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LABIRINTO: Denso em estúdio, intenso nos palcos

 

Quem já teve a chance de ver e ouvir in loco a uma apresentação do Labirinto sabe o quão denso, intenso e hipnótico é o momento em que a banda paulista está sobre o palco desferindo rajadas sonoras de post-metal. Já os que não foram contemplados com essa oportunidade, uma boa pedida é conferir o álbum Live​ at Dunk!Fest (2020), gravado na Bélgica, em parte da turnê de Divino Afflante Spiritu (2019). Conversamos com os fundadores Erick Cruxen (guitarra) e Muriel Curi (bateria) a respeito dos últimos trabalhos, dos próximos planos e dos primórdios do grupo.

Mesmo em um ano marcado pela falta de shows, em decorrência da pandemia, a banda teve um 2020 de novidades. Uma delas foi o lançamento do ao vivo Live at Dunk!Fest​, que traz uma amostra da turnê do álbum Divino Afflante Spiritu (2019) e uma faixa inédita, Napheleim​​. Imagino que tenha um gostinho especial para vocês, e também um sentimento diferente por ter sido lançado num ano de pandemia.

Erick Cruxen: Certamente. Foi um ano muito complicado para todos. Nós paramos os ensaios no fim de fevereiro (de 2020), quando realizamos nosso último show, durante a turnê pelo Brasil da banda belga Amenra. Desde então, estamos em isolamento, nos falando pela internet. Contudo, nos mantivemos muito ativos nas mídias sociais da banda. Nunca participamos de tantas entrevistas e podcasts, e interagimos com o pessoal que nos segue. Aliás, o público da banda tem sido sensacional, comprando nosso merchan, apoiando e ficando sempre muito próximo da gente, embora distante fisicamente. O lançamento do disco e o vídeo de Live at Dunk!Fest foram essenciais nesse processo. Tentamos materializar um pouco a intensidade e o que sentimos durante nossas apresentações. O resultado e a recepção foram muito bacanas; nos escreveram elogiando e comentando que o disco ao vivo era até mais pesado que o de estúdio (risos).

E ainda sobre o que falei antes, apesar da impossibilidade de shows devido à pandemia, vocês conseguiram promover Divino Afflante Spiritu e lançar um álbum ao vivo dessa turnê. Mas imagino também que ao conferir o resultado final deve dar uma saudade dos palcos, certo? Sobretudo em um momento tão especial para o grupo após o lançamento de um disco.

Erick: Estamos praticamente há um ano sem ensaiar e tocar juntos. É muito triste e frustrante, já que é uma das paixões da minha vida. Contudo, toco e componho todo dia em casa; temos material para um novo disco. Resta saber quando estaremos juntos para gravar. Em 2020 deixamos de fazer mais uma turnê pela Europa, com três festivais que estavam marcados. Não é nada fácil; chegamos a sonhar que estávamos juntos no palco. Fomos convidados para tocar no festival Under the Doom, em Lisboa, em dezembro de 2021. Mas, provavelmente, não conseguiremos devido à pandemia.

O material de Divino Afflante Spiritu ​parece ter ficado mesmo mais denso, intenso e cheio de possibilidades ao vivo. Vocês também veem dessa forma?

Erick: Creio que nos últimos dois álbuns (Gehenna, de 2016, e Divino Afflante Spiritu, de 2019) a sonoridade do Labirinto se tornou mais pesada e densa, abrindo essas possibilidades ao vivo, principalmente na parte rítmica e percussiva. No Divino também começamos a introduzir os vocais, algo que continuamos em algumas músicas novas, compostas após o lançamento do disco.

Muriel Curi: Acredito que essa abertura de possibilidades existe devido ao entrosamento que todos nós temos quando tocamos. Gostamos de compor e de ensaiar. Então, em shows não seria diferente. Somando ainda a energia da galera que está presente na audiência, acaba se tornando uma experiência catártica para nós. Digo por mim, mas sei que todos sentimos o mesmo; todo fim de show é uma descarga imensa de energia.

Live at Dunk!Fest serve ainda como último registro com o guitarrista Kiko Bueno. Como se deu a transição da saída dele até o ingresso de Jones Pereira para preencher essa lacuna?

Lucas Melo, Jones Pereira, Erick Cruxen, Muriel Curi, Luis Naressi e Hristos Eleuterio devem lançar novo álbum em 2022 | Foto: Chris Justtino

Muriel: Logo após a última tour na Europa em 2019, o Kiko teve que sair do Labirinto, por motivos pessoais. Mas foi um processo relativamente natural e tranquilo, pois o Erick sempre compôs todo o material da banda, desde os conceitos e as músicas para os discos. Normalmente, ele leva as ideias para o restante da banda, e cada um traz sua colaboração. Juntos, lapidamos as composições. Então, a essência do Labirinto, o ponto de partida das músicas e os conceitos dos discos não mudam. O que muda é o que cada integrante novo pode vir a acrescentar, claro.

E como vem sendo o processo de criação em meio à pandemia, agora com um novo guitarrista? Por sinal, o grupo tem três guitarristas, o que, claro, impacta em sua sonoridade. Mas com a troca de um integrante, o quanto isso efetivamente influencia no som de vocês?

Muriel: A composição fica por conta do Erick. E como somos casados, e eu produzo os discos, fica mais fácil conciliarmos o processo, e já registar as ideias durante a pandemia. Nós também trabalhamos juntos, no Dissenso Studio (local em que gravamos, produzimos e ensaiamos). Estávamos tocando há muito pouco tempo com o Jones, ele chegou a realizar quatro shows somente, aí o mundo parou, nem chegamos a compor juntos ainda… Mas as apresentações estavam muito intensas, e realmente, não sentimos a troca. O Luís Naresi toca sintetizadores em algumas partes e, em outras, ele acrescenta a terceira guitarra, então isso ajuda também a manter a sonoridade das músicas da mesma forma como estamos acostumados a ouví-las.

Falando um pouco do passado da banda, além do lançamento do ao vivo, 2020 ficou marcado pelo decênio de Anatema​ (2010), primeiro full-length do Labirinto e considerado um dos principais álbuns de metal alternativo e post-metal do país. Qual o sentimento da banda com relação àquele trabalho tanto tempo depois e qual a importância dele para a história do grupo?

Erick: Dez anos já? Estamos velhos demais (risos). Foi nosso primeiro disco cheio, feito com muito suor e lágrimas. Temos muito carinho por ele; o Fabio Massari o colocou entre os 20 melhores álbuns de post-metal do mundo, e saiu muito material sobre o disco. Anatema foi lançado em uma época em que o post rock/metal era bem menos conhecido e difundido no Brasil.

Muriel: Realmente, ele é tão importante para a gente que já pensamos em remixar, fazer coisas diferentes com as músicas. Mas nos acostumamos tanto com a sonoridade do disco e temos tanto carinho pela obra como um todo (as composições, as artes maravilhosas do João Ruas..) que sempre acabamos desistindo de qualquer ideia maluca dessas (risos).

E o que faz dele um álbum tão singular dentro do estilo no Brasil?

Erick: Nos dedicamos muito à composição e à produção do disco e, de certa forma, foi uma novidade por aqui. Demoramos quase dois anos para gravar o álbum e mixamos com Greg Norman (no Electrical Audio, do Steve Albini) em Chicago, e masterizamos com Bob Weston (Shellac). Foi muito intenso para um bando de moleques vindos de bandas de metal e hardcore. Cremos que Anatema também foi significativo pois abrangia muitas referências e contemplou pessoas que nem sabiam o que era post-rock. A sonoridade do disco possui influências de metal, rock progressivo, trilhas de filmes, música clássica e folclórica etc. Em 2020 faríamos uma apresentação especial de dez anos do álbum.

Efetivamente, há previsão para o lançamento de novos singles ou outros formatos musicais?

Erick: Estamos planejando algumas coisas para esse ano. Lançaremos pelo menos um single. E já começamos a pré-produzir também o novo disco que deve sair no ano que vem.

Muriel: Sem a banda inteira junta, para a gente é difícil produzir material novo. Então, estamos também tentando nos adaptar a essa realidade atual, que esperamos ser passageira, e assim podermos voltar ao ritmo de antes. Se estivéssemos no ritmo normal, já estaríamos com o lançamento de um single esse semestre, o próximo disco em gravação, um split na manga (risos). Mas, infelizmente, tudo tem andado em marcha lenta.

Por fim, gostaria que nos recordassem a sensação de ter tocado no Rio Sena em 2017. 

Erick: Poxa, foi muito bacana, algo bem diferente, que deveria ser melhor aproveitado por aqui, se tivessem cuidado melhor dos rios e afluentes. Os caras pegam um barco e o transformam em restaurante, balada e casa de show. Isso ajuda bandas, produtores e comerciantes. Tocamos em três lugares nesse esquema: Hamburgo, Paris e Budapeste. A gente imaginava que balançaria e não conseguiria tocar (risos). Mas é muito estável. Esses lugares contam com uma superestrutura de som, luz e alimentação. Fora a vista. Fantástico!

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