Depois de uma série de shows com uma ou no máximo três bandas, a produtora Liberation resolveu voltar às raízes com um festival de Hardcore encabeçado por dois dos gigantes do estilo: Madball e Terror. Ambos já passaram pelo Brasil em outras ocasiões, mas o simples fato de reuni-los novamente na capital paulista já foi motivo suficiente para grande comoção nas redes sociais e procura de ingressos desde quando foi anunciado. Celebração é a palavra que define essa tour que passou por vários países como Argentina e Peru e em três cidades brasileiras. A cada evento o line up integrou bandas locais já conhecidas, além das duas principais.
Em São Paulo a primeira foi a Bayside Kings. Mesmo com a desvantagem de ainda contar com um público pequeno, a banda, que em breve lança o EP “Warship”, não parou de agitar um segundo, tocou sons próprios e covers do Suicidal Tendencies.Na sequência veio o Fatal Blow. O set dos veteranos do HC old school de Balneário Camboriu/SC foi baseado em sua maioria no disco “Rise from disgrace” de 2010. Além da participação de Fabio Prandini, vocal do Paura, a banda também tocou dois covers: “Your Mistake” do Agnostic Front e “Troops of Doom” do Sepultura.
Figurinha constante nos shows da Lib, os paulistanos do One True Reason fizeram a última apresentação de 2013 contando com a nova formação anunciada desde o meio do ano. As músicas foram alguns dos conhecidos sons próprios, mais testando a reação dos fãs com os novos integrantes e anunciando as novidades já programadas para 2014 nessa nova fase.
Com a casa mais cheia, foi a vez do Paura. Desde os primeiros shows o público não correspondia com a energia vinda do palco. Não tinha mosh, circle pit e muito pouco agito. Será que o sinal dos tempos de empolgação on line e falatório virtual também anda chegando aos shows de Hardcore? Pois bem. Não adiantou o vocal pedir, não havia resposta dos presentes. Mesmo assim, pedrada após pedrada, fizeram parte do set sons mais recentes como a faixa título do EP “Integrity Dept.” e outras mais antigas como “Demanded on hate”.
Finalmente, com o Terror, o público parece que acordou e agitou a pista. A banda atualmente divulga seu quinto disco de estúdio, “Live by the code”, lançado este ano, mas foi nos hits mais antigos que o show foi baseado. Começaram com “One With de Underdogs”, faixa do primeiro álbum, de 2004. Enquanto o vocal Scott Vogel pedia mais interação e botava fogo no público, mais aumentava o conflito entre os fãs da grade com os seguranças.
A coisa ficou violenta em alguns minutos até que funcionários da casa se renderam e deixaram o fosso livre para a galera subir e moshar. “Stick Tight”, “Overcome” e “Your enemies are mine” foram outras que integraram o set. A faixa título do disco de 2010, “Keepers of The Faith” foi cantada em uníssono pelos presentes, finalizando o show de forma épica.
Fechando em grande estilo, o Madball fez o que pode ser considerado um set perfeito, repleto de clássicos. A banda não lança material inédito desde 2010, quando saiu “Empire”, um dos tantos discos cultuados pelos fãs. E passou por muitas transformações nos últimos tempos, incluindo a formação que conta desde 2011 com Mike Justian na bateria. Mas nada disso fez diferença para quem via pela primeira vez ou revia o vocal Freddy Cricien e cia novamente em ação. Com algumas sutis mudanças na ordem das músicas, o set foi praticamente o mesmo durante essa tour pela América do Sul. Destaques para a sempre clássica “Demonstrating my style” e as versões em espanhol de “Our family” e “Pride”.
O público estava insano e em “Down By Law” parte invadiu o palco e outra formou um dos maiores circle pits da noite. Mas, como nem tudo são flores, um fã se machucou e foi socorrido rapidamente sem que o show fosse interrompido. Para quem ainda ficava em pé mesmo derretendo de suor e coberto de hematoma, o hino “100%” encerrou mais uma apresentação histórica do quarteto peso pesado do HC mundial em terras paulistanas.