Por Antonio Carlos Monteiro
Fotos: Cristina Mochetti
Há um bom tempo, Oswaldo Vecchione, vocalista, gaitista, fundador e líder do Made in Brazil, vem anunciando que o próximo disco da banda vai se chamar Resistência. Não poderia haver nome melhor. Afinal, de uns tempos para cá a trajetória da banda se tornou um hercúleo exercício de resistência. Primeiro, foi o AVC sofrido por Oswaldo em 2020, que paralisou o lado esquerdo de seu corpo, impedindo-o de tocar baixo. Mesmo assim, o grupo continuou na estrada, até que ano passado faleceu seu irmão e parceiro desde sempre Celso Vecchione. Pois Oswaldo resistiu e manteve o Made na estrada apesar de todos esses golpes.
E na tarde de 1º. de maio, feriado de Dia do Trabalhador, isso ficou claro no palco do SESC Campinas. Nada menos do que dez músicos entraram em cena: Oswaldo, os guitarristas Guilherme Ziggy e Marcelo Chaves (que ingressou na banda após o falecimento de Celso), Marcelo Frisoni (baixo), Tiago Mineiro (teclado e acordeom), Otávio Lopes “Bangla” (saxofone), Rick Vecchione (bateria e filho de Oswaldo) e os backing vocals Solange Blessa (esposa de Oswaldo), Ivani Venancio e Rubão Nardo (também violão em algumas músicas). Esse time, escorado por um som cristalino, garantiu um peso e uma pegada que todo show de rock merecia ter. Ajudou muito uma plateia que poderia ser mais numerosa, mas que compensou isso com muita participação. E logo de cara isso ficou claro com a trinca Eu Quero Mesmo É Tocar, Vou te Virar de Ponta-Cabeça e Pauliceia Desvairada, três dos muitos clássicos que a banda criou ao longo de sua trajetória.
Como sempre, o Made trouxe alguns convidados e o primeiro deles foi o guitarrista Caio Durazzo, que tocou Rock de São Paulo e a sempre bem-vinda Gasolina. Uma balada para dar uma acalmada nos ânimos, Amanhã é um Novo Dia, mostrou o que já estava claro desde o início: mesmo com a limitação imposta pela condição física, Oswaldo continua cantando com muita competência, com potência e alcance
Na sequência, mais um convidado: o também guitarrista Kim Kehl, que gravou com a banda o disco Minha Vida É Rock’nRoll (1981). Com ele, o Made tocou Rock de Verdade (faixa-título do último disco de estúdio da banda, de 2008) e o bluesão Mexa-se Boy.
Depois da indispensável Jack, O Estripador, o grupo apresentou a primeira das músicas que estarão no próximo disco, Minha Banda de Rock. Mas a mais tocante sem dúvida foi Muita Luz, Meu Irmão, que Oswaldo fez em homenagem a Celso. O vocalista antecipou o tema dizendo que era algo “diferente de tudo que o Made já fez até aqui” e, de fato, é uma bela balada com refrão grudento e que conta até com acordeom em seu arranjo.
Pra fechar, outra dobradinha que não pode faltar nos shows da banda, Anjo da Guarda e aquela-feita-pra-cantar-junto Minha Vida É Rock’n’Roll, esta com a presença de Caio e Kim Kehl – sim, o Made encerrou a festa com quatro guitarras no palco!
Ver o Made in Brazil no palco é a prova definitiva de que o rock não tem idade, não tem condição física, não tem pré-requisito. Se está na alma, o negócio funciona. Oswaldo Vecchione e banda provaram isso mais uma vez. Tomara que continuem fazendo isso por muito mais tempo.
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