Em setembro do ano passado, tanto Faith No More quanto Mr. Bungle, cancelaram suas apresentações de outono, alegando que Mike Patton, seu vocalista em comum, não estava em condições de se apresentar ao vivo, devido a problemas de saúde mental que teriam evoluído parcialmente mediante a pandemia.
Passado todo esse tempo, o próprio Patton falou a respeito em entrevista à Rolling Stone. “Ainda está rolando – mas é melhor (pausa). É fácil culpar a pandemia, mas vou ser honesto… No início da pandemia, eu estava, tipo, ‘isso é ótimo. Posso ficar em casa e gravar’. Tenho um estúdio em casa. Então, eu disse: ‘Sim, qual o problema?’. E então algo acendeu, e eu fiquei completamente isolado e quase antissocial, com medo das pessoas. Esse tipo de ansiedade, ou como quiser chamá-la, (me) levou à outras questões que eu escolho não discutir. Mas tenho alguns profissionais me ajudando, e agora estou me sentindo melhor e ficando mais perto de mergulhar de volta. No final do ano, farei meus primeiros shows em dois anos, que é o maior tempo desde que comecei a fazer isso, (desde) que estou fora de jogo”.
Patton não viu problemas em responder se os cancelamentos dos shows tinham alguma relação também com “substâncias” e “álcool”. “Foi um pouco de tudo. Mas, principalmente, em minha experiência, era principalmente mental. Eu vi alguns terapeutas e todas essas coisas, que é a primeira vez que eu tive que fazer isso na minha vida. E eles basicamente me diagnosticaram como tendo agorafobia (N.R.: medo mórbido de se achar sozinho em grandes espaços abertos ou de atravessar lugares públicos). É como se eu tivesse medo das pessoas. Fiquei assustado por estar perto das pessoas. E talvez porque passei dois anos basicamente dentro de casa durante a COVID. Não sei. Talvez isso tenha reforçado os sentimentos que eu já tinha. Mas só de saber sobre isso, falar sobre isso, realmente me ajudou”.
Segundo Patton declara, ele percebeu ter algum problema quando o Faith No More estava para voltar à estrada. “Foi quando eu meio que perdi, e foi feio, não foi legal”, recordou. “Alguns dias antes deveríamos ir para a estrada. Eu disse aos caras: “Ei, acho que não consigo”. De alguma forma, minha confiança foi quebrada. Eu não queria esta na frente das pessoas, o que é estranho, porque passei metade da minha vida fazendo isso. Foi muito difícil de explicar. E havia alguns sentimentos quebrados de ambos os lados sobre isso, mas é o que eu tinha que fazer. Porque senão algo muito ruim poderia ter acontecido… Foi antes do nosso primeiro ensaio, e eu surtei. Eu só disse: “Não posso fazer isso”. Eles estava ensaiando, então (pausa)… Se eu fosse eles ficaria muito chateado comigo. E eles estavam. E provavelmente ainda estão. Mas simplesmente é como ser fiel a si mesmo e saber quais são seus limites. E eu sabia que se eu continuasse empurrando, poderia ter tido algum tipo de resultado desastroso. Era, tipo, ‘Caramba. Talvez eu não precise fazer isso. Mesmo que eu tenha concordado em fazer, e vai acabar com muita gente. Tenho que cuidar de mim mesmo’. Então, estou ficando melhor”.
Sobre o futuro do Faith No More, Patton se mostrou inseguro: “Não sei. Podemos remarcar as coisas; talvez não. Vou deixar assim. É um pouco confuso e complicado. Então, se tivermos que fazer, faremos. Se não, legal também.
O último álbum de estúdio do Faith No More foi Sol Invictus, de 2015. Em dezembro, Mike Patton deverá estar em turnê com o Mr. Bungle na América do Sul.
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