Por Leandro Nogueira Coppi
Fotos: Gabriel Ramos
Pela “Theory of Mind Tour 2025”, Kiko Loureiro veio ao Brasil divulgar seu novo álbum, Theory of Mind, lançado em 2024. Mas essa turnê não foi apenas uma forma de Kiko promover seu sexto álbum como artista solo; também teve como fator especial um reencontro emblemático entre dois dos guitarristas mais influentes que já passaram pelo Megadeth: ele e Marty Friedman. Assim como em outras cidades, a apresentação em São Paulo, que contou com a abertura do guitarrista colombiano-americano Andy Addams, reuniu não só fãs de diferentes gerações, mas também momentos de pura celebração à música instrumental e pesada.
Voltando no tempo, especificamente para 2023, meses antes de Kiko anunciar sua saída oficial do Megadeth no final daquele ano, Marty Friedman já havia participado como convidado especial em dois shows da banda — um no Japão, onde reside há muitos anos, e outro no lendário festival alemão Wacken Open Air — reacendendo a conexão entre os dois. Três anos antes, eles já haviam trabalhado juntos, quando Kiko convidou Friedman para gravar a faixa Imminent Threat, presente em seu álbum anterior, Open Source.
Agora, em solo brasileiro, Friedman e Kiko – que semanas antes da “Theory of Mind Tour” havia surpreendido o público paulistano ao subir ao palco com Tarja Turunen, interpretando a clássica Ovelha Negra, da nossa saudosa Rita Lee – reafirmaram essa afinidade musical, mostrando que, mesmo em trajetórias distintas, seguem contribuindo com sensibilidade e técnica para o universo da guitarra pesada.
Mas apesar da excelência musical, vale uma crítica necessária à logística da noite: marcada para as 22h, a apresentação mais uma vez refletiu um problema recorrente nos eventos realizados no Tokio Marine Hall. O horário, nada amigável para quem depende de transporte público ou mora longe — ainda mais considerando que o local não é de tão fácil acesso, além da questão da violência em São Paulo —, acabou prejudicando parte da experiência. O show ultrapassou a meia-noite e muitos não conseguiram ficar até o final. É um padrão que se repete em eventos na casa e que precisa ser repensado com mais empatia e atenção em relação ao público. Em tempos em que até os grandes festivais com várias bandas se adequam a um horário decente para o público, qual é a necessidade de marcar um evento com início para as 22hs? Fica a reflexão, pois já se tornou cansativo falar disso quando se trata de shows no Tokio Marine Hall e no Manifesto Bar.
Não tão conhecido do público brasileiro antes desse show, o simpático Andy Addams abriu a noite faltando cinco minutos para as 21h. Depois que o jovem Luigi Paraventi (bateria) e David Sanchez (baixo) entraram tocando, o guitarrista surgiu no palco trajando uma jaqueta cheia de luzes – algo que Steve Vai já havia feito parecido em 2017, quando veio ao país com a “Passion and Warfare 25th Anniversary Tour”.
Dono de uma trajetória de superação marcante, relatada em entrevista à ROADIE CREW dias antes de desembarcar no Brasil (leia aqui), Andy já abriu para nomes como Ozzy Osbourne em grandes palcos sul-americanos, mas viu sua vida virar do avesso após um revés financeiro em 2011. Imigrante nos Estados Unidos, recomeçou do zero trabalhando na limpeza e construção civil. Foi nesse período que ouviu de desconhecidos aquilo que ele mesmo já sabia: sua verdadeira vocação era a música. E voltou para ela.
No repertório, Andy, que recentemente lançou o single Vestido de Cristal, apresentou músicas de seu álbum The Eyes of the Moon Pt. 1, de 2020, entre outras. Em um gesto de generosidade, em sua apresentação ele ainda abriu espaço para que os competentes músicos que o acompanhavam também tivessem seus momentos solo. O ponto alto do show foi o medley em que Andy incluiu clássicos do rock e do metal, como Separate Ways (Journey), Eruption e Ain’t Talkin’ Bout Love (Van Halen), Wait (White Lion) e Under A Glass Moon (Dream Theater), além do tema do anime Dragon Ball Z, e Pegasus Fantasy, música japonesa que ficou famosa por ser o tema de abertura do anime Cavaleiros do Zodíaco (Saint Seiya, no original) – e que ganhou versão brasileira oficial em 2003 para o relançamento de Cavaleiros do Zodíaco, quando o anime voltou a ser exibido na TV aberta (Rede Bandeirantes) em nova dublagem.
Mais do que um aquecimento, Andy entregou uma performance instrumental pensada para conquistar não apenas músicos ou entusiastas da guitarra, mas qualquer pessoa disposta a sentir a música — como ele mesmo define, “um show para quem gosta de música, não só de solos”. Agora Andy parte para a Europa, onde irá produzir um espetáculo em cruzeiro, dos mesmo criadores de Rock of Ages, antes de gravar seu segundo álbum solo, que deverá ser lançado no começo de 2026, ano em que o guitarrista deverá retornar ao Brasil.
Com 10 minutos de atraso, o show de Kiko Loureiro começou com uma introdução em clima de mistério rolando no som mecânico. Aos poucos, os músicos foram entrando e assumindo seus postos no palco, adornado por um enorme backdrop com a capa de Theory of Mind. O primeiro a aparecer foi Bruno Valverde, que surgiu girando as baquetas e caminhando calmamente até seu belo kit de bateria Pearl – um modelo MCT, na cor verde-claro (seria por ele ser Valverde? Ok, essa foi péssima!), com acabamento glitterizado, sempre fascinante ver de perto (juro, isso não foi um tracadilho!). Em seguida, Luiz Rodrigues cruzou o palco para pegar sua guitarra com um membro da equipe. Logo depois, vieram Felipe Andreoli, já empunhando seu baixo, e Kiko Loureiro, trazendo uma de suas Ibanez modelo signature. Ovacionado, o guitarrista entrou de cabeça baixa, posicionou-se de frente para Valverde e de costas para o público, virando-se apenas quando ele e seus parceiros deram início a Blindfolded.
Pesada e visceral, a música de Theory of Mind foi um boa escolha para abertura. Nela, os três ex-parceiros de Angra brilharam: Kiko conduziu os solos com autoridade, equilibrando peso e melodia; na cozinha, Felipe Andreoli mandava ver no ‘fingerstyle’ e, mais adiante, em ‘slaps’ agressivos, enquanto Valverde sustentava o ritmo com diversas “quebradeiras” e variações. Por sua vez, Luiz Rodrigues ancorava discretamente a estrutura harmônica, dando solidez ao trio. Ao final da música, Kiko ergueu os braços para receber a ovação dos fãs.
Falando novamente sobre harmonia e melodia, é exatamente isso que Kiko e seus asseclas entregaram na música seguinte: Reflective, do álbum Sounds of Innocence (2012). Trata-se de uma faixa carregada de emoção e feeling, daquelas que encantam os apreciadores de discos instrumentais de guitarristas – e que, ao vivo, soa igualmente envolvente.
Antes da próxima, o público ainda tentou puxar um coro de “Kiko, Kiko…”, mas logo foi interrompido por Overflow, música do aclamado álbum anterior do guitarrista, Open Source (2020), lançado quando ele ainda era integrante do Megadeth. E por falar na consagrada e veterana banda americana de thrash metal, a primeira da noite revisitada por Loureiro – assumindo inclusive os vocais – foi Killing Time, que ganhou uma introdução diferente da versão original, mais direta. A música é das oito composições que Loureiro coescreveu com Dave Mustaine em seu segundo e último álbum com o grupo, The Sick, The Dying… And the Dead! (2022). Um número recorde na história do Megadeth: nunca antes um integrante havia coassinado tantas faixas em um único disco da banda. Essa abertura para tantas colaborações – algo já perceptível desde Dystopia (2016) -, é um exemplo do respeito que Mustaine nutria por Loureiro enquanto compositor. Uma pena que essa dupla não esteja mais junta…
Fazendo uma nova viagem no tempo, agora de 20 anos, Kiko Loureiro revisitou seu primeiro disco, No Gravity, presenteando o público com uma dobradinha formada pela já clássica Pau-de-Arara e pela belíssima faixa-título – duas de suas melhores composições como artista solo e presenças indispensáveis no repertório. Entre as duas, ele agradeceu ao púbico e comentou: “Essa música que eu acabei de tocar chama-se Pau-de-Arara e é do meu primeiro álbum solo, quando eu decidi seguir meus ídolos, gravar música instrumental na guitarra, minha paixão”.
O guitarrista também ressaltou que No Gravity está completando 20 anos em 2025, e relembrou também do clássico Temple of Shadows. Apesar de ter dito que os dois álbuns têm a mesma idade, o do Angra é, na verdade, um ano mais velho.
Na sequência, Kiko, Felipe, Bruno e Luiz dedicaram a próxima parte do show justamente ao Angra, com a execução de um medley intrincado, que incorporou trechos de músicas marcantes da banda – Carry On, Spread Your Fire, Nova Era, Morning Star, Evil Warning e Speed. A transição entre os trechos foi conduzida com fluidez, evidenciando o entrosamento dos músicos e o domínio das mudanças rítmicas e harmônicas características do power/prog metal do grupo. Uma homenagem vibrante a um legado glorioso, que incendiou a plateia com nostalgia e energia. Em seguida, Kiko levou o repertório ao início de sua fase no Megadeth, executando duas músicas de Dystopia, seu álbum de estreia com o grupo: a instrumental Conquer or Die!, marcada por sua introdução erudita ao violão e construção gradual até o clímax elétrico, e a faixa-título, que combina riffs cortantes, andamento preciso e linhas melódicas que renderam ao Megadeth seu primeiro Grammy Awards, na categoria “Melhor Performance de Metal”.
Depois de homenagear suas duas ex-bandas, Loureiro apresentou seus companheiros de palco, que foram calorosamente aplaudidos e ovacionados. Em seguida, o guitarrista deu mais uma amostra de Theory of Mind com Mind Rise, música que, além de destacar mais uma vez o talento de Loureiro, trouxe outra ótima performance de Valverde. É impressionante o quanto Kiko Loureiro evoluiu em termos de performance. Tímido no palco no início do Angra, após alguns anos tocando com o Megadeth hoje é nítido o quanto ele está mais desenvolto, se movimentando e agitando o tempo todo, e também interagindo muito melhor com a plateia.
Ainda havia espaço para mais Angra no repertório. Após a angelical introdução Crossing, Kiko Loureiro recebeu o respeitado Alírio Netto – último vocalista do Shaman e atual integrante do Queen Extravaganza, tributo oficial ao Queen, cujos músicos são selecionados a dedo pelo baterista Roger Taylor – para a execução de Nothing to Say, música de abertura do aclamado segundo álbum do Angra, Holy Land, de 1996. Com sua estrutura híbrida de power metal e ritmos brasileiros, a composição exige precisão rítmica e fôlego, além de um domínio vocal que Alírio demonstrou com segurança. Não à toa, muitos fãs do Angra ainda manifestam o desejo de vê-lo como vocalista oficial da banda.
Antes de seguir com Alírio em outras músicas do Angra, Kiko abriu espaço para que algum guitarrista da plateia subisse ao palco e mostrasse seu talento. Inicialmente, ele procurou por um nome específico entre o público, mas como não o encontrou, convidou quem reconheci ser Daniel Fonseca, guitarrista que, em 2022, com apenas 16 anos, lançou o EP Alienize e chegou a se apresentar ao vivo com Felipe Andreoli, além de contar com a mentoria do próprio Kiko. Na sequência, Kiko literalmente puxou mais um jovem rapaz para o palco. Ambos mandaram muito bem – especialmente nos solos. Cada um dos dois foi acompanhado por Andreoli, Valverde e Rodrigues, enquanto o anfitrião da noite apenas observava o que surgia das duas jam sessions, interagindo e brincando com os garotos. Ao final da performance dos dois promissores guitarristas, Kiko brincou ao dizer ao público de modo irônico: “Vocês viram que é fácil. É só comprar uma guitarra e… (gesticulando com as mãos como se estivesse tocando rápido)!”
O gesto de Kiko Loureiro, que costuma dar oportunidade no palco para novos guitarristas, é sempre muito bacana – só precisa se lembrar de apresentá-los, ou deixá-los dizer seus nomes, para que o público saiba quem está tendo a chance de se mostrar. Dito isso, a escolha de inserir esse momento logo após a primeira entrada de Alírio – que também entrou sem ser anunciado – acabou soando um tanto confusa, já que, assim que começou a jam, o cantor ficou visivelmente deslocado no palco. Talvez esse espaço dedicado aos jovens talentos tivesse funcionado melhor antes ou depois da participação de Alírio, o que garantiria mais fluidez ao andamento do show.
Com Alírio de volta ao palco, Kiko e banda apresentaram mais duas músicas do Angra, ambas do clássico Temple of Shadows. A primeira foi Angels and Demons, executada com energia e precisão. Ao final da música, o público começou a brincar com Kiko, entoando um coro que fazia referência ao personagem Quico, do seriado Chaves. Alírio aproveitou a deixa e mandou essa: “E aí, como vocês estão? Meu, que prazer estar aqui mais uma vez, do lado desse cara que é uma lenda, nosso ‘Tesouro’: Kiko Loureiro!”
Sentado em um banquinho e empunhando seu violão, Kiko falou ao público: “E aí, São Paulo? (É hora de) fazer aquele momento de acalmar um pouco”. Foi então que ele finalmente fez as honras e apresentou Alírio Netto – que, na verdade, dispensa apresentações. Em duo – inclusive nos vocais -, e acompanhados pelas vozes do público, eles executaram a emocionante Late Redemption, tema que, na versão de estúdio, conta com a nobre participação do ilustre Milton Nascimento. Durante a música, Kiko improvisou uma releitura da clássica Heaven and Hell, do Black Sabbath, e mandou bem assumindo o vocal principal, enquanto Alírio se encarregou dos backings antes de deixar o palco.
Os ansiosos de plantão – aqueles que vasculham sites de setlists antes dos shows para descobrir o que o artista tocou na apresentação anterior – já sabiam que o momento seguinte seria, sem dúvida, o mais aguardado da noite: a participação do incomparável Marty Friedman. À medida que a expectativamente tomava conta da plateia, surgiu um coro carinhoso (e hilário) dedicado ao guitarrista americano radicado no Japão: “Martinho, Martinho…”. Com Andreoli e Valverde sustentando a marcação simples e pulsante da música que viria a seguir, Kiko Loureiro chamou ao palco o aclamado colega de seis cordas.
Sob aplausos e gritos de euforia, Friedman entrou empunhando uma de suas guitarras Jackson, caminhando até Loureiro em um encontro que simbolizava muito mais do que uma participação especial: ali, de mãos dadas e erguidas para o alto, estavam dois virtuoses que redefiniram o papel da guitarra no Megadeth e que seguem contribuindo com a música pesada – cada um à sua maneira, com estilos distintos, mas uma intensidade criativa em comum. Após saudar o público na beira do palco, Marty se juntou aos músicos para a execução da curta e pesada instrumental Hyper Doom, música de seu álbum solo Inferno, lançado em 2014.
Estava sendo simplesmente surreal ver, lado a lado, dois guitarristas que muitos fãs consideram os melhores da história do Megadeth. E o que veio a seguir foi daqueles momentos de arrepiar até quem já viu de tudo: acompanhado por Kiko e os demais músicos, Friedman deu início a um dos solos mais icônicos e aclamados do heavy metal. Falo do solo soberbo de Tornado of Souls, clássico do álbum Rust in Peace (1990) – considerado por muitos a obra-prima definitiva do Megadeth -, eternizado por Friedman logo em sua estreia na banda. No ápice do solo, as guitarras de Friedman e Loureiro se tornaram gêmeas e arracaram aplausos do público, estupefato diante da técnica e da emoção jorradas pela dupla.
Depois desse momento apoteótico, encerrado com o público em coro gritando “Marty, Marty”, o franzino e ainda jovial Friedman – apesar de seus inacreditáveis 62 anos de idade -, montado em um par de botas de plataforma altíssimas, foi ao microfone e esbanjou simpatia ao conversar com a plateia. Em bom português, mandou um “Muito obrigado! São Paulo é foda!”. Em seguida, já em inglês, agradeceu Kiko, Felipe e Bruno por recebê-lo naquela noite, mencionando que cada um veio de um lugar diferente: – ele do Japão, Kiko da Finlândia (onde vive com a família) e Bruno de Los Angeles (onde também reside atualmente). Brincou ao citar Andreoli, pelo fato dele viver a uns quilômetros dali. Após agradecer novamente ao público e dizer o quanto estava feliz por estar no Brasil, Friedman arrancou gargalhadas ao soltar um divertido “partiu”, em um português de sotaque engraçado.
Antes do que vinha a seguir, Marty comentou: “Eu quero tentar algo muito especial, porque eu estou aqui, estou com bons amigos aqui – referindo-se a Kiko e à banda –, quero curtir a música brasileira. Então, essa noite eu vou tentar alguma música brasileira para vocês, ok?”. E, com bom humor, pediu: “Se vocês conhecem essa música, por favor, quero que digam o mais alto que puderem. Quero que as pessoas na porra de Tóquio ouçam vocês cantando. Aqui vamos nós!”.
O que Marty, Kiko e companhia prepararam foi nada menos que versões criativas para dois temas regionais consagrados: Asa Branca (de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira), com Marty nos solos, e Brasileirinho (instrumental de Waldir Azevedo), em que ele e Kiko protagonizaram um verdadeiro show de guitarras gêmeas. Sorridente, Marty reagiu com alegria à resposta calorosa do público. Em tom de jam session, Kiko e Marty seguiram com improvisações e duelos empolgantes – com direito ao guitarrista carioca adaptando trechos do Hino Nacional Brasileiro em meio aos arranjos. Ao final, Marty declarou: “Kiko é um monstro fudido!”, e, em português, arrancou risos ao bradar um sonoro: “Porra!”
Em 2024, Marty Friedman lançou seu mais recente álbum solo, Drama, um trabalho que resgata elementos da sonoridade new age presente em seu respeitado segundo disco, o introspectivo Scenes, de 1992. Em entrevista concedida a este repórter antes de embarcar para a América do Sul, o guitarrista comentou sobre esse mergulho no passado, ao deixar um pouco de lado o peso característico de seus trabalhos mais recentes: “Muito da imagem latino-americana está em Drama. Mas sim, tudo começou meio que com a reação a Scenes, porque Scenes tem quase 30 anos, mas as pessoas ainda falam sobre ele. Então talvez haja alguma magia nele da qual nem eu mesmo sei (leia a entrevista completa aqui). Escolhida para representar Drama, a sofisticada Tearful Confession proporcionou um momento de introspecção e calmaria. Marty, transmitindo puro sentimento em sua execução, foi inicialmente acompanhado apenas por Kiko, até que a banda se somou aos dois, fazendo com que a música ganhasse contornos épicos.
Na sequência, chegou o momento de Marty Friedman, ovacionado pelo público, retribuir Kiko Loureiro, acompanhando o colega em uma música marcante da trajetória do brasileiro. Kiko revelou que a escolha partiu do próprio Marty: Rebirth, clássico do Angra que dá nome ao álbum conceitual lançado em 2001. A introdução, com Kiko ao violão e Marty improvisando livremente sobre o solo original – sem descaracterizá-lo – por minutos a mais do que a versão de estúdio, foi simplesmente impagável.
Friedman, que ao final já tocava sem palheta, foi abraçado por Alírio Neto assim que o vocalista retornou ao palco cantando e sendo acompanhado pela plateia. Sem dúvida, Rebirth proporcionou um dos momentos mais intensos da noite. Da pista, o guitarrista do Angra Rafael Bittencourt, estava curtindo a execução da música que ele compôs em parceria com Kiko. Depois de Rebirth, Marty Friedman se despediu do público e deixou o palco. Depois dele, a banda toda também se dirigiu para a coxia. Pena que não foi incluída no repertório a mencionada Imminent Threat, para que Kiko e Marty pudessem repetir a parceria realizada em estúdio.
Apesar de o show já ter avançado a meia-noite, Kiko, Luiz, Bruno e Felipe retornaram para o bis. Um público bem menor, já que, justamente por conta do horário, muita gente já havia deixado as dependências do Tokio Marine Hall, viu o quarteto se despedir com mais uma da carreira solo de Kiko Loureiro, Enfermo, do álbum No Gravity.
Mais do que um simples show, a penúltima noite da “Theory of Mind Tour 2025” (que se encerrou na noite seguinte, em Curitiba/PR) foi uma celebração de legados, encontros e respeito mútuo entre músicos que marcaram gerações. Em nenhum momento houve espaço para egos ou disputas: pelo contrário, o que se viu foi uma troca generosa e verdadeira entre dois artistas de trajetória consagrada. Foi um gesto elegante de Kiko Loureiro convidar Marty Friedman para dividir o palco em algumas cidades brasileiras, oferecendo ao público a chance de testemunhar uma conexão rara, construída com admiração mútua, sensibilidade e paixão pela música.
Kiko Loureiro setlist:
Blindfolded
Reflective
Overflow
Killing Time (Megadeth)
Pau-de-Arara
No Gravity
Angra Medley: Carry On / Spread Your Fire / Nova Era / Morning Star / Evil Warning / Speed
Conquer or Die! (Megadeth)
Dystopia (Megadeth)
Mind Rise
(Crossing) / Nothing to Say (Angra)
Jam sessions
Angels and Demons (Angra)
Late Redemption (Angra) / Heaven and Hell (Black Sabbath)
Hyper Doom (Marty Friedman)
Tornado of Souls (trecho – Megadeth)
Asa Branca / Brasileirinho
Tearful Confession (Marty Friedman) DRAMA (2024)
Rebirth (Angra)
Enfermo
Andy Addams setlist:
Redemption
Black Moon
The Eyes of the Moon / When the Spirits Collide
(Guitar solo) – Silver Tears
(Bass solo)
Everlasting Faith
The Warrior
(Drum solo)
Piedra de Fuego
Mashup (Separate Ways (Journey) / Eruption e Ain’t Talkin’ Bout Love (Van Halen) / Wait (White Lion) / Under A Glass Moon (Dream Theater) / Megan X intro stage / Saint Seiya (Pegasus Fantasy) / Dragon Ball Z (opening)
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