O ano de 1974 ficou marcado pelo lançamento do homônimo álbum de estreia de uma banda nova iorquina de hard rock que surgia para dominar o mundo: o KISS. Kiss, o álbum, trazia pérolas que ficaram eternizadas como clássicos do rock and roll. Quase cinquenta anos depois, algumas dessas músicas, gravadas por Paul Stanley, Gene Simmons, Ace Frehley e Peter Criss, ainda são indispensáveis no setlist da banda, tais como Deuce, 100.000 Years, Black Diamond e Cold Gin. Além dessas e outras, o primeiro álbum da “banda mais quente do mundo” dispõe de alguns outros hinos: Firehouse, Nothin’ To Lose e Strutter.
Falando em Strutter, música que foi o terceiro e último single do primeiro disco do Kiss, Paul Stanley concedeu entrevista a Paul Brannigan, da revista Classic Rock, e contou a história dessa marcante faixa de abertura do álbum. Strutter é uma parceria entre ele e Simmons e foi concebida antes mesmo de Frehley se juntar a banda. A música foi baseada na canção Stanley the Parrot, que Simmons gravou com o ex-membro do Wicked Lester (embrião do Kiss) Brooke Ostrander. Já a letra, foi composta por Stanley, que a detalhou na entrevista. Confira a seguir o relato do Starchild.
“No momento em que estávamos compondo as músicas que acabaram no primeiro álbum do Kiss, eu estava trabalhando como taxista em Nova York. Fui uma criança com um grande sonho, com um amor incrível pelo rock ‘n’ roll e um desejo incontrolável de ter sucesso e fazer da música a minha vida – já era a minha vida, mas não estava pagando as contas.
Ensaiávamos cinco noites por semana na 10 East 23rd Street. Não era incomum para nós escrevermos uma música por noite. Gene (Simmons) e eu trabalhamos muito bem juntos: nossa química era incrivelmente produtiva e muito empolgante. Vínhamos em uma sequência e nesse período escrevemos Strutter, Deuce e 100.000 Years, praticamente tudo no primeiro álbum.
Com Strutter eu estava tentando aproximar o sentimento de Brown Sugar dos Stones, escrever uma música que tivesse arrogância, atitude e bravata. Gene tinha uma música chamada Stanley the Parrot e havia um curto segmento lento nela que me pareceu algo que poderia ser aumentado em termos de tempo e feito para agitar e balançar: essa parte acabou se tornando os acordes dos versos. Uma vez que o sentimento da música mudou, ela pareceu se prestar a uma letra que capturou aquela arrogância.
Naquela época, Nova York estava cheia de pessoas muito legais e a letra era uma homenagem àquelas mulheres lindas que eu via andando pelo Village, indo a clubes de rock. Eu olhava para aquelas mulheres em suas rendas e cetins e pensava, ‘Uau, de onde ela é? Para onde ela está indo?’.
O mais próximo que eu estava chegando de mulheres assim naquela época era abrir as páginas da Playboy! A música precisava de um título que resumisse a confiança dessas mulheres que pareciam tão seguras de si e simplesmente exalavam sexo e, para mim, Strutter (‘Esnobe’) realmente resumiu isso.
Honestamente, quando a gravamos, o resultado final foi um pouco decepcionante. Simplesmente não soava como se tivéssemos tocado ao vivo. Éramos uma banda de rock ‘n’ roll pesado e de volume alto, mas eu não sabia como conseguir aquele som ao vivo no estúdio, e por algum motivo as pessoas que deveriam saber, também não sabiam.
Quando ouço aqueles primeiros discos do Kiss, sinto que soamos meio monótonos, como os atributos menos positivos de uma banda de garagem. Se você ouviu Strutter em uma arena, sabe como ela simplesmente detona, então imagine o quão poderosa ela soava em um clube pequeno naquela época. Mas só de gravarmos um disco, já tínhamos ganhado na loteria, então eu não reclamaria de “pagar impostos”.
Acho que Strutter é uma das melhores músicas do Kiss. Uma das melhores coisas sobre as primeiras músicas do Kiss é que elas eram realmente desinibidas e muito intactas: não tínhamos nada para viver, exceto fazer o que nos entusiasmava. Com o tempo você pode aprender muito: você pode se tornar um compositor melhor, porém às vezes é a liberdade da ingenuidade que traz os melhores resultados”.
Há poucos dias, o Kiss, que está preses a completar 50 anos de história, reiniciou a sua turnê de despedida, “End of the Road World Tour”, que teve início no dia 31 de janeiro de 2019, no Rogers Arena, em Vancouver (CAN). A turnê consistia de 174 shows, porém acabou sendo suspensa por conta da pandemia. O último show da banda antes do surto de COVID foi realizado no dia 10 de março de 2020.
https://www.youtube.com/watch?v=rQkruHDLhec
https://www.youtube.com/watch?v=hUV4X3BRRYE
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