Por Fernando Queiroz
Mais de um ano após sua primeira turnê juntos, que acabou precocemente no Brasil por questões de saúde e sendo adiada para este ano (confira aqui), Tarja Turunen e Marko Hietala já estão no país realizando aqueles shows e mais algumas datas em terras brasileiras, inclusive em São Paulo, onde haverá gravação oficial da apresentação com orquestra no palco. Por conta disso, o ex-baixista e vocalista do Nightwish nos concedeu entrevista em que fala, dentre outros tópicos, sobre sua reaproximação com sua ex-colega, com quem tocou de 2002 a 2005 na banda finlandesa, e deixou aberta a possibilidade de integrar oficialmente a banda solo da cantora, mas citou dificuldades no momento.
Marko, essa turnê, de certa forma, é uma continuação da do ano passado, que teve problemas e boa parte teve que ser cancelada. Mas agora você, além de tudo, está com um álbum novo. Para o seu show, você tentará focar em continuar com a anterior ou será algo diferente, mais voltada para seu último álbum?
Marko Hietala: Bem, essa tour estamos fazendo em formato acústico, abrindo os shows da Tarja, mas colocamos algumas músicas do novo álbum, sim, pois o lançamos há pouco tempo, em fevereiro. Fizemos algumas ótimas baladas nele, que combinam bem com (o formato) acústico, então colocamos no repertório. Também fizemos uma versão assim para Impatient Zero que pareceu funcionar, então acabamos colocando no repertório.
Você está em tour com a Tarja já há algum tempo. Como está sendo diferente o convívio atual com ela em comparação com a época de vocês dois no Nightwish?
Marko: Sabe, acho que esses anos todos trouxeram uma serenidade para nós dois, um maior entendimento de como as coisas foram e de como deveriam ter sido. Então, da minha parte, estou muito feliz que tivemos essa chance de fazer as pazes e começar a fazer as coisas juntos de novo. Porque, no fim… bom, na verdade, todos na banda já falaram que não deveríamos ter deixado a separação acontecer da forma que foi. Para mim, pelo menos, vendo toda a reação da mídia e do público, ficou muito claro logo de cara que não tinha sido algo bom, que foi algo muito público em uma direção só. Eu, hoje em dia, definitivamente entendo que toda história tem dois lados, e se você não tiver a capacidade de falar e escutar as outras pessoas sobre como elas se sentem, acaba brigando por causa de detalhes que no fim das contas não importam. É sobre como a pessoa se sente, e como você aborda a pessoa sobre o problema.
De certa forma, por conta de seu casamento (N.R.: Marko é casado com uma curitibana), você tem uma boa ligação com o Brasil. Dado esse convívio com nosso povo e nossa cultura, além das muitas vezes que tocou aqui, você vê o público brasileiro e latino-americano muito diferente do que você é acostumado na Europa em termos de interação entre músico e fã?
Marko: Sim, tem uma boa diferença! Me parece que aqui na América Latina, em especial na América do Sul, há uma cultura que… acho que as pessoas são mais conectadas à festa, são mais propensas a ficarem bem mais excitadas e animadas – bem diferente dos ‘sofisticados’ (em tom de ironia) do oeste-europeu e dos nórdicos, que sempre ficam naquelas ‘deixa eu ver se é aceitável antes de eu fazer algo’ (risos). Eles não têm essa coisa de entrar de cabeça logo de cara no show.
Bom, é difícil não perguntar isso, nem sei se é algum problema para você falar a respeito, mas muita gente diz, pela internet afora, que você deveria se unir como membro e baixista oficial e permanente da banda da Tarja. Você chega a vislumbrar essa possibilidade em algum momento ou só pretende manter essa parceria da forma que está?
Marko: Mas aí teríamos que demitir caras muito legais! (risos) Peter Barrett, argentino que está fazendo a tour, e depois Doug Wimbish, que é um dos mais reconhecidos baixistas do mundo! Então, isso é algo que eu jamais iria forçar para acontecer, pois realmente gosto desses caras. Isso vai do time deles, se eles realmente sentirem que querem me chamar. Eu definitivamente consideraria entrar se me chamarem, de verdade. Mas eu nunca forçaria isso, pois gosto muito dos caras que estão lá. E acho que eu gosto, também, de ser ‘o mestre da minha própria coisa’ (risos).
Bem, sabemos que haverá uma gravação do show de São Paulo da parte de Tarja. Você pretende usar a oportunidade e gravar o seu show também para algum futuro lançamento ao vivo?
Marko: Sabe, eu nem pensei nisso, para ser sincero. Ficaria difícil agora, teria que ligar mais linhas de áudio, mais interfaces, e tudo mais. Isso é algo bem grande para fazer. Mas, pensando melhor agora, com esse acústico meu e do Tuomas (Wäinölä, guitarrista), é até bem fácil de fazer só tocando mesmo, aí você pede para o cara do som ‘ah, coloca aí para gravar’, e você já tem a gravação no HD. Aliás, muito obrigado pela ideia! Vou realmente falar com nosso engenheiro de som e ver se é possível! Mas em algum outro show, pois eles já estarão todos enrolados com toda a preparação dos equipamentos da banda dela e da orquestra.
Eu, pessoalmente, adoro gravações acústicas!
Marko: Bom saber! Vamos ver se vai ser possível, vou falar com o pessoal hoje mesmo. Obrigado pela ideia!
Tem uma música, The Islander, que é muito particular sua, que todos ouvem e já pensam em Marko Hietala, e muitos sempre se perguntaram como seria essa canção com as partes femininas cantadas pela Tarja. Isso é algo que vocês já conversaram sobre fazer?
Marko: Para ser honesto, eu nunca perguntei a ela se ela aceitaria isso ou não. Eu acho que tem muito uma coisa emocional ali. Mas, sabe? Agora que você mencionou, acredito que é algo que pode ser feito, sim! Vamos ver como vai indo nossa relação, mas também é algo que precisaríamos adicionar aos ensaios, e agora nós já estamos fazendo os shows, tem todo o caos da turnê que sempre é, todos os arranjos que precisaríamos fazer, então não é o melhor momento para tentar.
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