Na próxima segunda-feira, dia 14, às 20h (Horário de Brasília), os idealizadores do documentário “Andre Matos – Maestro do Rock” estarão à frente de uma live que resgatará o trabalho solo de Andre Matos. Com produção do diretor Anderson Bellini e do jornalista e produtor Thiago Rahal Mauro, a “Alive” reunirá músicos que tocaram com Andre em sua carreira solo. Participarão Hugo Mariutti (guitarra), João Millet (guitarra), Bruno Ladislau (baixo), Rodrigo Silveira (bateria) e Rafael Rosa (bateria). A apresentação também marcará o encerramento de atividades da banda.
A exibição terá também o objetivo de arrecadar fundos para a equipe que acompanhava Andre e que, por conta das restrições resultantes da covid-19, estão sem trabalhar. As doações podem ser feitas através do link https://www.vakinha.com.br/vaquinha/live-andre-matos-doc
Anderson e Thiago falaram sobre a “Alive” e sobre o documentário “Andre Matos – Maestro do Rock”, que tem lançamento previsto para em 2021.
Por Antonio Carlos Monteiro
Anderson, o documentário ‘Andre Matos – Maestro do Rock’ teve início quando você fez uma entrevista de mais de cinco horas com Andre. Quando e para qual veículo foi essa entrevista?
Anderson Bellini: Essa entrevista aconteceu em fevereiro de 2019. Eu tive a ideia de fazer um documentário sobre uma banda brasileira, no caso o Angra, e entrevistamos o Andre para esse documentário. Mas a entrevista acabou durando cinco horas e ele contou várias curiosidades da carreira, incluindo coisas do Viper, e acabou ficando um material muito rico. Como tivemos problemas com burocracia e com ex-membros do Angra que não queriam falar, a gente mudou o foco. O Andre sempre quis fazer um documentário em vídeo, ele me falou isso várias vezes. Então a gente decidiu mudar o foco para fazer sobre o Andre, até porque ia tudo ficar mais simples. E a história dele é muito rica, tão fascinante como a de uma banda.
Thiago Rahal Mauro: Quando o Andre faleceu, nós deixamos o documentário em ‘stand by’ porque ficamos muito abalados, a gente não sabia direito nem o que fazer com o material. E sem o apoio dele seria impossível continuar. Mas cinco meses depois, nós conversamos com a família dele. Falamos primeiro com o Daniel, irmão dele, que disse que quem estava cuidando das questões referentes ao André era o primo dele, o publicitário Eco Moliterno. A gente se reuniu e nós mostramos o que tínhamos, incluindo um vídeo em que o próprio Andre dizia que quem deveria fazer um documentário sobre a vida dele seria o Anderson, até porque era com quem ele se sentia confortável para falar sobre assuntos que normalmente ele não trataria com ninguém. A partir daí, o primo dele liberou muitas horas de material particular e a gente começou o processo de decupagem das imagens. A partir dali, tudo é feito com participação da família, tudo que fazemos é com a aprovação deles.
O lançamento vai ocorrer apenas em setembro no ano que vem, quando Andre faria 50 anos. Em que pé está a produção?
Anderson: Ele vai sair no dia 14 de setembro de 2021, quando Andre completaria 50 anos. A produção continua a todo vapor. Gravamos umas trinta entrevistas em vídeo com pessoas daqui e do exterior. Temos muito material de bastidores de turnês do Andre solo, do Shaman e do Angra. Temos material de arquivo da família, são mais de oitocentas horas de filmagens. Ainda não terminamos a captação, mas já fizemos 90% das entrevistas. Devemos finalizar essa parte em outubro e aí começamos a edição. Já fizemos uma pré-edição, em seguida faremos a edição e a pós-produção. A gente acredita que um piloto esteja pronto por volta de março ou abril do ano que vem. Aí vamos decidir se fazemos uma série, um video em duas partes ou um filme de duas horas.
O que estão planejando em termos de lançamento do vídeo?
Thiago: Como o Anderson disse, ainda falta definir como ele será lançado. A gente vai decidir isso quando tudo estiver finalizado e tivermos o produto em mãos. Nós queremos que ele seja lançado de uma forma que fãs de todo o mundo consigam ver, porque nessa produção nós vimos como o Andre era querido no mundo inteiro.
Vocês já tinham experiência em produção visual ou estão estreando na área?
Anderson: Sim, eu trabalho há quinze anos na área de audiovisual, fazendo vídeos institucionais, videoclipes e filmes publicitários. Esse é o primeiro filme que eu assino e estou muito ansioso. Eu costumo falar que todo músico tem como objetivo gravar um disco, um jornalista quer lançar um livro e quem trabalha na área audiovisual quer fazer um documentário. Eu já venho querendo fazer um documentário sobre a cena do rock brasileiro há uns dez anos, mas o que me fez tomar a decisão de fazer esse filme sobre o Angra foi o documentário do Sepultura que eu vi na Netflix. A partir daí, comecei a chamar as pessoas para participar comigo, como Thiago Rahal, Renato Viliegas e hoje temos mais de dez pessoas trabalhando com a gente, o que é muito legal.
Esse é um trabalho em que entra um componente emocional, ficando até um pouco pesado em alguns momentos?
Thiago: Realmente, ao se trabalhar com um material tão denso e complexo como esse às vezes bate uma emoção. Principalmente quando a gente pega um material antigo e vê como era o Andre nos bastidores. Quando a gente estava fazendo a decupagem de algumas épocas áureas dele, a gente praticamente se pegava vendo a vida dele ali e dá uma emoção forte. Além disso, a gente lida com a família do Andre, que ainda está abalada com o que aconteceu, com músicos de várias fases da carreira dele, com os fãs… Enfim, é um momento sensível e a gente tem que saber como lidar com cada situação. A gente se emociona em vários momentos, mas temos como foco o André e seguimos em frente.
Antecipando o filme, na segunda-feira, dia 14 de setembro, quando Andre faria 49 anos, haverá uma live com a banda que o acompanhava. Cada músico vai estar em sua casa ou todos se reunirão em estúdio? E como o público pode participar?
Anderson: Vai ser uma homenagem para o Andre com sua banda solo. O principal objetivo é fazer um show de despedida da banda solo. As demais bandas que ele participou continuam, mas você não consegue continuar o trabalho de um artista solo. A gente fez essa proposta para os músicos que tocaram com ele de encerrar esse ciclo com um show bacana, bem produzido, do jeito que o Andre sempre gostou de fazer. Serão apresentadas músicas dos três discos solo dele e toda a verba arrecadada será destinada para o pessoal que trabalhou com o Andre. Porque a gente também chamou para essa live a equipe técnica dele – roadies, iluminador, técnico de som… A gente está arrecadando uma verba que vai para esse pessoal, que está sem trabalho por conta da covid-19. Na verdade, a gente fez a proposta e eles toparam de peito aberto, sem pensar em grana, mas a gente achou justo eles serem recompensados por isso. Só que eles estão fazendo principalmente pelo amor e pela gratidão que todos tinham pelo Andre. Não vai ser ao vivo, a gente vai gravar com antecedência. Por isso a gente está chamando de ‘Alive’, não de live. A gente quer fazer uma surpresa pra galera que pode dar muito errado ao vivo, por isso vai ser gravado antes. Mas o evento vai ser transmitido ao vivo com apresentação do Bruno Sutter, que era amigo e fã do Andre. Vai ter uma interatividade com a galera e a gente vai soltando as músicas. E vai ser gravado ao vivo, os músicos vão estar juntos num palco muito bem produzido, com iluminação e cenário. E com o Andre nos vocais presente de uma maneira que a gente não pode adiantar pra não estragar a surpresa.
Thiago: Haverá também várias outras participações e entrevistas intercaladas com o show. Também serão exibidos trechos do documentário e durante a live vai ter uma entrevista com o pessoal responsável pelo livro biográfico do Andre. Eles vão disponibilizar o primeiro capítulo do livro para quem estiver assistindo. Tudo terá a ver com o universo do Andre e serão pelos menos duas horas de live.
Foi anunciado que nessa live será apresentada uma música inédita, ‘Life Goes On’, composta por Theo Vieira e com vocal de Andre. Quando foi escrita essa música? E como ela será apresentada?
Anderson: A música foi escrita pelo Theo e produzida por Adriano Daga. Ela foi composta no final dos anos 90 para sair num disco do Theo. Ele fez a música, achou que era a cara do Andre e convidou-o para gravar. A gravação é daquela época. O Theo disse que ele nunca passou em uma banda que tivesse a ver com o estilo da música, por isso ela ficou inédita. E ele fala que sempre que os dois se encontravam, Andre cobrava o lançamento dela. Quando Theo ficou sabendo do documentário, ele entrou em contato conosco e falou sobre a música. Eu ouvi e fiquei impressionado, ela tem uma cara de trilha sonora de filme. Mandei para o Eco e ele adorou. Falamos com o Theo e decidimos que ela vai ser a trilha sonora do documentário. Ela vai ser apresentada no final da live através de um clipe. E depois vai estar disponível nas plataformas de streaming e no YouTube pra todo mundo poder ouvi-la.
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