fbpx
Previous slide
Next slide
Previous slide
Next slide

KIKO LOUREIRO: HORIZONTE ABERTO

Com mais de 30 anos de carreira, e pela primeira vez sem qualquer tipo de amarras em sua carreira solo, guitarrista faz uma série de shows no Brasil

A poeira da saída do Megadeth já baixou, e o que fazer agora? O de sempre. Com foco total na carreira solo, Kiko Loureiro está no Brasil para uma série de shows celebrando 35 anos de carreira – sim, uma marca impressionante, especialmente ao considerarmos que o guitarrista tem apenas 52 anos. A primeira apresentação aconteceu na perna carioca do festival Best of Blues and Rock, no dia 21 de junho, e a turnê recomeça no fim de julho, com shows em Ribeirão Preto (27) e Belo Horizonte (28), e entra em agosto, passando por Goiânia (2), Brasília (3), Santos (4), Florianópolis (8), Curitiba (9), São Paulo (10) e Porto Alegre (11), além de uma data em Santiago (7), no Chile.

Com uma agenda em construção, mais datas podem ser anunciadas, então o fã que quer matar a saudade que continue com os dedos cruzados, porque o que o guitarrista entregou no Rio de Janeiro foi uma palinha do que está por vir. Em quase duas horas de bate-papo, Kiko explicou não apenas todas as razões que o fizeram abdicar do posto no Megadeth, incluindo sua relação com Dave Mustaine, como também passou a limpo sua carreira de mais de três décadas e falou sobre presente e futuro. Aqui no site, você encontra um pouco do Kiko Loureiro artista solo, e outros assuntos estarão em breve nas páginas da revista ROADIE CREW.

Você já fez os primeiros shows pós-Megadeth, veio ao Brasil, está voltando agora para uma turnê maior, incluindo o Best of Blues and Rock… Como é que está o artista Kiko Loureiro agora em carreira solo?
Kiko Loureiro: Está tudo certo, né? Vida que segue. Realmente, eu estive no Brasil depois que saí do Megadeth, mas já estava tudo marcado, e eu não estiquei. Foram apenas dois shows porque eu estava visitando meus pais, então tinha organizado tudo antes. Depois, dei um tempo, basicamente todo esse primeiro semestre, porque eu ficava falando ‘Ah, em junho, julho ou agosto eu começo alguma atividade’ (risos). Fiz um ‘guitar camp’ em Helsinki (N.R.: o Kiko Loureiro Guitar Experience, nos dias 1º e 2 de junho), porque eu nunca tinha feito nada diretamente na cidade onde eu já tinha tocado com o Megadeth, mas nunca com o Angra. Então, para mim, Helsinki é o lugar onde se mora e para onde se vem (risos).

E como foi esse novo ponto de partida?
Kiko: Antes, houve um festival de guitarra aqui, do qual fiz parte porque me chamaram, e depois organizei o meu próprio evento, como o que participei com Joe Satriani e John Petrucci nos Estados Unidos, nos moldes de passar o dia inteiro tocando guitarra e falando com a galera. E foi legal, num hotel que é uma antiga prisão que virou um hotel-boutique. A sala de eventos é na antiga capela da prisão, um espaço grande e até meio bizarro, mas legal (risos). É um hotel de luxo, só que bem heavy metal, e rolou guitarra para caramba, solos e música. Antes dos shows no Brasil, tem um festival na Espanha, o Z! Live, com um monte de banda grande, como o Lamb of God, e eu vou tocar. Na verdade, chegarei até um pouco antes para participar de um evento lá, porque tem um esquenta do festival, digamos assim. É um evento da indústria, e creio que o Rock in Rio tem umas coisas assim, também, se não me engano. Vou falar de guitarra e estarei num painel sobre indústria, bandas…

… Bom, mas você já fazia isso, participava de painéis assim e até organizou um curso sobre esses assuntos.
Kiko: Sim, é verdade. Eu já fazia, não tem nada novo (risos). Na verdade, recentemente eu só não estava aceitando os convites, mas agora pude aceitar esse na Espanha, que é bem legal. O de Helsinki eu mesmo fiz, tinha toda uma equipe envolvida, mas foi organizado por mim. No Brasil, tem o festival e uma turnê organizada pela Top Link, e que é realmente uma turnê, de um jeito que eu nunca fiz. Isso é a novidade. Quer dizer, eu já fiz muitos shows com o Kiko Trio, mas agora eles serão em locais maiores, então é algo um pouco maior, um passo à frente em relação a casas de show, e terei uma banda me acompanhando, porque agora tem um segundo guitarrista, o Luiz (Rodrigues), tocando as bases e dobrando, também. Antes, eu fazia sempre em trio porque era mais fácil, mais conveniente, e era legal, mas agora é um outro momento. E o Alírio Neto vai participar, no Rio de Janeiro eu vou chamar o Bruno Sutter para subir ao palco… Não para cantar o show inteiro, mas alguma coisa do Angra, porque devo tocar uma ou duas da banda, então tenho de chamar os caras que já conhecem bem o repertório, né?

De fato, e são bons nomes para cantar o material do Angra, especialmente a fase com o Andre…
Kiko: Isso. O Bruno eu já conheço faz tempo, e o Alírio estava cantando no Shaman… Quer dizer, eles já cantaram essas músicas, participaram como convidados de shows do Angra, e os músicos também já conhecem o material. Além disso, os shows terão participações especiais. Em São Paulo, meu amigo (Ron) Bumblefoot (Thal) vai tocar, mas a gente ainda não falou isso para ninguém ainda, né? (risos) Mas eu vou anunciar as participações antes da turnê, porque vou chamar o (Luis) Mariutti para tocar “Nothing to Say” e mais alguma coisa da fase do Angra em São Paulo. É divertido fazer essas coisas, um desafio. Além disso, é bom ter uma certa liberdade para planejar tudo com um pouco mais de facilidade, porque estarei no Brasil com a minha família toda, então vou pegar uma semana para conhecer lugares, dar um rolé mesmo com a família: pai, mãe, irmãos, etc. Vou para o Rio de Janeiro fazer algumas coisas turísticas com eles, que depois voltam para as suas casas, e eu sigo com a turnê, porque não dá para dividir. As músicas são muito difíceis para ficar ‘turistando’ e ainda subir no palco e tocar. Não dá (risos).

Você falou de Alírio, Bruno, Luis e Bumblefoot como convidados, mas quem está na banda?
Kiko: Ah, o batera é o Bruno (Valverde), e o baixista, o Felipe (Andreoli), porque eles sempre tocam comigo. Mas em alguns shows serão outro batera, o Luigi (Paraventi), e outro baixista, o Thiago (Baumgarten). O Luigi já tocou comigo, é um cara super novo, porque o pai dele é da minha idade, né? (risos) Ele toca para caramba, é como o Bruno, e com essa banda serão uns dois ou três shows. E, claro, tem o Luiz, que vai fazer a segunda guitarra durante toda a turnê porque ele já toca tudo. Eu o acompanhava na internet, onde ele tem uns vídeos tocando tudo do Angra, material meu, então falei: ‘Cara, já que tirou as músicas, você vai tocar comigo, né?’ (risos). O Luiz está tocando tudo super bem, então tem esse lado da segurança, porque vou tocar um pouco do Angra. Também farei alguma coisa do Megadeth, do que eu participei na banda, porque a base, o conceito do repertório, são as músicas que eu compus e toquei. Posso até mudar um pouco de ideia no meio do caminho, mas a preferência é pelo que está no “Dystopia” (2016) ou no “The Sick, the Dying… And the Dead!” (2023).

No caso do Angra, há um leque muito maior de opções. É difícil escolher o que tocar?
Kiko: Há várias músicas do Angra na manda, aquelas que eu lembro, porque é engraçado que… Quer dizer, eu já toquei várias delas muitas vezes na vida, né? “Rebirth”, “Nothing to Say”, “Carry On”, “Nova Era”… Canções assim basta querer tocar, mas tem umas mais lado B que eu teria de relembrar e sentar para tirar, obviamente. É a mesma coisa com músicas dos meus discos solo. No geral, tudo isso somado vai dar um show muito legal, vai realmente ficar bacana. Aliás, devo ter algum lance um pouco mais acústico, também, e acústico que eu digo sou eu tocando assim por um momento. Eu gosto da parte do violão, e há várias músicas do Angra que começam com violão, também tem do Megadeth, então dá para fazer um momento acústico, além de um show com cara mais de show, mesmo, com algumas coisas em termos de produção, de luz, de palco maior.

Você agora tem um leque de possibilidades que não tinha antes, uma novidade mesmo para uma artista com uma carreira já longeva. Como você está pensando e organizando isso, porque acredito que traga uma perspectiva de renovação…
Kiko: É verdade. Bem colocado. Antes, o lance não é que eu não podia, e sim que eu não queria, na verdade. Eu cuidava da carreira solo, mas no Angra era o Angra. Por exemplo, se compunha uma música com vocal, se ficava imaginando uma voz nela, então era para o Angra; se criava uma canção que tinha a maior cara de instrumental, algo na praia do Joe Satriani ou do Steve Vai, dos quais sou fã para caramba, então ela ficava guardada. E foi assim que o “No Gravity” (2005) nasceu, com essas músicas que tinham cara de instrumental, e isso também dava uma liberdade. Depois, fiz o “Universo Inverso” (2006), um álbum mais voltado ao fusion, ou seja, mais uma liberdade, só que eu não queria montar uma banda que tivesse cantor, dois guitarristas e por aí vai, porque seria eu competindo com o Angra. Na verdade, eu sempre tratei minha carreira solo como uma carreira solo entre aspas, porque era o lado para fazer alguma coisa que não dava para fazer no outro. Por mais que tenha metal, é instrumental, e mesmo que o Angra tivesse um instrumental rebuscado, com um monte de solos, era diferente. A mesma coisa com o Megadeth, né? Quando estava na banda, não fiz um álbum com vocais e chamei alguém do thrash metal para cantar, para meio que ir na cola e tal. Poderia ter feito, porque em algumas bandas um cara sai em carreira solo ou faz um trabalho paralelo que meio que parece com a banda, e eu sempre achei isso meio… Nada contra quem faz, mas nunca achei isso legal. Mas agora sim, bem lembrado, é possível fazer, porque não tem esse conflito. Apesar de que eu já tenho um novo álbum pronto, no qual eu vinha trabalhando desde o ano passado, e vou lançá-lo em breve. É instrumental, na mesma pegada dos anteriores, porque é algo que eu gosto muito, mas o próximo trabalho com certeza me dará essa abertura.

Está aí a grande vantagem de ser um artista solo agora: você não precisa ficar preso num único formato, pode lançar discos indo por vários caminhos diferentes, um de cada vez…
Kiko: Exatamente! Eu vejo isso no Marty Friedman. Teve uma hora que ele falou: ‘Cara, eu vou fazer os meus álbuns, as minhas coisas, vou tocar no Japão, fazer a música do Japão’, e sei lá mais o que ele foi fazer (risos). E o Marty está lá, com essa liberdade de ‘Ah, eu vou fazer o que quiser, porque se quiser fazer um álbum de cover de música japonesa, eu faço’, e ele fez mesmo. Se quiser fazer um disco super pesado, faz; se quiser tocar com uma banda de… Sei lá, porque ele pode (risos). O Marty tem dessas coisas, e eu tenho um pouco disso, também. Talvez não chegue a tanto, mas é por aí mesmo…. Quer dizer, talvez eu chegue a tanto ou até mais, porque não teria nenhum problema de sentar do lado de um mestrinho com sanfona e tocar uma música para ele. Eu adoraria fazer isso, adoraria tocar com o Hamilton de Holanda, mas os caras que olharem lá fora vão falar: ‘O que esses caras estão tocando? O que é isso? Bandolim? Chorinho?’, então eu entendo por que o Marty Friedman está fazendo essas coisas dele no Japão. Encontrei com ele duas vezes quando tocamos lá, e nem falo da última vez, que foi quando o Marty subiu ao palco com o Megadeth. Nessas duas oportunidades em que eu o encontrei, saímos para comer sushi e ficamos conversando um tempão. E, olha, tem uma reciprocidade, esse lance de… Talvez por sermos músicos, né? Às vezes, a música é mais importante do que todo o resto.

Compartilhe:
Follow by Email
Facebook
Twitter
Youtube
Youtube
Instagram
Whatsapp
LinkedIn
Telegram

MATÉRIAS RELACIONADAS

EXCLUSIVAS

ROADIE CREW #282
Setembro/Outubro

SIGA-NOS

48,4k

57k

17,3k

977

23,1k

Escute todos os PodCats no

PODCAST

Cadastre-se em nossa NewsLetter

Receba nossas novidades e promoções no seu e-mail

Copyright 2024 © All rights Reserved. Design by Diego Lopes

plugins premium WordPress