A recente iniciativa de explorar novas perspectivas para o Metal na região sul do Estado de Santa Catarina por uma cooperativa formada por um grupo de amigos vai muito bem obrigado. Para a quinta edição do festival os organizadores resolveram subir mais um degrau e trouxeram as paulistanas do Nervosa para comandar a noite.
Apesar do atraso de mais de trinta minutos e da presença de um seleto grupo de mal educados que insistia em fumar dentro do clube, a noite começou a ficar boa quando a banda local Nekrós abriu os trabalhos dando um show de entrosamento. O som pesado com influências de Thrash nas guitarras, o baixo marcante e um pouco de progressivo na estrutura das músicas prendeu a atenção do público que começava a encher a pista. O repertório trouxe quatro músicas autorais cheias de personalidade com destaque para “Holocaust” e o cover de “Symphony Of Destruction ” (Megadeth). A postura da banda e o carisma do vocalista e guitarrista Pablo, que soube se comunicar bem com o público deram o tom para o início de uma ótima noite. Numa conversa rápida com o guitarrista Robson após o show o mesmo garantiu que logo sairá o disco da banda. Aguardamos ansiosos por isso.
A banda florianopolitana Pogo Zero Zero deu sequência com o seu autointitulado Hardcore, que na verdade estava mais para o Punk na linha Olho Seco e Ratos de Porão, abrindo as primeiras rodas do festival. O repertório de músicas autorais foi bem recebido e intenso. Momentos como nas músicas “Meu Senhor” e “Nada a Oferecer” foram acompanhados com os braços levantados do público, que a essa altura já se encontrava colada na frente ao palco.
O lado melódico do evento ficou por conta da banda gaúcha Bravery Branded que fez toda uma preparação para subir no palco. Antes do início do show foi exibido um vídeo com cenas do filme Stigmata (1999) no telão preparando o clima para entrada com “The Enlightment”, seguida por “Wolves in Heaven”. O grupo mostrou dedicação e vontade em sua apresentação, além de um backdrop gigante muito legal com o nome da banda ao fundo. Para estreitar as relações com o público veio o cover “Stand Up And Shout” (Dio) antes de dar sequência com as originais. Durante a apresentação eles deram a notícia de que em breve um novo disco do grupo será lançado e continuaram com “Marching Alone” – música que foi acompanhada aos pulos pelo público cativo do grupo. Outro destaque interessante foi a música “Drei Helden” que conta a história de Arlindo Lúcio da Silva, Geraldo Baêta da Cruz e Geraldo Rodrigues de Souza, que morreram em 14 April 1945 como heróis durante a Segunda Guerra Mundial em Montese, Itália, palco de uma das mais sangrentas batalhas do conflito com a participação da Força Expedicionária Brasileira (FEB). Vale lembrar que os suecos do Sabaton abordaram recentemente o mesmo tema em “Smoking Snakes”.
Prestes a embarcar para uma turnê de dois meses na Europa a banda Nervosa veio fazer o seu quinto show em terras catarinenses. A baixista e vocalista Fernanda Lira declarou que este é um dos estados onde a banda mais tocou em sua carreira. O show começou com a intro do álbum “Victim Of Yourself” aos gritos do público, que apesar não lotar o local, compareceu em peso para receber as bandas.
A coisa foi ficando séria quando o grupo emendou “Twisted Values” e “Invisible Oppression”. Na sequência Fernanda adiantou que a próxima música, “Into Mosh Pit” teria o seu clipe oficial lançado em alguns dias. Entre um gole de vinho e outro o grupo foi mandando uma atrás da outro sem muito respiro, muitas rodas e gente pulando do palco. Até Beatriz, roadie da banda, participou pulando tamanha era a empolgação na música “Wake Up And Fight”.
Apesar dos nomes de Prika, Pitchu e Fernanda serem gritados constantemente entre uma música e outra, depois de “Deep Misery” a banda foi apresentada formalmente e o momento foi propício para um rápido e intenso solo de bateria emendando em “Uranio Em Nós”. Para fechar a noite, o power trio mandou “Morbid Courage” com direito à wall of death e a música que ajudou a popularizar a banda – “Masked Betrayer”.
Mesmo após uma apresentação intensa, com boa presença de palco e interação com o público a banda ainda se preocupou em bater foto com os fãs que se enfileiraram ao lado do palco.
Antes de encerrar, vale salientar a boa estrutura do local, atendimento, organização e principalmente o som. Apesar da relativa diferença entre o estilo das bandas tivemos mais de quatro horas de música energética feita por músicos dedicadas a cena.
Ps.: Espera-se que a organização do evento execute a lei nas próximas edições do festival.
LEI Nº 9.294, DE 15 DE JULHO DE 1996.
Art. 2o É proibido o uso de cigarros, cigarrilhas, charutos, cachimbos ou qualquer outro produto fumígeno, derivado ou não do tabaco, em recinto coletivo fechado, privado ou público.
- 3º Considera-se recinto coletivo o local fechado, de acesso público, destinado a permanente utilização simultânea por várias pessoas.