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KISS

Há várias maneiras de abrir a resenha de um show do Kiss, mas nenhuma delas é mais verdadeira do que o famoso e óbvio “You wanted the best, you got the best, the hottest band in the world… Kiss!” A banda tem 224 músicas – sem contar os discos solos, obviamente – para escolher uma de abertura, e abre com “Detroit Rock City”. Não é para qualquer um. É para quem ostenta o título de maior espetáculo musical na Terra. E foi isso o que Florianópolis recebeu de braços abertos numa chuvosa noite de segunda-feira.

Depois de passar por Colômbia, Equador, Chile, Argentina e Uruguai, o Kiss deu início no balneário da Santa Catarina à série de cinco apresentações no Brasil – incluindo também Curitiba (21), Belo Horizonte (23), Brasília (24) e, no fechamento da segunda noite do festival “Monsters Of Rock”, São Paulo (26). E começou muito bem, apesar dos contratempos, como o atraso que impactou na dinâmica do show e, principalmente, na infraestrutura do Devassa On Stage. O local, que comporta 13.100 pessoas, tem limitações que foram da pirotecnia a efeitos importantes, como os voos de Paul Stanley e Gene Simmons – para compensar, sua acústica propiciou um som cristalino. Mas quem se importa? Certamente, não os fãs que encheram a casa e deram uma aula de como se comportar num show de Rock – bem diferente da apatia do público carioca em 2012 (o castigo veio com a outrora Cidade Maravilhosa chupando dedo na “40th Anniversary World Tour”).

O apagar das luzes, o telão com a simulação da banda indo para o palco e o anúncio com “All right, Florianópolis!” iniciaram a histeria. A famosa, óbvia e verdadeira introdução foi entoada por cada um dos presentes, que na sequência viram Stanley, Simmons, Tommy Thayer e Eric Singer atingi-los com uma trinca poderosa. Sem sair de cima. Mas a resposta foi à altura. “Detroit Rock City” teve seus “get up” e “get down” e o solo acompanhados pelas milhares de vozes presentes, assim como os refrãos de “Creatures Of The Night” (seja bem-vinda de volta ao setlist!) e “Psycho Circus”.

Vozes, aliás, que prestaram um grande serviço a Stanley. Tudo o que se fala por aí é fato: cantando, ele já não é mais o mesmo. É o preço que se paga depois de pouco mais de quatro décadas na estrada e, claro, pelo peso de seus 63 anos. Mas se a voz rateia em vários momentos, há outro fato facilmente comprovado: trata-se de um dos maiores ‘frontmen’ de todos os tempos – senão o maior, diria o fã do Kiss. Rebola para cá, rebola para lá, comanda o público com uma facilidade impressionante. Não é qualquer um que tem Gene Simmons à sua direita e ainda assim é o centro das atenções. Mas não era o show de um homem só, e o baixista tomou conta da situação com “I Love It Loud”, música que até os seguranças do Devassa On Stage conheciam, e “War Machine”, com direito à cuspida de fogo. Curiosamente, dos cinco primeiros números, três saíram de “Creatures Of The Night”, o disco que começou a festa para muita gente no cada vez mais longínquo ano de 1983.

Com o recurso de fazer a plateia repetir coros, e que funcionou sempre, Stanley anunciou “Do You Love Me?”, outro bem-vindo retorno ao repertório. Agradavelmente conhecida pela maioria dos presentes, ela não serviu apenas para o vocalista e guitarrista fazer coraçõezinhos com as mãos, mas para emocionar. As imagens no espetacular telão que ocupa todo o fundo do palco são de embargar a voz e fazer os olhos suarem ao passarem a limpo todas as eras da banda – e são especialmente emocionantes os destaques dados a Eric Carr. Assim como é de arrepiar a coreografia no fim de “Deuce”, não importa quantas vezes você já tenha visto, ao vivo ou não. A reação dos fãs é como se fosse a primeira vez.

“Hell Or Hallelujah” veio em seguida, e Stanley sabia que seria o momento mais calmo da noite, afinal, “esta ainda não é um clássico, porque clássicos precisam de tempo para se tornarem clássicos.” Tem razão, apesar de ser empolgante e um bom exemplo do que o Kiss fez no excelente “Monster” (2012).Os 30 minutos de atraso para o começo do show – originalmente marcado para 21h, mas os portões que deveriam abrir às 18h só começaram a ser liberados pouco antes das 20h – atingiram o solo de Tommy Thayer, muito mais curto do que o normal e sem efeitos pirotécnicos. Para os que não curtem, não deu nem para reclamar. Desta vez não cabia uma música no lugar.

Repetindo a mudança feita em Montevidéu dois dias antes, o quarteto emendou com uma pérola, “Calling Dr. Love”, em vez de uma joia, “Parasite”.Resumindo, o efeito prático da troca é apenas um: Ace Frehley deixa de ganhar uns trocados. Mas a esmagadora maioria dos fãs – muitos de outros estados e até mesmo de países vizinhos, como Argentina – saiu do chão na passagem da década de 70 para a de 80. Como se a banda precisasse de algum motivo para “Lick It Up” ter lugar cativo nas turnês, a plateia respondeu de maneira mais do empolgada ao refrão e seu coro. Largo sorriso no rosto de Stanley, e convenhamos que é mesmo funcional, incluindo o bem sacado e já tradicional trecho de “Won’t Get Fooled Again” (The Who).

Não dá para dizer que solo de Simmons se restringiu a uma bela babada de sangue, porque a intenção sempre foi esta, mas foi uma pena que o ele não tenha podido “voar” para cantar “God Of Thunder” – lembra-se da limitação da infraestrutura do local? Segue o jogo, e “Hide Your Heart”, uma farofa das mais bem temperadas, colocou todo mundo para cantar aquele coro sem-vergonha, mesmo os que não eram familiarizados com ele. “Love Gun” também sofreu com as limitações do Devassa On Stage, mas o fato de não poder pegar uma carona na tirolesa para se juntar aos fãs no meio da pista não impediu Stanley de fazer graça. Pediu para que todos gritassem seu nome, e foi atendido pelos súditos. Com louvor.

Sinal de que a festa estava chegando ao fim, o início de “Black Diamond” apresentou uma bela novidade em sua iluminação, com cada músico sendo destacado pela cor que representa sua persona – roxo (Stanley), vermelho (Simmons), azul (Thayer) e verde (Singer). Visualmente ficou sensacional, e um dos maiores clássicos do Kiss teve o de sempre: resposta à altura e Singer dando uma aula. Claro, os holofotes apontam para ele, que comanda os vocais, mas é bonito vê-lo tocar. Não pela técnica apurada, mas pela criatividade nas viradas sempre no lugar certo, nos dois bumbos bem encaixados… Fora a maneira como toca se divertindo (“War Machine” é outro grande exemplo). As viúvas podem chorar à vontade.A formação com Singer e Thayer é uma bênção, e, com o perdão da sinceridade, é loucura ainda desejar os retornos de Frehley e Peter Criss.

Hora do bis, e o rolo compressor do início do show voltou a dar as caras. “Shout It Out Loud”, “I Was Made For Lovin’ You” e “Rock And Roll All Nite” foram tocadas sem intervalo entre uma e outra. Sem dó, sem piedade, sem tempo para respirar. E funcionou. Eletrificadas, um bom número de fãs parecia não acreditar que estava vendo o Kiss tocar “I Was Made For Lovin’ You”, numa imagem real de “a primeira vez a gente nunca esquece”. O que dizer, então, de “Rock And Roll All Nite”? Era olhar para os lados e para trás e perceber o sorriso de encantamento no rosto das pessoas com tudo o que estava acontecendo – você acha que as explosões de papel picado são à toa?

No palco, a felicidade estampada nas maquiagens dos quatro músicos diante do coro ensurdecedor no antológico refrão do hino mundial do Rock. “Há duas coisas que você precisa fazer ao menos uma vez na vida: ir à Disney e assistir a um show do Kiss, porque são os maiores espetáculos na Terra”, disse Stanley anos atrás. Exagero?Independentemente de como a banda vende o seu produto, foi exatamente com este sentimento que milhares de fãs deixaram o Devassa On Stage depois de uma hora e 40 minutos de show. Quer dizer, de um dos maiores espetáculos no mundo.

Setlist:
1. Detroit Rock City
2. Creatures Of The Night
3. Psycho Circus
4. I Love It Loud
5. War Machine
6. Do You Love Me?
7. Deuce
8. Hell Or Hallelujah
9. Tommy Thayer Guitar Solo
10. Calling Dr. Love
11. Lick It Up
12. Gene Simmons Bass Solo
13. God Of Thunder
14. Hide Your Heart
15. Love Gun
16. Black Diamond
Bis
17. Shout It Out Loud
18. I Was Made For Lovin’ You
19. Rock And Roll All Nite

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