Formada em Gotemburgo, Suécia, em 2006, a banda Graveyard não pode realmente ser considerada ‘antiga’, afinal, pouco mais de dez anos se passaram desde a sua fundação. Apesar disso, eles contam com cinco álbuns completos de estúdio, um bom nome que é reconhecido no mundo inteiro, e uma legião de fãs numerosa no Brasil, fãs que ansiavam por assistir um show dos suecos por aqui. E como ansiavam.
Pois bem, como ansiedade pouca é bobagem, a banda anunciou seu fim em 23 de setembro de 2016, através de uma postagem em sua página oficial no Facebook. Em entrevista recente para a ROADIE CREW (ed. 241), o baixista/vocalista Truls Mörck disse que “a separação aconteceu porque estávamos de saco cheio da companhia uns dos outros”. Convenhamos, se isto não é um bom motivo, eu desconheço qual seria uma razão justa para uma separação, não é mesmo? Fato é que não demorou, e em 26 de janeiro de 2017 eles já usavam a mesmíssima página do Facebook para anunciar o retorno. Sim, vivemos em um mundo repleto de surpresas e grandes reviravoltas, quem diria? Com a banda ativa novamente, o primeiro passo foi trabalhar em um novo álbum de estúdio, o quinto de sua carreira, Peace, que chegou às lojas no ano passado. E então, bem, e então veio o anúncio do primeiro show do Graveyard no Brasil, em São Paulo, no Fabrique Club.
Por conta de tudo isso que disse anteriormente, você já pode imaginar o quão entusiasmado estavam os fãs. O que talvez não imaginássemos é que seriam tantos fãs, tantos que lotaram o Fabrique, algo realmente grandioso se você reparar aqui mesmo no nosso site a quantidade de shows de grande porte que tivemos no mês de maio, e de tantos que ainda virão no decorrer do ano. Pois é, a base de fãs dos suecos estava realmente animada, e eles teriam que fazer valer toda essa espera e toda essa dedicação. Como um primeiro passo rumo ao destino final, o GRINDHOUSE HOTEL fez um show firme, repleto de ótimos momentos. Era perceptível que a maior parte dos presentes não conhecia a banda, mas também foi ótimo perceber que eles causaram uma ótima impressão, o que nem sempre ocorre em shows de abertura, onde o público varia do indiferente ao ‘putaço’ em questão de segundos.
Então, era a vez da atração principal da noite dar as caras, e o GRAVEYARD chegou explodindo tudo com uma de suas músicas mais conhecidas, a faixa-título de seu segundo álbum de estúdio, Hisingen Blues (2011). Contando com aquele timbre de guitarra típico dos álbuns clássicos de rock dos anos 60/70, a música chama ainda mais atenção ao vivo, com a performance irretocável do baterista Oskar Bergenheim. Como é dito no último verso da música, ‘nada dura para sempre’, mas o show ainda estava só começando. A próxima, Goliath, trouxe o repertório de Lights Out (2012) para perto dos fãs brasileiros, e foi muito bem acolhida, assim como Walk On, a primeira do novo álbum (Peace, 2018) a aparecer na noite.
Como que encorajados a seguir adiante, os suecos tocaram mais uma do novo álbum, Cold Love. Então, era a hora de voltar ao clássico Hisingen Blues, com a dobradinha Buying Truth (Tack & Förlåt) e Uncomfortably Numb. Se a primeira foi muito bem recebida, a segunda foi um pandemônio, apesar de ser essencialmente calma e lenta. Aparentemente não havia ninguém no recinto que não soubesse a letra palavra por palavra, e foi emocionante ouvir a plateia aplaudindo a canção ainda durante a sua execução.
Assim, em clima de celebração, a apresentação seguiu adiante, sempre nesta mistura do novo álbum com o material que já é considerado clássico pelos fãs. O fim da noite, com a rápida Ain’t Fit To Live Here e a calma e bluesy The Siren foi memorável, e deixou aquela vontade de ver ainda mais desta banda incrível. Então, voltamos para casa com aquele pensamento que não queria ir embora: ‘por favor, divirtam-se, caras! Não se deixem acordar de saco cheio uns dos outros mais uma vez. Ainda queremos assistir o Graveyard ao vivo muitas vezes, e isso também depende de vocês’.