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Kat: a maior banda polonesa de heavy metal celebrando os 40 anos da sua existência

Por Miguel Correia

Os Kat, formado em 1979 na cidade de Katowice por Piotr Luczyk, guitarrista, são uma referência de peso do underground heavy metal polaco.

Com vários concertos de notável sucesso, e uma vitória no mais famoso festival de rock da Europa oriental em Jarocin, em 1984, os Kat ganharam notoriedade e visibilidade além-fronteiras despertando o interesse da editora belga Ambush Records levando naturalmente ao lançamento do seu primeiro e reconhecido primeiro trabalho intitulado “Metal and Hell” em 1986.

Chegou o ano de 1987 e com ele a possibilidade de a banda abrir por duas vezes para os Metallica, na “Master Of Puppets Tour”, em concertos realizados em Katowice tendo um dos concertos ficado registado em vídeo, o sonho continuava a ganhar corpo e a inspiração da banda levou-os à gravação do aclamado “Oddech wymarłych światów” um marco na sua história que ficou reforçado com o tributo realizado em 1998 por nomes com Vader, Behemoth entre outros.

Atualmente compostos por Piotr Luczyk, guitarra, Mariusz Pretkiewicz, bateria, Adam “Harris” Jasinski, baixo e Marek “Qbek” Weigel, vocais os Kat celebram os 40 anos da sua existência e anunciaram em julho de 2020 o lançamento de um novo disco intitulado “The Last Convoy”, que nos proporciona no seu alinhamento algumas regravações de temas antigos, a brilhante “Satan’s Night”, “Flying Fire 2020” que conta com a participação de Tim “Ripper” Owens e ainda algumas covers de temas referência na vida dos Kat e dos seus integrantes: “Highway Star”, “Blackout” e “Shook Me All Night Long” são alguns exemplos.

Aproveitamos a oportunidade para trocar algumas palavras com Piotr e naturalmente saber muito mais sobre os Kat.

Uma banda com 40 anos de existência celebrados com um lançamento muito peculiar, “The Last Convoy”, que me leva assim à primeira pergunta. Há aqui um conjunto de covers, de brilhante execução, mas acredito que muitas bandas e muitas canções vos influenciaram ao longo dos anos. Por que estas escolhas?

Olá, Miguel, em primeiro lugar, obrigado pela oportunidade desta entrevista e indo à tua pergunta, posso dizer que os KAT já existem há 40 anos e naturalmente já vivemos e passamos por muita coisa e no que diz respeito às influências que nos levaram a estas escolhas elas foram feitas porque sentimos na minha opinião, estas são as bandas mais importantes, aquelas que fundamentaram as bases do género e influenciaram milhões de fãs e músicos ao longo de décadas. Sempre sonhei em tocar estas canções e agora que tivemos esta oportunidade acabamos por ir em frente e escolher as mais emblemáticas. Claro que não foi fácil, mas crescemos com estas músicas e temo-las na nossa mente. Penso que valeu a pena porque tocámos Deep Purple, Scorpions e AC/DC para nosso próprio prazer, e ouvimo-las durante toda a nossa vida.

Há também outras coisas para ouvir e que na minha opinião servem até para mostrar um outro lado dos KAT, “Flying Fire 2020” a versão acústica de “Dark Hole” e da brutal “Satan´s Night” que eu acho poderosa!

Sim é verdade, queríamos mostrar as diferentes faces dos KAT. Os tempos também mudaram. Diferentes géneros de música ganharam força, mas regravando estas canções pode-se ver que desde o início até aos dias de hoje, os KAT são a mesma banda.

“Flying Fire 2020” conta com Tim “Ripper” Owens. Sentiram que era a pessoa certa para o que estavam a pensar ou surgiu a hipótese e naturalmente tiraram partido dela. E como foi trabalhar com ele?

Atualmente vivo no Reino Unido e o KK Downing vive aqui perto de mim, aconteceu que antes das gravações de “The Last Convoy”, estive em contacto com ele, que avaliou muito positivamente o nosso álbum anterior “Without Looking Back” e com o Tim Ripper Owens, que está atualmente neste projeto do KK e aproveitei para o convidar a fazer essa participação. Admito que sempre fui um enorme fã do Judas Priest, por isso quando perguntei ao Tim se ele gostaria de cantar numa das nossas canções, ele concordou e “Flying Fire 2020” foi mesmo uma escolha dele.

Devo dizer que o Tim é um excelente profissional e claro um cantor que não precisa de mais elogios. Ele gravou todas as partes em casa e enviou-me o trabalho final. Deu um cunho muito pessoal a este tema o que tornou a nova versão de “Flying Fire 2020” um pouco parecida com o som dos Priest. É compreensível, afinal de contas, ele também esteve envolvido com os eles. O que fica é perceber uma face diferente da nossa canção. Estamos muito satisfeitos.

Este tema foi também utilizado como parte da banda sonora de um filme, especificamente “Squadron 303”. Como é que uma banda se sente quando vê o seu trabalho reconhecido desta forma?

Claro que nos sentimos satisfeitos. O filme utiliza uma versão com a voz de Qbek Weigel e eu compus e escrevi a letra de “Flying Fire” especialmente esse filme, mesmo não sabendo se seria aceite, porque o produtor, os atores principais e o realizador mudaram durante o trabalho no “Squadron 303”. Mas todos aceitaram a e mais tarde, gravamos um vídeo com elementos do cenário. A estreia do vídeo do filme “Flying Fire” foi em Londres, numa projeção com representantes da Família Real… memorável!

“Satan’s Nights” é, nas tuas palavras, um regresso às origens da banda, musicalmente falando. Será essa a base ou o ponto de partida para novas composições, que já sei que estão a ser trabalhadas?

Certamente que sim. As novas canções têm algo desse dinamismo e vibração, mas o próximo álbum será mais diversificado. Para dizer a verdade, “Satan’s Nights” é uma música de há 35 anos atrás, apenas apresentada de uma forma mais moderna. Não vamos duplicar ideias, mas será muito forte e melódico. Certamente, haverá também uma balada.

A banda, bem como toda a indústria, tem sofrido com esta época pandémica, privada de atuações ao vivo, mas, por outro lado, mantém um foco natural e trabalha em novas composições. Gerir tudo isto como é?

Como todos os outros, temos de lidar com isso. No nosso caso, não mudou muito. Estávamos ocupados a trabalhar no novo álbum e tivemos um pouco de sorte em ter gravado as últimas faixas antes do confinamento. O resto pôde ser terminado através da Internet. Penso que, como dizes, toda esta situação tem um duplo impacto na indústria musical. A falta de concertos foi negativa, mas as bandas tiveram tempo para pensar em si próprias, em novas canções e criar. Vamos com toda a certeza ouvir muitos álbuns novos e temos a esperança de que em breve tudo voltará a uma nova normalidade.

Tenho de confessar que depois de ouvir e fazer a review de “The Last Convoy” me senti compelido a procurar mais material dos KAT para ouvir e depois de ter trocado algumas palavras com o Adam, com quem mantenho em contacto regular nas redes sociais, percebi a existência de um trabalho totalmente acústico. Esta experiência é certamente sempre muito enriquecedora para qualquer músico, foi essa confiança que vos levou a trabalhar “Dark Hole” nesse formato?

Sempre pensei que mesmo o som mais pesado soará sempre bem se puder ser tocado acusticamente, com uma voz clara, sem comprometer as bases. Foi por isso que gravámos um álbum acústico chamado “Acoustic 8 Movies”. O álbum inclui algumas das nossas composições tocadas em conjunto com amigos, músicos clássicos. Recomendo altamente que o ouçam, foi um desafio para todos.

Sentimos que aprendemos sempre nestes momentos. Vês as tuas composições num formato diferente e isso independentemente do género musical, traz ao de cimo que o mais importante é a música e é isso que me interessa.

Também descobri uma homenagem feita aos Kat, “Czarne Zastepy” tem, entre nomes como os Vader, Behemonth, bandas consagradas. Como é que tudo isto aconteceu?

Na Europa, aos KAT tem o estatuto de uma banda de culto, especialmente na Polónia. O nosso álbum “Metal and Hell” é reconhecido pela revista METAL HAMMER UK como “THE 40 BEST BLACK METAL ALBUMS EVER”. Embora lhe chame aquilo a que nós tocamos de Heavy Metal.

O álbum “Metal and Hell” tem uma capa negra, talvez fosse isso…(risos)

Mas a sério, o tributo que nos fizeram foi gravado há muito tempo e sei que os Vader e os Behemoth para além de terem “Oracle” e “The Last Convoy”, eles também as tocam nos seus concertos. É bom que eles nos apreciem, afinal nós também gravámos as canções dos nossos ídolos, Deep Purple, Scorpions e AC/DC.

Bem, quando começou tudo isto, pensaste em chegar até aqui?

Não, não pensei nada. Claro que tinha sonhos, mas não os levei a sério. Durante os primeiros anos de atividade dos KAT, não podíamos ir para o estrangeiro, não tínhamos passaportes. Depois houve um problema com o primeiro cantor que não conseguia cantar em inglês. Mas ultrapassadas todas essas adversidades assinamos um contrato com a Pure Steel Records e os nossos álbuns podem finalmente ser comprados em todo o mundo. No entanto, devo acrescentar que ainda tenho os meus sonhos e que ainda estou a tentar realizá-los.

Que outros projetos ainda pensas fazer como músico e como pessoa?

Claro que, em privado, o mais importante é a família, e profissionalmente, novos álbuns e concertos. Não gosto de falar sobre o que está na agenda, a menos que já tenha contratos assinados…tudo pode acontecer. Posso dizer que estamos atualmente a trabalhar num projeto onde também ouvirão músicos dos Black Sabbath, Whitesnake e DIO. Não será um disco dos KAT, mas graças aos nossos últimos álbuns fomos convidados para esse projeto. Isto é certo!

Olhando para trás, qual é o melhor momento, o mais importante na vida da banda?

Penso que os shows com o Metallica, a assinatura do contrato com a Pure Steel Records, trabalhar com o Tim “Ripper” Owens. Mas devo acrescentar que muito de bom ainda está para chegar! Muito obrigado.

Mais informações em https://kat-band.com/

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