O homem é dono de uma carreira bem extensa e são inúmeros os projetos do qual o vocalista norte-americano Mark Boals participou, sempre acompanhado de músicos do mais alto quilate – Ted Nugent, Uli Jon Roth, Virgil Donati, Tony MacAlpine, Lana Lane, Erik Norlander. E isso sem contar sua passagem pelo Savoy Brown e o ápice com Yngwie Malmsteen, com quem registrou o clássico Trilogy (1986) e os menos badalados Alchemy (1999) e War To End All Wars (2000). Somam a esses números, uma carreira solo com três discos, o gorduroso projeto de Hard Rock Billionaires Boys Club e pontas em álbuns tributos. Rodou praticamente o mundo todo, mas ainda faltava uma visita em especial ao Brasil, que aconteceu pela primeira vez no último dia 1º de outubro (sábado).
O “Rock in Rio”, a grande quantidade de shows próximos, a forte chuva que pegou a todos de surpresa horas antes da apresentação ou simplesmente o fato de (ainda) ser um nome pouco conhecido no Brasil são fatores que podem explicar a fraca presença de público no Blackmore Rock Bar, que pouco passou de uma centena de espectadores. Mas nada atrapalhou o que se viria a seguir.
Faltavam 15 minutos para a meia-noite quando um sonoro “Good evening São Paulo! Tudo bem?” ecoou no perímetro da casa, formalizando a entrada de Mark e sua banda de apoio, formada pelos irmãos Andria (baixo e backing vocals) e Ivan Busic (bateria), do Dr. Sin, o tecladista Bruno Sá e o guitarrista Hard Alexandre (ex-Madgator), alguns dos melhores músicos do Brasil. Com um belo “let’s rock!”, o quinteto iniciou o set com a saborosa Won’t See You Again, dos tempos do Billionaires Boys Club, seguida de Beyond The Dark, do The Codex, outro de seus inúmeros projetos.
A escapada da baqueta das mãos de Ivan na contagem para a entrada de Liar, a primeira das muitas da fase de Boals com Malmsteen, arrancou risos até mesmo dos músicos do palco. Nem precisa dizer que foi cantada por todos, assim como Queen In Love e Fury, ambas do monumental Trilogy.
Diferente de alguns colegas de profissão, Mark mostrou grande forma física e vocal. Muito feliz em ver a alegria dos fãs cantando músicas marcantes de sua vida, não poupou a voz em nenhum instante, nem mesmo quando a execução desafiou seus limites como em Ring Of Fire e na épica Leonardo (Malmsteen), cuja performance emocionou muita gente. Tentou até pronunciar algumas palavras em português, mas logo disse que não era a dele. Foi legal quando apontou para o guitarrista Hard Alexandre e disse que ele estava entre os melhores do mundo, assim como elogiou muito o tecladista Bruno Sá e a cozinha dos irmãos Busic. Ele sabia que tinha à sua disposição o melhor e fez questão de reconhecer isso publicamente.
O solo arrepiante de Bruno Sá, as execuções de Liar (do Seven The Hardway, o mais novo projeto de Boals), The Sails Of Charon (composta pelo guitarrista Uli Jon Roth em sua época no Scorpions), Fly e Broken Heart surgiram como as grandes surpresas do set. Essa última, inclusive, foi tocada pela primeira vez ao vivo. Ainda antes do bis, Magic Mirror colocou os fãs do guitarrista sueco em frenesi.
O esperado bis fechou com uma das mais esperadas da noite, You Don’t Remember, I’ll Never Forget, um dos maiores clássicos de Malmsteen. Foi o ponto final de uma apresentação digna dos mais calorosos aplausos. Quem fechou os olhos por alguns instantes teve a sensação de que estava numa apresentação da época do Trilogy. E não faltaram os elogios. Andria fez questão de dizer que era uma honra tocar com Mark, que além de um dos maiores vocalistas do Hard/Metal Progressivo, era um cara excelente para se trabalhar, enquanto Ivan fez questão de lembrar que Mark era uma influência direta sua. E foi assim. Quem ainda estava no pique (como este que vos escreve), ainda curtiu as homenagens ao Whitesnake e Deep Purple com os shows das bandas Snakebite e Purplestorm, que praticamente tinham a mesma formação.
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