18 de março de 2025, em Tucson, e será a última vez que o cantor de 66 anos apresentará o clássico álbum Operation: Mindcrime na íntegra.
Tate explicou sua decisão de aposentar as apresentações completas do disco: “Quero tocar Operation: Mindcrime mais uma vez antes de encerrar esse ciclo. Além disso, estou envelhecendo e tenho novas músicas para lançar que se conectam à história desse álbum icônico, então tudo se encaixa perfeitamente.”
A turnê se estenderá por vários anos, pois o vocalista faz questão de se apresentar em diversas localidades: “Não gosto de limitar minhas turnês a poucas datas. No ano passado, fiz 242 shows, e quero levar essa apresentação a diferentes lugares, incluindo cidades menores. Acho importante oferecer essa experiência para quem talvez não tenha tantas oportunidades de assistir a um show como esse.”
Falando sobre o terceiro e último capítulo da saga Operation: Mindcrime, Tate enfatizou que a nova obra não será apenas uma sequência, mas uma expansão da história. O lançamento seguirá um formato diferente: “Em vez de divulgar um álbum completo de imediato, vamos lançar faixas individuais ao longo do tempo. Quando todas estiverem disponíveis, faremos uma apresentação especial reunindo todas as músicas.”
Geoff falou sobre como ele apresenta as ideias musicais e líricas para seus álbuns, e disse que Operation: Mindcrime III explicará melhor o conceito da trama.
“É sempre diferente, na verdade. Às vezes, é uma ideia musical que surge enquanto estou experimentando no estúdio e que acaba levando a uma música completa ou até algumas. Outras vezes, é a letra que vem primeiro. Às vezes, basta uma frase que desperta a imaginação e impulsiona o processo criativo. Com os álbuns Operation: Mindcrime, a história surgiu muito rapidamente — escrevi tudo em pouco tempo — e depois fui expandindo ao longo dos anos para aprofundar o que realmente estava acontecendo na trama. O primeiro álbum é um pouco vago em relação ao que aborda. O segundo aprofunda ainda mais o que os personagens estão vivenciando. E o terceiro trará mais explicações, mas sob diferentes perspectivas, o que acho bem interessante.”
Lançado em 1988, Operation: Mindcrime foi um divisor de águas na trajetória do Queensrÿche, tornando-se um dos álbuns conceituais mais influentes do metal. A trama gira em torno de Nikki, um dependente químico que se envolve com uma organização revolucionária comandada pelo misterioso Dr. X. Manipulado para cometer assassinatos, ele começa a questionar sua lealdade após desenvolver um vínculo com Sister Mary. O álbum recebeu certificação de platina em 1991 e foi incluído entre os “100 Maiores Álbuns de Metal de Todos os Tempos” pelas revistas Kerrang! e Billboard.
Apesar do sucesso do original, Operation: Mindcrime II (2006) dividiu opiniões, sendo visto por alguns como um acréscimo desnecessário à história, embora tenha qualidade por si só. Agora, com a turnê final e um novo capítulo sendo lançado de forma inovadora, Geoff Tate se prepara para encerrar essa icônica saga musical de maneira memorável.
“Eu diria que tem mais uma sensação inicial do Queensrÿche. (As novas músicas são) super pesadas, e algumas delas são incrivelmente técnicas. Elas são como álgebra (risos). Você precisa de uma calculadora quando estiver ouvindo a música (mais risos). E, claro, algumas delas são muito emocionais. É o último capítulo da série Mindcrime. Então, está seguindo as façadas de Dr. X, Nikki e Sister Mary (personagens da história contada no nos dois primeiros álbuns), e pega em um ponto específico de sua história e meio que faz o microscópio do que está acontecendo naquele momento específico com ele. E eu estou apaixonado por isso. Estou muito feliz com tudo até agora e mal posso esperar para que as pessoas ouçam”.
Quanto as interação políticas que haviam nos outros dois discos, Tate salientou que deverão ser mantidas em sua própria visão de um capítulo final de Operation: Mindcrime: “Acho que as pessoas serão capazes de detectar pequenos pedaços do que está acontecendo ao seu redor. E é um momento interessante agora – muito interessante. Especialmente na próxima semana (após as eleições presidenciais nos EUA), vai ser muito interessante (risos) o que irá acontecer. Então, vamos ver”.
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