fbpx
Previous slide
Next slide
Previous slide
Next slide

GUARU METAL FEST

Os fãs de heavy metal deram um show de participação durante o Heavy Day no Guaru Metal Fest, realizado no último sábado (23), no Internacional Eventos, em Gularulhos (SP). Evento esperado pelos aficionados do gênero, o Heavy Day movimentou headbangers que vieram de todos os cantos do país. Ainda que realizado em meio ao Rock in Rio e o SP Trip, havia bangers vindos do Ceará, Roraima, Santa Catarina, Rio de Janeiro, Paraná e Minas Gerais, além das mais diversas cidades paulistas. Até mesmo fãs do Peru e da Alemanha compareceram para prestigiar grandes headliners, como as lendárias Anvil e Tysondog, e também nomes do heavy metal nacional, como as veteranas Vírus e Anthares, além de Yuri Fulone, Em Ruínas, Metaltex, Arautos dos Caos, Warsickness e Dominus Praelii.

Como também aconteceu com as bandas do Extreme Day, o Heavy Day começou com cerca de 40 minutos de atraso, o que ocasionou no corte de uma ou duas músicas de cada banda para adequar as apresentações aos horários programados. A banda paulistana Metaltex foi a primeira a se apresentar e, simplesmente, arrebentou na abertura com grande louvor e muita energia. Logo, os músicos foram reconhecidos pelo público como fiéis representantes do True Heavy Metal e a coisa esquentou mais ainda. No palco, Lúcio de Castro (vocal), Walber Tavares (guitarra), Rafael Kempp (baixo) e Lucas Lima (bateria) mostraram músicas do EP “Spikes and Leather Black”, com letras que compõem uma sonoridade repleta de riffs e acordes poderosos. Em meio a composições como “Blood of the posers”, “Metal Army” e “Corsair’s Pride”, destaca-se “Proud to be a Metalhead”. “Essa música representa nosso mais sincero apoio ao heavy metal nacional”, grita o vocalista Lúcio, com empolgação extrema. Para o baixista Rafael, a satisfação em tocar no GMF é indescritível: “A sensação é incrível, ficamos surpresos com o convite da Deca e estar aqui com todos esses headbangers e com as bandas das quais somos fãs, o Anvil, Tysondog e Dominus Praelli é, sem dúvida, mais que um sonho”, vibra o baixista.

Arautos dos Caos subiu ao palco na sequência para cumprir uma única missão: enlouquecer a galera com um show visceral, que invadiu a mente dos fãs, fazendo-os experimentar a fúria dos mensageiros do caos. Formada em 2006, a banda apresentou ao público do GMF um som repleto de velocidade e agressividade, com influências do heavy, thrash e death metal. Na condição de mensageiros do caos (social, político, econômico, moral), suas letras profundas e reflexivas cantadas em português denotam uma visão muito além de caótica e profética, superando a orla pessimista e inerte, conclamando os fãs do heavy metal a uma espécie de evolução, alcançada justamente por meio de todo esse caos. A cada apresentação, uma surpresa.

Lendários representantes do SP Metal e da efervescência sonora dos anos 80, a banda Vírus presenteou o público do Heavy Day com grandes clássicos que marcaram sua carreira. Aclamados efusivamente por fãs sedentos, o Vírus sobe ao palco trazendo “Matthew Hopikns”, aquela que é considerada verdadeira obra prima da banda, com seu baixo pulsante e letra que critica o período da Inquisição, e que faz parte do “SP Metal I” (1984), de 1984.

Na sequência, Flávio de Barros (vocal), Renato César de Barros e Fernando Piu (guitarras), Guilherme Boschi (baixo) e Lucio Del Ciello (bateria) apresentaram o single “Povo do Céu”, que fala dos antigos visitantes que vieram das estrelas. Com letras fantásticas que narram aventuras e riffs melódicos, “Sacrifício” e “Eremita” demonstram que a banda não perdeu, ao longo de mais de 30 anos de estrada, o vigor e a forma como lidam com suas composições. No encerramento, a banda tocou ainda “Batalha no Setor Antares”, outro clássico do “SP Metal I” que não podia faltar.

A vibração positiva dos fãs do GMF, um público renovado e fiel à sonoridade e ao percurso da banda, impressionou de forma absurda o vocalista Flávio: “É muito bom ver uma galera nova cantando as músicas, acompanhando a nossa carreira, isso nos dá muita energia. Ficamos parados tanto tempo sem pensar em voltar, e isso instiga nosso desejo de continuar, de gravar um novo álbum”, conta Flávio, ainda em êxtase. Ele também revela que a chama se reacendeu em julho de 2015, quando a banda se reuniu com outras lendárias representantes do “SP Metal”, para a comemoração dos 30 anos das coletâneas, no Sesc Belenzinho.  “Durante os ensaios, a coisa foi tão legal, a mistura deu tão certo, que decidimos voltar e eu não me arrependo, porque revivemos todo aquele clima bom dos anos 80, Está tudo em paz, tudo rolando perfeitamente bem.”

Cultuada no cenário underground brasileiro, a banda paulista Em Ruínas resgatou o melhor da sonoridade oitentista e também levou, desmedidamente, o público do Guaru Metal Fest à loucura. Já há 15 anos na estrada e com um Speed Metal pesado, a banda comemora a realização de um festival verdadeiramente True, feito por headbangers para headbangers.  Em suas composições, muitas delas do álbum “From the Speed Metal Graves”, lançado em 2010, há tudo que o metal tem de melhor: velocidade, agressividade e belas doses de influências do Venom e Motörhead.

Destaque da cidade no Guaru Metal Fest, Yuri Fulone subiu ao palco acompanhado dos músicos Pedro Esteves (guitarra), Nuno Monteiro (vocal), Marcos Brandão (baixo) e Anderson Alarca (bateria), veteranos da banda Liar Symphony. Juntos, eles exploram um Heavy Metal transcendental, alcançado com a ajuda dos acordes dos teclados de Fulone, diferencial que marcou, sobremaneira, a apresentação dos guarulhenses.

Exibindo vocal experiente e poderoso, Nuno Monteiro não economizou peso e fúria nas composições do último álbum de Yuri Fulone, Your Kingdom Will Fall, trabalho regado de surpresas melódicas e profundas sonoridades, músicas como “Rowing”, “The Blacksmith”, “In The Steel you can trust”, “Folcloric song from The People of the Forgotten Lands”, “The time of the Sword” e “Battle Hymn” (Manowar), que fez muito headbanger, literalmente, se descabelar. “Muitos não conheciam nada sobre esse projeto, era tudo novidade para a maioria, e foi incrível ver a receptividade calorosa que tivemos, levamos CDs para vender e, quando desci do palco, fiquei surpreso em saber que a galera comprou tudo”, comemorou o tecladista.

Se com as primeiras bandas o clima do Guaru Metal Fest já tinha alcançado altas temperaturas, a coisa incendiou mesmo quando a banda paulistana Anthares subiu ao palco e a pergunta que ficou para todos que assistiram extasiados à apresentação dos caras é: o que foi aquele show? Sem qualquer demagogia, imensa honra para o festival. Na comemoração dos 30 anos do álbum “No Limite da Força”, considerado pela crítica como uma verdadeira aula de thrash metal, os músicos apresentaram um repertório sui generis – músicas como “Ócio”, “No Poço do Obscuro” e “Vingança”, que exploram aquilo que mais inquieta e indigna a sociedade: a violência, o caos social, a iminência de um novo conflito nuclear.

Evandro Junior (bateria), Pardal Chimello (baixo), Eduardo Topperman (guitarra), Mauricio Amaral (guitarra) e o vocalista Diego Nogueira, personificados em verdadeiros deuses a serviço do metal nacional, se esbaldaram com a diversão desvairada dos fãs. Ao longo de toda a apresentação, eles subiam ao palco para cantar as músicas e fazer stage diving, até que, convidados pela banda, invadiram de vez o palco, fazendo da última do set list, “Chacina”, uma epopeia de gritos, pulos e folia descontrolada. Um show absurdamente incrível, animal, que os fãs jamais vão esquecer. “A gente trabalha pra caramba, rala, todo mundo sabe que a gente não vive de música, mas então, quando a gente chega num evento como esse aqui, que a gente sente o carinho de vocês, é compensador, isso é muito importante para nós”, agradeceu Diego, emocionado.

Energia contagiante. Os músicos da banda paranaense Dominus Praelii não cabiam em si de tanta alegria, já que, em Londrina, os caras acabaram de dividir o palco com os canadenses do Anvil. Para o Heavy Day, eles trouxeram o arrebatamento agressivo de suas composições, músicas como “Don’t Try to Change my Faith”, “Luanchi God & Demon” e “Mapuches will Come”, essa última um tributo aos índios americanos massacrados pelos colonizadores espanhóis. Além de letras repletas de mitologia e folclore sobre guerras passadas, a temática exalta ainda a própria identidade da banda, cujo nome vem do latim e significa “Senhor da Batalha”. Uma porrada em cima da outra, as letras eram acompanhadas efusivamente pelos fãs, o que rendeu à apresentação da Dominus Praelii um espetáculo à altura do que todos já haviam visto até então.

Headliner esperado da noite, a apresentação dos canadenses do Anvil já começou de forma tresloucada, com Mr. Lips (vocal e guitarra) fazendo “micagem” bem no meio do público, tirando som da guitarra com a boca, e dando o tom de que a espera para vê-los valeu qualquer esforço. Possuidores de uma técnica incrível, os músicos divertem e ao mesmo tempo terrificam quem presta atenção às investidas do baterista Robb Reiner e do baixista Chris Robertson, numa sincronia magnífica, alegre, pesada e muito, muito poderosa.

Podemos dizer que o Anvil é dessas bandas que enfrentou de tudo, e foram essas experiências altas e baixas que fizeram da banda uma das melhores do Heavy Metal mundial. É para poucos a extrema responsabilidade de criar clássicos como “March of the Crabs”, “Forged in Fire” e “Metal on Metal”, a última do set list, uma apresentação que deixou os headbangers ainda mais surtados. Sobre a responsabilidade de enfrentar as adversidades que se impuseram à banda ao longo de sua carreira e não deixar a chama se apagar, Lips conta que eles apenas fizeram aquilo que estavam a fim de fazer. “A banda é o que eu gosto de fazer, meu maior desejo, não fizemos nada por dinheiro, e sempre senti que nada podia nos impedir. Se tivéssemos feito por dinheiro, já teríamos parado, e tão logo você decide que o dinheiro não é importante, então você tem a chance de ser verdadeiramente feliz”, declarou Lips em entrevista para a reportagem da Associação Cultural Rock Guarulhos.

Já passava das 3 da manhã quando o Tysondog finalmente subiu ao palco, mas os bangers estavam ligados no 220V. Onde habitam, do que se alimentam, como vivem essa nova geração de fãs do Heavy Metal? Realmente, é intrigante…. Em sua primeira apresentação na América do Sul, a única cidade a receber esses monstros ingleses foi Guarulhos. Sequer o vocalista Clutch Carruthers soube explicar o motivo pelo qual não vieram antes: “Encontramos um grande suporte para a nossa vinda nessa ocasião. Tivemos muita sorte e abraçamos a oportunidade, estamos muito felizes por estar aqui”, comemorou o vocalista, em entrevista para a Rock Guarulhos.

Nos anos 80, Tysondog gravou aquela que ficou conhecida como sua verdadeira obra prima, o álbum Beware of the Dog, cujas influências para sua elaboração foram livremente inspiradas em bandas como Judas Priest e no arsenal temático do New Wave of British Heavy Metal. Antes mesmo que o galo pensasse em cantar, os parceiros de Clutch, os guitarristas Steve Morrison e Paul Burdis, o baixista Kevin Wynn e o baterista Micky Kerrigan presentearam os fãs com a íntegra de “Beware of the Dog” (1984), clássicos como “Hammerhead”, “Dog Soldiers”, “Dead Meat”, “Voice from the Grave”, entre outras.

Para encerrar a noite em grande estilo, o Guaru Metal Fest trouxe ainda a banda Warsickness, que como as demais fez uma apresentação com peso e agressividade. A ignorância humana sobre a religião, seus conceitos e regras. Autodestruição física e moral. Hipocrisia. Esse é o arcabouço temático que a Warsickness explora em suas letras, um verdadeiro thrash metal que os músicos trazem de Itapevi para mostrar que o interior paulista também é pesadão. Com o mesmo padrão de qualidade alcançado nas mais de 10 horas de Festival, o som e a energia dos fãs também estavam ótimos durante o show do Warsickness. A banda demonstrou muita competência no palco, de modo que mesmo com o sol quase raiando, o adiantado da hora acabou por se tornar um detalhe irrelevante dada a grandeza do espetáculo.

Quem acompanhou o Guaru Metal Festival 2017 em seus dois momentos, Extreme e Heavy Day, do começo ao fim, pode dizer com certeza que o festival foi um espetáculo singular. A energia positiva, o público que marcou presença, as bandas participantes, os profissionais envolvidos, tudo colaborou para a realização de um evento que impressionou até o mais experientes dos headbangers. A sensação que fica é uma vontade de quero mais, o lance agora é apoiar ainda mais a cena, para que a próxima edição possa repetir essa receita de sucesso.

Compartilhe:
Follow by Email
Facebook
Twitter
Youtube
Youtube
Instagram
Whatsapp
LinkedIn
Telegram

MATÉRIAS RELACIONADAS

EXCLUSIVAS

ROADIE CREW #278
Janeiro/Fevereiro

SIGA-NOS

43,6k

57k

17,3k

1k

22,4k

Escute todos os PodCats no

PODCAST

ROADIE SHOP

SIGA-NOS

Cadastre-se em nossa NewsLetter

Receba nossas novidades e promoções no seu e-mail

Copyright 2024 © All rights Reserved. Design by Diego Lopes