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JEFF SCOTT SOTO (ACÚSTICO) – São Paulo (SP)

Por Ricardo Batalha
Fotos: Frederico Batalha

Um dia após se apresentar no Stones Music Bar ao lado de Eric Martin (Mr. Big), o americano Jeff Scott Soto realizou um set acústico em 23 de março (quinta-feira), em um evento limitado e exclusivo no The Flaming Youth Experience, que teve seu nome inspirado em Flaming Youth, faixa do platinado Destroyer, do Kiss. “Peguei o nome de 10 músicas do Kiss que achava legal e uma amiga, a DJ Pah Baker, sugeriu Flaming Youth dentre os 10 selecionados. Inicialmente, seria apenas o nome da marca de roupa. Flaming Youth Experience engloba diversos sub produtos: flaming diner, flaming café, flaming tattoo shop, flaming bar, flaming club… A ideia é que sejam marcas independentes dentro de um lugar só, mas também preparadas para serem abertas em outros espaços”, explicou Rafael Endres, proprietário da casa.

Localizado no bairro da Vila Mariana, o bar vem se destacando na vida noturna paulistana como uma casa conceito, tendo baladas dedicadas a diversos tipos de música, inclusive de rock, hard rock e metal, além de loja de roupas, café, restaurante, estúdio de tatuagem e que promove eventos musicais e até de comédia stand-up. “O Flaming é uma casa feita para que as pessoas se sintam literalmente em casa. Nosso foco é trazer uma experiência completa. Nos preocupamos muito com o atendimento. Do momento que a pessoa chega até a hora de ir embora, queremos entregar momentos inesquecíveis. Acredito muito que hoje em dia não adianta ser apenas um bar, ou um restaurante ou uma loja, mas ter tudo isso no mesmo espaço”, detalhou Rafinha. “Nossa proposta é fazer uma programação para quem quer se divertir, então, ao invés de nichar, trazemos artistas de vários estilos e fazemos festas direcionadas a vários públicos, buscando não descaracterizar muito a “cara” da casa. Creio que o rap, o hip hop, o blues, o jazz e o rock (em todas as suas vertentes) se conversam, então as festas podem agradar sempre o público frequentador. Nós temos a visão de que todos são bem-vindos independentemente de religião, ideologia, orientação sexual… Todos podem conviver em um espaço sem preconceitos e com muita comida, bebida, música e uma equipe preparada para fazer com que todos se sintam acolhidos”, acrescentou o também guitarrista, que fez parte do Shocker e se apresentou antes do Soto com o Unholy – por sinal, outro nome de música do Kiss.

O público, formado por fãs cativos de Soto e diversos músicos de bandas de rock/metal, se divertiu antes dos sets acústicos com a experiente DJ Lady Rocker, que privilegiou o hard rock em sua discotecagem e esquentou a noitada até a entrada do Unholy. Rafinha Endres (guitarra), Ivan Landgraf (guitarra, Venomous, The Hammer – Motörhead Tribute), Leandro Peixoto (bateria, Válvera) e o vocalista Vitor Karakama, irmão do vocal oficial, Vinicius, que não pôde estar presente na ocasião. O set acústico trouxe covers de Judas Priest, Van Halen, Kiss, Skid Row, Whitesnake, Journey e Bon Jovi, além da autoral Riverside, que traz uma pegada southern rock.


Ao final, a DJ Lady Rocker retomou a discotecagem até a entrada de Jeff Scott Soto e sua banda, composta pelos brasileiros BJ (Spektra, SOTO, Tempestt), Leo Mancini (Noturnall, Tempestt, Shaman) e Edu Cominato (bateria, Spektra, SOTO, Geoff Tate e outros). Por sinal, durante o show, o vocalista americano mais brasileiro da música não só elogiou seus companheiros de banda, que estão juntos com ele desde a sexta edição da Hard N’ Heavy Party, organizada pela Animal Records e realizada na Choperia Ôrra Meu a 27 de abril de 2002, mas disse que sente um carinho especial pelo Brasil e que se soubesse teria vindo bem antes disso.

Como sempre impecável, o show acústico de Soto e a banda iniciou de forma mais morna com Times Like These, mas foi crescendo com We Will Rock You e Another One Bites the Dust, do Queen. Na sequência veio Mysterious (This Time It’s Serious), do Talisman e que BJ gravou com Mancini e Cominato em Acoustic Hits, seu álbum acústico. Soul Divine, uma das melhores do álbum Lost in the Translation (2004) e que, com sua pegada mais Extreme, se destacou pela precisão nas vozes. A execução é até desnecessário comentar, pois perfeição é a palavra de ordem quando este quarteto entra em cena.


Enquanto alguns presentes pediam por músicas, em um momento do set alguém puxou um “vira, vira, vira…”, que é tradicional em shows de Soto no Brasil desde quando ele descobriu a caipiroska. Porém, desta vez ele brincou dizendo que faria somente o “vira, vira, vira…” de suco de uva, já que estava tomando antibiótico. Então vieram mais duas do Queen, com I Want To Break Free e Crazy Little Thing Called Love. Os pedidos de música seguiam e alguém pediu por algo do Steel Dragon, a banda fictícia criada para o filme Rock Star. Após brincar falando que teriam que chamar Myles Kennedy para ficar berrando alto, Soto falou: “Serve Living The Life?”. Composta por Steve Plunkett (ex-Autograph) e Peter Beckett, a versão agitou os presentes.

Comes Down Like Rain, do W.E.T., precedeu mais duas do Queen, com I Want It All e Under Pressure. Porém, outro cover que sempre se destaca é Crazy, composição de Seal que o Talisman gravou em Life (1995). O repertório novamente se voltou ao Queen, com Love of My Life, Hammer To Fall e Tie Your Mother Down. O momento groove que Soto tanto curte veio com Superstition, clássico de Stevie Wonder. O lado bluesy entrou em cena com Ice Cream Man, de John Brim, que ficou conhecida nas mãos do Van Halen.

O set se encerrou com I’ll Be Waiting, faixa do álbum de estreia do Talisman. Curioso foi a movimentação no bar nos primeiros momentos, pois quem estava na área externa entrou correndo – “essa eu não posso perder!”; “é a minha preferida”, comentaram alguns.

“Receber esse acústico foi um sonho. Jeff foi excelente, fez um show maravilhoso e as pessoas entenderam o conceito da experiência. O valor do ingresso era um pouco mais alto do que os outros shows, mas entregamos algo diferenciado e intimista. Jeff atendeu a galera, todos ficaram próximos do artista, o open bar foi um sucesso e o preço é o custo da exclusividade. Adotamos um conceito que foi aprovado e pretendemos fazer mais shows internacionais assim. Tenho que agradecer as empresas parceiras que nos deram todo o suporte necessário e ao pessoal da Free Pass que confiou na nossa capacidade”, concluiu Rafinha Endres.


* N.R.: Curioso foi chegar ao The Flaming Youth Experience e na entrada ser recebido pelo “baixinho” de 2m04, Fernando “Ganso” Biava, amigo e ex-companheiro de basquetebol, que está trabalhando como segurança da casa. Fã de rock/metal, ele estava animado com a presença de Soto na casa.

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