O final da passagem de Marty Friedman pelo Megadeth foi marcado por muito estresse. A banda passava pelo seu período mais polêmico, graças à recepção negativa do álbum Risk (1999).
Em janeiro de 2000, o guitarrista anunciou sua saída do grupo. Agora, ele elaborou mais sobre os últimos dias de turnê.
Em um trecho de sua autobiografia, Dreaming Japanese (via Rolling Stone), Friedman escreveu sobre retornar ao lar antes da última série de shows com o Megadeth. De início, a volta para casa fez bem ao guitarrista, porém algo mudou na véspera de Natal.
Ele contou:
“De repente, meu coração começou a bater forte e uma vez que eu foquei nas batidas, elas se tornaram ainda mais intensa. Parecia que meu coração podia explodir. Eu achei que estava com intoxicação alimentar. Então, eu senti dor demais para pensar. Caí do sofá e não podia me mexer.”
Friedman descreveu seus batimentos como os de um viciado em cocaína prestes a sofrer uma parada cardíaca. A ponto de os músculos de seu peito doerem.
Marty Friedman vai para o hospital
Felizmente, sua esposa Chihiro percebeu que algo estava errado de outro cômodo e chamou uma ambulância para levá-lo ao hospital. O guitarrista conta:
“‘Estou morrendo?!’, eu perguntei para o paramédico. Ele não respondeu. Assim que as portas da ambulância abriram, uma luz forte me cegou e eu imaginei por um segundo se era a luz que pessoas prestes a morrer adentram antes de ver seus entes queridos prestes a guiá-los ao além.”
Era apenas a entrada da emergência. Friedman foi imediatamente medicado. Quando se sentiu confortável o suficiente para falar, perguntou a um dos médicos o que estava acontecendo com ele. A resposta: apenas um ataque de pânico.
“Fiquei aliviado, mas só um pouco. Não tinha certeza se estava ‘bem’. Ondas de terror ainda batiam em mim. Eu sentia como se havia uma corrente elétrica me dando calafrios apesar do quarto estar quente. Eu não parava de tremer.”
Desdobramentos do ataque de pânico
Na manhã de Natal, Marty Friedman ligou para Steve Wood, tour manager do Megadeth, para avisar que ele havia sofrido um ataque de pânico e não sabia se conseguiria fazer os próximos shows. Previsivelmente, o empresário tentou convencer o guitarrista a não tomar uma decisão tão drástica, mas ele estava irredutível depois da noite infernal.
“Eu sei que havia prometido permanecer na banda até março, mas isso não é possível. Não estou tentando me livrar de nada. Eu gostaria de fazer os shows, mas nesse momento nem seu se poderei tocar novamente. Nem consigo andar até o banheiro. Não tem como eu fazer um show.”
Apesar disso, Friedman cedeu e se juntou ao resto do Megadeth no dia 27 de dezembro de 1999 para a continuação da turnê. Chegou ao local do show em Denver incerto se conseguiria tocar de maneira aceitável.
Porém, uma vez que a música começou, ele se surpreendeu.
“Assim que eu comecei a tocar, porém, eu estava em total controle, como se nada tivesse acontecido. Eu me apresentei com agressividade abundante e fiz minhas coisas normais sem problema. Quando me aproximava de David [Ellefson, baixista] ou Dave [Mustaine, frontman] para tocar junto, eles me olhavam estupefatos.”
Isso porque até ali Friedman estava completamente incapacitado. Isso causou suspeita, algo que o guitarrista compreendeu. Entretanto, ele creditou estar de volta ao seu elemento, tocando música em cima de um palco, como o elemento responsável por lhe auxiliar.
Pelo resto dessa série de shows, Marty operou num cronograma separado de seus companheiros. Em parte por causa da emergência médica, mas também para não exacerbar as tensões existentes entre os integrantes e causar outro ataque.
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