O encontro do clássico e o moderno. Assim podemos definir essa edição do “Heavy Metal In Essence”, realizada no último sábado do mês de abril, uma típica noite de inverno em pleno outono em São Paulo. Junto com o clima propício para um belo evento de música pesada, as atrações da noite, cada uma em sua proposta musical souberam como cativar os presentes. De um lado, a Heaviest com seu Metal moderno à la Stone Sour e Adrenaline Mob, que lançou em 2015 o álbum “Nowhere”. De outro a Rexor, que bebe na fonte do Hard/Heavy oitentista, cuja mistura resultou o CD “Powered Heart” (2014).
O palco dessa mistura de tendências foi o Gillan’s Inn, que já tinha um ótimo número de presentes quando a Heaviest iniciou seu set, às 23h50. Mário Pastore (vocal), Marcio Eidt (guitarra), Guto Mantesso (guitarra), Renato Dias (baixo) e Vito Montanaro (bateria) iniciaram o show com uma “pegadinha” na faixa “Time”, mais voltada ao Metal Tradicional.Já as seguintes, “Nowhere”, a pesadíssima “Buried Alive” e a cadenciada “Torment” mostraram a verdadeira face do quinteto: peso, melodias e afinações mais baixas.
Um momento de mudança brusca de sonoridade ocorreu nas faixas “Resurrection” e “Finding A Way”. A primeira graças aos seus riffs grudentos e a segunda por ser uma bela balada, apontando mais uma faceta no som dos caras.
Junto das músicas próprias, a apresentação contou com boas versões para “Undaunted” (Adrenaline Mob), “Absolute Zero” (Stone Sour) e “Stricken” (Disturbed), onde se destacou a atuação de Mario Pastore, que se saiu muito bem cantando músicas de estilos bem distintos de seu background. De volta ao material autoral, “Crawling Back” e “Betrayed” encerraram o set do quinteto, que agradou os presentes.
Já era quase 1h30 da madrugada quando a Rexor subiu ao palco. Ao contrário da modernidade da banda de abertura, Wash (vocal), Wander Cunha (guitarra), Adrian Fernandes (baixo) e Gleison Torres (bateria) fez (e faz) uma mescla de Hard e Metal Tradicional oitentista; “Zombie Force”, a primeira do set mostrou o poder de fogo dos caras: peso, coesão, vocalizações potentes e ótimos backing vocals, que deixaram essa e as outras canções do set mais intensas.
“Sinners” confirmou as impressões iniciais, mas a trinca iniciada por “Balls to the Wall” (Accept), a autoral “Powered Heart” e “Hell Bent For Leather” (Judas Priest), foi o que realmente colocou fogo na apresentação, mostrando toda a potência do gogó de Wash e o talento de Wander Cunha.
Após “H.M.F.”, a banda chama ao palco o guitarrista Bruno Luiz (Electric Funeral, Command6) e mandaram “Hell Patrol” (Judas Priest). Um momento curioso ocorreu durante a execução de “Infinity Road”. A guitarra de Wander apresentou problemas, o que obrigou o músico a trocar de instrumento. Coisa que fez com muito bom humor e descontração.
Após essa música, Wash deixa o palco momentaneamente e Adrian assume também os vocais numa competente versão para “Ace of Spades” (Motörhead). Ainda tinha tempo para mais: “Perfect Strangers” (Deep Purple), “Holy Diver” (Dio) e a autoral “Vegas Locomotive” encerraram essa noite que com toda a certeza agradou todos que estavam na casa, além de mostrar (mais uma vez) que a cena autoral no Brasil no quesito musical, vai muito bem.
Feliz daqueles que vivem essa ‘vibe’ 24 horas por dia, seja contagiado por bandas dos saudosos anos 80 ou as que estão encantando uma nova geração de camisas pretas nos últimos anos.