Por Écio Souza Diniz
Colaboração: Luiz Fernando Ribeiro
Fotos: Écio Souza Diniz, Marketa Zimova, Lukas Urbanik e Masters of Rock
A cidade estatuária de Zlín, com seus pouco mais de 72 mil habitantes, corresponde também a uma província homônima que constitui um importante centro industrial, comercial e cultural da região da Morávia Oriental, no leste da República Tcheca. Nos arredores de sua província, há diversas pequenas cidades e vilas que caracterizam importantes elementos da cultura tcheca. Dentre essas cidadezinhas, Vizovice, com pouco mais de 4 mil habitantes, se destaca como a principal cidade produtora da Slivovice, bebida alcoólica destilada popular no país, principalmente produzida à base de ameixas. Todavia, não é só de Slivovice que Vizovice se tornou famosa, como também desde 2003 abriga as estruturas, palcos e acampamentos relacionados ao “Masters of Rock”, o maior e mais amplo festival tcheco de rock e metal de diversos estilos, trazendo bandas de progressive rock/metal, hardcore, death metal e até mesmo ska. E nessa edição de 2022, a qualidade crescente do festival se mostrou num cast de peso, contendo os headliners Judas Priest e Nightwish, amparados por outros grandes nomes como Sepultura, Amorphis, Death Angel, Exodus, Testament e vários outros. A ROADIE CREW fez a cobertura do festival e aqui você lerá sobre os shows com maior destaque e resposta do público.
07 de julho de 2022
O primeiro dia do festival, se constituiu primariamente da chegada a Vizovice, procurando um espaço nas áreas de camping entre as numerosas barracas para instalar a nossa própria. Após isso, ainda havia tempo para explorar um pouco a pequena cidade, ter um almoço com a comida local baseada em carne de porco, repolho, batata e ervilhas, e, não menos importante, pegar algumas cervejas indo rumo ao palco principal do festival. Chegamos no meio da tarde para o show do Blues Pills, banda formada em 2011 na cidade de Örebro, e que tem se destacado cada vez mais como um grande nome do rock sueco, além de receber apoio de mídias e de público, demonstrados na repercussão de seus três álbuns de estúdio: Blues Pills (2014), Lady in Gold (2016) e Holy Moly! (2020).
Com sua mistura de hard rock, blues rock e psychedelic rock, a banda, atualmente composta pela vibrante vocalista Elin Larsson, Zack Anderson (guitarra), André Kvarnström (bateria) e Kristoffer Schander (baixo), já chegou levando em alta voltagem as energias do público na primeira tarde do festival. Os falantes das caixas de som mostraram a que veio a banda na execução de Proud Woman e de Bye Bye Birdy, ambas destaques de Holy Moly!. Os outros pontos altos de grande performance dos músicos em sincronia, mas ao mesmo tempo destacando a energia incessante de Larsson, ficaram a cargo das músicas Devil Man, High Class Woman e Little Sun, as três do primeiro álbum autointitulado. No balanço geral, os suecos arrancaram boa participação da plateia em seu show.
O início das atrações da noite, no mesmo dia, ficou a cargo dos finlandeses do Amorphis, já consagrados por sua sonoridade única e diversificada envolta em linhas melódicas e extremas, expressadas em álbuns reconhecidos como Tales from the Thousand Lakes (1994), Elegy (1996), Skyforger (2009), The Beginning of Times (2011), Queen of Time (2018) e o recente Halo (2022). A mescla sonora demonstrada em sua carreira englobando elementos desde progressive, folk, doom e até o death metal tem o respaldo do público tcheco, que participou com considerável atenção durante a execução das músicas. Particularmente, este que vos escreve, um apreciador dessa ótima banda, já tendo visto-a em outros shows, pode lhe dizer que neste em específico Tomi Joutsen (vocals), Tomi Koivusaari e Esa Holopainen (guitarras), Olli-Pekka Laine (baixo), Jan Rechberger (bateria) e Santeri Kallio (teclados) reafirmaram mais uma vez a qualidade de sua performance ao vivo, executando de forma fidedigna o que produzem em estúdio.
Em divulgação do novo álbum, a banda entrou executando a faixa de abertura, Northwards, e ainda deste, destacaram o poderio das novas On the Dark Waters e The Moon. Um momento de entrosamento mais profundo com o público se destacou na belíssima Silver Bride, de Skyforger. Para alegria dos fãs veteranos e adictos do clássico Tales From the Thousand Lakes, eles vieram com tudo na execução de Into Hiding e Black Winter Day. Joutsen salientou mais uma vez como seu alcance e variação vocal entre o limpo e emotivo e o gutural permanece intacto durante o petardo My Kantele, de Elegy, e as magistrais The Bee e Wrong Direction, de Queen of Time. De quebra, a cereja do bolo veio com House of Sleep, de Eclipse (2006).
Também oriundo da Finlândia, o Lordi veio trazer novamente às terras tchecas a irreverência de seu hard rock / heavy metal escancarada em sua face shock rock, com temas de horror cômicos e conotativos sexuais. Atualmente formada por Mr Lordi (vocal), Hella (teclados), Kone (guitarra), Hiisi (baixo) e Mana (bateria), a banda ganhou mais holofotes no cenário mundial com os álbuns Get Heavy (2002) e The Arockalypse (2006), sendo que este último teve a participação de nomes consagrados na cena, como Udo Dirkschneider (U.D.O, ex-Accept), Dee Snider (ex-Twisted Sister) e Bruce Kulick (Grand Funk Railroad, ex-Kiss). Num show repleto de bom humor, a banda destacou momentos de grande resposta do público em faixas clássicas de sua carreira, como Hard Rock Hallelujah, de The Arockalypse, e Would You Love a Monsterman, de Get Heavy. Outros pontos altos do show foram nas execuções das faixas Devil Is a Loser, também de Get Heavy, e Borderline, do mais recente álbum, Lordiversity (2021). Em suma, um show carismático que levantou ainda mais os ânimos dessa primeira noite do festival.
O encerramento desse primeiro dia do festival se deu em grande estilo, com a referência brasileira e mundial que atende pelo nome Sepultura. Mais uma vez a banda forneceu uma apresentação de ótima qualidade e neste show o substituto temporário de Andreas Kisser, Jean Patton (Project 46), mostrou que deu conta da responsabilidade em execuções bem feitas de todas as músicas tocadas. Com uma base de fãs sólida na República Tcheca, um território prolífico de bandas extremas, a banda levantou os punhos da plateia já com a entrada com a clássica Arise, do álbum homônimo de 1991. A maior parte dos clássicos tocados se baseou em Chaos A.D. (1993): Territory, Refuse/Resist, Propaganda e Slave New World. Também deram foco para o Roots (1996), com a execução de Roots Bloody Roots, Cut-Throat e Ratamahatta – esta última trouxe uma energia diferente ao público, que reagiu com entusiasmo ao seu ritmo tropical e de Olodum.
Dos álbuns da era Derrick Green, eles se destacaram na execução de Convicted in Life, de Dante XXI (2006), e a certeira Means to an End, do mais recente Quadra (2020). Vale frisar que o carisma aliado à performance sólida de Derrick ainda é um dos bons destaques dos shows, juntamente com a máquina das baquetas que atende por Eloy Casagrande. Inclusive, no “meet and greet” oferecido pela banda aos fãs no meio da tarde do mesmo dia, eles figuraram entre os mais solicitados e ativos em tirar fotos e fornecer autógrafos. Encerrado com maestria esse primeiro dia do festival pelo Sepultura, era chegada a hora de novamente buscar algo para comer e rumar ao acampamento para preparar as energias para o próximo dia.
08 de julho de 2022
No segundo dia do festival, acordamos para resolver problemas de infiltração de água em nossas barracas, visto que uma chuva inesperadamente um pouco mais intensa veio durante a madrugada. Então, após resolvermos isso e irmos a um dos mercados mais próximos à cidade e à área do evento para nos abastecer de suprimentos básicos, fomos dar uma conferida na destilaria da marca Rudolf Jelínek, uma das primeiras grandes exportadoras judias de destilados kosher em todo o mundo, num ‘tour’ fornecido aos jornalistas presentes pelo promotor do festival, George Daron. Nesse pequeno passeio, foi possível degustar uma saborosa Slivovice típica de Vizovice. Depois disso, tivemos nosso momento de preparar uma “refeição” de festival ao melhor estilo tcheco, baseado em assar salsichas para churrasco e queijo, acompanhado de boa cerveja do tipo lager.
Com o clima novamente oscilando e uma chuva mais significativa que novamente chegou, esperamos um pouco até ficar mais factível permanecer na arena do festival, e então chegamos já com pouco mais da metade do show dos suíços do Shakra em andamento. Formada nos idos de 1996 na cidade de Bern, a banda, atualmente composta por Mark Fox (vocals), Thomas Muster e Thom Blunier (guitarras), Cyril Montavon (baixo) e Roger Tanner (bateria), animou a plateia com seu hard rock em típico estilo europeu, especialmente com o ressurgimento do sol. A banda alcançou grande notoriedade com os álbuns Power Ride (2001) e Rising (2003).
Na sequência, veio o show dos alemães do Pink Cream 69, banda responsável por destacar um certo vocalista chamado Andi Deris, que ficou mundialmente conhecido ao integrar um tal grupo alemão, famoso pelo nome institucional Helloween. Na fase Deris, a banda começou a alcançar relativo destaque com os álbuns Pink Cream 69 (1989) e One Size Fits All (1991), enquanto que na fase do sucessor David Readman, a atenção do público se destacou a partir de Sonic Dynamite (2000). Atualmente formada por Readman, Alfred Koffler (guitarra e backing vocal), Marco Wriedt (guitarra), Roman Beselt (baixo) e Chris Schmidt (bateria), a banda entregou um show entusiasmado, com destaque ao carisma do vocalista. Não foi surpreendente que os pontos altos com maior resposta reativa dos presentes se deu com as excelentes Welcome the Night, do autointitulado primeiro álbum, Talk to the Moon, de One Size Fits All, Lost in Illusions, de Sonic Dynamite, e Shame, do excelente Electrified (1998).
Com uma bela abertura feita pelo Pink Cream 69, agora era hora de uma das grandes atrações da noite, e particularmente uma das mais esperadas por este que vos escreve, o The Dead Daisies. Para quem ainda não associou mentalmente este nome, vale lembrar que se trata ‘somente’ de um dos maiores supergrupos de rock formado nos anos 2000, em Sydney (AUS). Por volta de 2003, o compositor, empresário e aviador David Lowy decidiu criar um projeto que se tornaria um mega grupo praticante de hard rock visceral e genuíno, tendo, até então, contado para isso, com a participação de gente do calibre de Dizzy Reed (Guns N’ Roses), Marco Mendoza (Thin Lizzy, Whitesnake), John Tempesta (The Cult, Exodus, Testament), John Corabi (The Scream, Mötley Crüe), Brian Tichy (Whitesnake, Foreigner, Ozzy Osbourne), Doug Aldrich (Whitesnake, Bad Moon Rising, Dio, Burning Rain, Revolution Saints), Deen Castronovo (Journey, Bad English, Hardline, Ozzy Osbourne, Revolution Saints) e Glenn Hughes (Trapeze, Deep Purple, Black Country Communion).
Com seis álbuns de estúdio na bagagem, destacando entre eles Burn It Down (2018) e Holy Ground (2021), e incluindo o aguardado Radiance, que será lançado no final de setembro deste ano, a banda tem logrado fazer shows lotados ao redor do mundo. Atualmente composto por Lowy e o excelente Doug Aldrich nas guitarras, Brian Tichy (bateria) e o icônico Glenn Hughes (Black Country Communion, Voodoo Hill, ex-Deep Purple, Black Sabbath, California Breed, Trapeze), o grupo entregou o que foi o show mais vibrante do dia. Já na abertura, o quarteto escancarou a contagiante Long Way to Go, de Make Some Noise (2016).
Também se destacaram, inclusive na performance de Aldrich, o petardo Dead and Gone, de Burn it Down, e a faixa-título de Radiance. Até mesmo os covers, afiados e incisivos, com cara própria, de Fortunate Son (Creedence Clearwater Revival) e de Mistreated (Deep Purple), proporcionaram boas doses de alegria com a boa performance do mestre Hughes. Inclusive, se é para falar da atuação de Hughes, é necessário frisar seu desempenho nas viciantes Like No Other (Bassline) e Holy Ground (Shake the Memory), ambas do ótimo Holy Ground. Em poucas palavras: uma aula de rock and roll com classe e maestria.
Para fechar a noite, os italianos do Lacuna Coil vieram trazer ao palco do festival o seu gothic com elementos de alternative metal. Composta atualmente por Andrea Ferro e pela referenciada Cristina Scabbia dividindo os vocais, Diego Cavallotti (guitarra), Marco Coti Zelati (baixo e teclados), Richard Meiz (bateria), Ryan Blake Folden (bateria em turnê), a banda ganhou grande repercussão mundial a partir do álbum Comalies (2002) e sua principal faixa, Heaven’s A Lie e seu videoclipe. A atuação de Scabbia neste show se mostrou sólida, o que é impressionante, considerando que ela recentemente completou 50 anos.
Na atual turnê, a banda ainda promove o mais recente álbum, Black Anima (2019), então houve foco em suas faixas mais densas: Sword of Anger, Reckless, Apocalypse, Veneficium, Layers of Time e Now or Never. Contudo, o ponto alto e com maior participação do público – como seria esperado -, veio no medley composto pelas faixas Our Truth, de Underworld: Evolution (Original Motion Picture Soundtrack), de 2006, House of Shame, de Delirium (2016) e Heaven’s A Lie. De Delirium, a banda ainda executou a faixa-título e My Demons. Embora o maior foco em Black Anima e menos material dos álbuns mais antigos não permitiu interação expressiva e constante do público, o show foi bem recebido e executado, tendo ao final um saldo positivo. Findado o show, era hora novamente de comer algo e ir descansar para o próximo dia que seria bastante cheio.
09 de julho de 2022
O terceiro dia do festival começou apresentando novamente ameaças de chuva, e teve alguns picos mais ao fim da tarde e à noite, mas isso não foi impedimento para irmos apreciar esse dia repleto de excelentes bandas. Assim, aterrissamos primeiramente no show da Nervosa, atualmente ainda divulgando seu mais recente álbum, Perpetual Chaos (2021). Após a reformulação em 2019, decorrente da saída de Fernanda Lira (baixo e vocal) e de Luana Dametto (bateria), para formarem a banda de death metal Crypta, a guitarrista e única remanescente original, Prika Amaral, levou em frente sua missão de continuar firme a jornada. Para isso, Prika recrutou outras integrantes de diferentes países, que agregaram um refresco e um aumento de qualidade à sua sonoridade: Diva Satanica (Espanha; Bloodhunter), nos vocais, Mia Wallace (Itália; Abbath, Niryth), no baixo, e a jovem e sagaz Eleni Nota (Grécia; Lightfold), na bateria.
Em pleno sol do meio-dia, elas conseguiram levantar o público para agitar com seu thrash metal ríspido e direto. Embora elas tenha executo muito bem excelentes faixas mais antigas, como Masked Betrayer, da demo de 2012, Into the Moshpit, de Victim of Yourself (2014) e Kill the Silence, de Downfall of Mankind (2018), como esperado o foco seria em músicas de Perpetual Chaos, para as quais demonstraram uma ótima performance. Só para começo de conserva, já abriram chamando a atenção dos presentes com a agressiva e ‘mid tempo’ Kings of Domination. Do referido álbum ainda executaram de forma impecável as poderosas Genocidal Command e a faixa-título, além das ótimas Time to Fight, Blood Eagle, Rebel Soul, Guided by Evil e Under Ruins. Notavelmente, um show bem recepcionado pelo público e com devido mérito.
Em seguida, vieram os noruegueses do Trollfest, com seu folk metal descompromissado e hilariante. Afinal, convenhamos, o “relaxo” tem de ser dos grandes para uma banda trajar todos os músicos em roupas cor-de-rosa de flamingos e ainda mandar ver no palco. Não à toa, receberam o título de “roupas mais ridículas do festival”. Na verdade, a roupa de flamingo é somente uma demonstração visual de seu novo álbum, Flamingo Overload (2002). Embora, não seja lá um grande apreciador da pegada musical da banda, devo admitir que foi um show divertido e que teve um ótimo respaldo do público. O que importa é que a multidão fez a festa ao som de músicas do novo álbum, como Dance Like a Pink Flamingo, All Drinks on Me, Twenty Miles An Hour e Piña Colada. Ainda teve o ápice da ‘zoação’ que foi o cover para Toxic, de Britney Spears, celebrado pelos presentes.
Depois de uma saída para preencher o estômago novamente, ao voltarmos já era hora do primeiro dos medalhões do thrash metal da Bay Area que se apresentariam no festival, o Death Angel. Como esperado, Mark Osegueda (vocal), Rob Cavestany e Ted Aguilar (guitarras), Damien Sisson (baixo) e Will Carroll (bateria) brindaram os presentes com um show consistente e que já levantou as primeiras rodas de moshpit mais significativas do dia. A única reclamação a ser feita foi o horário reduzido da banda no palco em relação ao programado, o que, admito, não entendi muito bem a razão. De todo modo, foi ótimo ouvir execuções bem feitas de clássicos como Evil Priest e Voracious Souls, ambas de The Ultra-Violence (1987), Seemingly Endless Time, de Act III (1990). Ainda tocaram as excelentes The Dream Calls for Blood, do homônimo álbum de 2013, The Moth, de The Evil Divide (2016), a faixa-título do mais recente álbum, Humanicide (2019), e Thrown to the Wolves, de The Art of Dying (2004).
Para dar uma pausa na paulada thrash metal, era hora de chafurdar no universo stoner com mesclas de sludge e doom metal dos, também californianos, do High On Fire. Assim, o veterano Matt Pike (guitarra e vocal), juntamente com Jeff Matz (baixo) e Coady Willis (bateria; Big Business), não decepcionou e entregou um show denso e nervoso. Parte dessa densidade, talvez ainda mais fomentada pela inquietude, e, claro, aborrecimento de Pike com alguns problemas técnicos aqui e ali na transmissão de distorção do seu pedal de efeito. Contudo, nada que ofuscasse o valor da execução de faixas do quilate de Turk e de Cyclopian Scape, ambas de Death Is This Communion (2007) e Spewn From the Earth, do mais recente álbum, Electric Messiah (2018), além das pérolas Baghdad e Blood From Zion, do debut The Art of Self Defense (2000).
Toda essa densidade sonora do High on Fire daria lugar para a atmosfera mais “alegre” do heavy metal melódico e hard rock (com pitadas de AOR) dos alemães do Axxis. A veterana banda, dotada de álbuns de grande repercussão e vendagem, como o debut Kingdom of the Night (1989) e The Big Thrill (1993), mostrou um desempenho que resultou numa vibe agradável e envolvente de seu show. Assim, Bernhard Weiß (vocal), Matthias Degener (guitarra), Rob Schomaker (baixo), Dirk Brand (bateria) e Harry Öllers (teclado) entregaram um show com bastante carisma. O alcance vocal de Weiß se mantém intacto e ainda não mostrou sinais de cansaço, mesmo após décadas. As músicas executadas percorreram a discografia da banda, indo desde seus sons mais antigos e famosos, como a faixa-título e Living in a World, de Kingdom of the Night, Little War, de The Big Thrill, e Little Look Back, de II (1990), passando por destaques dos anos 2000, como a balada My Little Princess e Heaven in Black, de Back to the Kingdom (2000), Heavy Rain, de Utopia (2009), até a faixa-título do mais recente álbum inédito de estúdio, Monster Hero (2018).
Na esteira da vibe relaxante preparada pelo Axxis, os escoceses do Alestorm, já de longa data bastante queridos pelo público tcheco, aportaram no palco do festival com seu bem humorado folk/power metal com temas de pirataria, aventuras e festas. Com uma recepção nos mesmos naipes, porém maior que o Trollfest, Christopher Bowes (vocal e teclado), Máté Bodor (guitarra), Gareth Murdock (baixo e backing vocal), Peter Alcorn (bateria) e Elliot Vernon (teclado e backing vocal) trouxeram novamente o clima de “relaxo”, que ganhou os presentes – Será que o tcheco se identifica com o relaxo? (risos). Com um show lotado, a banda executou faixas do novo álbum, Seventh Rum of a Seventh Rum (2022), como a faixa-título e Magellan’s Expedition, mas também percorreu a discografia em sons como Nancy the Tavern Wench, do debut Captain Morgan’s Revenge (2008), Keelhauled, de Black Sails at Midnight (2009), Shipwrecked, The Sunk’n Norwegian e Rumpelkombo, de Back Through Time (2011), Drink, de Sunset on the Golden Age (2014), Mexico, Alestorm e Fucked with an Anchor, de No Grave But the Sea (2017), Pirate Metal Drinking Crew, de Curse of the Crystal Coconut (2020).
De volta a uma sonoridade “mais séria”, a bola da vez ficou a cargo da ótima apresentação perpetrada pelos suecos do Gotthard, com seu hard rock de ótima qualidade e bom gosto. E que performance de dar gosto de ver a de Nic Maeder (vocal), Leo Leoni e Freddy Scherer (guitarras), Marc Lynn (baixo) e Flavio Mezzodi (bateria). Na estrada para promover seu mais recente álbum, #13 (2020), que indica exatamente seu 13° álbum de estúdio desde o debut autointitulado Gotthard (1992), eles não brincaram em serviço e afiaram o público nos seus riffs marcantes. A performance de Maeder, típica dos clássicos frontmen do estilo, juntamente com seu timbre vocal, se destacaram, embora a sincronia dos demais músicos não ficou por menos. De #13 eles entregaram bem executadas as ótimas Every Time I Die e 10.000 Faces. Mas os destaques à parte ficaram a cargo da vibrante Top of the World (Human Zoo, 2003), da pesada Master of Illusion (Domino Effect, 2007), da pegada ligeiramente bluesy de Starlight (Firebirth, 2012), da direta e cortante Mountain Mama (Gotthard, 1992) e da “pegajosa” Anytime Anywhere (Lipservice, 2005). De quebra, ainda tocaram um excelente cover, com a cara Gotthard, para Hush (Deep Purple). Pronto: eles cumpriram muito bem seu trabalho e deixaram a área pronta para os mestres veteranos da noite e principal atração dessa edição do festival que viriam a seguir: Judas Priest.
O que se poderia esperar de um show de uma banda que está a nada mais nada menos do que 50 anos na estrada executando o mais puro e genuíno heavy metal? Obviamente, as expectativas de ver o Judas Priest nessa turnê de celebração de cinco décadas na ativa gera expectativas generalizadas, especialmente considerando a troca (há cerca de oito anos) do guitarrista K.K. Downing por Richie Faulkner (ex-Deeds, ex-Christopher Lee, ex-Lauren Harris, ex-Voodoo Six) e a substituição do lendário Glenn Tipton por Andy Sneap (ex-Sabbat, Hell, Hydra, Godsend) nas turnês. Todavia, isso não necessariamente se constitui em um problema, visto que a escola Priest é uma só e muito bem amparada pelos mentores Rob Halford (vocal), Ian Hill (baixo) e Scott Travis (bateria). Mesmo já tendo assistido outros ótimos shows da banda, como, por exemplo, o realizado no “Wacken”, de 2015, que gerou o álbum ao vivo Battle Cry (2016), devo dizer que este show teve para mim um gosto especial e de certo modo nostálgico – em breve você entenderá o porquê…
Vamos começar falando da soberba estrutura de palco dessa turnê, que logo mostrou seu efeito no gradual acender das luzes com a instrumental Battle Hymn, de Painkiller (1990), evidenciando a estrutura metálica de iluminação no formato do famoso tridente, que é parte do logotipo da banda. De repente, os riffs cortantes de One Shot at Glory, essa também de Painkiller, ecoam pela arena do “Masters of Rock” e assim se pode entender a energia que iria se alastrar pelo restante do show. Em seguida, temos a pegada ‘bangeante’ da excelente Lightning Strike, de Firepower (2018), que não deu descanso e já emendou num dos petardos do Priest, You’ve Got Another Thing Comin’, de Screaming For Vengeance (1982).
Para alegria dos fãs mais veteranos e apreciadores das faixas, digamos, menos cotadas da banda, entra pelos falantes dos P.As. a rapidez de Freewheel Burning, do ótimo Defenders of the Faith (1984), que mostrou como Halford, apesar de seus quase 71 anos de idade, ainda dá conta do recado e com capacidade vocal respeitável. Para dar uma amenizada na pauleira e também relembrar a fase mais comercial da banda, eles entram em cena com a marcante e prazerosa Turbo Lover, do contestado Turbo (1986), que foi recebida com uma reação estridente dos tchecos. Claro que o descanso foi breve, pois era hora de preparar os ouvidos e pescoço para bater cabeça e gritar junto com Hell Patrol, uma das grandes maravilhas de Painkiller, que salientou a unidade competente de guitarras formada por Faulkner e Sneap, além de, claro, o poderio bélico do tanque de guerra Scott Travis.
Agora, era vez da afiada The Sentinel, também de Defenders…, outra excelente faixa dentre as pouco tocadas da banda, na qual Faulkner e Sneap também mostraram bem sua sincronia na divisão dos solos. Porém logo era hora de “meditar” ao som de um “épico” sem tamanho da discografia da banda, Victim of Changes, de Sad Wings Of Destiny (1976), na qual a banda, principalmente Halford, aproveita para delongar a música e entrosar com o publico. Após essa viagem sonora, eles nos brindaram com dois famosos covers que gravaram no passado: The Green Manalishi (With the Two Prong Crown), do Fleetwood Mac (gravada em Hell Bent For Leather, de 1979) e a cadenciada Diamonds and Rust, de Joan Baez (gravada em Sin After Sin, de 1977). A faixa-título de Painkiller veio em seguida para arrasar quarteirão e fechar a primeira parte do show.
Após breve pausa, retornam ao som da instrumental The Hellion, de Screaming For Vengeance, a banda entra executando um de seus carros-chefes (do mesmo disco), Electric Eye, na qual todos os músicos soavam como uma unidade sonora. Ainda zonzos pelos riffs, nossa atenção se desviou para a clássica entrada de Halford ao palco em sua motocicleta para a execução da faixa-título de Hell Bent For Leather. Infelizmente, como tudo tem prazo de validade, o show se aproximava do final e eles o encerraram com excelente performance em dois clássicos de British Steel (1980): Breaking the Law e Living After Midnight. Depois desse relato, que você observou conter clássicos e também faixas pouco usuais, que fizeram parte do setlist, consegue entender o por que de eu dizer que foi um show especial? O título de “Metal Gods” para o Priest permanece intacto!
10 de julho de 2022
Descansados do dia anterior, que foi cheio de ótimos shows, principalmente o fantástico do Judas Priest, era hora de ir buscando as reservas de energia para o último dia do festival, que prometera trazer “terremotos sonoros”. Mas antes da devastação sonora começar, fomos aproveitar nossa pausa para almoço e abastecer as canecas de cerveja. Daí então, chegamos para um dos shows diferenciados do festival, a banda austro-francesa-italiana Visions of Atlantis acompanhada da Bohemian Symphonic Orchestra Prague (Orquestra Sinfônica Boêmia de Praga). Em turnê de divulgação do novo álbum, Pirates (2022), a banda, atualmente composta por Michele “Meek” Guaitoli (vocal masculino), Clémentine Delauney (vocal feminino), Christian Douscha (guitarra), Herbert Glos (baixo) e Thomas Caser (bateria), forneceu um espetáculo de qualidade, acompanhada pela orquestra regida pelo maestro Martin Šanda.
Eles realmente acordaram o público com seu symphonic metal no início daquela tarde de domingo ao explorar com grande qualidade os materiais de seus álbuns mais recentes, The Deep and The Dark (2018), Wanderers (2019) e Pirates, enquanto renunciavam a quaisquer retrocessos para álbuns mais antigos. De Pirates executaram Master the Hurricane, Clocks, e a bombástica Legion of the Seas, mas foi com a semi-balada Melancholy Angel que o público se rendeu e pulou junto. Ainda se destacaram as execuções poderosas e com classe da balada Nothing Lasts Forever, de Wanderers, e a faixa-título de The Deep and the Dark. Um show versátil, bem estruturado e com boa dinâmica, que preparou terreno para os veteranos do metal sinfônico que encerrariam a noite e o festival, o Nightwish.
Obviamente que não é só de orquestra que vivemos, e era agora de preparar o corpo para o arrastão que viria numa sequência só com Kataklysm e os medalhões da Bay Area do thrash metal, Exodus e Testament. A primeira cacetada certeira veio com os canadenses do Kataklysm e seu o melodic death metal. A banda, composta por Maurizio Iacono (vocal), Jean-François Dagenais (guitarra), Stéphane Barbe (baixo) e James Payne (bateria) entrou com tudo, continuando a divulgação do seu mais recente álbum, Unconquered (2020). Eles mandaram ver em seus sons de destaque desse álbum: Underneath the Scars e Focused to Destroy You – essa última levantou as primeiras grandes e volumosas rodas de mosh desse dia. Dentre as faixas de outros álbuns que executaram e mantiveram as rodas girando, destacaram-se Like Angels Weeping (The Dark), de In the Arms of Devastation (2006), As I Slither, de Serenity in Fire (2004), e Elevate, de Waiting for the End to Come (2013).
A avalanche thrash que atende por Exodus, famosa pelos moshpits e “walls of death” (muros da morte em tradução livre, que simboliza a divisão do público como em duas frontes de batalha que se chocam em seguida) em seus shows, chegou sem dar descanso. Nesse show, a banda, atualmente composta por Steve “Zetro” Souza (vocal), Gary Holt (guitarra), Jack Gibson (baixo), Tom Hunting (bateria) e o guitarrista Brandon Ellis, do Black Dahlia Murder – temporariamente substituindo Lee Altus -, veio realmente para mostrar o que é uma aula de thrash da velha guarda. Se teve um show que não deu um momento de sossego e com rodas de mosh foi esse. E, senhoras e senhores: que show! Para começo de conversa, falemos do ótimo ‘backdrop’ com a belíssima arte de capa do mais recente álbum, Persona Non Grata (2021), do qual eles já entraram impiedosamente no palco arrebentando tudo com The Beatings Will Continue (Until Morale Improves). Desse excelente álbum, eles ainda nos presentearam com as certeiras Clickbait e The Years of Death and Dying.
Contudo, não preciso dizer que uma sequência seguida da clássica A Lesson in Violence, do absoluto Bonded By Blood (1985), e da faixa-título de Blood In, Blood Out, rendeu um estrago maior. Na faixa-título de Blood In…, possivelmente muitos que eu via estarem atentos, pensavam algo do tipo, ‘como esse desgraçado canta!’, visto o tamanho alcance e consistência vocal de Zetro, mesmo após tantos anos de estrada. Aliás, de Bonded By Blood ainda fomos acertados na cara com a eterna faixa-título, e também com And Then There Were None e Strike of the Beast. Para apreciadores da fase da banda na primeira metade dos anos 2000, eles executaram a ótima Deathamphetamine, de Shovel Headed Kill Machine (2005). Mas você acha que parou por aí o arrastão? Se engana, pois ainda tiveram golpes incisivos lançados com as cortantes, viscerais e intrépidas Only Death Decides, de Impact is Imminent (1990), e The Toxic Waltz, de Fabulous Disaster (1989). Simplesmente um show de tirar o fôlego, além de um dos melhores dessa edição do festival.
Mal deu tempo de recuperar as forças exauridas com o Exodus, e os seus compatriotas do Testament já estavam entrando em cena. Chuck Billy (vocal), o lendário baixista Steve DiGiorgio (ex-Control Denied, Death, Memorain, Sadus e Sebastian Bach), a icônica e afiada dupla Eric Peterson e Alex Skolnick (guitarras) e Dave Lombardo (bateria; Misfits, ex-Slayer, Suicidal Tendencies e outros) vieram para mostrar como fazer um thrash metal consistente, pesado e bem lapidado. Inclusive, esse foi o forte do show: a conhecida técnica das músicas do Testament. Embora tenha rolado uns bons moshs, a proposta deles em relação ao Exodus obviamente é diferente, mesmo que seja da mesma cena e época. Todavia, em momento algum se engane achando que o show não tenha sido bom o suficiente. Ao contrário, foi algo para se apreciar cada detalhe e momento. Os arranjos visuais do palco baseados na excelente arte de capa do mais recente álbum Titans of Creation (2020) deu um toque especial ao show, especialmente nas partes de execução de solos e partes mais intrincadas e progressivas das músicas.
Chuck Billy & cia entraram sem aviso prévio, a plenos pulmões com Rise Up, de Dark Roots of Earth (2012), que já emendou na clássica e eterna faixa-título de The New Order (1988). Lombardo arregaçou as mangas em seguida na agressiva The Pale King, de Brotherhood of the Snake (2016) e na brutal Children of the Next Level, de Titans… Em um momento de ótima interação com o público, Billy, que ainda tem uma voz invejável, introduz o petardo, a faixa-título de Practice What You Preach (1989). O público mostrou uma resposta muito positiva para outras pancadas de Titans of Creation, WWIII e Night of the Witch.
Para fãs do álbum The Gathering (1999) – como este repórter -, eles entregaram, magistralmente, as faixas True Believer e D.N.R. (Do Not Resuscitate). Os clássicos que levantaram ainda mais a energia e também ressuscitaram os cansados foram a incontestável Over The Wall e Into the Pit, de The New Order (1988), a intrincada faixa-título de Souls of Black (1990) e a rispida First Strike Is Deadly, do primeiro álbum, The Legacy (1987). E foi desse álbum que veio o belíssimo fechamento, com a hipnótica Alone in the Dark. Por todas essas e outras aqui mencionadas, o Testament figura entre minhas bandas favoritas da Bay Area.
Sem dúvida, a grande maioria do público já estava com a carcaça cansada por ser o último dia do evento, especialmente depois da impiedosa tríade Kataklysm-Exodus-Testament. Mas conseguiu reativar energia para os fechadores desta edição do festival, o Nightwish. Certamente, essa banda finlandesa dispensa apresentações para quem é fã de symphonic metal ou até mesmo metal melódico em geral. Todavia, Floor Jansen (vocais), Tuomas Holopainen (teclados, piano e sintetizadores), Emppu Vuorinen (guitarras), Kai Hahto (bateria), Troy Donockley (vocal, Uilleann pipes, Tin whistle, Bouzouki, Bodhrán), acompanhados por Jukka Koskinen (Wintersun) como baixista de turnê, em substituição a Marco Hietala, que deixou a banda no início de 2021, se mostraram capazes de reafirmar a razão de ainda serem referência no estilo. Afinal de contas, não se poderia esperar menos de uma banda que ao longo de quase três décadas trouxe inovações e cravou na história do metal álbuns como Wishmaster (2000), Century Child (2002), Once (2004), Imaginaerum (2011) e Endless Forms Most Beautiful (2015). Ao longo desse trajeto, a banda revelou a grande diva do estilo, Tarja Turunen, em seguida a também competente Anette Olzon (The Dark Element), e recolocou em grandes palcos a excelente Floor Jansen, que já tinha seu histórico no After Forever e depois no ReVamp.
Obviamente que Jansen agregou um leque de possibilidades ainda maior para a banda, aumentando crescentemente a qualidade de seus shows e composições. Isso fica claro quando se assiste a um show apoteótico das turnês recentes do Nightwish. Floor não somente tem uma voz de grande alcance e versatilidade, mas também uma incrível presença de palco. Visto que o foco da atual turnê ainda é a divulgação do mais recente álbum, Human. :||: Nature (2020), que foi adiada devido a pandemia, a entrada se deu com a belíssima Noise. Do mencionado álbum também tocaram as ótimas e dinâmicas Tribal, Shoemaker e a folk e emocionante How’s the Heart?.
Como você já deve imaginar, os clássicos da fase Tarja seriam agraciados e muito bem recebidos. Dito e feito! A banda fisgou à todos com Dark Chest of Wonders, Nemo e Planet Hell, de Once, e a linda balada Sleeping Sun, de Wishmaster. Da fase Anette, eles nos agraciaram com as excelentes I Want My Tears Back, Last Ride of the Day e Storytime, do ótimo Imaginaerum. Mas, sem dúvida, os pontos altos do show ficaram a cargo da beleza melancólica de Élan, de Endless Forms Most Beautiful, e o fechamento com a incrível e profunda Ghost Love Score, seguida pela épica e apoteótica The Greatest Show on Earth, também de Endless Forms… Especialmente essa última, garantiu um show à parte, visto sua variação complexa e dinâmica, e muito bem conectada, aliada a impressionantes efeitos de luzes, típicos dos shows da banda. A única coisa que certamente outras pessoas – assim como eu – sentiram falta, foi o carisma e os vocais de Marco Hietala, porém, felizmente, o multi-instrumentista Troy Donockley está fazendo um trabalho admirável fornecendo bases com backing vocals para Floor, além de preencher de modo suficiente as lacunas. Apesar disso, como esperado, o Nightwish veio, entregou o que todos esperavam e fechou honrosamente a edição 2022 do “Masters of Rock“.
Agora que você já sabe um pouco mais de como são a estrutura e os shows de um dos principais festivais de metal e rock da República Tcheca, pode se planejar para a próxima edição, aproveitando a época dos festivais do verão europeu. Mas se você não gosta ou não pode viajar no verão e ainda quer aproveitar para conferir esse festival em sua edição de inverno, ainda terá uma versão menor do mesmo na cidade de Zlín, no dia 31 de dezembro de 2022, que trará as bandas HammerFall, Chris Bay, Serious Black e outros. O cast final ainda está por ser definido. Confira mais informações aqui.
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