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MAX & IGGOR CAVALERA – Rio de Janeiro/RJ, 1º de novembro de 2018

Alguém anotou a placa? Este era o sentimento do público que compareceu em bom número ao Circo Voador naquela quinta-feira, véspera de feriado. Escorados por Marc Rizzo (guitarra) e Mike Leon (baixo), também integrantes do Soulfly, Max e Iggor Cavalera passaram por cima de todo mundo, sem dó nem piedade, ao revisitar canções de “Beneath the Remains” (1989) e “Arise” (1991). Curiosamente, a união dessas joias lapidadas com o Sepultura resultou numa apresentação bem superior àquela que teve “Roots” (1996) tocado na íntegra, em dezembro de 2016. E para isso contribuiu não apenas o repertório, mas principalmente a energia dos irmãos Cavalera: enquanto o Iggor tocou com pegada e vontade que há muito tempo não se via, Max estava lindamente possuído pela energia que emanava na casa.

Energia que se fez presente logo de cara. Pudera, como resistir a uma abertura com “Beneath the Remains” e “Inner Self”? A catarse inicial ganhou forma em rodas insanas e nas muitas vozes que, regidas por Max, cantavam os refrãos. Dos clássicos que, principalmente o segundo, até hoje se fazem presentes nos shows dos irmãos ou do Sepultura, mas o mais interessante da noite eram as músicas que raramente (e infelizmente) ganham uma chance fora de turnês específicas. Como esta chamada de Return Beneath Arise. Assim, foi especial reviver “Stronger Than Hate” e seu refrão preciso; cantar “Mass Hypnosis” já no comecinho, sob o ritmo do bumbo; e, mais do que qualquer coisa, bater cabeça com a espetacular “Slaves of Pain”, uma das maiores criações da formação clássica do Sepultura. Que riff e refrão fabulosos!

“Abre a roda, porra!”, bradou Max antes de “Primitive Future”. E abriu-se a roda, que virou trenzinho na introdução pré-gravada de “Arise” para se transformar, já com a fúria sonora sendo despejada, numa roda de proporções ainda maiores. “Puta que pariu, Rio de Janeiro!”, agradeceu Max, com um sorriso infantil no rosto – sim, de alegria infantil de quem guarda boas e antigas memórias daquele palco: desde 1987, quando o Sepultura saiu do Caverna II para lançar “Schizophrenia” no Circo Voador. Os gritos de “Cavalera! Cavalera!” antecederam a obviamente ovacionada “Dead Embryonic Cells”, mas mostraram mesmo como é bom escutar as duas pérolas que abrem “Arise” sem que elas virem uma única canção. Não cansa nunca.

“Essa é uma das minhas favoritas”, disse o vocalista e guitarrista ao anunciar “Desperate Cry”, outro clássico extraído do quinto trabalho gravado com o Sepultura. E uma das favoritas dos fãs, também. A rigor, as três principais músicas de “Arise” foram apresentadas em sequência, mas é louvável que o pique não tenha caído com as duas canções que vieram a seguir. Começando por “Altered State”, na qual um alucinado Max agitou como nos velhos tempos diante de uma congregação que obedeceu rapidamente o pedido de “mãos para cima”. E veio “Infected Voices”, “uma porrada só que está lá no finzinho de ‘Arise’, então abre a roda, Hell de Janeiro!”. E abriu-se a roda, mais uma vez, num clima que já não contagiava apenas uma banda afiadíssima no palco – fiel escudeiro de Max, o ótimo Rizzo ganhou uma companhia à altura em Leon, que agitava sem parar. Só que olhos mais atentos percebiam, no canto esquerdo do palco, a matriarca Vania Cavalera vibrando a cada instante. No lado direito, atrás da parede de amplificadores, havia até roadie tocando até ‘air drums’…

Àquela altura, vários fãs tinham subido no palco para mergulhar de volta na pista, por vontade própria ou com uma mãozinha da equipe técnica. Em “Orgasmatron”, porém, um fã pediu para não ser devolvido involuntariamente, e Max, ao perceber, o puxou para perto, o abraçou e cantou com ele o refrão do clássico do Motörhead que o Sepultura tomou para si há quase 30 anos. Antes do ‘stage diving’, como forma de agradecimento, o fã se ajoelhou aos pés de do guitarrista e vocalista, que ouviu os gritos de “Pula! Pula!”… “Vocês me seguram? Na boa mesmo? Eu tô gordão!”, brincou Max, atacando de frontman apenas com o microfone em mãos: “Lemmy vai ouvir vocês lá de cima ou lá de baixo”. Foi a deixa para uma versão arrebatadora de “Ace of Spades”, e o saudoso Lemmy não apenas ouviu os fãs se esgoelarem. Ele viu Max se jogar na plateia e ser devolvido ao palco depois de um seguro crowd surfing. Antológico.

“Se vocês querem mais, então têm que gritar!”, e os fãs deram um jeito de encaixar “Cavalera” no tradicional “Olê! Olê! Olê”. Não que tenha sido isso a razão para a banda voltar, mas ajudou a melhorar ainda mais o clima de um bis que não foi nada protocolar. Foi matador. Tão matador que a genial “Troops of Doom” foi uma entrada de luxo. “O bicho vai pegar!”, disse o mestre de cerimônias e entidade do metal nacional. E pegou. Prato principal, “Refuse/Resist” contou com fã cantando sozinho parte da letra, com a permissão de Max, e um ‘wall of death’ lindo de ver. Sobremesa, “Roots Bloody Roots” eletrificou o Circo Voador e fez Max resumir o que estava acontecendo: “Que noite maravilhosa, Rio de Janeiro!”. Dá tempo para um cafezinho? Então toma um rápido medley de “Beneath the Remains” com “Arise” para fechar uma noite memorável. Poucas vezes as lembranças de um passado foram tão presentes e atuais.

Vale registrar que a festa começou com a apresentação do paulistano Endrah e terminou com o show do carioca Enterro. Formado por Relentless (vocal), Covero (guitarra), Adriano Vilela (baixo) e Henrique Pucci (bateria e aniversariante do dia), o Endrah apresentou seu deathrashcore num show para um público que ainda chegava ao Circo Voador. Com pouca gente no local, a recepção foi fria, mas atenta ao som técnico e cheio de convenções instrumentais – algumas vezes, com informações até demais – do quarteto. Mas os aplausos ao fim foram merecidos, até pela ótima performance de Relentless, que não para quieto um segundo.

O Enterro deveria ter tocado na sequência, mas o cronograma fez com que o equipamento do grupo começasse a ser desmontado a tempo de os irmãos Cavalera começarem a tocar no horário previsto (22h30). E sabe o mais legal de tudo? Não teve mimimi, treta ou vitimização. “Gostaria que vocês ficassem mais um pouco para ver uma banda que gosto muito, o Enterro. Eles não puderam tocar antes, mas vão fazer o show agora”, disse Max antes de deixar o palco. Muita gente ficou, e Kaffer (baixo e vocal), Doneedah (guitarra) e Cävaal (bateria) – Ozorium (guitarra) não pôde ficar, por isso a banda se apresentou como trio – fizeram uma apresentação pesadíssima para mostrar seu black metal (com death, diga-se) a um público cansado, mas que encontrou forças para agitar.

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