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LACUNA COIL – 16 de fevereiro de 2020 – Rio de Janeiro/RJ

Virou rotina: disco novo e um pulo no Brasil. Desde a turnê de Shallow Life (2009) que o Lacuna Coil bate ponto no país. Ótimo. E desde a turnê de Dark Adrenaline (2012) que a banda passa pelo Rio de Janeiro. Melhor ainda. Promovendo seu mais recente trabalho, Black Anima (2019), os italianos trouxeram a tiracolo o Uncured, grupo americano liderado pelos irmãos Rex e Zak Cox (guitarras e vocais) – Micah Smith (baixo) e Liam Manley (guitarra) completam a formação – que pratica um progressive death metal melódico. Grifo meu: com algumas pitadas de metalcore, o que pode entregar o tempo de vida e a origem do quarteto.

Com três trabalhos na praça, o EP Spontaneous Generation (2016, o ano de formação) e os álbuns Medusa (2017) e Epidemic (2019), o Uncured causou boa impressão em quem chegou mais cedo para conferir e apoiar a banda de abertura – como prêmio involuntário, os fãs pontuais escaparam do temporal que desabou na cidade antes da atração principal entrar no palco. Ignorando o EP e calcando o repertório no disco lançado no ano passado (sete das 11 músicas do set), os quatro mostraram talento na fusão do extremo com as passagens mais prog dentro do instrumental intrincado, como nas ótimas Desecration e Nothing But Disease.

Uncured

O toque mais moderno ficou bem perceptível em Opium Den, muito técnica e com passagens mais pula-pula, mas sem comprometer. Enquanto Smith segurava as pontas nas quatro cordas e Manley massacrava o pequeno kit (para a proposta do estilo), os irmãos Cox debulhavam solos virtuosos e dividiam os vocais, com Rex sendo responsável por um gutural bem mais cavernoso. Aliás, ele deveria ter assumido o microfone na versão de Roots Bloody Roots – sim, versão, porque Manley acrescentou elementos percussivos ao clássico do Sepultura, e o Uncured fez ligeiras mudanças em algumas passagens, mas sem comprometer em nada o andamento original.

Lançado como single no fim de janeiro de 2020, uma vez que o Uncured promete um EP de covers para este ano, Roots Bloody Roots obviamente mexeu com a plateia, que já vinha dando um belo exemplo ao agitar e aplaudir o quarteto. E os caras responderam com muita simpatia, com Rex comandando o público com facilidade. A inédita Set the World Ablaze, bela porrada finalizada por uma bonita passagem instrumental, foi o presente de agradecimento, mas ainda teve o hit, digamos assim, Blinded By Demise antes da despedida. Vale a pena dar uma conferida no som dos caras.

Uncured

Com uma pontualidade britânica, Cristina Scabbia e Andrea Ferro (vocais), Marco Coti Zelati (baixo), Diego Cavalotti (guitarras) e o novato Richard Meiz (bateria) subiram ao palco para apresentar o presente, com metade do repertório baseado nos dois últimos álbuns, Delirium (2016) e Black Anima (2019), e o passado do Lacuna Coil, com surpresas para emocionar o fã que acompanha a banda italiana desde o início e, claro, optou por não conferir o setlist – o quinteto havia tocado em Porto Alegre, Curitiba, Brasília e São Paulo antes de chegar ao Rio, que foi a última parada no Brasil. Blood, Tears, Dust abriu os serviços mostrando as presenças imponentes de Cristina e Ferro, que tanto comandam o público com maestria quanto têm uma química impecável.

A espetacular Our Truth, única canção extraída de Karmacode (2006), obviamente colocou a lona inteira para cantar o coro com Cristina, enquanto Reckless provou duas coisas: a fidelidade dos fãs, que já tinham o novo disco na ponta da língua, e que a noite era de Cristina, que se acabou de tanto agitar e depois rasgou seda para o público que encheu a lona. “Eu não gosto desse lance de competição, mas vocês sabem que tocamos em São Paulo ontem à noite”, disse ela, arrancando óbvias vaias dos fãs, direcionadas à cidade vizinha, antes de pedir que os cariocas soltassem a voz. “Agora é oficial: o Rio é o mais barulhento!”

Lacuna Coil

Tudo bem, ela deve falar isso para todos os públicos, mas os constantes sorrisos estampados no rosto eram nitidamente sinceros, como aquele que ilustrou sua felicidade ao ouvir todos cantando em alto e bom som o início de My Demons. “Neste bonito local, com esta linda energia, vamos esquecer o passado e o futuro para viver o presente, e vocês e nós somos o presente”, disse a vocalista antes da ótima Layers of Time, que foi seguida pela bonita Downfall, mantendo os fãs em estado de hipnose contemplativa. E o momento atual do Lacuna Coil continuou representado em The House of Shame e Sword of Anger (que refrão!), e foi na primeira que Cristina adicionou o terceiro e derradeiro elemento à combinação que já contava com alegria e empolgação: o que ela está cantando é um absurdo!

Isso não é nenhuma novidade, você pode estar pensando, mas o negócio foi tão sério que rolou ovação durante e ao fim da porrada que abre Delirium. “Eu uso monitor in-ear, mas mesmo com ele estou tendo dificuldade de me ouvir por causa do barulho que vocês estão fazendo. Obrigada!”, disse Cristina, com um baita sorriso no rosto que ajudou a fazer toda a casa gritar com vontade o nome da banda. Ao lado, com os dentes escancarados de tanta felicidade, coube a Ferro agradecer antes de a companheira de microfone continuar. “Nós fazemos músicas para nós mesmos, porque é uma terapia, mas com um discurso positivo. E esta música é um grito por ajuda.”

Lacuna Coil

Foi a vez da excelente Save Me, que levou a plateia a mais uma vez entoar o nome do grupo como se fosse um grito de guerra. “Essa eu roubei do Max Cavalera, então me ajudem: ‘Olê, olê, olê! Laaacuuuna Coil’”, convocou Ferro, prontamente atendido pelos fãs. Enjoy the Silence – a “música que não é nossa, mas que gostamos muito”, como ressaltou Cristina – talvez não tenha feito todos os fãs correrem atrás da discografia do Depeche Mode, mas soa como se fosse um clássico dos italianos. E o clima era tão alto astral que Cristina e “Maki” Zelati terminaram o clássico da banda inglesa zoando a roupa um do outro. E depois de um intervalo iluminado pelas cores da Itália e que serviu exatamente para troca de figurino, a banda retornou para emocionar os seguidores mais antigos.

A bela (e muito aplaudida) A Current Obsession iniciou a maravilhosa trinca do segundo álbum, Unleashed Memories (2001), numa seção do show para levar, como Ferro bem lembrou, o espetáculo registrado em The 119 Show: Live in London (2018) para celebrar os 20 anos do Lacuna Coil. Teve apresentação dos integrantes – e vale destacar a performance de Meiz, que interagia a todo instante com o público e acrescentou doses de peso à banda ao vivo – e mais duas pérolas: 1.19 – “A música que começou tudo”, anunciou Cristina, que, acreditem, dançou como se não houvesse amanhã durante o solo – e When a Dead Man Walks, simplesmente fabulosa ao vivo.

Lacuna Coil

Dá para lamentar que Veins of Glass, de In a Reverie (1999), tenha sido limada do setlist, mas Soul Into Hades – “Nossa música mais antiga, escrita em 1997, para nos lembrarmos de onde viemos”, disse Cristina, referindo-se à música extraída do EP Lacuna Coil (1998) – e a dupla de Comalies (2002) colocou panos mais do que quentes: Tight Rope e a linda faixa-título do terceiro álbum foram de arrepiar. Diga-se: em Comalies, Cristina voltou a deixar os fãs de queixo caído com uma estupenda performance vocal, e ter seu nome gritado foi o mínimo que poderia receber de todos os presentes. “O mais importante é que todos vocês voltem para cara com um sorriso no rosto”, disse ela ao agradecer.

“Vamos voltar ao presente para falar de relacionamento, mas daquele com pessoas que não devemos ter por perto, como os amigos que não são amigos. Livrem-se deles.” E Veneficium, a última amostra de Black Anima, encontrou eco no público, porque não falta quem já tenha sido apunhalado nas costas por alguém que, no fim da história, se mostrou um grande mau caráter. Curiosamente, foi como se Cavalotti exorcizasse demônios num puta solo, e os fãs descarregassem uma baita energia com a própria Cristina, que deu mais um show particular. “Muito obrigada por estarem conosco esta noite, e espero vê-los em nossa próxima vez no Rio”, ela agradeceu antes do “nosso hino”, Nothing Stands in Our Way, que fechou o espetáculo em grande estilo e, de fato, mandou todos para cara com um sorriso no rosto para animar toda a semana.

Lacuna Coil

Setlist Lacuna Coil
Blood, Tears, Dust
Our Truth
Reckless
My Demons
Layers of Time
Downfall
The House of Shame
Sword of Anger
Heaven’s a Lie
Save Me
Enjoy the Silence
Intervalo
A Current Obsession
1.19
When a Dead Man Walks
Soul Into Hades
Tight Rope
Comalies
Veneficium
Nothing Stands in Our Way

Lacuna Coil

Setlist Uncured
Resist the Infection
Sacrifice
Myopic
Desecration
Death Valley
Nothing But Disease
Opium Den
Set the World Ablaze
Roots Bloody Roots
Blinded By Demise
Conquistador

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