O maior festival intinerante de Metal da atualidade nos Estados Unidos, graças ao hiato do “Ozzfest”, chegou à sua quarta edição contando com vinte e sete shows – sendo um no Canadá – e um cast que pôde agradar a gregos e troianos. Ainda assim, o In Flames foi obrigado a cancelar a sua participação no “Mayhem Festival”, fato que deixou alguns fãs meio irritados. O último show do evento foi realizado em West Palm Beach, tendo um anfiteatro como palco principal e dois palcos montados lado a lado no estacionamento do local. Enquanto as bandas de abertura se revezavam nos palcos Revolver Stage e Jägermeister Mobile Stage, acontecia um ótimo show acrobático do Metal Mulisha, uma equipe de motociclismo estilo livre que impressionou os presentes.
As apresentações começaram pontualmente às 13h45 no Jägermeister Stage, sob um sol escaldante, com a banda de Metalcore Must Not Kill, que teve vinte minutos pra mostrar serviço.
Na sequência, no Revolver Stage, foi a vez do Straight Line Stitch colocar fogo num público já ensandecido pelo calor, que agitou muito ao som do Metalcore do grupo liderado pela carismática Alexis Brown. Em trinta minutos o recado foi dado e, no palco ao lado, o Red Fang já iniciava o seu show regado a cerveja e Stoner Metal de qualidade. Apesar de o público não ter agitado muito, foi uma boa apresentação e o destaque ,vai para a música Prehistoric Dog.
Já o Kingdom Of Sorrow, liderado por Jamey Jasta e Kirk Windstein, começou arrebentando com Behind The Blackest Tears e mandou ver numa apresentação contagiante para uma plateia que só aumentava! Jamey não parou um minuto sequer e encarou os fãs de maneira provocativa, enquando a banda tratava se levantar a parede sonora.
Logo depois veio o Suicide Silence quase estourando o som dos PA’s. Os tons baixos de guitarra, somados aos vocais gritados e urros de Mitch Lucker, certamente danificaram os ouvidos dos fãs mais insanos que, por alguma razão, sentiam prazer em estar perto do sistema de som. Uma das maiores rodas do dia aconteceu no meio do set quando tocaram Fuck Everything.
O Unearth entrou com a missão de acabar com os que ainda estavam de pé, e cumpriu o seu dever com esmero. Abrindo com My Will Be Done, emendaram com a ótima Sanctity Of Brothers. Um pouco de chuva chegou para ajudar na metade do set, mas nem deu para esfriar os malucos afoitos pelas rodas. Ao final da última do set, The Great Dividers, os guitarristas Buz McGrath e Ken Susi subiram num trailer que estava ao lado do palco e, enquanto Ken mandava o dedo do meio, Buz fez um ”bunda lelê” pra galera.
O Machine Head, que fez uma apresentação formidável, então entrou em ação detonando Imperium. Apesar de alguns problemas com a guitarra, Robb Flynn não poupou energia e tocou como se fosse o último show de sua vida. Em apenas cinco músicas, a banda entregou o seu melhor e foi certamente o ponto mais alto de todo o festival. Mesmo com a chuva torrencial que caiu logo na última música do set, Halo, a maioria dos fãs não arredou o pé.
Ao final, restou correr para o palco principal e pegar o Trivium, numa apresentação que começou bem mas foi ficando morna. O set foi bom e eles aproveitaram para promover seu novo álbum, In Waves, mas fizeram um show seguro, com apenas duas composuções deste material. O líder, Matt Heafy, agitou bem e o entrosamento dos caras prova que a banda já provou o que devia.
Com um breve discurso do organizador, saudando as bandas presentes, ele anunciou o Megadeth, que abriu o set com três clássicos – Hangar 18, Trust e Sweating Bullets – e ainda tocou a inédita Public Enemy No. 1, que faz parte do novo álbum, Thirteen. Apesar de parecer bem cansado, Dave Mustaine (guitarra e vocal) levou o show nas costas e manteve a plateia na ponta dos pés o tempo todo. A ideia de trazer a mascote Vic Rattlehead no palco na última música do set, Peace Sells, foi excelente! Além disso, ter o baixista David Ellefson na banda certamente faz diferença e o músico, além de fazer uma ótima apresentação, mostrou um timbre de baixo que parecia ter sido “esculpido”.
Chegando ao final foi a vez do Godsmack desfilar seus sucessos radiofônicos para um povo que já mostrava sinais de fadiga. Tão logo a apresentação começou, com Cryin’ Like A Bitch, pude conferir a razão pela qual eles estão nessa turnê. A banda apresenta um show espetacular e empolgante, em que nem mesmo a frieza do guitarrista Tony Rombola atrapalha. Enquanto Shanon Larking esmurrava a sua bateria, o vocalista e guitarrista Sully Erna dava um espetáculo à parte, cantando muito bem e dominando o palco como poucos. Apesar de conhecer a banda há oito anos, nunca fui grande fã deles, mas devo dizer que em matéria de show eles sabem muito bem o que fazem e rendem ao vivo muito mais que em estúdio. Destaque absoluto para o duelo de bateria entre Sully e Shanon. O final do set contou com Whatever e I Stand Alone e, após esta ótima apresentação, não restava muito mais a ser feito.
Então, eis que veio o Disturbed para fechar o evento com um show abaixo do esperado. Abriram com Remnants, seguida de Asylum, The Game e Prayer. Entre as semitonações do vocalista David Draiman, a postura fria do restante da banda e uma mixagem um tanto vazia, restou apenas um espetáculo de imagens. O palco era composto de painéis de LAD que deram um ar espetacular ao show, enquanto labaredas de fogo esquentaram os presentes. O encerramento veio com Down With The Sickness e o show valeu para conferir este os outros sucessos que o Disturbed emplacou durante esses anos e perceber que trata-se, indiscutivelmente, de uma banda de sucesso mundial.
Ao final, mais de doze mil pessoas tiveram um dia escaldante, cansativo e de muita diversão – seja andando de biquini pelo estacionamento, correndo na chuva, escorregando na grama e na lama, pagando doze dólares por uma cerveja, sete dólares por um hambúrguer ou conferindo os seus ídolos de perto.
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