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MARDUK – São Paulo/SP

Vip Station - 29 de outubro de 2023

Por Samuel Souza

Fotos: Roberto Sant’Anna

A intensa programação de shows em outubro na capital paulista reservou o dia 29, um pleno domingo, para uma avalanche de eventos que atenderam aos mais diversos públicos. Coube à Caveira Velha Produções apostar mais uma vez no lado sombrio da música e, é claro, atrair os aficionados que enfrentaram a chuva e a distância para chegar ao Vip Station, em Santo Amaro. Foi possível perceber e até conversar com algumas pessoas que estavam afastadas dos shows, fato que os suecos do Marduk, o ápice daquela noite, causaram e foram a razão pela qual aquela legião se fez presente.

Nas proximidades, as rodadas de cerveja deram início à diversão da turma das camisas pretas. Dentro do local, poucas almas estavam prontas para prestigiar a primeira banda do line-up, o Funeral Putrid. Devido à boa e ampla estrutura da casa, havia ainda muito espaço disponível. Fundada na primeira metade dos anos 90 e após um longo hiato, o Funeral Putrid retomou suas atividades há menos de três anos e tem marcado presença em muitos eventos recentemente. Gerunda (vocal), Claudio Funerador (guitarra), Victor Magalhães (baixo) e Edvaldo Pepé (bateria) mantêm uma pegada clássica do death metal, revisitando músicas antigas e apresentando material inédito. A maioria dos presentes parecia realmente familiarizada com eles.

Direto de Goiânia, a Luxúria de Lillith tem tocado os sinos do metal negro desde o final dos anos 90, lançando vários materiais, incluindo o álbum “Gehennom” que saiu recentemente pela Mutilation Productions. O trio tem feito alguns shows no interior de São Paulo e apresentou seu ritual sombrio neste domingo, que também faz referência ao vampirismo. Um aspecto peculiar na trajetória da banda é a presença constante de integrantes do sexo feminino. Drakkar, o único membro original remanescente, agora assume o baixo, enquanto Andreia Larakna assume as seis cordas. O público começou a aumentar, e aqueles que estavam presentes puderam apreciar a performance gélida dos goianos.

Nossos vizinhos argentinos do Mortuorial Eclipse fizeram uma breve turnê pelo Brasil, que incluiu o Nordeste, embora tenham tido uma de suas datas canceladas no Maranhão Open Air de São Luís, no Maranhão. O quarteto subiu ao palco exatamente às 18h10, após uma introdução. Tanto visual quanto sonoramente, era evidente a forte influência do Behemoth, com uma certa exageração nos elementos orquestrais, que estavam excessivamente altos e removiam a sujeira característica do black metal, apesar de apostarem em um aspecto mais sinfônico à la Dimmu Borgir. Foram bem recebidos na primeira metade de sua apresentação, mas durante a segunda metade, o público começou a se concentrar nas filas para bebida e nas bancas de merchandising das outras bandas do evento. Sob a liderança do vocalista e guitarrista Nefass, que não parou de agradecer à presença do público (que agora era maior em número), eles revisitaram músicas do álbum “Urushdaur”, sem deixar de tocar a canção/single mais recente, “Among the Servants of Cain”.

Sem nenhum atraso, os cariocas do Grave Desecrator abriram seus caixões profanos às 19h10. Com timbres que remetem à época de ouro do Metal da Morte, eles conquistaram o público imediatamente. Já contam com 25 anos de experiência percorrendo os vales sombrios da música, e mesmo com uma recente mudança em uma das guitarras e no baixo, estavam afiados como lâminas de assassinos em série. Os novos violadores de túmulos, AC Sacrilege e Nathan Wicked, nos respectivos papéis, não deixaram a desejar. A banda apresentou algumas músicas do seu excelente álbum atual, “Immundissime Spiritus”, com destaque para “Fogo Fátuo” e sua ode em português, que mescla vibração feroz e destruidora com a interpretação matadora do vocalista e guitarrista Rafael Butcherazor. Nessa ocasião, ele me lembrou um certo Vândalo possuído pelos espíritos do baixo mundo. Outro destaque é o veterano baterista M. Kult, que mantém a tradição da velha escola em sua forma de tocar, mas também incorpora a brutalidade “atual” ao massacrar suas peles. Coesão sem concessões! Encerraram a catarse vulgar com um sabor de enxofre, executando a clássica “Insult”, música que batiza em sangue um dos melhores discos de death black metal já feitos em terras brasileiras.

Das entranhas malditas do velho Cemitério do Bonfim, os mineiros do Impurity pertencem aos antigos espíritos do black metal nacional. Com uma longa trajetória e inúmeros lançamentos (todos constantemente relançados na gringa), eles retornam a São Paulo trazendo sua sonoridade primitiva, áspera e funébrea. Enfrentaram problemas com o som, o que complicou a performance, mas boa parte da galera presente curtiu mesmo assim. Sem o baixista, o veterano Ron Seth emula o instrumento na pedaleira, enquanto manda riffs sepulcrais nas seis cordas. É um expediente que ameniza, mas quando as partes mais cadenciadas e “melódicas” aparecem, o peso do baixo faz falta! O vocalista Ram Priest é um destaque à parte. Vestido com manto vermelho e capuz preto, entoou insanamente vários clássicos da banda, como “Cemetery Eyes,” “Sabat,” “Lucifer Vomiting Blasphemies Over Christ’s Head” e “The Lamb’s Fury.” Uma teatralidade que faz jus à verve que eles ajudaram a moldar também no estilo aqui no Brasil. Deixaram o palco sob uma chuva de aplausos e o reconhecimento que a ancestralidade mineira representa para o subterrâneo.

Uma longa pausa… A equipe técnica faz os últimos ajustes, a plateia já meio impaciente, e o Marduk inicia às 21h48 o que seria uma das melhores apresentações deles por aqui. Com qualidade de som que faz sangrar os ouvidos e uma densidade absurda, eles começaram com “On Darkened Wings” do clássico álbum “Those of the Unlight,” que completou 30 anos de seu lançamento em outubro. Na sequência, “Viktoria,” com seu clima tétrico e um brinde à eliminação humana, recebeu urros uníssonos da plateia. Cabeças quase foram decepadas com “The Blond Beast,” uma canção feita para quebrar pescoços. Ao longo de sua história, o Marduk soube dosar seu black metal com a grosseria do war metal e com passagens severas de cadência e despedida. Afiados, o quarteto entregou um show violento, sem trégua ou espaço para perdão. Apesar do desgosto dos filhotes do cordeiro cristão, a recepção da audiência correspondeu à altura.

Não poderia faltar “With Satan and Victorious Weapons” do bem popular por aqui, “World Funeral”. Do novo disco “Memento Mori”, lançado há dois meses, eles tocaram apenas “Blood Of The Funeral”. Dos velhos e bons tempos, resgataram a lúgubre “The Sun Has Failed” e a impagável “The Funeral Seemed to Be Endless”. Único membro da formação original, o guitarrista Morgan Håkansson (que reza a lenda tem pedaços do crânio de Dead enviados por Euronymous na época), imprimiu timbres fortes e, apesar de não ser virtuoso ou técnico demais, a maneira como ele extrai essas canções com tanta intensidade e precisão é algo impressionante. Bom, ele estava com a camisa do Amebix, o que já diz tudo sobre isso! Em alguns momentos, o som da casa oscilava de 10 a 20, talvez devido a alguma falha na mesa de som.

Sem nenhum carisma ou afeto, o vocalista Daniel Mortuus cumpriu bem sua função, algo que ele faz com gosto de sangue há um bom tempo. Ninguém estava ali para ver gentileza, mas é curioso que nas conversas pós-show, a galera ainda comenta que sente saudades do antigo vocal, Erik Legion. Preciso, o baterista Simon “Bloodhammer” Schilling já vem fazendo o dever de casa há um tempo também. O baixista da turnê, Simon Wizén, engrossou o caldo. A título de curiosidade, ouçam sua banda Valkyrja. É um exemplo de black metal técnico e pesado! Para encerrar o set, a antiga “Wolves” estourou dos P.A.s, e claro, voltaram para coroar tudo com a nuclear “Panzer Division Marduk”, incinerando de vez o local. Os suecos encerravam, então, sua turnê pela América Latina, deixando a boa sensação de que voltarão em breve.

Fim de espetáculo, com saldo positivo, pelo menos para o público, que, ensandecido, ocupou as ruas para os últimos goles, enquanto muitos seguiram para a estação de trem para não perder a hora, que já passava das 23. A chuva deu uma trégua, e o clima agradável era o convite para desmaiar e encarar uma preguiçosa segunda-feira e semana pela frente.

Marduk – setlist:

On Darkened Wings

Viktoria

The Blond Beast

Beyond the Grace of God

With Satan and Victorious Weapons

Wartheland

Blood of the Funeral

The Levelling Dust

The Sun Has Failed

The Funeral Seemed to Be Endless

Of Hell’s Fire

Throne of Rats

Wolves 

Bis

Panzer Division Marduk

 

 

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