A novela sobre o tão aguardado novo álbum do Megadeth, o qual Dave Mustaine confirmou através de sua conta no Cameo que realmente irá se chamar The Sick, The Dying… and The Dead! (conforme antecipamos em janeiro – leia), está prestes a terminar. O 16° álbum da lenda americana do thrash metal foi todo gravado em Nashville, e neste momento está sendo mixado em Los Angeles. Inclusive, na última semana, Dave Mustaine, sua família e Kiko Loureiro bridaram o fim das gravações de The Sick, The Dying… and The Dead!, que será lançado em breve pela Trademark:
Recentemente, Mustaine havia falado em seu programa The Dave Mustaine Show, que vai ao ar pela Gimme Metal, que só estava tratando dos últimos detalhes do álbum para decretar o término das gravações. “Se você puder acreditar nisso, o álbum está quase pronto. Estou só ouvindo os últimos pequenos detalhes agora. O material do Kiko está todo pronto. Devemos terminar a qualquer momento. Estamos verificando músicas individuais e agora só falta aprovar as últimas. Então, mantenha os dedos cruzados e prenda a respiração. Não vai demorar muito até que haja um novo álbum do Megadeth”.
Em uma das edições anteriores do The Dave Mustaine Show, Mustaine comentou também sobre a regravação de todas as linhas de baixo de David Ellefson, que acabaram sendo limadas do álbum quando o cofundador da banda foi dispensado após a polêmica sexual a qual se envolveu há poucos meses.
Mustaine explicou que depositou muita consideração ao que deveria ser feito com as trilhas gravadas de baixo. A princípio, a dúvida do vocalista/guitarrista do Megadeth estava entre manter as linhas originais de Ellefson ou tanto ele quanto Kiko Loureiro regravá-las. No fim das contas, Dave Mustaine optou por contratar um baixista para executar toda a regravação. Assim decidido, o músico em questão finalizou as gravações de baixo no último dia 13 de julho.
DETALHES SOBRE THE SICK, THE DYING… AND THE DEAD!
☢ Conforme revelado há alguns meses por Dave Mustaine, o título The Sick, The Dying… and The Dead! traz de volta algo bem marcante e característico nos primeiros álbuns do Megadeth, Killing is My Business… and Business is Good! (1985), Peace Sells… But Who’s Buying? (1986) e So Far, So Good… So What! (1988) – e anos mais tarde na compilação Still Alive… and Well? (2002) -, que é o uso de reticências.
☢ O novo álbum do Megadeth será o segundo com o brasileiro Kiko Loureiro e marcará a estreia em estúdio do baterista belga Dirk Verbeuren, que entrou na banda em 2016, indicado pelo próprio Chris Adler, que gravou Dystopia e hoje está tocando no Firstborne, projeto com outro ex-Megadeth, o baixista James LoMenzo. Mustaine disse em entrevistas que está bastante contente com Verbeuren, músico que ele considera ter muito do estilo de tocar do saudoso Gar Samuelson, baterista dos dois primeiros álbuns do Megadeth, Killing is My Business… and Business is Good! e Peace Sells But Who’s Buying?. Observando Verbeuren aquecer antes dos shows da turnê de Dystopia, Mustaine se impressionou com o que viu e comentou que estava até pensando na possibilidade de dar espaço para o baterista inserir sua apurada e reconhecida técnica de blast beat em alguma (ou algumas) música (s). Tal técnica, bastante explorada por bateristas de death e de black metal – gêneros que Verbeuren está bem habituado -, jamais foi utilizada em um álbum do Megadeth e agora poderá ser um elemento a mais na sonoridade da banda.
☢ Ao que tudo indica, o baixista misterioso o qual Mustaine chamou de músico “estelar”, é o tarimbado Steve DiGiorgio (Testament). Trata-se de um dos baixistas mais respeitados do thrash e do death metal, que, inclusive, já tocou com o próprio Verbeuren nos projetos Anatomy of I, Geoda e Vivaldi Metal Project, além do próprio Testament, quando, em 2019, Verbeuren substituiu Gene Hoglan temporariamente. Algo que também aumentou as expectativas de que o baixista em The Sick, The Dying… and The Dead! seja mesmo DiGiorgio, foi a declaração feita por Mustaine em seu programa de webradio, dando a entender que se trata de um músico que foi contratado apenas para a missão em estúdio, já que ele “está em outra banda”. Mustaine completou o comentário dizendo: “Agradecemos à eles (possivelmente o Testament) por deixá-lo se juntar a nós em nosso álbum”. Tal declaração mostra que, se realmente o baixo tiver sido regravado por DiGiorgio, ele não será oficializado como novo integrante do Megadeth, ainda mais porque Mustaine já havia informado que mesmo tendo um baixista regravando o que havia sido criado por Ellefson, ele ainda estava procurando por um novo integrante: “Leva tempo para encontrar alguém”. Não se sabe também se os próximos shows que o Megadeth tem agendado serão feitos com o baixista que gravou o álbum. Rumores circulam as redes mencionando o nome do ex-baixista James LoMenzo para a missão, porém não há indícios concretos sobre a veracidade disso.
☢ Após a morte de Eddie Van Halen, no dia 6 de outubro do ano passado, Dave Mustaine informou que o sucessor de Dystopia (2016) traria uma homenagem ao Van Halen. Ele não deixou claro se estava falando de um cover ou até mesmo sobre uma possível participação de algum dos integrantes da icônica banda de hard rock. Tempos depois, Mustaine concedeu uma entrevista para a Rolling Stone da Colômbia confirmando que havia escolhido gravar um cover da carreira solo de Sammy Hagar para a música This Planet’s on Fire (Burn in Hell). Inclusive, segundo Mustaine, Hagar foi convidado a participar de alguma forma na gravação da faixa. “Sammy ainda está decidindo como ele vai contribuir para a música, ele tem algumas ideias para o refrão e para as guitarras, embora tenha dito que o que Kiko e eu fizemos não precisa ser mudado. Isso é muito lisonjeiro”, disse Mustaine.
☢ Para o álbum, o Megadeth trabalhou em cima de 18 novas músicas, sendo que algumas delas são covers. No entanto, Dave Mustaine não chegou a dizer se todas elas serão aproveitadas. De qualquer forma, o líder do Megadeth simpatizou com a ideia em comum acordo entre os integrantes da banda de utilizar alguns covers, inclusive a mencionada versão para a música de Sammy Hagar.
☢ O tracklist de The Sick, The Dying… and The Dead! ainda não foi divulgado, no entanto, recentemente Mustaine mencionou no Cameo uma música que leva o nome do álbum. Outros dois títulos que ele havia divulgado eram The Dogs of Chernobyl e Soldier On, música composta com David Ellefson. Além dessas, Mustaine havia dito há muito tempo que estava pensando na possibilidade de gravar uma segunda parte de Rattlehead, música do debut Killing is My Business… and Business is Good! – essa levaria o nome de Rattlehead Part II. Não seria a primeira vez que o Megadeth lançaria mão de uma segunda parte de alguma de suas músicas. O grupo já fez isso em The World Needs A Hero (2001) com Return to Hangar, que é a continuação do clássico Hangar 18 de Rust in Peace (1990), e também em United Abominations com A Tout Le Monde (Set Me Free), uma versão repaginada de A Tout Le Monde de Youthanasia (1994), com participação da vocalista da banda italiana Lacuna Coil, Cristina Scabbia.
☢ A princípio, o Megadeth havia gravado uma música que, pela primeira vez na história da banda, contaria com David Ellefson executando os vocais principais. No entanto, com a saída do baixista e com a extração de suas linhas de baixo, que já estavam prontas, não se sabe ainda se a música foi mantida no álbum e nem se Mustaine regravou os vocais da mesma.
☢ Assim como a de Dystopia e a da mais recente coletânea Warheads on Foreheads (2019), a capa de The Sick, The Dying… and The Dead! terá a assinatura do artista Brent Eliott White (Amon Amarth, Death Angel, Arch Enemy, Trivium). Mustaine comentou que a capa é ótima e que, visualmente, está relacionada ao título do álbum e que fará os fãs lembrarem de outras capas, já que nesse quesito a banda faria uma espécie de “viagem ao passado”. E assim também como Dystopia, o novo álbum foi produzido por Dave Mustaine com o auxílio de Chris Rakestraw (Marty Friedman, Doro, Black Label Society, Children of Bodom, Danzig, Motörhead, Soulfly).
☢ Até chegar a The Sick, The Dying… and The Dead!, o Megadeth enfrentou o seu maior período sem um novo álbum. Foram diversos os contratempos que contribuíram para a demora de cinco anos. Em 2017, Mustaine foi diagnosticado com doença de Lyme, após ser picado por um carrapato em sua fazenda. Tratado logo no início, Mustaine evitou que o caso evoluísse para uma infecção e se espalhasse para suas articulações, coração e sistema nervoso. Em maio de 2019, um novo diagnóstico apontou um câncer em sua garganta. Felizmente, o tratamento severo funcionou e em outubro Mustaine estava curado. Porém, como desgraça pouca é bobagem, em 2020 a pandemia atrapalhou a logística da banda. Morando na Finlândia, Kiko Loureiro ficou impossibilitado por um longo período de ir à Nashville (EUA) concluir suas partes na gravação. Completando o ciclo obscuro, em maio de 2021 aconteceu o escândalo que culminou na saída de Ellefson do Megadeth – Em tempo, respondendo recentemente no Cameo, Mustaine foi taxativo ao afirmar que Ellefson nunca mais retornará ao Megadeth.
O QUE ESPERAR DE THE SICK, THE DYING… AND THE DEAD!?
Quando perguntado em entrevistas sobre o novo álbum do Megadeth, Dave Mustaine tem declarado que será uma extensão de Dystopia, porém ainda mais pesado e veloz – como dito anteriormente, há a possibilidade até de ter sido inserido os famosos blast beats de Verbeuren no álbum. Em uma entrevista concedida em 2019, Mustaine resumiu as novas músicas do álbum: “pesadas pra cacete!”.
Entrevistado por seu amigo Jose Mangin, da Sirius XM, Mustaine classificou The Sick, The Dying… and The Dead! no Top 5 de seus preferidos do Megadeth. “Está no topo com Countdown (to Extinction), Rust in Peace e, provavelmente, Peace Sells (… But Who’s Buying?). Outro que eu diria é o Dystopia”.
Na ocasião, Mustaine também falou da parte lírica do álbum. “Há muitas coisas para cantar a respeito, não é? Mas acho que vou manter isso para mim agora e tentar focar em finalizar as partes de guitarra. É a primeira vez em muito tempo que gravamos um disco em que a guitarra e o baixo eram tão difíceis que tivemos que parar entre as partes. Pergunte ao Ellefson – ele é o melhor embaixador – o que ele está fazendo com suas partes de baixo, porque ele está tocando a mesma coisa que eu estou fazendo. E nós fizemos algumas coisas realmente legais. Tipo, há um trecho em uma música em que ele tocou partes que são como Five Magics, e há outra parte que era totalmente Take No Prisoners (músicas de Rust in Peace) – simplesmente ‘shredding’ no baixo! Então, você terá que conferir por você mesmo. Tocar guitarra pode ser uma droga, mas eu acho que não”.
Também em 2019, ano em que o Megadeth concluiu o ‘esqueleto’ das músicas de The Sick…, David Ellefson falou ao podcast Rockin’ Metal Revival: “Levou os últimos três anos para ser composto, mas é ótimo. Odeio parecer arrogante e falar muito sobre isso até que (o álbum) seja lançado, porque ainda está em uma fase formativa, mas estamos muito felizes com ele. Nossos agentes estão muito felizes com o material. No santuário interno de nossa pequena equipe, a qual deixamos analisá-lo (o álbum), todo mundo está feliz. Eles acham que é um sucessor perfeito para Dystopia”.
Já em 2020, Ellefson foi entrevistado por Robert Cavuoto, do site Metal Rules, e novamente opinou sobre o que os fãs poderão aguardar do álbum. “Está além de Dystopia. É um álbum tecnicamente desafiador. Dave e eu concordamos que existem riffs nesse disco que são muito mais difíceis de tocar do que qualquer coisa do Rust in Peace. É um álbum insanamente progressivo! Lembro-me de quando eu era criança e ouvi Geddy Lee e Neil Peart (Rush) tocarem algo humanamente impossível. Tive o mesmo sentimento agora em nosso álbum com Dirk Verbeuren” (risos). “Isso me iluminou! Eu pensava, ‘Merda; é um momento que nunca senti ou vivenciei até hoje’. Quem sabe talvez eu precisasse de 55 anos de experiência? E consegui isso com um cara experiente como Dirk. Que emoção, que fogo fodido o espírito que tenho em torno deste novo álbum. Se você gostou do Dystopia, esse CD não vai te decepcionar!”.
Confira no vídeo a seguir Dave Mustaine apresentando trecho de um de seus riffs gravados no novo álbum do Megadeth, para uma música que, aparentemente, deve se chamar Nightstalkers.
Confira também um pequeno trecho da última sessão de vocais de Mustaine para o novo álbum:
Foto (painel): Gregg Mcabe
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