JUDAS PRIEST

20 de abril de 2025 - Vibra São Paulo (SP)

Por Luiz Tosi

Fotos: Belmilson dos Santos

Pouco mais de dois anos depois de sua última visita, o Judas Priest retornou a São Paulo. Assim como em dezembro de 2022, o Vibra SP serviu de palco para a banda em um side show de festival — então o Knotfest, agora o Monsters of Rock. Lá em 2022, vieram com o Pantera. Agora, dividiram a noite com um Queensrÿche em forma, que entregou uma abertura irrepreensível.

Coube a mim, naquela ocasião, escrever a resenha para a ROADIE CREW – você pode reler aqui. Voltar ao mesmo palco e rever a banda me fez, naturalmente, revisitar o que escrevi. E a boa notícia é que muito pouco do que disse lá mudou. E isso é, por si só, uma baita notícia. Afinal, estamos falando de uma banda que já flertou com o fim mais de uma vez – por problemas de saúde, mudanças de formação e outras instabilidades – e que hoje cruza a marca dos 50 anos de estrada com músicos acima dos 70. Essa permanência, aqui, não é sinal de estagnação, mas de excelência sustentada. Manter o nível, nesse contexto, é algo próximo do heroico.

Meia hora após o Queensrÿche se despedir ovacionado, as luzes se apagam e War Pigs (Black Sabbath) surge nos PAs, anunciando a (outra) fábrica de riffs de Birmingham. O início foi pontual e poderoso. E de cara já dava para perceber: pouco mudou. O entrosamento entre Ian Hill e Scott Travis segue blindado; Richie Faulkner está cada vez mais confortável como protagonista, tocando com brilho e alma; e até Andy Sneap, o produtor-tapa-buraco que virou parte do corpo, pareceu bem mais à vontade. E Halford… o que dizer de Halford? O homem parece ter revertido o relógio biológico. Caminhando para os 74 anos, ainda desfila presença, bom gosto e domínio de palco como poucos.

O setlist foi muito bem equilibrado. Em relação ao de 2022, aproximadamente metade das músicas foi trocada. Permaneceram os hinos obrigatórios, como Breaking the Law, The Hellion/Electric Eye, Painkiller e Living After Midnight”, e também faixas mais queridas como Turbo Lover, Riding on the Wind e Devil’s Child. Mas o grande mérito foi o equilíbrio entre clássicos e novidades. O novo álbum Invincible Shield teve espaço generoso, com destaque para Panic Attack, a faixa-título e a inspirada Crown of Horns. Ainda houve espaço para resgates raros como Love Bites, Rapid Fire, Saints in Hell, Sinner e a sempre poderosa Victim of Changes.

Minha única crítica real é de gosto pessoal, e vai para a mixagem. Tudo soava excessivamente processado, com efeitos e reverbs demas. Em certos momentos, os ecos embolavam entre si e a bateria soava quase eletrônica, de tão trigada. A sensação era de um som limpo demais, porém artificial – sem a pressão e o punch necessários. Faltou impacto, sobrou brilho. Não se trata de um erro técnico, nem de algo que tenha comprometido o show. Foi uma escolha estética –  válida – mas que, para o meu ouvido, acabou deixando o show menos “orgânico” do que poderia.

Mas o ponto mais questionável da noite não foi técnico, e sim de postura. Ao apresentar Invincible Shield, Halford fez um apanhado da discografia do Judas, listando os álbuns, um a um. Ao chegar na década de 90, pulou solenemente Jugulator e Demolition, os dois discos gravados com Tim “Ripper” Owens nos vocais. Uma atitude deselegante, desnecessária e que não condiz com alguém de sua estatura. A história do Judas é feita de fases – nem todas gloriosas, mas todas parte do que a banda é. Ignorar isso apequena seu legado, e não o contrário.

Ainda assim, entre acertos e tropeços, o Judas Priest entregou mais uma apresentação digna, energética e acima da média. O público vibrou, cantou junto e saiu de alma lavada. Pode até não haver tantas turnês pela frente – mas por enquanto, ainda há lenha pra queimar. E que bom que há.

Setlist Judas Priest:
Panic Attack
You’ve Got Another Thing Comin’
Rapid Fire
Breaking the Law
Riding on the Wind
Love Bites
Devil’s Child
Saints in Hell
Crown of Horns
Sinner
Turbo Lover
Invincible Shield
Victim of Changes
The Green Manalishi (With the Two Prong Crown)
Painkiller
The Hellion
Electric Eye
Hell Bent for Leather
Living After Midnight

 

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