Após o espetáculo vitorioso no “Rock In Rio”, o Krisiun trouxe o seu “armagedom” para São Paulo e no último dia 28 de setembro se apresentou na Clash Club, tendo ao seu lado outras duas lendas da cena do som extremo paulistana. No pacote, a também veterana e consagrada internacionalmente Torture Squad e a revelação nacional do Grindcore, Test, conhecida por tocar na rua antes de shows nacionais e internacionais.
A abertura da casa estava prevista para 18h, mas somente por volta das 19h15 que o Test, duo formado em 2010 pelo baterista Thiago Barata (D.E.R, Tri Lamba) e pelo vocalista e guitarrista João Kombi (ex-Are you God?), subiu ao palco. Com apenas dois integrantes, o Test consegue mesclar vocais guturais agudos e graves com uma guitarra suja, que são somados a uma bateria com pegada forte e cheia de viradas e quebradas.
O set foi focado em seu primeiro EP, “Carne Humana” (2011), e mesmo mantendo a tradição de não se comunicar muito com o público durante as apresentações – eles apenas chegam tocam tudo e agradecem no final –, a dupla conseguiu chamar bastante atenção. Quem não conhece sempre se impressiona e indaga: “Mas são apenas dois integrantes mesmo?”. Isto mostra por que é considerado um dos grandes nomes do Grindcore nacional ao lado de bandas como Desalmado e Defy.
Após o impressionante show do Test, o palco foi rapidamente arrumado para os veteranos do Torture Squad, que esse ano completa 20 anos de estrada e se prepara para lançar o seu novo álbum, “Esquadrão Da Tortura”. Este será o primeiro trabalho conceitual do agora trio e será baseado em fatos da ditadura militar no Brasil.
Quando as luzes da Clash Club se apagaram e a ‘intro’ de “Pandemonium” começou a soar nos PA’s, rapidamente o grande público se aglomerou na frente do palco para prestigiar André Evaristo (vocal e guitarra), Castor (baixo) e Amilcar Christófaro (bateria). Mantendo a sequência do álbum lançado há dez anos, mandaram “Horror And Torture”, arrebatando de cara os presentes que cantaram com a banda os versos da música. O set seguiu com “Mad Illusion” e “The Unholy Spell”, em que André ordenou que se abrisse uma roda enquanto tocava os riffs iniciais. No mesmo instante um imenso ‘mosh pit’ se abriu na pista e o show seguiu com “Generation Dead”, outra bastante conhecida pelo público. André mais uma vez foi ao microfone e anunciou a inédita “No Escape From Hell”, que obteve excelente resposta. Instigado por Castor a cantar o refrão, o público não se omitiu e gritou, além de manter a agitação no ‘mosh pit’. O show seguiu com “Abduction Was The Cure”, outra do aclamado álbum de 2001, “The Unholy Spell”. Então foi a vez de dois clássicos do álbum “Hellbound” (2008): “Living For The Kill” e “Chaos Corporation”, esta última com grande participação dos presentes. Ao final do show, André agradeceu a produção pela oportunidade e também pela honra de estar dividindo o palco com Test e Krisiun.
Mais uma vez o palco foi arrumado, agora para a atração principal da noite. Então, quando o relógio marcou 21h50, as luzes da casa se apagaram e imagens de demônios e fogo apareciam nos telões da casa (dois nas paredes laterais e um atrás do palco). Enquanto isso, o público gritava incessantemente pelos cavaleiros do apocalipse do Death Metal sulista: Krisiun. Alex Camargo, Max Kolesne e Moyses Kolesne surgiram com a pedrada “Kings of Killing” e a insanidade tomou conta da Clash Club. Um imenso e brutal ‘mosh pit’ ocupou praticamente toda a área da pista, deixando poucos presentes fora da movimentação.
A pancadaria seguiu com “Combustion Inferno”, “The Will To Potency” e “Vicious Wrath” – ao final dessa última, os seguranças começam a retirar de forma agressiva um dos fãs que estava apenas se divertindo no ‘mosh pit’. Assim, o vocalista e baixista Alex Camargo questionou a ação: “O que é isso irmão, precisa disso? O moleque está apenas se divertindo. Não botem ele para fora!”, disse enquanto os presentes aplaudiam e apoiavam a atitude da banda. Ao retornar ao interior da casa, o fã foi questionado por Alex e recebeu a resposta positiva de que estava tudo bem. Assim, o show seguiu com clássico atrás de clássico. “Ravager” e “Descending Abomination” fizeram o público banguear de forma sincronizada enquanto cantavam com Alex & Cia.
Alex, sempre muito comunicativo, anunciou que tocariam a faixa título do terceiro álbum. Só isso já foi o suficiente para arrancar gritos da maioria dos presentes. “Faz mais de dez anos que nós não a tocamos e achamos que hoje é a data certa!”, disse antes de mandar “Conquerors Of Armageddon”, arrancando mais gritos da plateia.
“Bloodcraft”, de “AssassiNation” (2006), manteve a “destruição” e foi seguida de clássicos como “Blood of Lions”, “Minotaur” e “Hatred Inherit”. Para a executar a próxima música, o Krisiun convidou ao palco o guitarrista Antonio Araújo, que foi recebido no palco com o público clamando o nome de sua banda, Korzus. No mesmo instante, o guitarrista foi ao microfone e pediu para o publico gritar Krisiun. Obviamente, o grito ecoou pela Clash Club. Esta foi a deixa para que Alex anunciasse que tocariam uma música que simplesmente define o som extremo no Metal: “Black Metal”, clássico absoluto do Venom que o trio gaúcho havia apresentado dias antes na consagradora performance no palco do Sunset do “Rock In Rio” e que contou com a participação dos alemães do Destruction.
Todos cantaram o hino do Black Metal e, ao final, Antonio Araujo enfatizou a honra de estar dividindo o palco com o Krisiun. O show seguiu com “Twisting Sights” e “Apocalyptic Victory”, esta última de “Apocalyptic Revelation” e que também não era tocada ao vivo havia algum tempo. Alex então anunciou a última do set, pedindo a participação de todos para “Black Force…”. Nem terminou de anunciar, pois a resposta do público veio imediatamente: “Domain!”.
Como todos sabem, o ‘mosh pit’ sempre se intensifica na última música e dessa vez não foi diferente. Em meio à pancadaria, o público cantou este hino do Metal nacional e, ao final, a banda agradeceu o público e prestou reverência a todos os presentes. Fim de mais uma destruidora apresentação da banda na cidade.
Os vocais guturais extremamente graves de Alex Camargo e a sua precisão e peso no baixo, somados aos riffs matadores de Moyses e à bateria rápida, pesada e intensa de Max, fazem do Krisiun uma das maiores potências em termos de técnica do mundo. Além disso, a banda possui um vasto repertório de músicas que agradam a qualquer fã do Death Metal, algo que só foi reforçado pela abertura de duas bandas que ajudam a sustentar a cena do Metal nacional. Após este grande show de Metal Extremo era visível o sorriso de satisfação na cara dos fã – muitos até comentavam que estariam no dia seguinte no show em Osasco. Resultado: não é a toa que o Krisiun conseguiu tudo que conquistou e é fácil prever, vendo a performance da banda ao vivo, que provavelmente irá conquistar muito mais.
Set List – TEST:
Na Pele De Deus
Jesus Doom
Carne Humana
Ele Morreu Sem Saber Porque
Andróides
Morrer Lentamente
TEST
O Fim
Set List – Torture Squad:
Intro
Pandemonium
Mad Illusion
The Unholy Spell
Generation Dead
No Escape From Hell
Abduction Was The Cure
Living For The Kill
Chaos Corporation
Set List – Krisiun:
Kings of Killing
Combustion Inferno
The Will To Potency
Vicious Wrath
Ravager
Descending Abomination
Conquerors Of Armageddon
Bloodcraft
Blood of Lions
Minotaur
Hatred Inherit
Black Metal – com participação de Antonio Araújo
Twisting Sights
Apocalyptic Victory
Black Force Domain