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MADBALL / PAURA / BAYSIDE KINGS / OPONENTE

Foram quatro anos de espera para que o Brasil voltasse a receber, pela quarta vez, o Madball, um dos nomes mais lendários, influentes, respeitados e consagrados do hardcore nova-iorquino. À princípio, o show que aconteceu em São Paulo, no último dia 09 de abril, era para ter sido realizado no dia 19 de março, no Carioca Club, não fosse a banda ter sido obrigada a cancelar a sua vinda à América do Sul devido a um sério problema familiar do vocalista Freddy Cricien, mais precisamente com sua filha pequena. Felizmente, o problema parece ter sido resolvido e o Madball pôde vir ao Brasil, para apresentação única e realocada para a Tropical Butantã, onde o grupo teve a companhia das mesmas bandas de abertura que estavam confirmadas anteriormente: Paura, Bayside Kings e Oponente.

E foi justamente o Oponente, veterano grupo paulistano que está na cena desde 1994, que abriu o evento organizado pelo projeto Honorsounds, iniciando seu set às 18h35, com uma dobradinha nervosa, formada por “Hardcore Família Libertad” e “Lutar”, músicas que fazem parte de seu mais recente álbum, “Enfrente”, lançado em 2015. O grupo baseou praticamente todo o seu repertório nesse álbum, e ainda mandou um cover do Sepultura para “Refuse/Resist”. O número de pessoas dentro da Tropical Butantã ainda era bem pequeno e isso passava a impressão de que o evento seria um fiasco em termos de público, ainda mais porque era domingo. No início, as pessoas ainda estavam bastante tímidas e paradas, mas algumas delas foram se soltando no decorrer do show do Oponente.

Contando com uma qualidade de som muito boa, a banda mostrou um entrosamento impecável. O ‘frontman’ Rodrigo agitava e se comunicava bem o tempo todo. Já Danilo mandava riffs certeiros e com bastante pegada, tendo a segurança de contar com uma cozinha consistente e precisa, formada por Fernando (baixo) e Felipe (bateria). Em exata meia hora de show, dois grandes momentos se deram quando o grupo tocou a música “Faça Você Mesmo”, que possui videoclipe e tem letra que fala sobre a filosofia real do hardcore, e também a própria “Oponente”, em que antes de ser tocada a banda saudou as próximas atrações quer iriam se apresentar na noite. Em alto estilo, o Oponente que fez um show bastante empolgante preparou terreno para tudo o que ainda estava por vir.

As duas próximas bandas, Bayside Kings e Paura, respectivamente, já haviam tocado com o Madball, na passagem anterior do grupo americano no final de 2013, e recentemente também abriram o show dos suecos do Dr. Living Dead! na festa realizada no Stage Bar, em 22 de novembro último, antecipando o “Kool Metal Fest”, que aconteceu cinco dias depois, no Teatro Mars, só que sem a participação das duas.

Dessa vez, os santistas do Bayside Kings aproveitaram a ocasião para divulgar seu segundo álbum, “Resistance”, que foi lançado em 2016. Milton, o vocalista, entrou pedindo que todos se aproximassem do palco. Assim que foi atendido, a pancadaria rolou solta com “Digital Slave”, que faz parte do novo material. Naquela altura, o público já marcava presença em maior número e na música seguinte, “Refuse 2 Sink”, do ‘debut’ “Waves of Hope” (2014), muitos entraram no pogo. Mas o que mais chamou atenção de todos foi quando antes de “Take Control”, Milton desceu do palco, discursou e na base da troca de energia e do olho por olho com as pessoas, permaneceu por ali até o final do show, agitando e cantando com todo mundo que estava na parte da frente da pista. Enquanto isso, seus comparsas, Matheus e Marcão (guitarra), Emanuel (baixo) e o baterista David “Kid” Gonzalez, que impressionava por descer o braço na bateria, sem aliviar para as peles e os pratos da pobre coitada, se responsabilizam por descarregar a artilharia pesada que vinha de lá de cima. A partir daí, a banda ganhou de vez o público e muita gente entrou na roda, sem parar nem por um segundo de agitar, apenas quando o comunicativo e carismático Milton discursava emanando energia positiva através de suas mensagens de coletividade, respeito ao próximo, humildade e união, sempre com a banda mantendo o clima ao fundo.

Matheus e Emanuel se mostravam bastante participativos nos vocais de apoio, mas no início do show seus microfones estavam baixos. Porém, no decorrer do set tudo entrou nos eixos e a qualidade de som ficou impecável. Foi bacana quando Milton destacou um fã que veio da Colômbia para prestigiar o evento. Em resumo, em trinta e cinco minutos de apresentação o Bayside Kings conseguiu deixar todo mundo com a adrenalina à flor da pele, com um show altamente energético e contagiante. Seis anos de estrada, com direito a shows na Argentina, certamente explicam o entrosamento absurdo que esses cinco elementos demonstraram em cima e, no caso de Milton, literalmente falando, fora do palco. Se você ainda não assistiu à um show do Bayside Kings, não perca a chance quando tiver a oportunidade.

Antes mesmo de o Paura entrar no palco a casa já contava com um ótimo público. Às 20h15, Fábio Prandini (vocal), Rogério Rodontaro e Claudinei Ferreira (guitarras), Paulo Demutti (baixo) e João Limeira (bateria) invadiram o palco com “Truth Hits Hard”, do álbum “Tameless” (2014), e botaram a casa abaixo! A performance impactante que o Paura apresenta em seus shows, com domínio absoluto do palco, não é por acaso. São 22 anos de experiência na bagagem e vários álbuns, splits e EPs lançados. Prandini tem sempre o público nas mãos e sabe como poucos comandar a brutalidade, falando várias coisas muito relevantes nos intervalos entre uma música e outra. Antes de “N.W.A. (Never Walk Alone)”, por exemplo, ele esbravejou: “estamos vivendo um período muito esquisito, as pessoas não se toleram, não olham nos olhos delas mesmas”. Indo para a questão da política, ele soltou os cachorros: “foda-se o Temer, o Lula, a esquerda e a direita!”. E afirmou: “se nós não cuidarmos de nós mesmos, já era!” – particularmente, assino embaixo cada palavra.

Com um set mortal, que incluiu pedradas como “Bull Control”, “Reverse the Flow”, “Education”, “No Hard Feelings!? Fuck You!”, “In the Desert of Ignorance” e outras tantas, a banda ainda mandou um cover do Cro-Mags para “Malfunction”. Após saudar as bandas que haviam tocado e perguntar a todos se estavam preparados para a aula de destruição que viria a seguir com o Madball, Fábio Prandini convocou ao palco os vocalistas Milton do Bayside Kings e Rodrigo do Oponente para cantarem a grooveada’ “The Privilege”. Ele também aproveitou para dizer que estava tudo liberado para quem quisesse subir e participar. Aí a coisa ficou deveras insana com o tanto de gente que não se fez de rogada. E foi assim, nesse clima altamente positivo, que o Paura finalizou seu show com a saideira “History Bleeds”, do seu homônimo álbum, lançado em 2010.

É elogiável o fato de a comunidade hardcore ter a tendência de ser sempre solidária com causas humanitárias e antes de a atração principal pisar no palco, um rapaz da organização foi ao microfone, comentou que era gratificante poder ajudar ao próximo, disse que a Honorsounds estava com a campanha contra a fome e informou que dois rapazes doaram 72 litros de leite (36 cada um). Essa informação arrancou merecidos aplausos de todos os presentes.

A partir daí, a expectativa tomou conta das pessoas, quando, de repente, o garotinho Max, filho de Baffo Neto, vocalista e guitarrista do Capadocia e novo baixista do Project46, surgiu no palco e perguntou à todos se gostavam de hardcore. Com a resposta calorosa que obteve, anunciou o tão aguardado Madball, que após breve introdução mecânica tomou o palco de assalto e levou o local ao caos, com a música “Hardcore Lives”, do homônimo álbum que lançou em 2014. De acordo com a banda, o repertório montado para esse show foi escolhido pelos próprios fãs. Assim sendo, clássicos e mais clássicos foram executados, para piração total de geral. Os stage divings rolavam solto por parte dos fãs. Vendo a empolgação e a energia do público brasileiro, Freddy Cricien (vocal), Brian “Mitts” Daniels (guitarra), Jorge “Hoya Roc” Guerra (baixo) e Mike Justian (bateria) não escondiam a alegria em seus rostos.

“Smell the Bacon”, “We the People”, “Get Out”, “Can’t Stop, Won’t Stop”… Cada pérola executada fazia o local tremer. Antes de uma das músicas, a guitarra de Daniels teve uma pequena pane, nesse momento, o meio irmão do também vocalista Roger Miret (Agnostic Front, ex-Madball), Cricien, aproveitou para cumprimentar o público brasileiro e perguntar se preferiam que ele se comunicasse em inglês ou em espanhol – apesar de ser nascido na Flórida (EUA), Freddy Cricien tem descendência cubana. Obviamente que a segunda opção foi a escolhida. Então, ele agradeceu o fato de o público ter compreendido a situação pela qual passou com sua filha e ter tido paciência de esperar pela banda, mostrando a verdadeira cultura hardcore. A qualidade de som estava excelente e isso engrandeceu ainda mais a apresentação avassaladora do Madball.

Antes de “D.N.A.”, Cricien arrancou aplausos de todos ao agradecer as três bandas que fizeram a abertura. Grande parte do setlist escolhido pelos fãs representavam um dos álbuns mais seminais da história do hardcore mundial, o imbatível “Set it Off”, de 1994. E tanto “Down by Law” desse mesmo álbum, quanto “Pride (Times are Changing)” de “Demonstrating my Style” (1996), fizeram esse que vos escreve voltar no tempo e se lembrar de quando os videoclipes de ambas rolavam na MTV brasileira e latina – que até 1997 era transmitida para o Brasil pela TV a cabo. Na hora de Cricien apresentar seus companheiros, o mais festejado foi Hoya Roc, que, emocionado, foi ao microfone agradecer a recepção. Roc está na banda desde 1993, quando assumiu a vaga deixada por Roger Miret. Falando no vocalista do Agnostic Front, o Madball tocou o cover de “It’s my Life”, mas foi com “Hardcore Still Lives!” que após uma apresentação irretocável de uma apenas uma hora de duração o grupo se despediu do público brasileiro.

O que se viu na Tropical Butantã não foi apenas um evento qualquer, mas sim uma aula de hardcore da melhor qualidade, onde todo mundo era tratado como uma só família. Foi legal também notar a presença de algumas crianças pequenas com seus pais. Na saída, era perceptível notar que ninguém ali estava aparentando estar cansado, muito pelo contrário, todas as pessoas foram embora com um sorriso no rosto, tamanha a satisfação de ter presenciado um evento em que não só a banda principal, como todas as outras fizeram bonito em cima do palco. A equipe técnica merece elogios, pois não é todo dia que vemos as bandas nacionais de abertura dispor da mesma qualidade de som das internacionais. Tudo deu certo e ainda que muitos tivessem que acordar cedo no dia seguinte para começar sua árdua rotina, dificilmente teria reclamado se o evento tivesse se estendido até um pouco mais tarde. Foi memorável!

MADBALL – Setlist: 
Hardcore Lives
Smell The Bacon (What’s With You?)
We The People
Get Out
Can’t Stop, Won’t Stop
Nuestra Familia
DNA
Set It Off
Down By Law
Mi Palabra
Across Your Face
Face To Face
Infiltrate the System
Look my Way
DMS
It’s My Life (Cover do Agnostic Front)
Pride (Times Are Changing)
Heavenhell
Doc Marten Stomp
100%
Hardcore Still Lives!

PAURA – Setlist:
Truth Hits Hard
Bull Control
Reverse The Flow
N.W.A. (Never Walk Alone)
Education
No Hard Feelings!? Fuck You!
In The Desert Of Ignorance
Worthless Progress
Gas Diplomacy
Malfunction (Cover do Cro-Mags)
The Privilege
History Bleeds

BAYSIDE KINGS – Setlist:    
Digital Slave
Refuse 2 Sink
Do Something
Get Up And Try Again
Take Control
Bigger Than Me And You
Political Trap
The Underdog
My Freedom
Sober
Share 2 Multiply
Another Point Of View
Takedown
Resistance
Miles And Miles Away
Still Strong

OPONENTE – Setlist:  

Hardcore Familia Libertad
Lutar
Cara A Cara
Refuse / Resist (Sepultura)
Faça Você Mesmo
Por Algo Que Está No Sangue
Oponente
Te Voy A Parar

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