Talvez sem saber, o “Hardcore Attack”, realizado no último sábado (9), nos fez lembrar de duas coisas: que a simplicidade é a base de tudo e que não adianta a música ser técnica e bem executada se não houver refrão e melodias marcantes. Tarefa que as bandas da noite, Oitão, Antimídia e Trevas executaram muito bem.
Às 19h, com o público adentrando ao Inferno Club, o Trevas iniciou seu set. Após um tempo parado, o trio de veteranos formado por Eduardo Marins (baixo e vocal), Aldo Ramaciotti (guitarra) e Benê Luiz (bateria), fizeram uma apresentação com o melhor do Speed/Thrash oitentista, que teve início de forma não habitual, com uma sempre bem vinda versão para “Ace of Spades” (Motörhead).
Mas o trio, que possui como características marcantes vocais crus, riffs ardidos e grudentos, além de um baterista que espanca as peles no melhor estilo Dave Lombardo (ex-Slayer) agitou a galera com suas músicas próprias. Cujos destaques foram “Legião do Inferno” (inspirada em Judas Priest e Manowar), as feitas para o palco “Cães de Guerra” e “Anticristo”, além de outro tributo, desta vez para “Dethroned Emperor” (Celtic Frost).
Depois de um curto intervalo, às 20h, o Antimídia mostrou ao Inferno seu furioso Punk/Hardcore, também de inspiração oitentista. Marcos (vocal), Cris (guitarra), Marquinhos (baixo) o mesmo batera do Trevas, Benê Luiz vieram tão afiados que logo na abertura, com “Desejos Primitivos”, a corda do baixo estourou. Sanado o problema mandaram música atrás de música, sem concessões e modismos, que teve como pontos altos as ‘punkeiras’ “Defecação”, “Luto À Sociedade”, as pesadas e cadenciadas “A.V.P.”, “Gritos de Ódio” e “Violência Casual”, que deu números finais a boa apresentação do quarteto.
Um intervalo de uma hora separou a apresentação do Oitão aos grupos anteriores. Um ótimo público estava presente para assistir o Thrash/Hardcore em estado bruto executado por Henrique Fogaça (vocal), Ciero (guitarra, Broken Heads), Ed Chavez (baixo) e Marcelo BA (bateria). E o quarteto saciou a vontade dos presentes, mandando uma sequencia de seu mais recente registro, o álbum “Pobre Povo”, com ‘Intro’ (um interlúdio bem trabalhado) e as viscerais “Pobre Povo” e “Tormento”, que se destacam pelos riffs de Ciero, um dos guitarristas mais “mão boa” do Metal nacional, com riffs certeiros, pesados e grudentos. Tal interatividade foi retribuída com muitas rodas.
A brutalidade ensandecida só foi quebrada (em partes) quando a guitarra de Ciero apresentou problemas em “Podridão Engravatada”, que a banda levou até o fim sem as seis cordas. Trocado o instrumento, a música foi executada novamente. A cadenciada “Chacina” e a versão para “Vida Ruim” (Ratos de Porão) foram outros pontos altos do set, que chegou ao seu fim com a visceral “Imagem da Besta”, que “homenageia” diversos apresentadores de TV. ‘Intro’, assim como no disco, foi executada no fim, o que fez me vir à cabeça bandas Thrash dos anos 80 que fizeram esse tipo de sacada, como o o Whiplash em “Ticket to Mayhem”.
Uma bela noite que com toda certeza agradou público, bandas e produtores. E que venham mais edições deste evento. E que eles continuem nos lembrando de detalhes que muitas bandas mais novas não se atentaram…