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MACHINE HEAD: HEAVY METAL TAMBÉM SE FAZ EM FAMÍLIA

Por Leandro Nogueira Coppi

Algumas benesses aconteceram na quarentena durante o período caótico da pandemia de Covid, e uma delas foi o fato de as famílias passarem mais tempo juntas. No caso de Robb Flynn, líder, vocalista, guitarrista e compositor do Machine Head, estar com a esposa e filhos foi fundamental para a criação do primeiro álbum conceitual da banda, “ØF KINGDØM AND CRØWN”. Hoje poderíamos estar diante de mais um trabalho convencional, mas a esposa de Flynn o incentivou a seguir em frente com uma antiga e frustrada tentativa de escrever um álbum conceitual. Já a convivência com os filhos despertou em Flynn sua antiga paixão por animes, e foi baseado na série de um deles, “Attack on Titan”, que ele desenvolveu a trama de “ØF KINGDØM AND CRØWN”. Para saber mais alguns detalhes do novo álbum e dessa união metálica com a família, conversamos com Robb Flynn, que desembarcou em São Paulo para compromissos com a imprensa e um pocket show realizado no dia 5 de outubro (leia aqui), antes de o restante do Machine Head chegar para uma mini-turnê no país no final do mês.

 

Antes de falarmos do novo álbum do Machine Head, vamos lembrar dos duros dias de pandemia. Como foi para você ter que dar um tempo de turnê devido a esse episódio terrível para a humanidade? Eu realmente curti suas livestreams “Electric Happy Hour” às sextas-feiras. Obrigado por nos entreter na quarentena!

Robb Flynn: Não podíamos fazer outra coisa, né? Eu não podia sequer encontrar com o meu baixista! Depois de um mês eu estava enlouquecendo! (risos) Eu precisava tocar! Como eu estava sozinho, pensei “Quer saber? Vou entrar ao vivo no Facebook e tocar umas músicas acústicas. Provavelmente vai ficar um lixo, mas e daí?!” Dá pra ler os comentários lá e essa conexão foi importante para mim naquele momento, eu precisava daquela conexão. Depois disso as coisas começaram a andar, o Jared (MacEachern) já podia me encontrar e começamos a trabalhar em músicas juntos, o Matt (Alston) começou a gravar as baterias, nos mandou as trilhas de bateria e nós tocamos em cima delas, e virou essa coisa imensa, tínhamos 350 músicas, com uns 50 covers e de muitas formas durante esse tempo os nossos cérebros estavam constantemente em movimento pela música, o que eu mais amei daquele período é que era somente sobre música. Eu não estou tentando ser um influencer, não estou tentando criar conteúdo para o Instagram, eu faço música, eu componho, é isso o que eu faço. Essa era a minha forma de me conectar, e não postar uma foto minha jantando (risos), era tocando música, atendendo a alguns pedidos dos fãs. Acabou sendo um formato diferente, afinal não era um show ao vivo normal, a gente jamais tocaria ØF KINGDØM AND CRØWN na íntegra, mas fizemos isso há três semanas, jamais tocaríamos The More Things Change na íntegra, normalmente nós misturaríamos as músicas, mas esse formato nos permitiu fazer isso, essa coisa totalmente diferente, mas que ainda era sobre nós e a nossa música. Tivemos o Dino (Cazares) e o Milo (Silvestro) do Fear Factory como convidados, a gente tocou um monte de músicas deles, eles tocaram um monte de músicas nossas, aí eles falavam “vamos tocar um Hatebreed juntos!” e tocamos o Hatebreed! (risos) Tudo muito espontâneo, divertido e era sobre música, nada das outras bobagens que rolam nas redes sociais. Era somente música e foi isso o que nos preencheu.

 

Qual foi o seu sentimento em ter que entreter o público sem tê-lo literalmente na sua frente?

Robb: Eu usei o meu celular para gravar, então eu conseguia ler os comentários rolando. Eu fazia comentários sobre o paredão de emoji de fogo que aparecia na tela (risos), então a gente sabia que as pessoas estavam ali, eu parava para conversar entre as músicas, então tinha plateia, mas não tinha. Quando a gente ensaia também não tem plateia, quando treinamos para uma turnê não tem plateia e a gente faz umas jams e curte a música, a diferença era que havia 1200 pessoas assistindo. Eu me sinto muito sortudo, eu toco metal, eu bebo cerveja enquanto trabalho e as pessoas nos dão dinheiro, é muito louco! (risos) Nós temos fãs incríveis, apoiam muito o Machine Head, então foi bem legal.

 

Ainda sobre a pandemia, eu li que naqueles dias sua família teve influência no que veio a ser o novo álbum do Machine Head, você curtindo animes com seus filhos, sua esposa te aconselhando a fazer um álbum conceitual… Percebo que a quarentena em família lhe contribuiu em uma carga positiva de energia para o presente e o futuro do Machine Head.

Robb: Sim. Eu tentei fazer um disco conceitual algumas vezes e esse é o primeiro que eu concluí. (risos) Eu comecei dois anteriormente, mas não achei que funcionavam bem e os abandonei, por isso minha esposa começou a falar para tentar mais uma vez porque seria um produto interessante e também construiria uma conexão mais profunda com o disco, então eu tentei e desta vez…  Eu compus 19 músicas nesse período e lancei nove delas separadas do ØF KINGDØM AND CRØWN, como singles, e eu as compunha sem uma ordem definida, tipo, “ok, essa aqui é uma boa música, mas não combina com o disco, pode ser um single”, e assim foi até que eu ficasse de mãos vazias, aí eu percebi que sabia o caminho a seguir – coisa que eu não sabia no começo, a gente nunca sabe. Quando chegamos em Slaughter The Martyr e eu terminei a introdução dela – porque eu tinha umas melodias soltas, Jared mandou as melodias dele, a gente tinha só uma base crua para trabalhar em cima – eu compus uma tonelada de letras numa manhã, sentei e pensei “não sei se isso vai dar certo, mas vou tentar cantar todas elas” e funcionou! Aquele ‘take’ que você ouve no disco é o da primeira vez que eu cantei a música, literalmente. Essa música é exatamente assim: foi a primeira vez que eu cantei aquelas melodias, a primeira vez que cantei aquela letra, que ainda estava escrita à mão no papel frente e verso. Eu só tinha a intro e o refrão, nada no meio, e pensei “se eu conseguir fazer essa música dar certo, poderei fazer o disco todo dar certo”, eu reescrevi a letra umas vinte vezes – escrevia, jogava fora, escrevia, jogava fora – e quando finalmente eu encontrei a letra certa e concluí a intro, eu entendi como seria o restante do disco, entendi como ligaria as músicas.  

 

O que veio primeiro em ØF KINGDØM AND CRØWN, a música ou a história?

Robb: A música sempre vem primeiro em 99% das vezes e eu faço as letras dentro da energia da música, de acordo com as melodias, se eu vou gritar ou cantar, coisas assim.

 

Já que sua esposa o incentivou a compor um álbum conceitual, ela acompanhava o desenvolvimento do álbum, do conceito, das letras?

Robb: Estávamos bêbados na garagem às 11h da noite, ouvindo música, falando alto e ela virou pra mim e disse: “você deveria fazer um disco conceitual!” (risos) Eu sabia que era um disco conceitual, eu tenho um pouco de dificuldade de ouvir as letras porque meus ouvidos sempre focam nas guitarras, e ela disse: “cara, preste atenção nas letras”, e as cantou – porque ela conhece todas as letras – e aí eu percebi que tinha uma história foda sendo contada ali. Eu amei esse disco por mais de 20 anos, e depois desses anos todos eu passei a gostar dele ainda mais porque agora eu o entendo mais ainda. Dizer “vou fazer um disco conceitual” não significa que você fará, o mesmo se você disser “vou fazer músicas de Thrash Metal”, é preciso deixar a música fluir, as letras fluírem. Pra mim a música tem que ir para onde ela te guia, se você tentar forçá-la a ser apenas Thrash fica brega e falso, como se você estivesse fazendo força para ser alguma coisa. Música é uma expressão, uma criação. 

 

Falando em álbuns conceituais, existe algum no heavy metal ou no rock and roll que tenha sido importante em sua vida?

Robb: Eu amo o “Operation: Mindcrime”, amo “The Wall”, “Sargent Peppers”, My Chemical Romance… Eu sou um grande fã do “Operation: Mindcrime”, vi ao vivo na íntegra há 10 anos, na celebração do aniversário do disco.

Evento An Evening with Robb Flynn, que rolou em São Paulo na Concept Store VCI no último dia 5 de outubro

No caso de ØF KINGDØM… a trama é baseada na série do anime “Attack on Titan”, e se passa em um deserto futurista dizimado, no qual o céu está manchado de vermelho carmesim. Temos na história dois personagens principais, Ares e Eros. Confesso que nunca assisti essa série…

Robb: Eu tinha o conceito e sabia sobre o que eu queria falar. Era sobre dois personagens, amor, assassinato e vingança. Eu era viciado em anime quando era criança, eu era nerd de Star Wars e me tornei nerd de animes, assistindo “Akira”, “Robotech”, “Space Battleship Yamato”, todas essas obras japonesas que eram importantes. Eu não deixei de assistir, só não acompanho tanto quanto antes e nunca falei sobre anime com os meus filhos, mas eles começaram a curtir e eu fiquei pasmo! (risos) Contei que eu amo anime e passei a assistir os programas que eles estão assistindo e são brutais! Machadadas na cabeça, sangue espirrando, meu Deus! Eu passei a assistir com eles, é uma série longa com 80 episódios por temporada e são quatro temporadas! Então enquanto eu compunha o disco, aconteceu de estar assistindo um desses episódios à noite e a forma como eles contavam a história… Eu estava compondo uma história meio “cara bom, cara mau”, e no caso de “Attack On Titan” ambas as pessoas eram boas e más e esse aspecto mudou toda a história, porque Ares perde o amor de sua vida – que é assassinado –  e Eros perde sua mãe para uma overdose de drogas, se torna uma pessoa radical por causa de uma seita, se torna um assassino e mata o amor da vida da Ares, então é sobre como essas duas vidas se entrelaçam. Para mim são assuntos com os quais eu me identifico, que são o amor e a perda do amor, são sentimentos poderosos. Enquanto compositor, eu venho compondo músicas para o Machine Head há 32 anos e todos os discos anteriores eram sobre como eu vejo a sociedade, como eu vejo o mundo, meus demônios, minhas lutas e agora eu não preciso escrever sobre mim, tem que se conectar comigo em algum nível, de alguma forma, mas agora era a hora de falar sobre dois personagens que estão em pontos opostos e torná-los simpáticos e críveis, fazendo com que você se importe com eles. Foi desafiador, mas também foi compensador ao mesmo tempo porque foi ótimo sair da minha zona de conforto e fazer algo totalmente diferente.   

 

Foi fácil para você escrever o conceito pela perspectiva de uma mente violenta, homicida?

Robb: Foi muito fácil! (risos) Foi chocantemente fácil. A parte mais metal, que mais me agrada nisso tudo é poder me meter nesses detalhes violentos e sangrentos. Algumas bandas falam sobre vikings e fantasia e eu adoro isso, outras bandas falam sobre morte e sangue e eu adoro isso também. O Machine Head – acho que devido à nossa influência do Punk Rock e Hardcore – sempre foi sobre a realidade da sociedade, crescemos em Oakland e nos preocupávamos de sermos baleados ou esfaqueados, essa mentalidade urbana muito intensa. Eu espero que, agora que envelhecemos, nós consigamos mudar de contar histórias  sinistras das ruas para contar sobre as experiências humanas nas letras, acho que amor, assassinato e vingança são experiências muito humanas.

 

Você ainda vive em Oakland?

Robb: Meu estúdio fica em Oakland, mas eu não. Depois que tive filhos, eu saí de lá.

 

ØF KINGDØM AND CRØWN

Este é o primeiro álbum do Machine Head com a formação atual. O que há de revigorante e de estressante em aclimatar novos músicos à essa sua principal herança musical?

Robb: Tudo foi bizarro porque estávamos no meio da maldita pandemia! Não poderíamos estar juntos nem se quiséssemos. E fizemos como muitas bandas jovens que eu conheço e troco ideia, eles nem ensaiam, eles gravam um riff, mandam por email para o baterista, o baterista toca junto com o clicktrack, dali vai pro email do baixista, algum amigo recebe por email para ouvir e eles nunca se encontram! Eu acho uma maluquice! Eu cresci tocando junto com os caras, na mesma sala. Agora existem outras formas de fazer música e 90% das bandas que estão nessa faixa etária dos 20 anos – e eu ouço várias de Death Metal e Metalcore – é assim que elas compõem e aí eu pensei, “bem, se os caras com 20 anos estão fazendo isso, eu também posso tentar”. Comecei a mandar as músicas por email para o Vogg, Matt e Jared, cada um colaborava de uma maneira, eu juntava tudo e funcionou muito bem. Toda banda faz uma demo das músicas, mas neste disco nós não fizemos assim porque nos últimos três discos nós acabamos usando quase todas as faixas demo e incluindo-as no disco, desta vez eu me certifiquei de que praticamente tudo o que se ouve nele era a minha primeira vez cantando, era a primeira vez eu tocando guitarra. Como diz Neil Young, “o primeiro ‘take’ é mágico”, ou seja, se você toca a mesma música 20 vezes até gravar, ela vai perdendo a inspiração e a magia dela, então neste disco eu fiz tudo de primeira: cantar, tocar guitarra, ler as letras, para captar essa energia de “não saber o que estou fazendo”, aquela tensão de “espero que esteja dando certo!” e isso foi muito bom. 

 

Vamos voltar a falar de Slaughter the Martyr. Como foi a experiência de compor uma música de 10 minutos, um épico com muitas partes atmosféricas, partes progressivas, acústicas, talvez, à um som pesado? Admito que essa é a minha favorita do disco.

Robb: Eu gostaria de ter uma boa resposta para esta pergunta (risos). Acho que se você assistir ao making off tem uma parte onde eu estou gravando essa intro na guitarra e ali você verá que eu estava tipo “não sei pra onde isso vai! Nem sei se vai entrar no disco!”(risos) Esse é o tipo de coisa que nunca se sabe. Pra mim, compor uma música ou um disco é como estar num quarto completamente escuro, tentando chegar na porta, e você vai tateando as coisas  e tentando reconhecê-las, você não sabe para onde está indo até que um dia você encontra a maçaneta da porta, abre a porta e entende para onde está indo.

 

E qual a sua música favorita no álbum? Sei que elas “são como filhos”, mas escolha uma.

Robb: Eu não consigo escolher uma, eu gosto de todas elas, mas HOJE eu escolho a Arrows in Words From the Sky porque nunca fizemos uma música como essa, ela mudou tudo, mudou a forma como eu vejo o disco. Existem momentos quando fazemos um disco em que realmente não temos noção do que conseguimos fazer e ficamos meio ‘a gente consegue fazer esse tipo de coisa? Sério?’ e foi esse o caso com essa música. Quando a concluímos eu soube que tínhamos algo especial ali – e eu cantei todos os vocais nela numa ressaca brutal! (risos) Eu tinha a intro e tinha os refrões, mas não tinha nada para as estrofes, aí uma noite, depois de ficar completamente bêbado com a minha mulher na nossa garagem – era algo que a gente fazia às sextas e aos sábados durante a pandemia – entenda: quando se tem filhos pequenos, cada minuto da sua vida é dedicado a eles, levar pra escola, levar para o baseball, levar para o futebol, não dá nem tempo de conversar com a sua mulher! Quando a pandemia chegou, estávamos em casa com duas crianças de 13 e 15 anos, que já eram crescidas o suficiente para ficarem quietas assistindo algo no YouTube ou jogando videogames, então eu e minha esposa nos demos conta de que poderíamos nos divertir enquanto eles estavam lá fazendo as coisas deles de boa. Passamos a fazer isso, beber na nossa garagem, ver o sol se pôr e passar tempo só nós dois, coisa que não fazíamos há quase 20 anos! Era como ter um encontro, depois de anos! E como eu dizia, depois de um desses “encontros na garagem”, ela foi dormir e eu ainda fiquei pensando nas letras, fui deitar pensando nisso, não conseguia dormir e levantei tipo três horas da manhã com a letra completa na cabeça. Escrevi, voltei a dormir e quando acordei de vez, pensei, “Agora terei que cantar isso”, mas eu estava com uma ressaca mortal! Cantei assim mesmo, pensando que serviria como um esboço para os vocais, para eu testar as ideias que tive, mas quando terminei eu percebi que estava muito bom! Mesmo assim eu voltei a cantar essas letras uns dias depois, sem a ressaca, para ouvir como soaria e me pareceu que algo havia se perdido, porque na primeira vez eu estava sem saber muito bem qual melodia seguir e essa era a magia da coisa. Talvez a ressaca também tenha me dado um “plus” na voz, aquela voz meio rasgada pelo whisky e é isso que foi pro disco. Essa é a minha escolha favorita hoje, talvez amanhã eu escolha outra.

Robb Flynn de volta à São Paulo depois de 8 anos | Foto: Baffo Neto

Há alguns músicos que nós sentimos que são verdadeiramente fãs de heavy metal. Rob Halford, Max Cavalera, Mille do Kreator e você, por exemplo. Vocês são músicos que ouvem novas e velhas bandas e apoiam nossa cena. O quão importante o heavy metal é para a sua vida?

Robb: O Metal salvou a minha vida! Eu sei que essa é uma resposta muito clichê. No começo da banda, a gente andava com uma galera muito estranha, brigávamos o tempo todo, éramos violentos, todo final de semana eu entrava numa briga e escapei da morte algumas vezes. Depois eu tive um período de longos meses em que um líder de uma gangue queria me matar, então eu andava armado, dormia com uma faca debaixo do travesseiro e em algum momento eu pensei “eu não quero mais esse tipo de vida, só quero tocar minha música”, o que eu sempre quis fazer na vida era tocar Metal, Thrash, tocar minha guitarra e cantar. Em alguns momentos o Machine Head e a minha vida estavam indo para caminhos diferentes  e eu escolhi o caminho do Machine Head, era o que eu mais queria fazer, então decidi parar de fazer merda, botar minha vida nos trilhos porque senão eu acabaria morto, ou preso, ou ambos. Por isso o Machine Head e o Metal – porque eu ia a todos os shows e vi alguns que mudaram a minha vida e me fizeram acreditar na música e acreditar no mundo – salvaram a minha vida, porque salvaram mesmo. E você falou em apoiar a cena, eu continuo fazendo isso, eu ainda vou aos shows porque eu quero ser arrebatado por cada banda que eu assisto, eu quero assistir a uma banda ao vivo e falar “caralho, isso é muito foda!”, porque essa é a melhor sensação do mundo! Quando eu vi o video de “To the Hellfire” do Lorna Shore eu fiquei chocado! É incrível! A gente pode não conseguir levar cada banda conosco em turnê, mas eu as coloco no meu podcast, entrevistei o Will do Lorna Shore, entrevistei o guitarrista do Slaughter To Prevail, entrevistei vários amigos meus e essa é a minha maneira de devolver para a comunidade o que fizeram e fazem por mim e pela minha banda. Quando eu ouço uma banda que eu acho que é incrível, eu quero que outras pessoas a conheçam também porque a única coisa que faz sucesso no mundo é pop e hip hop – ainda que eu goste de alguma coisa de pop e hip hop, eu não preciso de mais uma banda de K-Pop! (risos)

 

O que você sente, por exemplo, da mistura entre Anthrax com Public Enemy, por exemplo?

Robb: Isso faz muito tempo, mas foi muito legal.

 

De verdade, gostei de saber que você é fã de My Chemical Romance. Muito legal isso, uma surpresa!

Robb: Sim, sou mesmo.

 

Você está retornando para uma turnê no Brasil, oito anos depois, finalmente. Aliás, esperamos que a banda inclua o Brasil em suas próximas turnês. O que você pensa da América do Sul como mercado para o heavy metal?

Robb: Bem, eu acabei de chegar (risos). Da última vez que tocamos aqui, foi insano! Tinha uma roda imensa, todo mundo pulando, gritando, cantando, foi mágico! Estou muito animado por ter voltado. Ano passado, quando retornamos com a turnê, as pessoas ainda estavam receosas de se contaminarem com a covid, mas acho que agora esse medo passou, então acho que os shows aqui serão incríveis.

Quais suas melhores lembranças da última vez do Machine Head no Brasil, em 2015?

Robb: Eu tenho uma memória muito vívida do show em São Paulo. É meio estranha (risos). O show obviamente foi foda, a gente tocou Clenching the Fists of Dissent e eu lembro que terminamos ela com uma jam… essa música termina com uma guitarra limpa e eu lembro que comecei um solo – essa é uma lembrança muito estranha (risos) – e adicionei umas partes de “Hello” do Lionel Richie (risos) e partes de “Wish You Were Here” do Pink Floyd, e não faço ideia do porquê eu fiz isso. Acho que era pra gente tocar outra música, mas o baterista precisava arrumar alguma coisa na caixa e me pediu para tocar qualquer coisa enquanto ele consertava, aí eu comecei esse Lionel Richie – Pink Floyd e de alguma forma deu certo (risos) Lembro da plateia aplaudindo, gritando e eu “cara, que doideira!” Foi uma jam super aleatória!

 

Muito engraçado você mencionar o Lionel Richie; acho que ele está me perseguindo, porque há algumas semanas assisti ao show do Toy Dolls e a introdução do show era justamente um trecho de Hello. (risos)

Robb: Cara, eu aprendi a tocar esse solo e toco nota por nota, eu adoro essa música! Acho que é um dos melhores solos de guitarra da história do Rock N’ Roll! Um abraço, Lionel!! (risos)

 

O que você pode nos dizer sobre a turnê do Machine Head no final deste mês de outubro? Estou contente que o show de São Paulo será meu primeiro do Machine Head e cairá bem no dia do meu aniversário!

Robb: Eu espero que aconteçam mais momentos como esse que eu relatei. Será o seu primeiro show? Então você nem sabe o que te espera, né? Mas você sabe da roda, sabe do pessoal rodando as camisetas no ar, sabe que todo mundo canta todas as músicas, bate cabeça… Cara, vocês aqui na América do Sul, vou te dizer, vocês são perfeitos no tempo e na afinação! Não preciso nem de metrônomo! (risos)

 

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