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MADE IN BRAZIL

Em 1987, quando os Rolling Stones completaram 25 anos de estrada, um repórter perguntou a Mick Jagger quanto tempo ele imaginava que a banda ainda ia durar. O vocalista deu de ombros: “Não faço ideia. Já estamos juntos há 25 anos, isso é mais do que a maior parte dos casamentos que eu conheço.” A verdade é que o grupo continua na ativa trinta anos depois desse episódio, ainda lotando estádios e soltando discos da maior relevância.

E se para muitos é motivo de espanto uma banda inglesa estar em plena forma após 55 anos de existência, o que dizer de um grupo brasileiro que comemora neste ano meio século de atividades ininterruptas? Pois então saudemos o Made In Brazil, que está completando essa marca quase inacreditável no país do pagode, do sertanejo, do funk carioca e outras formas menores de expressão musical. E a primeira celebração veio em dose dupla, nos dias 20 e 21 de janeiro, em meio à semana de chuvas mais torrenciais no ano até então, no emblemático SESC Pompeia, que fica no bairro de onde o Made surgiu e que é considerado o berço do rock de São Paulo, já que muitas bandas/músicos também vieram de lá.

A despeito da chuvarada que resolveu cair nos dois dias, não foi só o público que praticamente lotou o local que compareceu para festejar o Made, como também vários músicos que fizeram parte da história da banda.

O começo não poderia ser mais apropriado com Pompeia Boogie e Oswaldo Vecchione (vocal e baixo), Celso Vecchione (guitarra), Guilherme “Ziggy” Mendonça (guitarra), Wanderley Issa (teclados), Octávio “Bangla” Lopes, Rick Vecchione (bateria), Ivani Venancio e Rubão (backing vocals) emendaram um clássico do Made atrás do outro. De cara, enfileiraram um medley com Eu Quero Mesmo É Tocar e Não Transo Mais, seguido de Jack o Estripador, Pauliceia Desvairada, Rock de Verdade e Mickey Mouse (A Gata e Eu), as duas últimas com Kim Kehl na guitarra.

O clima era de festa total e o repertório foi pensado para fazer a galera participar. Tanto que todo mundo cantou a plenos pulmões “não vou mais comprar um Rolls Royce” no refrão de Gasolina e a letra inteira de Vou Te Virar de Ponta Cabeça, as duas com Franklin Paolillo na bateria. Depois da versão de Mannish Boy (Muddy Waters), aqui chamada Mexa-se Boy, o backing vocal Rubão assumiu o violão e a voz principal para a belíssima balada Amanhã É um Novo Dia.

Outro convidado de respeito foi o veterano e pioneiro Tony Campello, um dos primeiros caras a cantar rock por aqui. Na guitarra e no vocal, Tony mandou uma versão bem pesada de um antigo sucesso seu, Lobo Mau, com Menina do Chapéu Vermelho na introdução – foi um “momento Jovem Guarda” em pleno show do Made.

Já que falamos em peso, vale dizer que a formação atual da banda se destaca justamente por colocar doses de peso muito bem-vindas no repertório, mas sem abrir mão do groove que sempre caracterizou o som do Made – e não foi diferente no SESC Pompeia. Bandas afiadas, com peso, suíngue e sangue nos olhos: isso é tudo que o rock precisa, aliás.

Um dos maiores nomes do rock brasileiro e para muitos o melhor guitarrista já surgido por aqui foi o convidado seguinte: Luiz Carlini tocou com a maestria de sempre Os Bons Tempos Voltaram e Rock de São Paulo com uma guitarra lap steel (que se toca no colo – ou em pé, mas com as cordas voltadas para cima – com slide). Nem preciso dizer que deu um show, certo?

E se faltava alguém para incendiar de vez a festa ele veio a seguir: Simbas, vocalista que fez fama no Casa das Máquinas e no Tutti Frutti, é uma daquelas figuras que desafia a lógica e a ciência. Não é mais garoto, mas se movimenta em cena e canta como se tivesse no auge de seus 20 anos. Aí o SESC veio abaixo de vez com Aquarela do Brasil e Anjo da Guarda, dois sucessos do primeiro álbum do Made, chamado simplesmente Made In Brazil e conhecido como “disco da banana”, por trazer a fruta em destaque na capa.

O último convidado foi o icônico Serguei, que ainda se aventura a subir num palco aos 83 anos de idade. Rolava Bethânia, música do repertório dele, contou com uma ajuda providencial de Ivani e Rubão nos vocais, mas isso não foi um problema. Num país sem memória como o nosso, é digno de nota e de respeito uma banda como o Made In Brazil celebrar alguém que teve um papel de tanta importância no rock nacional.

O fim da festa não podia ser outro: todo mundo no palco para cantar aquele que pode ser considerado o hino do rock brasileiro, Minha Vida É Rock’n’Roll. Aquela saidinha ‘fake’ de cena e todo mundo volta pra saideira, Uma Banda Made in Brazil. Antes, Oswaldo disse que só tocaria a última música com uma condição: todo mundo tinha que prometer estar lá na plateia daqui a cinquenta anos, quando o Made completar um século de existência.
Pode deixar, Oswaldo. A gente dá um jeito.

 

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