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METALMORPHOSE / VÁLVERA / MUQUETA NA OREIA

O Manifesto Bar reuniu a velha guarda e a nova geração do Metal nacional no último sábado, 1º de agosto. O lendário grupo carioca Metalmorphose, que há exatos trinta anos estreou no histórico Split “Ultimatum” com a Dorsal Atlântica, desembarcou em São Paulo para promover o seu mais novo trabalho, “Fúria Dos Elementos”, tendo ao seu lado os paulistanos do Muqueta Na Oreia e o estreante Válvera, que aproveitou a ocasião para lançar o ‘debut’, “Cidade Em Caos”. As três formações compõem suas músicas em português e isso mostra o quanto tem crescido no país o número de bandas que adotam a própria língua em suas letras.

Antes de qualquer coisa, cabem alguns elogios à administração do Manifesto, que agora abre as portas da casa mais cedo para que haja eventos como esse. Ainda que antecedendo a “balada principal” noturna, dá espaço para as bandas autorais não ficarem restritas apenas nos dias de semana e aos domingos. Outro fator positivo refere-se as modificações feitas, que melhoraram o acesso dos músicos ao palco e do público aos camarotes, graças à colocação de uma escadaria lateral. Além disso, foi instalado um grande telão que projeta imagens enquanto a banda toca. Por outro lado, há duas advertências a ser feitas. A primeira é em relação ao atraso na abertura da casa para que as bandas façam o ‘soundcheck’, o que culmina com o corte no repertório de alguma delas. A outra é sobre a ausência do técnico na mesa de som em certos momentos dos shows pois, nessa noite, por exemplo, algumas bandas foram prejudicadas, conforme você lerá a seguir.

O veterano grupo Metalmorphose entrou em cena pontualmente às 19h e, assim que a introdução mecânica se encerrou, Tavinho Godoy (vocal), André Bighinzoli (baixo) e André Delacroix (bateria) – membros fundadores -, e os guitarristas Marcos Dantas (X-Rated, Azul Limão) e P.P. Cavalcante deram início com “Vá Pro Inferno”, música de seu novo álbum, “Fúria dos Elementos”. Somadas ao telão, duas telas posicionadas em frente aos amplificadores, contendo o logotipo da banda, proporcionaram um belo visual.

A ótima qualidade de som dos instrumentos permitiu ao público conferir o Metal Tradicional do grupo, que possui referências claras da “New Wave Of British Heavy Metal”. Porém, Tavinho Godoy foi prejudicado durante toda a apresentação, já que o áudio da voz que saiu nos PA’s estava mais baixo. Por outro lado, o quinteto está ainda mais afiado e entrosado do que em sua última passagem a capital paulista, em maio de 2014, quando tocou no mesmo Manifesto pelo festival “Conexão Rio-São Paulo”, que também contou com X-Rated e Statik Majik.

Os mais saudosistas se animaram com a clássica “Cavaleiro Negro”, de “Ultimatum”, seguida por mais uma nova, a empolgante “Corda Bamba”. Na primeira oportunidade, o comunicativo André “Big” agradeceu ao público, falou sobre o novo álbum e anunciou outro clássico, a reflexiva “Harpya”, que em sua versão original contou até com uso de flauta. Os dois Andrés dispõem de muita pegada, da mesma forma que P.P. e Marcos formam uma bela parceria nas guitarras, executando dobras viscerais.

O show foi seguindo com algumas músicas do novo álbum (com destaque para “Porrada”), além de “Máscara” (em minha opinião, a melhor música da banda), de “Máquina Dos Sentidos”. Perto do fim, “Big” anunciou assim o cover do Azul Limão: “O Rock é coisa de Deus, mas o Metal… ‘Satã Clama Metal'”, que foi comemorada pelo público. O encerramento veio com a rápida “Jamais Desista”. Grande apresentação!

Às 20h20 foi a vez do Válvera dar as caras e apresentar seu cartão de visitas com “Pra Baixo Dos Pneus”, composição que trata sobre os ateus. Apesar de ter gravado recentemente e só agora estar lançando o seu primeiro álbum “Cidade Em Caos”, o grupo foi formado em 2010. O jovem quarteto tem em suas fileiras Glauber Barreto (vocal e guitarra), Rodrigo Torres (guitarra), Jesiel Lagoin (baixo) e Vini Rossignolo (bateria), e mostrou boa performance. Só que, pelo mesmo motivo que prejudicou Tavinho, Glauber também não dispôs de boas condições para se fazer ouvir enquanto cantava, além de sua guitarra também ficar baixa na hora de seus solos.

A ‘rocker’ “Hora Do Show” e “Sangue E Ouro” empolgaram. Na pesada “O Céu Pode Esperar”, Vini emprestou as baquetas para o convidado Rafael Hernandes e o que também chamou a atenção foi a dobra de guitarras.  Com Vini de volta, foi a vez de “Escravo Do Acaso”, que alia peso a uma melodia Pop. “Redenção” trouxe uma introdução de bateria bastante similar a de “Territory” do Sepultura e riffs que penderam para o Hard Rock sujo. Dentre tantas referências sonoras, havia na banda um quê de Metallica na fase “Load” / “Reload”.

O momento mais aguardado havia sido anunciado previamente nas redes sociais. Então, o grupo convidou a subir o vocalista do Korzus, Marcello Pompeu, que foi o produtor de “Cidade Em Caos” ao lado de Heros Trench. Mostrando sua experiência como frontman, Pompeu chegou dizendo que não gosta de cantar com silêncio na plateia e pediu o barulho de todos, sendo correspondido entusiasmadamente.

Orgulhosa pela parceria, a banda mandou “Extinção” e ao final dela Pompeu agradeceu e afirmou que o Válvera será bastante falado no cenário. Após a ‘grooveada’ “O Miserável”, a banda encerrou seu set com a música que dá nome ao trabalho e saiu de cena sendo bem aceita pelos presentes.

Muqueta Na Oreia entrou em ação às 21h35, socando o seu Hardcore na cara daqueles que se animaram desde a abertura com “Nova Era”. Como diferencial, a banda carrega nítidas influências de sonoridades e instrumentos regionais brasileiros em suas composições. Ao contrário dos vocalistas que já haviam se apresentado, o carismático Ramires foi agraciado com uma boa qualidade de som e cantou sem problemas. Para a sequência, “Exu Caveira”, que começa com a bateria de Henry Souza, obviamente em ritmo de terreiro, Ramires começou fazendo uso de maraca e caxixi, pondo todos a pular de forma ensandecida. O grupo é completado pelo baixista Cris, que participa efetivamente com backing vocals bastante agressivos, e também pelo guitarrista Bruno Zito, que dispõe de um timbre bastante pesado e encorpado.

Ramires agitou o público, falou “da honra que estava sendo tocar com o Metalmorphose que foi uma das bandas pioneiras para o Metal nacional”, e foi atendido quando pediu para todos gritarem “vazia”, após ele fazer o mesmo com “cabeça”, o que formava o nome da próxima música, “Cabeça Vazia”, que tem riffs em ritmo de baião e uso de triângulo pelo vocalista. O frontman lança mão não somente de um vocal semi-gutural, mas também de uma voz bem rasgada.

Após “Quebrar Os Ossos Da Cara”, do primeiro álbum “Lobisomem Em Lua Cheia” (2010), o Muqueta foi feliz no medley que fez do Sepultura, que consistiu de “Territory”, “Arise” e “Roots Bloody Roots”. No final, Ramires agradeceu a quem saiu de casa para prestigiar o evento, mas se espantou ao saber que a próxima música seria a última – isso devido ao comentado atraso por parte da casa em relação à passagem de som -, e então fecharam com a faixa título do ‘debut’, a qual Ramires desceu para cantar e agitar na pista junto com a plateia. Algumas pessoas já tinham ido embora antes da apresentação do Muqueta Na Oreia, mas quem ficou certamente conferiu uma apresentação muito boa.

Foram três bons shows que satisfizeram aqueles que compareceram para prestigiá-los, apesar das falhas mencionadas, por conta desses pontos levantados e que o Manifesto deve atentar-se para evitá-los. A lamentar, o número não tão expressivo de pessoas presentes no evento, tendo em vista que foi realizado em um início de noite de sábado e encerrado às 22h, ou seja, um ótimo dia e horário para quem dependia de transporte público.

METALMORPHOSE – Set list:
Vá Pro Inferno
Cavaleiro Negro
Corda Bamba
No Topo Do Mundo
Harpya
Marcas Do Tempo
Luta E Glória
Máscara
Porrada
Satã Clama Metal (Cover do Azul Limão)
Jamais Desista

VÁLVERA – Set list:
Pra Baixo Dos Pneus
Hora Do Show
Sangue E Ouro
O Céu Pode Esperar
Escravo Do Acaso
Redenção
Extinção
O Miserável
Cidade Em Caos

MUQUETA NA OREIA – Set list:
Nova Era
Exu Caveira
Cabeça Vazia
Quebrar Os Ossos Da Cara
Territory/Arise/Roots Bloody Roots (Medley do Sepultura)
Lobisomem Em Lua Cheia

 

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