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GOLPE DE ESTADO

A participação de Catalau, lendário vocalista original do Golpe De Estado, no show comemorativo de 30 anos que a banda realizou no último domingo, 23, foi uma das notícias ligadas ao Rock nacional que mais causou histeria no público paulistano nos últimos tempos. A enorme fila que se formou na entrada da Clash Club antes do evento contava com fãs vindos até de outras cidades e estados. Além dos integrantes atuais do grupo – Nelson Brito (baixo), Rogério Fernandes (vocal, Carro Bomba), Roby Pontes (bateria) e Marcello Schevano (guitarra, Carro Bomba, ex-Patrulha do Espaço) –, a noite histórica também contou com os convidados Ronaldo Giovaneli, ex-goleiro e atualmente comentarista esportivo e líder da banda Ronaldo E Os Impedidos; o tecladista Mateus Schanoski (Tomada e Stormsons); e o lendário guitarrista Luiz Carlini.

A casa já estava completamente lotada um pouco antes das 20h, quando o telão começou a exibir um mini-documentário em que fãs do antigo e do atual fã clube prestaram homenagem ao grupo paulistano com depoimentos. Quinze minutos depois, o vídeo deu lugar para uma enorme imagem comemorativa de 30 anos do Golpe De Estado, que nada mais era do que o desenho quase completo, que remetia a capa do homônimo primeiro álbum que a banda lançou em 1986 – a imagem da Estação da Luz, que ilustra o álbum, foi feita pelo artista plástico Chico Guerreiro, que morava próximo desse local na época e o usou como inspiração. Assim, os integrantes atuais do Golpe De Estado entraram bastante ovacionados no palco, tocando a música que nomeia o terceiro álbum, “Nem Polícia, Nem Bandido” (1989). Rapidamente, emendaram com “Underground”, do mencionado ‘debut’.

Na primeira pausa, o simpático Rogério Fernandes, que foi quem substituiu Catalau quando ele deixou a banda em 1996 e retornou ao posto em 2015 no lugar de Dino Linardi, falou ao público: “Hoje é uma noite especial e eu já entrei aqui tremendo, porque são 30 anos do Golpe e a gente pôde trazer o Catalau pra fazer um som conosco, pra comemorar a vida!” E o ‘frontman’ afirmou: “Está tudo bem, tudo em ordem, a gente está trabalhando, o Golpe de Estado está vivo”. Após agradecer e ser muito aplaudido, Fernandes anunciou a pesada “Feira do Rato”, única representante do material fonográfico mais recente do grupo, “Direto Do Fronte” (2012). Ao final, o empolgado Nelson Brito cumprimentou o público e a banda deu continuidade com “Quantas Vão”, de “Zumbi” (1995), último gravado com o aguardado Catalau nos vocais.

Fernandes novamente foi aplaudido quando contou sobre o dia em que foi chamado por Hélcio Aguirra para entrar na banda, alegando que, a partir dali, passou a “existir” dentro do cenário musical no Brasil. Após agradecer o saudoso guitarrista, ele anunciou “Cobra Criada”. Na sequência, foi a vez de “Todo Mundo Tem Um Lado Bicho”, uma das duas únicas que Rogério gravou com o Golpe e que, assim como “Cada Dia Bate De Um Jeito”, foi gravada como faixa bônus do álbum “Dez Anos Ao Vivo” (1996).

Era hora de chamar o primeiro convidado, então Fernandes anunciou Mateus Schanoski. Enquanto o tecladista se preparava, Brito aproveitou para agradecer a plateia pela força que lhe deu para continuar com a banda, depois da morte de seu ex-companheiro Hélcio Aguirra. Sabiamente, Fernandes disse: “Quando a gente se apaixona por uma coisa, temos que ir até o fim”, foi a deixa para a clássica “Paixão”, de “Nem Polícia, Nem Bandido”. Schanoski ainda ficou no palco para mais algumas músicas e, antes de “Não É Hora”, Rogério fez menção aos falecidos Renê Seabra, ex-baixista da Patrulha do Espaço, e Jota Erre, ex-locutor das rádios 97FM, Brasil 2000, Mix, Transamérica e 89FM, que partiram há poucos anos. De fato, não era hora, pois ambos faleceram um pouco antes de completarem 50 anos de idade.

O show foi rolando e, após a pesada “Zumbi”, a banda anunciou o segundo convidado, o lendário guitarrista Luiz Carlini, que tocou com Rita Lee, Tutti Frutti, Camisa de Vênus, Guilherme Arantes e outros. Nesse momento, Brito brincou: “Ele é amigo do Johnny Winter, Keith Richards e nosso, o que mais a gente quer?”. Carlini contou uma breve história de quando participou do citado disco ao vivo do Golpe. Rogério Fernandes pegou o gancho e agradeceu o lendário Luiz Calanca, proprietário da loja e selo Baratos Afins, que foi quem acreditou e lançou a banda no início de carreira – Calanca estava assistindo o show do camarote, à direita do palco. Sem mais delongas, a banda mandou “Moondog”, e foi acompanhada por Carlini, que tocou a sua tradicional guitarra estilo ‘lap steel’.

A ansiedade tomava conta da plateia que era composta, inclusive, por diversos músicos de bandas renomadas de São Paulo como, Salário Mínimo, Pit Passarell – A Viper Experience, Panzer, Baranga e Carro Bomba, até que, finalmente, o grande momento chegou. Quando Fernandes gritou por Catalau e o vocalista original surgiu no palco, a histeria foi total e a Clash Club quase veio abaixo. Foi uma cena de arrepiar! Sorridente e empunhando seu violão, um comportado Catalau, que desde o final dos anos 1990 se converteu ao Evangelho, tornando-se pastor da Igreja Bola de Neve, em Boiçucanga, no litoral norte paulista, chegou cumprimentando as pessoas que estavam na primeira fila. Nelson Brito foi ao microfone e orgulhoso falou: “É meu amigo!”. Catalau mostrou sua admiração pelos músicos que o acompanhariam e soltou: “Que time é esse, hein galera? Somos privilegiados, não?”. Catalau ainda brincou com Brito e com a plateia antes de, enfim, ele, a banda, Schanoski e Carlini – agora na guitarra convencional – darem início a balada “Olhos De Guerra”. Na ocasião, foi possível notar muita gente chorando de emoção. Ao final dessa, Catalau também agradeceu Calanca.

Sem Carlini, mas com Rogério Fernandes de volta para fazer os vocais de apoio para Catalau, o show seguiu com a inesquecível “Real Valor”. A postura discreta de Catalau mudou assim que Schevano começou o solo da música. O vocalista tirou a jaqueta, expôs suas tatuagens devido ao uso de uma regata e mostrou a mesma presença de palco energética dos tempos em que integrava o Golpe De Estado. Isso foi suficiente para inflamar o público. Agora apenas com Catalau, Nelson, o competente Schevano, que vem substituindo Aguirra honrosamente, e o criativo Pontes – embora Fernandes tenha surgido no meio da música para os ‘backing vocals’ -, o set continuou com “Terra De Ninguém”. No final dele, Catalau pediu para que apagassem as luzes e que apenas os celulares iluminassem o local para que ele filmasse a plateia. Depois vieram “Velha Mistura” e a famosa “Caso Sério” (com a volta de Mateus Schanoski), onde Catalau mostrou seus dois filhos, que estavam no camarote ao lado de Calanca.

Para tristeza de todos, “Mal Social” marcou a despedida de Catalau, mesmo com os fãs pedindo por mais uma. Teve, só que agora com o último convidado da noite, Ronaldo Giovaneli, que foi apresentado por Brito. Ronaldo entrou emocionado dizendo: “No mês que vem, irei completar 49 anos de idade, mas foi a primeira vez que me senti de volta aos 16!”. E completou: “O Rock faz bem por isso, alma limpa. O Rock and Roll não pode parar nunca, pois estou me sentindo um garotinho aqui hoje.” Daí então, Ronaldo puxou o refrão de “Noite De Balada”, mas errou o tempo na hora de começar a estrofe. Por sorte, Rogério Fernandes estava lá para “socorrê-lo”, até que ele se encontrasse na música. Mas, como na letra, era noite de balada, então, ninguém se importou com isso e continuou celebrando com a banda.

Era hora do Golpe De Estado dar números finais a esse show inesquecível, então, Ronaldo deixou o palco e Nelson Brito tratou de agradecer o público e o pessoal do fã clube pelo vídeo que rolou antes de o grupo entrar em ação. A saideira foi feita com “Libertação Feminina”. Ao final dela, todos os músicos se juntaram no palco para a tradicional foto com a plateia e para se despedirem. Era visível a emoção em cada pessoa presente e era comum ouvir muitos comentando que esse foi o melhor show nacional que assistiram nos últimos tempos. Foi bem legal constatar o quanto o Golpe e Catalau marcaram na vida de muitos, pois a casa estava abarrotada de gente, como nos velhos tempos, em que isso era algo comum nas apresentações da banda.

Ao final do show, os três vocalistas atenderam a ROADIE CREW para uma exclusiva e falaram sobre a emoção que sentiram durante o show. Ronaldo Giovaneli, que pôde matar a vontade de tocar com o Golpe, conforme revelou na seção ‘Profile’ de nossa edição #213, de outubro, quando perguntado por esse que vos escreve em qual banda gostaria de tocar um dia, comentou: “Chegou esse dia, não é? Como eu disse no palco, voltei aos meus 16 anos de idade. Aos 48, passar por um momento como esse, fica difícil descrever”. E ele comparou com o esporte: “É um pênalti defendido, é entrar em campo com um público violento, é um Corinthians e Flamengo no Maracanã… Enfim, é um clássico, pois saí de ‘campo’ com aquele formigamento nas pernas e nas mãos.”

Visivelmente emocionado, com lágrimas nos olhos, Rogério Fernandes disse: “Eu que ia aos shows, por ser fã do Golpe e do Catalau – que por sinal me ajudou em minha formação como cantor -, hoje estou tendo um dos dias mais felizes da minha vida. Passei até mal antes do show, pois é algo muito louco que não dá para explicar”. E comemorou: “Isso é uma oportunidade que poucas vezes as pessoas têm na vida e Graças a Deus eu tive a minha. Felizmente, a gente está vivo!”.

Por fim, Catalau, a estrela da noite, focou em nos contar a respeito das pessoas ainda cantarem as músicas que ele escreveu com a banda: “É prazeroso perceber isso, porque as letras ainda são muito atuais. Eu sempre preferi escrever letras atemporais, que coubessem em todas as situações”. E sentenciou: “Herança as pessoas gastam, mas um legado ninguém tira.” O vocalista fez questão de falar sobre a letra de “Olhos De Guerra”: “É o que acontece hoje na Síria, no Estado Islâmico, com toda essa patifaria no mundo. Minha irmã é assistente social nos Estados Unidos e a melhor amiga da minha filha é uma síria. É uma menininha que é uma graça e você se pergunta: ‘como pode, uma criança dessas, ter fugido da guerra?’. Aí eu lembro que fiz ‘Olhos De Guerra’ lá atrás e vejo que já tinha esse compromisso com Deus. Eu sempre fui livre para estar contestando e quem me deu essa liberdade foi Deus”, e finalizou brincando: “Teve uma vez que o Hélcio (Aguirra) me falou: ‘Pô, você só fala de Deus’, e eu respondi: ‘Você quer que eu fale com o “gerente”? O gerente é o “capeta”, e eu só falo com o “presidente”, vou direto na fonte!”.

Set list:
Nem Polícia, Nem Bandido
Underground
Feira Do Rato
Quantas Vão
Cobra Criada
Todo Mundo Tem Um Lado Bicho
Paixão
Não É Hora
Zumbi
Moondog
Olhos De Guerra
Real Valor
Terra De Ninguém
Velha Mistura
Caso Sério
Mal Social
Noite De Balada
Libertação Feminina

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