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GRASPOP METAL MEETING 2016

Diante da grande gama de festivais de Metal que ocorrem no verão europeu, muito se ouve falar em “Wacken Open Air” (ALE), “Sweden Rock Fest” (SUE), “HellFest” (FRA), “Download Festival” (ING), eventos que sempre contam com muitos fãs brasileiros rumo a terras do Velho Continente. O “Graspop Metal Meeting”, ou apenas “Graspop” como é conhecido, provavelmente seja o que venha despontando nos últimos anos e ganhando notoriedade a cada ano entre os brasileiros. Ainda que o “Graspop” seja encoberto pela sombra do vizinho “HellFest”, que ocorre quase todos anos simultaneamente na França, sua localização na pequena cidade da Dessel – na Bélgica próximo à fronteira com a Holanda -, faz com que uma grande massa de holandeses fanáticos por Metal migrem em grandes levas para se unir aos belgas e tantos outras nacionalidades. Assim, formam um contingente de mais de 100 mil pessoas para acompanhar de perto mais de 100 bandas espalhadas por cinco palcos e agitar cada minuto dos 3 dias de muita festa, cerveja e puro Metal.

Como se não bastasse ainda, a 21ª edição ainda contou com um cast de encher os olhos de qualquer um. Mesclou bandas clássicas, como Iron Maiden, Black Sabbath e Twisted Sister, com outras que conquistaram seu espaço como Volbeat e Nightwish, dividindo merecidamente como os holofotes de headliners do evento.

Chuva, lama e muita festa
Se por um lado o evento tinha tudo para ser épico, assim como quase um carma de todos grandes festivais da Europa, a chuva também esteve presente – e em grande quantidade. Talvez para os menos desavisados, ou estrangeiros que vem ao festival, a chuva e a lama seja um grande problema. Não que também não seja para os europeus, mas estes já vão preparados para as condições meteorológicas munidos de suas galochas ou botas e capas de chuva. Sinceramente, foi algo que até se faz pensar de onde veio a moda europeia entre os punks e rockeiros em adotar grandes e pesados coturnos em nosso vestuário comum. Obviamente, a estrutura do festival estava bem preparada para a situação climática, mas, mesmo assim, quando se imagina mais de 100 mil pessoas indo e vindo, e uma área de camping as bordas de florestas e campos, não há qualquer condição de conseguir parar arestas para que tudo seja perfeito. Isto levou a área de camping estar em completo caos de lama, com barracas montadas sobre verdadeiros brejos. Na área do festival, imensas poças de lama se formavam, enquanto a produção tentava contê-las durante os intervalos entre um dia e outro com toneladas de pequenos pedaços de madeiras. Porém, a contenção só mesmo durava até a próxima forte chuva e milhares de fãs pisando sobre eles.

Se o sistema de camping era um problema, o festival montou uma área denominada Metal Town, que dispunham de locais para trailers, choupanas para quatro pessoas e pequenas cabines para duas pessoas. Entretanto, o acesso a estes espaços fica sold out tão logo é colocado à venda pelo festival. Já o transporte gratuito, disponibilizado para o centro da cidade de Dessel e também para a estação de trem de Mol (outra pequena cidade Belga), foi algo a se tirar o chapéu, assim como a pontualidade nas agendas dos shows que ocorrem sem qualquer atraso. O único grande problema, assim como ocorre em todos os outros festivais ao redor do mundo, seja o alto preço da exploração do comércio de comidas, bebidas e afins.

Bem-vindo ao GMM16
Para os menos avisados, o “Graspop” na realidade começa um dia antes, em uma espécie de ‘pre-party’ onde os fãs chegam com antecipação para pegar seus lugares no camping e praticamente já começam a curtir muito Metal na tarde e noite desta véspera nos palcos menores do festival. Oficialmente o evento começa no dia seguinte, que este ano teria nos palcos principais os headliners Black Sabbath e King Diamond. O fato da retirada de credenciamento, um pouco confuso por parte do festival, acabou por nos fazer perder a primeira banda, Firewind, que se apresentou no Main Stage.

Logo a seguir vieram os canadenses do Monster Truck, trazendo na bagagem um Rock pesado que flerta entre o Hard Rock e o Southern, algo que contagiou a galera que já se fazia presente. Os suecos do Soilwork, que em breve desembarcarão no Brasil para uma série de shows, também fizeram sua apresentação no palco principal. Richie Kotzen, Mike Portnoy e Billy Sheehan se apresentaram depois com o The Winery Dogs, que também passou este ano pelo Brasil.

Apesar de já estar se consagrando no cenário de leva de novas bandas, muito pelo carisma de seu fundador Nikki Sixx, o Sixx:A.M. era um dos estreantes em uma sequência de festivais deste verão Europeu. E este foi o primeiro show em que podíamos ver um oceano de fãs se aglomerando ao longo de todo o campo dos palcos principais. Com uma sonoridade totalmente diferente do que se esperava do Mötley Crüe, o grupo consegue unir muitos fãs antigos como uma geração mais nova e uma sonoridade mais atual.

Assim como as bandas se revezavam no palco principal, os diferentes estilos sonoros também eram ouvidos por todos, que se empolgavam e curtiam cada banda como se fosse seu estilo preferido: o Punk do Bad Religion, o Metalcore do Heaven Shall Burn, os clássicos do Foreigner, que fizeram todos se levantar e a entoar cada música, e o Metal moderno do Disturbed. Entre tantas grandes apresentações no palco principal, os demais palcos traziam também grandes atrações que, por várias vezes, faziam os fãs terem difíceis escolhas entre o que assistir. Em um dos palcos secundários, a modernidade sonora do metal do Amaranthe, juntamente com o vocal e a simpatia de Elize Ryd, levou muita gente a lotar a imensa tenda Metal Dome para ver de perto um grande espetáculo. Praticamente impecável. Já nos palcos principais, a sequência de paulada veio com Megadeth e uma apresentação e performance de palco de Dave Mustaine realmente diferenciada para quem era acostumado a vê-lo estático à frente do microfone durante todo o show.

Algo interessante a apontar não apenas no “Graspop”, mas nos grandes festivais europeus, é que você consegue ver a grandiosidade de certas bandas e quão seus espetáculos podem ser tão impactantes, levando o fã a orquestrar a música e o espetáculo musical como algo único. É exatamente isso que se sente ao ver o Amon Amarth entrar em um palco com duas imensas cabeças de dragões em pedra expelindo fumaça, enquanto imensas labaredas rasgam a frente do palco e o vocalista Olavi Mikkonen sobe através de uma escada sobre a cabeça do dragão para levar a galera ao delírio. Verdadeiramente um show de encher os olhos e mantê-los cativo ao palco cada segundo, mesmo que todo esse cenário e aparatos ainda estejam lá por uma única hora de show, encerrado com explosões e mais efeitos pirotécnicos de deixar qualquer um admirado.

E esse era apenas o prelúdio para finalmente a entrada do Black Sabbath e o delírio das quase 100 mil pessoas que formavam um exército interminável ao longo da colina a frente do palco. Um show para não ser esquecido. Bem, talvez não pelo setlist repetitivo de tantos shows ao longo dos últimos anos, ou de cada trejeito de Ozzy e suas exatas mesmas frases, assim como ocorre com quase todas as clássicas bandas de Metal que ainda continuam na estrada, mas pela glória de se presenciar a última tour de uma das lendárias bandas de Metal de todos os tempos – a pioneira, diga-se. A cada música um arrepio diferente a se sentir e pensar o quanto aquilo ainda ecoará pelas próximas gerações.

Então, para fechar o dia, King Diamond e seu espetáculo “rock-horror show” levou os fãs ao delírio em uma performance teatral e sua voz única que rasgava os sobreviventes ao longo dia de chuva e barro. Todavia, o segundo dia do festival começou com um tempo ligeiramente ensolarado, mas a variação climática da região fez o dia alternar entre chuva, sol e garoa durante todas as apresentações. Assim como todo festival europeu, um dos grandes objetivos dos organizadores é sem dúvida apresentar aos fãs novas bandas que se despontam na região, afinal nada mais justo do que proporcionar o crescimento da cena Metal regional, provendo a eles a chance de atingir um público considerável devido às proporções destes festivais.

Com essa proposta a primeira banda a se apresentar em um dos palcos principais foram os belgas do Bliksem que apresentaram um Thrash Metal com uma pegada bem mais contemporânea com a vocalista Peggy Meeussen fazendo o público agitar muito. Seguindo as linhas dos vocais femininos, outra grande surpresa para os fãs presentes foi a apresentação da banda inglesa Collibus orquestrada pela vocalista Gemma Fox a banda encheu a tenda do Metal Dome com um Prog Metal e um mescla com o Symphonic Metal que agradou muito, principalmente a grande quantidade de fãs do Nightwish, banda que seria a headliner do dia.

Na volta ao palco principal, uma das grandes bandas da atualidade da nova safra do Hard Rock americano, e liderados pela energética e carismática Lzzy Hale, Halestorm levou o “Graspop” aos primeiros coros uníssonos do festival em todas as músicas do setlist, mostrando o motivo pela qual o grupo está ganhando mais espaços por todos os cantos do mundo. Não há como destacar um ou duas músicas em um show que vem um petardo atrás do outro. Mantendo o público eletrizado em alta, o Punk Rock do Pennywise fez a galera agitar demais, seguido pela performance do Skillet, outra banda que se fez interessante se ver em um palco enorme e diferente das apresentações pelo Brasil. Foi outra banda que trouxe o público junto o tempo todo, em particular pela vitalidade e energia que seus integrantes empregavam sobre o palco.

A partir de então sequência das apresentações no palco principal trouxe um torpedo atrás do outro para o público, com Killswitch Engage, Testament, Dropkick Murphys e Bullet For My Valentine e uma tempestade de crowdsurfing e mosh pits intermináveis. Já os noruegueses do Satyricon se apresentaram em um dos palcos secundários, destinado especialmente para as bandas mais extremas. Em tour comemorativa aos 20 anos de “Nemesis Divina”, a banda tocou o álbum na íntegra para deleite dos fãs presentes.

De volta ao palco principal, foi o momento de ver de perto os suecos do Ghost liderados pelo seu vocalista Papa Emerittus III e a apresentação teatral impecável de seu Doom Metal. Mas o Ghost foi apenas uma pequena quebra e descanso dos crowdsurfing nas porradas do dia. Fôlego para os ansiosos fãs de uma das bandas mais aguardadas, Slayer. Se até aquele momento os seguranças estavam tendo trabalho, bastou a primeira música começar para triplicarem seus esforços devido a quantidade de crowdsurfing que vinham acontecendo simultaneamente por todos os lados. Sobre o palco a banda mesclou um pouco do atual trabalho “Repentless” com muitos clássicos, o que acaba já sendo usual para as bandas há tanto na estrada.

Para contrabalancear a sequência pauleira do dia, o principal headliner do dia foi o Nightwish que trouxe para o palco do “Graspop” muito peso do Symphonic Metal e uma apresentação impecável de Floor Jansen e a própria representação de um dia repleto de mulheres a frente de suas bandas. Mas também com o Nightwish veio uma densa garoa mas que de forma alguma fez o público arredar o pé do festival. Uma apresentação épica de uma banda que apesar dos 20 anos de carreira, vem atingindo um novo ápice e reconhecimento mundial. Floor estava verdadeiramente emocionada em estar tocando no Graspop e se fez lembrar da importância do mesmo para os holandeses, já que ela mesmo tempos atrás cruzava a fronteira da Bélgica para estar lá no meio como fã.

A noite ainda seria fechada com outra grande surpresa dentro do cenário do Metal atual, os dinamarquês do Volbeat, que vieram ganhando destaque mais que merecido por muitos jornais na Escandinávia nas últimas semanas pelo lançamento do novo álbum “The Devil’s Bleeding Crown” e recebendo excelentes críticas. E foi exatamente isso que eles apresentaram sobre o palco. Mas, juntamente com a banda, veio a chuva mais forte e incessante do festival, porém a quantidade de fãs da banda era tão grande e a apresentação deles tão cativante que fez com que a chuva fosse apenas parte do espetáculo. Liderados pelo vocalista Michael Poulsen, a banda mostrou que encontrou a formula do sucesso à emplacar hits cativantes e explicando os merecidos destaques sobre o novo trabalho.

O festival chegou ao seu terceiro e derradeiro dia com a previsão de um tempo um pouco mais firme, e principalmente a grande expectativa dos fãs em verem de perto Iron Maiden e a despedida de Twisted Sister.

A abertura dos palcos principais ficou a encargo dos ingleses do The Raven Age, banda que se tornou conhecida do público brasileiro recentemente, e obviamente em âmbito mundial, devido ser a banda de abertura do Iron Maiden na “The Book of Souls World Tour”. Um destaque especial veio com a segunda banda nos palcos principais e o exponencialmente como vem crescendo a musicalidade da banda Delain. Charlotte Wessels comandou não somente os vocais, mas soube levar o público também com maestria em uma performance brilhante.

O dia seria feito com uma grande variedade de diferentes estilos de Metal sobre os palcos principais, com o punk californiano do Sick It Of All comemorando 30 anos de estrada; o Thrash Metal rasgado dos também veteranos do Overkill; o metal mais moderno e alternativo do Shinedown que levou centenas de novos fãs a delirarem com a banda; e finalizando a sequência com o clássico Heavy Metal de Saxon.

Outra grande apresentação esperada era o Tremonti, banda do de Mark Tremonti (Creed) que ainda conta com o guitarrista Eric Friedman do Alter Bridge. A grande aglomeração a frente do palco principal para a apresentação seguinte, me fez questionar de uma maneira positiva o que esperar do Power Metal do Powerwolf, e bastou a banda pisar ao palco para um calorosa recepção dos fãs que aclamavam com gritos e gestuais de guerras nórdicas medievais. E não era para menos, a fúria, a potência e a caracterização da banda em conjunto com a temática de lendas sobre Lobisomens e Vampiros sobre o palco fez o público delirar do início ao fim.

Em prelúdio ao ápice final do evento, a difícil tarefa de conter os ânimos dos fãs mais ansiosos ficou por conta dos veteranos do Anthrax e o Metalcore do Trivium. Precisamente às 21h subiu ao palco uma das mais aguardadas bandas do festival, Iron Maiden, em sua tour “The Book of Souls”. Conforme já esperado, não houve mudanças do setlist desta tour e o início do show somente ganhou entusiasmo pelo público mais fanático, já que a maioria das músicas executadas veio do atual álbum e que de certa forma não foi bem recebido pela crítica. Somente quando a banda de Bruce Dickinson trouxe à tona os grandes foi que o público entrou definitivamente de cabeça.

Para fechar em alta, chuva deu uma trégua a todos e o Twisted Sister transformou uma dupla despedida em motivo de muita festa e alegria para todos os presentes. A despedida do final do show e a despedida definitiva do Twisted Sister dos palcos nesta sua última tour. Dee Snider foi bem enfático em dizer isso ao público, exemplificando algumas bandas que vão e voltam, mas ele disse que prefeririam agora seguir os caminhos diferentes após estes 40 anos na estrada. Foi uma apresentação digna de encher os olhos e sentir saudades antes mesmo que acabasse. Snider sobre o palco foi além de ser um frontman dos mais reconhecidos do Hard Rock, ele mostrou toda sua vitalidade, energia e principalmente uma grande performance vocal como se ainda fosse o mesmo garoto dos anos 80. Foi o momento em se esquecer das chuvas que nos atrapalharam pelos três dias, a lama e todos os problemas e somente curtir cada nota e cada música.

Há quem pudesse considerar o porquê de o Twisted Sister encerrar o festival tendo outros grandes nomes. Porém, qualquer dúvida havia sido sanada quando se via cada um dos presentes extasiados a cantar juntos cada uma das canções que marcaram gerações e gerações do Hard Rock mundial. Ano que vem tem mais!

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