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MICHALE GRAVES – 22 de junho de 2019, São Paulo/SP

O foco desse “Live Evil” poderia ser apenas em cima do show de São Paulo, em si, afinal, que excelente presente para os fãs era poder ver Michale Graves interpretando, na íntegra, American Psycho (1997) e Famous Monsters (1999), os dois álbuns que gravou enquanto esteve à frente da lendária banda americana de horror punk The Misfits. No entanto, a turnê “American Monster Tour – Latin American” foi cercada de polêmicas, antes, durante e depois de sua realização. A começar pelo risco que correu de nem acontecer. Graves recebeu ameaças de processo da equipe jurídica do Misfits a mando dos transtornados Jerry Only (baixista e líder) e seu empresário John Cafiero. Em suma, a alegação era de que Graves estava querendo se “beneficiar” de tudo o que envolvia o Misfits (nome, logotipo, músicas, etc), além de estar “confundindo a cabeça dos fãs com a publicidade”, tendo em vista que o grupo estava fazendo shows de reunião com o vocalista original Glenn Danzig. No fim das contas, a turnê acabou acontecendo, para contentamento dos fãs de Graves, que nunca o viram com o Misfits. Aliás, dificilmente verão, conforme dito pelo cantor à este repórter, em entrevista realizada semanas antes dele vir ao Brasil (leia em https://roadiecrew.com/2019/05/michale-graves-a-caminho-do-brasil/). Bem, na verdade, a turnê não teve um final feliz – mesmo porque, nem final teve. A seguir, você lerá sobre o show de São Paulo, o breve e curioso bate-papo que tive ao final do show com o guitarrista Carlos “Loki” Cofino e também sobre o imbróglio que rolou a partir da manhã seguinte entre Graves e a produtora do show.

Ávido para conferir Michale Graves tocando os álbuns American Psycho e Famous Monsters o público paulistano lotou o Carioca Club. De tanta gente dentro da casa, o calor era absurdo. Alguns fãs estavam maquiados como Graves, outros como Fiend Skull (mascote do The Misfits). Pontualmente, às 19h, os músicos Loki (Gotham Road, Argyle Goolsby), Howie Wowie (baixo – The Roving Midnight, Nim Vind, Argyle Goolsby, Green Jellÿ) e Adam Parent (bateria – Nim Vind) deram início à introdução Abominable Dr. Phibes. Segundos depois, Michale Graves entrou em cena, maquiado, usando chapéu, calça de vinil e camisa de força. A histeria dos fãs foi geral, ainda mais quando a banda deu início à American Psycho. Começava a íntegra do álbum de mesmo nome. Obedecendo a sequência do tracklist de American Psycho, a próxima foi a ótima Speak of the Devil (minha favorita da carreira de Graves), seguida da contagiante Walk Among Us, uma das que tem um dos melhores refrãos. O som (um pouco embolado no início), que já era alto, ficava ainda mais ensurdecedor com o público cantando as músicas a plenos pulmões, principalmente quando fazia coro nos característicos “ôôôô”, tão presentes nas músicas do Misfits.

Não teve quem não agitasse, cantasse e festejasse em The Hunger e From Hell They Came – com Graves já sem a camisa de força. Entretanto, foi no contagiante hit Dig Up Her Bones, conhecido por seu videoclipe e escrito por Michale Graves muito antes de entrar no Misfits, que a pista virou um caos. Em Blacklight, o vocalista, que após deixar o Misfits montou as bandas The Lost Boys, Graves e Gotham Road, que passou pelo Marky Ramone’s Blitzkrieg, do ex-baterista do Ramones, Marky Ramone, e que até hoje segue em carreira solo, revelou sua careca e fez sinal de agradecimento pela camiseta que lhe jogaram da pista. Na sequência, ele pôs todo mundo pra agitar com Resurrection e caiu na dança em The Island Earth. Wowie (único a não participar dos vocais de apoio), que é insano no palco, foi para a parte mais baixa, próxima ao público, tocar Crimson Ghost. Em Shining fez o mesmo, porém acompanhado de Loki. Algo legal nesse show foi que quase ninguém usou celular pra filmar/fotografar, o público preferiu agitar, fazer rodas caóticas e cantar. E nem tinha como ficar parado com uma apresentação tão visceral, que rendeu boas queimas de calorias. Outra bastante comemorada foi Mars Attack. Hate the Living, Love the Dead, Don’t Open Till Doomsday e Hell Night fecharam a primeira parte do show. Ao final dos primeiros 40 minutos de set, Loki avisou que em dois ele e seus companheiros estariam de volta. Curioso notar que Graves ainda não havia trocado uma palavra sequer com o público – o que não significa que ele tenha sido antipático.

Assim que os quatro retornaram para a segunda metade do show, Graves e Cia. foram ovacionados. Impressionados, Parent filmou a reação do público e Loki falou rapidamente no microfone. Sem perder tempo, ele, Parent e Wowie tocaram a curta introdução Kong at the Gates. Assim que Michale Graves se juntou à eles, foi a vez de Famous Monster ser apresentado em sua totalidade. Foi eletrizante a sequência, sem intervalos, formada por The Forbidden Gates, Lost in Space, Dust to Dust, Crawling Eye e Witch Hunt. Principalmente em Lost in Space e em Crawling Eye, os fãs agitaram muito, mas eles fizeram muito melhor em Scream!, fazendo uma roda insana. Único single lançado para Famous Monsters, Scream! ficou famosa por seu videoclipe dirigido por ninguém menos do que George A. Romero, lendário e saudoso cineasta e escritor, renomado por sua série de Terror de temática apocalíptica de epidemia zumbi, que inclui “Night of the Living Dead” (1968), “Dawn of the Dead” (1978) e “Day of the Dead” (1985), além de vários filmes do gênero. Saturday Night, com sua cara de música de bailinho antigo, foi uma das mais emocionantes.

E mais roda se formou em Scarecrow Man e Living Hell, que foram intercaladas à Die Monster Die. Depois dessas, Graves brincou com o público (finalmente), falando do choque que estava tomando de seu microfone. Descending Angel foi outra muito bem recebida pelos fãs. Após Them, Graves agradeceu, dizendo: “Muito obrigado. É um prazer e uma honra estar de volta à São Paulo. Um lindo obrigado. Agradeço por vinte e cinco anos de música, apoio e amor”. E deixou uma mensagem: “Não quero que vocês gritem meu nome. Gostaria de poder me levantar e gritar o nome de vocês. (…) porque isso não é sobre Michale Graves nem The Misfits, estamos aqui por vocês essa noite, pois estamos celebrando esta música que é, principalmente, sobre você, você, você… (apontando para várias pessoas da plateia). Gostaria de lembrá-los o quanto amo vocês, e quão bonitos, inteligentes e fortes vocês são”. Graves ainda disse para que todos acreditassem no coração e na alma, que tudo ficaria bem, entre outras palavras de incentivo para enfrentar as dificuldades da vida – a ironia, é que no dia seguinte ele mostrou não seguir esse lema, conforme você lerá ao final dessa matéria. Em seu discurso, o frontman declamou parte da letra da música seguinte. Foi o gancho para Fiend Club, em que no início foi acompanhado apenas por Loki. Arrepiou ouvir todos cantando o refrão.

O público ainda teve energia para agitar nas derradeiras Hunting Humans, em que ao final Loki disse estar realizando um sonho de tocar em São Paulo, e em Helena, a qual Michale Graves foi embora, enquanto que Loki, Wowie e Parent ficaram para fazer o encerramento tocando a “outro” Kong Unleashed. Quanto ao show, não há o que dizer, entre tantos que assisti no primeiro semestre de 2019, está entre os melhores. Os fãs estavam felizes com o que presenciaram e o que se ouvia era só elogios. Antes de se despedir do público, Loki deu a dica: “É sábado, vamos festejar!”. Pena que na manhã seguinte o clima não foi de festa. Mas antes de explicar o que você certamente já leu nas redes sociais sobre o ocorrido, falarei do papo rápido que tive com Loki ao final do show. Ao perguntá-lo sobre o que achou do Brasil em sua primeira visita ao país, ele comentou: “Pelo jeito os lugares são muito bonitos. Tive grandes momentos, amei cada público. As pessoas sentem a energia e a retribuem à nós que estamos no palco”. Sobre os shows, falou: “Toda essa turnê latino-americana tem sido ótima. Os shows foram ‘sold out’ e envolveram grandes casas e outras menores. Não posso acreditar no quanto todo mundo mantém a energia no topo por tanto tempo. Os shows foram muito loucos!”. Curiosa e coincidentemente, quando o questionei se o de São Paulo foi o último show da turnê, Loki mostrou-se aflito e apenas respondeu: “Deve ter sido o último, mas tenho que verificar algumas coisas”. Era um sinal do que viria a acontecer…

Alguns fãs do lado de fora do Carioca nos disseram que assim que Michale Graves terminou a música Helena, entrou rapidamente numa van e foi direto para o hotel em que estava hospedado. No domingo, uma nota emitida pela Venus Concerts nas redes sociais pegou à todos de surpresa: Michale Graves e sua equipe haviam saído fugidos do hotel rumo ao aeroporto de Guarulhos. A produtora contratante afirmou que reportaria à Polícia Federal o crime de estelionato (art. 171 do Código Penal). No fim, Graves e equipe realmente deixaram o país e não cumpriram o restante da turnê brasileira. Dias depois, Olivia, filha de Graves, em postagem de Arturo Santaella, membro da equipe de seu pai, o agradeceu por levar o cantor ao resort Sunny Hill, em Greenhill, Nova Iorque. Isso deu mais pano pra manga. Por sua vez, Graves, que supostamente precisava estar com sua família por algum motivo específico, postou uma nota em sua página oficial se desculpando com as cidades em que não tocou, prometendo tentar voltar em 2020. Disse também que as acusações eram caluniosas, que achou melhor ir embora por estar tendo dificuldades físicas pra prosseguir com os shows, e fez acusações sobre os profissionais envolvidos com a turnê.

Na opinião deste repórter, independente de qualquer coisa, o público, que não tem envolvimento nem culpa sobre nada do que aconteceu, e que comprou ingresso para os shows posteriores ao de São Paulo, não deveria ter sido (e nem ser) lesado dessa forma, sem um parecer prévio do artista – seja ele qual for. Também teria sido um ato de bom senso de Graves e equipe se tivesse cumprido a agenda até o final, e, caso realmente achasse que foram prejudicados, procurasse seus direitos por meios legais para resolver algo que não tivesse sido acordado em contrato. Não sabemos quem está certo ou errado nessa história, e nem nos cabe julgar, mas ter ido embora da forma com que Michale Graves e os demais fizeram, sem notificar os contratantes, muito menos o público, certamente não deixou uma boa impressão no país.

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