Famosa por ser berço de malandros e sambistas, a Lapa ganhou uma nova referência quando se fala em Heavy Metal. O Teatro Odisseia, desta vez, recebeu dois dinossauros do estilo: Omen e Manilla Road. Ainda que jamais tenham crescido sequer perto do nível de tiranossauros como Iron Maiden e Black Sabbath, ambos têm ótimos trabalhos ao longo de seus mais de 30 anos de carreira.
Antes dos dois grupos americanos, porém, subiu ao palco o Fire Strike. Infelizmente, um grande engarrafamento fez com que chegássemosquando o quinteto paulista já desfilava a penúltima música do seu set. Mas deu para perceber que o público, em número apenas razoável, estava satisfeito com a apresentação.
Curiosamente, houve alguns protestos no momento em que a vocalista Aline Nunes anunciou que a banda tocaria a última do show. Ela então explicou que o tempo estava acabando, mas passou então a apresentação dos membros, um por um, com direito a solos individuais… Desconfio que seria melhor terem tocado mais uma canção. Enfim, eles encerraram o set e foram bem aplaudidos. A boa recepção resultou até mesmo numa interação com a galera após descerem do palco.
Pouco depois começou o show do Omen. O veterano grupo americano, de Los Angeles, fez um show quase impecável, não fossem problemas com o equipamento. O vocalista Kevin Goocher sofreu com o fio quebrado do microfone, mas ganhou muitos pontos ao driblar a falha com bom humor e competência. Guitarrista e fundador do grupo, o carequinha carismático Kenny Powell dividiu bem o palco com Goocher. A cozinha da banda, com o baixista Andy Haas e o ótimo baterista Steve Wittig, também brilhou, não deixando qualquer buraco.
Com um set impecável e a banda afiada, o público deu as boas-vindas de maneira fantástica. Os fãs cantavam praticamente todas as músicas, enquanto Goocher e Powell interagiam o tempo inteiro. O quarteto fez um show redondo, com destaques para as clássicas “Warning Of Danger”, “Ruby Eyes”, “Axeman” e “Battle Cry”. Mas“Don’t Fear The Night” foi mesmo o ponto máximo. Powell parecia tão satisfeito que desceu para tocar no meio da galera, que aproveitou para tirar fotos com o guitarrista. No fim, ele ainda mandou um ‘stage diving’, deixando o Odisseia literalmente nos braços dos bangers.
Pouco depois veio o Manilla Road, liderado pelo figuraça Mark “The Shark” Shelton. O guitarrista, que fundou a banda em 1977, segue à frente levando seu Metal épico e saborosamente datado–completam o grupo o baterista Andreas Neudert, o baixista Josh Castillo e o vocalista Bryan Patrick. Assim como o Omen, o quarteto americano fez um ótimo show e ganhou de cara a galera. Shelton, com 57 anos e “amassado” pelo tempo, monopolizou a atenção dos bangers desde que subiu ao palco. Seu carisma ficava ainda mais evidente ao contrastar com a timidez do baixista Josh e com a postura um tanto apagada do vocalista Bryan Patrick –este fez bem seu papel, mas parecia deslocado no palco e no contato com o público.
Mas nada disso importa quando se tem uma banda coesa com vários clássicos para descera ripa. E eles mandaram ver, deixando a rapaziada na maior alegria… Aliás, rapaziada é modo de dizer, já que havia muitos quarentões e cinquentões àbeira do palco.O filé ficou mesmo com as faixas dos dois álbuns mais clássicos do grupo. Do “Open The Gates”, levaram “Road Of Kings”, “Witches Brew”, “The Ninth Wave” (que conseguiu abrir roda de pogo e estimular até ‘stage diving’) e a faixa-título, além da estimulante “Heavy Metal To The World”. Do “Crystal Logic” tivemos “Riddle Master”, “The Ram”, “Flaming Metal Systems” e a faixa-título…