Recentemente, o Soulfly anunciou que contará com o guitarrista Dino Cazares do Fear Factory para a sua turnê norte-americana de 33 datas, que começa no próximo dia 20 de agosto no Sunshine Theater, em Albuquerque, Novo México, e vai até 25 de setembro, no Marquee Theater, em Tempe, Arizona (leia). Isso causou especulações entre os fãs e ainda que não tenha sido oficializado, o guitarrista Marc Rizzo não faz mais parte da banda.
De sua parte, Max Cavalera se diz magoado com seu parceiro de longa data, devido as declarações do guitarrista na imprensa. Em entrevista ao Heavy New York, Max comentou a saída de Rizzo e a admissão temporária de Cazares.
“Estou extremamente inspirado, animado e feliz que Dino está fazendo isso conosco. Dino é um velho amigo. Nossa amizade vai de encontro aos primeiros dias do Sepultura vindo para a América. Acredito que nos conhecemos na turnê de Beneath the Remains (1989). Com certeza, durante a turnê de Arise (já) éramos amigos. Ele conta a história melhor, mas teve que lutar comigo sobre a demo tape (do Fear Factory) que tinha Big God nela. Amei. Eu estava ouvindo em seu walkman. Eu não queria lhe devolver e era a sua única cópia. Tivemos que lutar. Ele finalmente conseguiu tirar isso de mim, mas acabei incomodando Monte Conner (executivo da Roadrunner Records) naquela época e dizendo: ‘Você é um idiota se não contratar essa banda’. Acho que até os chamei de ‘o futuro do metal’ naquele tempo. ‘Se você passar adiante, você é um idiota’. E então Monte assinou com eles, e o resto é história, como dizem”, contou.
“Por conta desse vínculo, dessa possibilidade, a situação que aconteceu, precisávamos de alguém para preencher (a vaga) e eu não poderia pensar em alguém melhor do que Dino – musicalmente e como amigo. Porque ainda estamos muito magoados, principalmente pelas coisas que Rizzo tem dito – isso nos machuca muito. E é bom ter um amigo com quem você pode falar sobre isso”.
O comentário de Max Cavalera se refere ao que Rizzo disse na última semana ao Rock Talks, alegando que “não teve apoio do Soulfly” durante a pandemia. “Não houve empréstimos para os membros da banda ou para a equipe”, afirmou. “Isso é apenas a coisa honesta do que aconteceu. Eu tive que voltar e conseguir um emprego diurno. Eu estava reformando minha casa, trabalhando muito, 10 horas por dia. O disco ao vivo do Soulfly foi lançado (em 2020). Eu nunca vi um centavo disso. Então, basicamente nos (primeiros) seis, sete meses de Covid, eu simplesmente disse: ‘Sabe, cara, eu não quero mais isso. Eu dei a vocês 18 anos da minha vida’. E foi um ótimo momento. Nos anos bons, era ótimo. Mas, os últimos oito a dez anos, eu diria que não foram muito bons. (Eu estava) longe da minha família. O agenciamento é uma loucura. Era impossível ter uma vida pessoal, ver minha família, fazer planos com minha família”, contou.
“Prefiro apenas me concentrar em meu projeto solo e passar um tempo com minha família, onde sou feliz, onde recebo meu crédito por tudo o que eu faço. Dediquei 18 anos! É muito, muito tempo para estar na banda. Quando o Covid chegou, me perguntei, ‘o que tenho feito nesses últimos 18 anos?’. Normalmente, você trabalha um dia e recebe apoio durante uma pandemia como o Covid. E eu estava trabalhando muito. Eu estava fazendo encanamento, eletricidade. Por fim, meu bom amigo Nic Bell da Godsize Booking, disse: ‘Ouça, cara, posso colocá-lo de volta na estrada pelos estados da América que estão abertos’. Então, ele me levou para Montana, Texas, Flórida, para fazer meu projeto solo. E eu pude largar meu emprego e voltar a tocar música para viver e ganhar dinheiro. Encho a bola a Nic Bell, porque ele foi uma das poucas pessoas que me apoiaram durante a pandemia e me ajudaram a voltar à estrada. Nenhum apoio de qualquer outra pessoa. Então, é uma coisa positiva. Mais uma vez, estou muito entusiasmado com o futuro”.
Rizzo complementou ressaltando que o dinheiro também pesou na hora de decidir sair do Soulfly. “Eu diria que essa foi uma das (questões) para este ano, sim. Houve anos que foram bons financeiramente, mas este ano – novamente, não houve empréstimos. Não houve ‘Ei, vamos fazer um vídeo ao vivo para ganhar dinheiro para os membros da banda’ ou, talvez, ‘vamos fazer um negócio especial de merchandising’. Muitos dos meus amigos estavam fazendo ofertas especiais de merchandisings. Quer dizer, se você procurar online, o Soulfly não fez nada pelos membros ou pela equipe. Simplesmente, não é certo fazer isso com as pessoas em um momento como este. Então, tanto faz. Eles têm o direito de administrar seus negócios como quiserem, e eu tenho o direito de fazer o que eu quero fazer. Novamente, estou muito animado para fazer meu projeto solo”.
Rizzo mostrou ressentimento com o fato de seus colegas de Soulfly nem sequer terem ligado para ele durante a pandemia para saber como estava. “Nunca recebi um telefone de alguém no campus do Soulfly durante a Covid. Isso simplesmente abriu meus olhos este ano sobre o que eu deveria fazer em 2021. Não falo com Max desde (março) de 2020, quando tocamos no festival “Hell & Heaven” no México. Não tive contato com ele. Não acho que ele tenha um telefone, então não posso liga para ele”.
O ex-Ill Niño Marc Rizzo entrou para o Soulfly em 2004 e gravou todos os álbuns da banda desde então, Prophecy (2004), Dark Ages (2005), Conquer (2008), Omen (2010), Enslaved (2012), Savages (2013), Archangel (2015) e Ritual (2018). Rizzo também integrou o Cavalera Conspiracy, projeto dos irmãos Max e Iggor Cavalera, e gravou todos os quatro álbuns da banda.
Edições avulsas, assinatura física e digital.
Conheça a nossa Roadie Crew Shop – acesse www.roadiecrew.com/roadie-shop
Apoie nosso jornalismo com uma contribuição de qualquer tamanho.
Seu apoio ajuda a continuarmos melhorando o conteúdo do site com entrevistas exclusivas, resenhas de shows, notícias e artigos. Toda contribuição, por maior ou menor que seja, é muito valiosa para nós. Clique em Doações