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L7 / SOUL ASYLUM / PIN UPS / DEB AND THE MENTALS – 02 de dezembro de 2018, São Paulo/SP

Foram longos 25 anos de espera, mas, finalmente, as “tresloucadas” e joviais “senhoras” da L7 voltaram a tocar no Brasil. Na primeira e, até então, última vez que a banda americana de punk rock se apresentou por aqui – descontando a passagem de Donita Sparks (vocal e guitarra) há exatos dez anos, quando veio com seu grupo The Stellar Moments, junto da baterista Demetra “Dee” Plakas -, tocou para um público imenso no saudoso e grandioso festival “Hollywood Rock”. Naquela época, o L7 estava no auge, divulgando seu terceiro e mais bem sucedido álbum, Bricks Are Heavy (1992), ao mesmo tempo em que o movimento grunge se via na crista da onda, dominando a indústria musical e enlouquecendo a juventude. E se a notícia desse retorno do L7, com sua formação clássica, ou seja, Sparks, Plakas, Suzy Gardner (guitarra e vocal) e Jeniffer Finch (baixo e vocal), mexeu com a ansiedade dos fãs, imagina como ficaram os ânimos da turma de camisas flaneladas quando, em cima da hora, a produção confirmou como co-headliner o veterano Soul Asylum – outro que também já esteve por aqui (em duas oportunidades) -, que, assim como a L7, fez muito sucesso no Brasil em meados da década de 90.

Duas atrações brasileiras foram escolhidas para aquecer o público. A primeira delas foi a Deb And The Mentals, banda que tem se destacado no undeground nacional. Atualmente, o grupo paulistano tem viajado bastante pelo Brasil, divulgando seu álbum Mess, que foi lançado no ano passado. O disco foi amplamente explorado no show e quem não conhecia a sonoridade da Deb And The Mentals se deparou com uma junção de rock alternativo, punk rock e até pitadas de new wave. Capitaneada pela carismática vocalista Deb Babilônia, que se destacou com uma boa performance, a banda não deixou de fora do set as suas duas músicas mais conhecidas, carros-chefes de Mess, lançadas como videoclipes promocionais: a própria Mess e Alive. Take it Away e Feel the Mantra também foram incluídas no repertório e representaram o EP Feel the Mantra, de 2015. Outro que chamou a atenção foi o baterista Giuliano “GG” Di Martino, que mostrou ‘punch’ e um estilo funcional para o estilo da banda. A Deb And The Mentals passou seu recado com competência, mesmo o som não estando num volume tão bem regulado – ficou baixo também nos shows das duas bandas seguintes.

Mais conhecido do público (especialmente pelos mais veteranos que frequentaram a noite paulistana nos idos dos anos 80 e 90), a segunda atração nacional foi o Pin Ups. Hoje formado pelo guitarrista fundador Zé Antônio Algodoal, a vocalista e baixista de longa data da banda Alê Briganti – convidada especial no debut da Deb And The Mentals, Mess -, Flávio Cavichioli (bateria) e o estreante Adriano Cintra (guitarra / ex-Cansei De Ser Sexy), o grupo está completando 30 anos de carreira. Ou seja, antes mesmo de o rock alternativo internacional estourar por aqui, o Pin Ups já estava na estrada, correndo os palcos e se tornando precursor desse estilo e também do indie rock. Com muita energia e distorção, o quarteto deu início com a nova Separate Ways, que fará parte de seu novo álbum (primeiro em vinte anos), que deverá ser lançado no início de 2019. Na sequência, foi mandando uma música atrás da outra, sendo que algumas mostravam referências que remetiam à nomes como MC5, Velvet Underground e Stooges. De modo geral, o Pin Ups deu ênfase no repertório à dois de seus álbuns, Scrabby (1993) e Jodie Foster (1995), e também ao EP Bruce Lee (1999). No entanto, a banda mandou também First Time, música composta para o documentário “Guitar Days”. O número final satisfez a alegria dos fãs de My Bloody Valentine: um cover para You Made Me Realise.

Poucos minutos depois, o público, que naquela altura marcava presença em grande número, ficou eufórico ao ouvir a introdução mecânica que começou a rolar. Era o prenúncio da entrada do aguardado Soul Asylum, que surgiu tocando a agitada 99%, de seu álbum de maior sucesso, o triplo-platinado Grave Dancers Union (1992). Curiosamente, o grupo americano de Mineápolis não incluiu no repertório músicas de seu mais recente álbum, Change of Fortune (2016). Assim sendo, exceto por Watcha Need, do antepenúltimo material The Silver Lining (2006), o fundador Dave Pirner (vocalista e guitarrista) e seus asseclas Ryan Smith (guitarra), Winston Roye (baixista da Broadway) e o ex-baterista dos saudosos cantores Prince e David Bowie, Michael Bland, só tocaram velharias dos anos 80 e, principalmente, dos 90. A primeira a inflamar a plateia foi o hit Mysery, do também bem sucedido álbum Let Your Dim Light Shine (1995). Foi estranho ver o Soul Asylum tocando com o ‘backdrop’ do L7 aparecendo ao fundo. Já que era co-headliner, o grupo poderia ter trazido o seu próprio pano de fundo.

Vale lembrar (ou informar) que o Soul Asylum surgiu bem antes da explosão do grunge e do rock alternativo, tendo sido fundado em 1981. Então, foi bacana os músicos terem tocado duas músicas bem antigas, do terceiro álbum While You Were Out (1986), no caso, Freaks e Closer to the Stars. Engraçado que, por mais que o Soul Asylum não tenha nada a ver com a cena glam rock americana, sua sonoridade ao vivo tem um quê de Enuff Z’ Nuff, banda que não é familiar para o público grunge. No entanto, caso você conheça o EzN e concorda com minha comparação, não descartará, portanto, referências de Beatles no som do Asylum. Voltando ao show, mostrando simpatia Pirner e Ryan conversaram entre eles no decorrer de Watcha Need – única a ser tocada do álbum And the Horse They Rode in on (1990) – e rasgaram elogios aos brasileiros.

O ponto alto dessa apresentação aconteceu quando o Soul Asylum mandou uma trinca formidável de Grave Dancers Union, onde arrancou aplausos e mais aplausos e foi acompanhado em alto e bom com as contagiantes Black Gold e Somebody to Shove e com seu emocional hino Runaway Train, que, claro, era a mais música aguardada do repertório. Durante a execução desse mega hit, as luzes dos celulares da plateia formaram um espetáculo à parte. Em pouco mais de uma hora, o Soul Asylum superou as expectativas e fez um show agradável de se assistir. Semanas depois de abrir para o L7 na Tropical, o Soul Asylum fez uma aparição no talk show The Noite, do SBT, onde concedeu uma divertida entrevista para o apresentador e humorista Danilo Gentili, além de dar uma “canja” ao final do programa, tocando Runaway Train em versão acústica, sem a presença de Michael Bland.

Cada minuto dos próximos vinte e cinco seguintes parecia representar cada ano de espera que os fãs brasileiros tiveram de esperar para reencontrar (ou ver pela primeira vez) as integrantes do L7. E assim que surgiu no palco, a banda de Los Angeles (EUA), que retomou atividades em 2014, foi ovacionada à exaustão pelo público que lotou a Tropical Butantã. Animada, Jennifer Finch entrou empunhando uma filmadora, gravando a reação do público. Assim que tomaram suas posições no palco e assumiram seus respectivos instrumentos, as quatro integrantes retribuíram o carinho dos fãs, detonando com uma sequência avassaladora constituída de Deathwish, Andres, Everglade e Monster. Foi um início de show explosivo, com todos cantando cada música à plenos pulmões. De cara, ficou explícito que os anos podem até ter passado, mas ao vivo Finch, Donita Sparks, Suzy Gardner e Dee Plakas não perderam a energia. Parecem as mesmas jovens que eram quando detonaram em 1993 nos palcos do estádio do Morumbi e da Praça da Apoteose – para muitos, foi a banda que fez o melhor show daquele “Hollywood Rock”. Gardner tocando ainda é um pouco mais discreta que suas parceiras; Plakas continua fazendo o simples na batera e mantendo uma pegada forte; Já Finch era a que estava tendo a performance mais insana, agitando o tempo todo, se comunicando tanto quanto Sparks, movimentando-se bastante, se jogando no chão e até andando em círculos com seu baixo; Por sua vez, Sparks estava tão visceral, que em alguns momentos caiu, gargalhou e foi ajudada por um dos roadies a se recompor.

No repertório, ficaram de fora apenas músicas do homônimo primeiro álbum, datado de 1988. No mais, todos os outros seis de estúdio da banda foram bem representados. Assim, o L7 seguiu enlouquecendo seus fãs na primeira parte do show com Shove e (Right On) Thru de Smell the Magic (1990), Scrap (com direito a coreografia de Sparks e Finch), a cadenciada One More Thing (na qual Finch apresentou toda a banda), Slide e Shitlist de Bricks Are Heavy, Fuel My Fire e Freak Magnet de Hungry For Stink (1994), a arrastada Must Have More e Drama de The Beauty Process: Triple Platinum (1997) e Crackpot Baby, do ultimo álbum, Slap-Happy, que foi lançado há longos dezenove anos. Para surpresa geral, foram apresentadas duas músicas novas, I Came Back to Bitch e a sarcástica Dispatch From Mar-a-Lago, com letra que dispara contra o atual presidente americano Donald Trump, político odiado pela banda. Vale dizer que uma das coisas mais legais do L7 é o fato de que as três integrantes da linha de frente cantam e assumem o papel de vocalista principal, cada uma com suas respectivas músicas – isso quando não estão fazendo duo, o que também soa bem legal pra banda, ou quando Plakas não está colaborando nos backing vocals. Era curioso notar que Gardner ainda estava usando a mesma guitarra com a qual tocou no “Hollywood Rock” em 1993.

Quanto à qualidade de som, na apresentação do L7 estava melhor e bem mais alta do que nos shows das bandas de abertura. Para o bis, o quarteto retornou com o cover de Eddie & The Subtitles para American Society. Já quase no fim, a histeria foi geral quando o grupo tocou sua música de maior sucesso no Brasil: Pretend We’re Dead. Na época em que o L7 estourou por aqui, Pretend… foi muito executada pelas rádios especializadas e teve seu videoclipe exibido incontáveis vezes na MTV brasileira. Para fechar a tampa do caixão antes de partir para Porto Alegre (RS), Sparks, Gardner, Finch e Plakas tocaram Fast and Frightening, do álbum Smell the Magic. Pena que a banda não tenha tocado Off the Wagon e I Need (ambas de The Beauty Process: Triple Platinum), que foram tocadas em todos os outros quatro shows da turnê brasileira – Rio de Janeiro, Porto Alegre (RS), Curitiba (PR) e Belo Horizonte (MG – exceto I Need). Como fã, senti falta também de outras como Diet Pill, Wargasm, Broomstick e Lorenza, Giada, Alessandra. Mas em nenhum momento isso apaga o que foi esse show do L7, nem mesmo a emoção de ter visto o grupo voltar a pisar no Brasil após tantos e tantos anos. A atitude Riot Grrrl e o crossover de punk, rock alternativo e metal ainda simbolizam essa que já foi chamada de “Ramones de saia, cabelos coloridos e maquiagem”.

Não exagero ao dizer que o L7 fez um dos melhores shows que assisti em São Paulo em 2018 – e olha que não foram poucos! Para 2019, a banda promete o tão aguardado novo álbum. Que assim seja, e que o L7 volte ao país no próximo ano para divulgá-lo, afinal, ninguém merece esperar tanto tempo pelo retorno de uma banda. Fãs de Van Halen entendem o que quero dizer…

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